30/07/2017

for you: capítulo 25


I'ts alright

Acordo, mas me recuso a abrir os olhos. Essa sensação letárgica que temos ao acordar de manhã é tão prazerosa que seria um sacrilégio ter que abandoná-la. Eu estou tão feliz que poderia sair gritando pela casa. A noite foi perfeita, não, foi incrível. Meu corpo vibra apenas com as lembranças. Saudade é pouco para descrever o que sentíamos antes. Fome, necessidade, desejo, desespero, acho que explica melhor tudo o que sentimos e vivemos com a nossa separação.
O que havia começado como uma pequena brincadeira da minha parte para dar uma lição na ex noiva de Joseph, havia modificado nossas vidas para sempre.
Eu não estive à procura do amor. Para ser sincera, queria-o a quilômetros de mim. Já havia
sofrido com a decepção, traição e abandono. Quando você passa por coisas assim, você se fecha. No entanto, toda essa determinação ruiu quando coloquei os olhos nele pela primeira vez, na casa noturna. No momento que meus olhos se conectaram com os dele eu soube que estaria perdida.
Eu tentei fugir, inutilmente. Quando o amor escolhe você não há lugar no mundo onde possa se refugiar. Ele nunca irá deixá-la sozinha depois que ele te marca. Mas apesar de tudo, vale a pena.
Mesmo que seja por um instante, por um único beijo. Sempre vale a pena, se por um segundo, você se sentir amada.

***

Estico meu braço e sinto o vazio ao meu lado da cama. Está frio. Por favor, Deus, que não tenha sido apenas um sonho, rezo internamente.
Abro os olhos lentamente, deparo-me com o teto branco, em seguida meus olhos vagueiam por todos os móveis do quarto, em reconhecimento. Não foi um sonho.
— Joseph? — sento-me na cama e o lençol de cetim, desliza pelo meu corpo. Estou nua. Dessa vez eu não havia feito isso durante o sono. Ao entrarmos no apartamento, a primeira coisa que ele fez, foi terminar de rasgar o vestido em meu corpo. Ainda não sei como vou explicar isso na agência. De qualquer forma, já devo estar sem emprego novamente — Joseph?
Inclino a cabeça em busca de algum som vindo do banheiro. Silêncio. Um pequeno papel amarelo em cima da cama chama a minha atenção.
“Fui resolver o problema sobre as joias. Volto o mais rápido que puder. Continue sem roupas.
Eu te amo”.
Caramba! As joias! Toco meu pescoço nu e gemo. Havia me esquecido completamente sobre isso.
Alexandros deve estar furioso, não só pelo fiasco que a inauguração da loja havia se transformado, mas porque, eu havia saído levando as joias. Será que ele deu queixa à polícia? Essa possibilidade me faz tremer. Respiro fundo, se Joseph disse que resolveria isso, eu devo manter a calma. Ele deve saber o que está fazendo.
Volto a olhar para o bilhete em minha mão.
— Eu te amo! Eu te amo! Eu te amo! — repito várias vezes de forma abobalhada.
Alguns minutos e devaneios depois, levanto-me e vou para o banheiro. Tomo um longo banho, escovo os dentes e tranço os cabelos. É o melhor que consigo no momento.
Volto para o quarto e vasculho o closet em busca de algo que me sirva. Joseph é alto e atlético. Embora eu não seja baixa, suas roupas nadariam em mim. Escolho uma camiseta do time de basquete que ele adora. Ela é longa o suficiente para quase chegar aos meus joelhos. Eu não vou andar nua pela casa só porque ele fantasiou isso. As coisas não podem ser tão fáceis assim, ele deve pelo menos, ter o trabalho de tirar minha roupa. Essa é a parte mais divertida, claro, quando ele não as rasga. Mas isso também é excitante, erótico. Eu gosto quando ele é selvagem.

***

Meu estômago ronca, e lembro-me que não havia comido desde o almoço no dia anterior. Isso para mim é um recorde. Se há algo que tenho sorte na vida é poder comer tudo o que quero sem me preocupar com o peso.
Saio do quarto e vou para cozinha, abro a geladeira, há tanta coisa lá dentro que fico indecisa por alguns segundos. Por fim, escolho suco de laranja, iogurte e frios para um sanduíche, estou faminta, isso não é novidade.
Os meus pensamentos voam longe enquanto como. Hoje é sábado. Um sinal de alerta vem a minha cabeça. Puta merda! Havia prometido ajudar Neil a acertar as coisas com a Jenny.
Preciso voltar para casa, preparar o terreno. Eu não quero ir. Não sem antes conversar com
Joseph. Embora a noite tenha sido maravilhosa, nós temos muitas coisas para esclarecer. Ainda é difícil para mim engolir que ele tenha afogado as mágoas com a inominável. Isso me deixa muito furiosa. Desejo arrancar os olhos dela com uma pinça ou coisa pior. Há inúmeras coisas dolorosas que gostaria de fazer com aquela nojenta.
A campainha toca, afastando-me desses pensamentos violentos e atrativos. Quem poderia ser? Será que Joseph havia esquecido as chaves na hora da pressa?
Corro descalça para abrir a porta, feliz por ele já ter voltado, e meu sorriso se desfez quando vejo quem é.
— Tinha certeza que estaria aqui.
Droga! A vida é assim, pelo menos a minha vida.
Quando imagino que está tudo certo, vem alguém com um balde de água fria em minha cabeça. Sempre há espaço para mais um pouquinho de merda. E meu sexto sentido me diz, que essa é uma das grandes. Ela passou pela porta régia, como uma rainha, à espera de que todos seus súditos curvem-se a sua suntuosa presença. Caminha altivamente até o sofá que circula a sala e me encara, seu olhar é nada menos do que, enojado. Eu bato a porta com mais força do que o necessário e viro-me para encará-la.
Ela me odeia e eu a detesto. Ótimo, essa visita será maravilhosa.
— Como vai Senhora? — o nome escorrega como fel pelos meus lábios.
— Sra. Jonas para você — diz ela, medindo-me de cima a baixo. A boca em curva, mal
disfarçando à aversão com minha vestimenta — Sente-se.
Ela indica uma poltrona ao meu lado, em frente a ela do outro lado a mesinha de centro. Uma ordem. Continuo de pé, encarando-a, desafiando como sempre faço. Bruxa irritante.
Desvio o olhar dos olhos gélidos para a bolsa em seu colo. Ela tira um envelope pardo de dentro à bolsa. Em seguida joga-o em cima da mesa, em minha direção. Não faço a mínima ideia do que há ali dentro. Tenho certeza é de que eu não vou gostar nem um pouco.
— Vamos falar sobre negócios — diz ela, cruzando as pernas. Seu olhar para mim é semelhante ao de quem vê uma barata nojenta ou algo rastejante.
Uma pessoa mais fraca se sentiria intimidada com sua atitude ríspida. É obvio para mim que
ela acredita sermos de mundo diferente.
Ela é uma dama eu sou a plebeia. Ela é refinada, pertence a alta sociedade nova-iorquina e eu, sou apenas uma ex dançarina de boate, indigna até mesmo de respirar o mesmo ar que ela. Não foi preciso que me dissesse tudo isso. Está estampado em seu rosto e no desprezo em seus olhos. Como se tudo isso me importasse. Não mesmo. Realmente não me importam. Eu não vivo no século passado. Não estamos nos tempos coloniais e não preciso desesperadamente do sinal verde dos pais do noivo. Então, ela pode pegar todas essas ideias pré-concebidas e tão arcaicas quanto ela, e enfiar no rabo.
— Negócios? — eu pego o envelope, apenas por curiosidade, bato-o em minhas mãos por alguns segundos. Eu quero saber até onde ela irá com isso — Que tipo de negócios, exatamente?
— Quinhentos mil dólares na sua conta. Um apartamento na cidade em seu nome — diz ela, com a mesma naturalidade de quem passa uma receita de bolo — Para que fique longe do meu filho.
— Uau! — encaro-a, incrédula — Tudo isso para me ver longe?
— É muito mais do que pagaria para uma mulher como você — ela sorri — Mas o sacrifício
valerá a pena. Considere como um investimento.
— Por que eu deveria aceitar, isso? — murmuro.
— Você não se enquadraria em nosso estilo de vida — ela alisa os cabelos de forma dramática — Você é tudo “inha demais”, simplesinha, pobrezinha... Meu filho logo ficaria enfadado, você se tornaria um problema, um estorvo. Não leve para o lado negativo. As coisas são como são. No entanto, estou disposta a aumentar a oferta. Poderá viver muito bem com seus amigos e quem sabe encontrar outro jovem mais compatível a você.
— Sophie seria uma escolha apropriada? — não sei porque levantei o nome dela. Talvez eu tenha uma frágil esperança que no fundo ela esteja preocupada com a felicidade do filho, mesmo que de forma errada. Uma negativa dela, e estaria disposta, mesmo achando impossível, tentar entendê-la.
— Sem dúvidas...
— Ela o traiu da forma mais vil — interrompo-a, coberta de indignação — Que tipo de mãe você é?
— Todos cometem erros — curva os ombros, indiferente — Ela o traiu, ele a trairia em
algum momento da vida. Acontece, nas melhores famílias.
— Joseph não faria isso — defendo-o — Simplesmente porque ele abomina esse tipo de coisa. Não conhece o próprio filho?
Eu estou dividida. A parte impetuosa de minha personalidade, está tendo cólicas de tanto rir do absurdo de tudo isso. Seguro a risada histérica com muito custo. Essa mulher é incrivelmente arrogante e estúpida.
Do outro lado, há outra metade de mim, a parte sensível e humana, que de alguma forma idiota, só quer ser amada, que chora desoladamente por não ser aceita do jeito que é, simples, mas sincera. Que merda é essa? Deveríamos ser no mínimo, amigas. Deveríamos estar fazendo coisas; planejar casamentos, escolher igrejas, e todas essas coisas que mães se animam, quando os filhos encontram-se apaixonados.
Ela nunca me verá como a mulher que faz o filho dela feliz. Isso é um fato. Não importa quanto tempo passe ou o que aconteça, sempre serei nada menos que uma intrusa indesejada. Uma alpinista em busca de uma vida fácil e fortuna. Nunca entenderá que eu amo-o acima de qualquer coisa. Isso me entristece, embora eu não vá fraquejar diante dela. Nunca seremos uma família completa e feliz.
Angustia-me saber que em algum determinado momento, Joseph terá que optar por uma de nós duas. E qualquer escolha que ele faça, trará dor e decepção para um dos lados. O quanto disso eu sou capaz de absorver? Todos sairíamos derrotados. Uma batalha, ela já havia ganho, a dor e mágoa em meu peito é inexplicável.
— Lamento desapontá-la. Eu não estou interessada — começo a rasgar o envelope — Joseph me oferece muito mais....
Eu solto as folhas picadas, fazendo uma chuva de papel em frente a ela.
— Ele me oferece uma coisa que você e ninguém jamais poderá me oferecer — dou um enorme e cínico sorriso para ela, embora por dentro esteja em frangalhos — Ele me dá sexo louco. O mais louco, selvagem e maravilhoso de toda a minha vida. Atenção, amor e carinho. Tudo o que qualquer mulher sonha em encontrar. Ele não é nada perfeito eu sei, tem vezes que eu desejo matá-lo. Só que eu não troco-o por nada no mundo.
Vejo a boca dela abrir e fechar diversas vezes com meu discurso. Os olhos estão tão
esbugalhados como um peixe morto.
— O que falta a você é um homem. Talvez seja por isso que você é tão amarga. Todo seu dinheiro nunca lhe trouxe felicidade plena, prazer. Nenhum homem deve tê-la amado de verdade.
— Sua insolente! — levanta-se fulminando-me com o olhar. Suas narinas estão dilatadas.
— Um homem nunca deve ter gritado seu nome na hora mais intensa de amor — continuo levada por uma revolta e coragem incontrolável — Nunca deve ter feito coisas absurdas por você e nunca deve tê-la deixado louca. Nunca deve ter desejado morrer para que a dor de perdê-lo parasse de machucá-la tanto e ao mesmo tempo querendo viver apenas mais um dia, ansiando em estar em seus braços por mais uma noite, desejando ardentemente que esse momento fosse eterno — respiro com certa dificuldade, mas as palavras continuam jorrando de minha boca — Nada disso pode ser comprado. Nem mesmo por todo dinheiro que possa me oferecer ou por qualquer palácio de cristal, frio e solitário como o que você vive.
— Não pense que esse discurso me comove. Se acha que se fazendo de difícil irá arrancar mais dinheiro de mim, está enganada — diz ela, como se tudo que eu disse não tivesse a sensibilizado em nada — Conheço garotas como você. Já tive que lidar com elas antes. Não permitirei que se infiltre em nossa família como uma praga. Não sabe com quem está lidando, minha jovem.
— Dane-se! — caminho até a porta, desorientada e cuspindo fogo por meus olhos. A raiva queima meu corpo como chamas derretem a vela — Saia daqui ou sou capaz de dar exatamente o que você merece!
Ela ajeita a saia e tira um cisco invisível de seus ombros voltando a postura inabalável de
sempre.
— Isso só prova o que sempre soube — diz ela — Não se enquadra em nossa vida. Acha que sou cruel? Imagine o que os jornais fariam com você, as rodas de fofocas. Não sobreviveria um único dia. Ou no mínimo, levaria nossa família para a lama. Não tem classe, cultura e educação.
Enquanto eu fervo por dentro, ela parece irritantemente calma. Enfatizando ainda mais nossas diferenças. Juro que estou tentando me segurar, mas estou a um passo de arrancar todos os fios de cabelo dela.
— Eu morreria antes de permitir que fizesse parte de minha família, digo no sentido literal! — pela primeira vez, há um pouco de paixão em sua voz — Cedo ou tarde meu filho verá quem você realmente é. Se for tão inteligente como penso, aceitará minha oferta. Acredite, estou sendo muito generosa.
— Saia! — ela tem razão, não lido com as coisas com essa frieza e indiferença que ela emana, eu simplesmente arrasto-as como um furacão.
Se para me enquadrar ao mundo que ela tanto ostenta eu tenha que ser como ela, prefiro pedir esmolas no farol.
— Saia!
Assim como entrou, ela saiu. Inabalada, inalcançável e fria. Há tanto gelo dentro dela, que até o ambiente em volta parece congelado.
Imagino-a nos tempos vitorianos. Liderando e controlando uma sociedade hipócrita e intimista, com mãos de ferro. Definitivamente, essa mulher havia nascido alguns séculos atrasada. É quase inacreditável, que ainda existem pessoas assim. Onde o dinheiro e aparências estão acima de tudo, até da felicidade de quem dizem amar.
Pobre Joseph, como deve ter sido triste e solitário, crescer em volta de pessoas sem calor
humano. Sem alma. Como ele havia se tornado alguém tão maravilhoso? Não perfeito, mas quase perto.

***

Passou-se algum tempo até que eu conseguisse pensar com clareza. Ainda sinto minhas mãos tremerem muito. Lágrimas queimam os meus olhos, pisco várias vezes para afastá-las. É difícil, não sou de ferro. A rejeição dói, não importa de onde ela venha. Por que há em nós essa necessidade de ser aceita, amada e querida?
Por tantos anos e tantas vezes, eu fui desprezada, traída e esquecida. Já deveria ter criado uma couraça em meu coração, onde palavras cruéis, não me atingissem tanto, não doessem, mas, não é assim. Isso machuca, mesmo vindo de uma tremenda cretina.
— Dane-se! Eu não preciso da aprovação dela! — murmuro para mim mesma, tentando
convencer-me disso. Fecho a porta que havia deixado escancarada após ela sair — Ele me ama. É tudo o que preciso saber.
Passo pela chuva de papel espalhada pelo carpete claro. Se eu pudesse destruir todas os
problemas da minha vida como aquele envelope, tudo seria mais fácil.
Volto para o quarto desanimada. Ser forte o tempo todo, ás vezes esgota. Quando tudo que eu queria é alguém para me abraçar. E dizer que tudo ficará bem. Como minha mãe, por exemplo. Ela nunca me fez tanta falta como agora.
— Eu não vou chorar — afasto as lágrimas com raiva.
Reviro o closet e encontro um short preto com listras brancas nas laterais, a cintura é ajustada por cordões, então, visto-o e faço um nó para que não caia. O resultado não é nada sexy e eu gemo. Bem, é isso ou ir nua para casa.
— Chega de confusões por hoje — falo para a garota em frente ao espelho — Anime-se.
Escrevo um bilhete e deixo no mesmo lugar que havia encontrado o bilhete dele e saio.
Gostaria de ter ficado no apartamento de Joseph e tê-lo esperado chegar. Só que eu fiz uma
promessa, não posso quebrá-la. Tenho sido uma amiga terrível para Jenny a começar pelo fato de que, não deveria deixá-la sozinha por tanto tempo.
Meu telefone toca assim que abro a porta. Eu não preciso do identificador para saber quem é.
— Demi? — a voz soa um pouco exaltada — Onde você está?
— Abrindo a porta do meu apartamento nesse momento.
Ouço o suspiro impaciente do outro lado.
— O que faz aí?
— Essa é minha casa — retruco — Bem, ainda é.
— O que aconteceu? — ele parece impaciente — Alguém esteve aqui? Porque há uma chuva de papel picado na sala?
Sua mãe é uma vaca, me ofereceu dinheiro para deixá-lo, e eu gostaria de ter enfiado a proposta no traseiro dela.
A resposta parou na ponta da minha língua. Queimando para ser despejada. Eu me controlo. Estou ficando boa nisso, em controlar essa dama indomada que habita em mim.
— Não é uma coisa que eu possa falar por telefone —respiro fundo — Sua mãe me fez uma visita essa manhã. Foi bem desagradável.
Silêncio. Um longo e tortuoso silêncio.
— Ela maltratou você? — diz ele, receoso — Por isso você foi embora?
— Sim... não — apoio-me contra a porta — Falamos coisas desagradáveis uma para outra —
esfrego a testa, sinto um martelo ecoando dentro de minha cabeça — Joseph, prefiro falar
pessoalmente. Pode se encontrar comigo no Central Parque hoje à tarde?
— Estou indo até aí agora!
— Não! — corto-o apressadamente. Eu preciso de uma justificativa para dar a Jenny, além disso, nunca conseguimos conversar entre quatro paredes, ou brigamos ou vamos para cama. Sem resolver absolutamente nada — Eu preciso fazer uma coisa. Encontre comigo lá.
— Eu não gosto disso — ele murmura, inconformado — Pensei que chegaria em casa e a
encontraria nua, na cama. Em vez disso, encontro a casa vazia e uma história mal contada.
— Nua? — digo com a voz rouca — Eu posso ir nua, se isso o faz se sentir melhor.
— Faça isso, se não se incomodar em me ver algemado.
— Gosto da parte das algemas — provoco-o — Parece sexy.
Eu consigo imaginar o sorriso sedutor do outro lado da linha. Eu venderia minha alma para
presenciar esse sorriso todos os dias.
— Está tudo bem mesmo? — ele murmura. Detecto a tensão em sua voz.
— Eu não sei — sinto uma pequena pontada no peito. Tenho que ser sincera. A única certeza que eu tenho é que o amo. Isso será suficiente? — Às duas horas no Central Park. Certo?
— Está bem — sussurra — Até mais tarde.
Merda, ele realmente havia ficado chateado. A minha lista para fazer coisas estúpidas cresce mais do que uma ficha criminal. Espero que pelo menos, no quesito amizade, eu tenha mais sucesso. Eu tenho algumas horas para tentar convencer minha amiga teimosa e cabeça oca a sair de casa.

***

— Se vocês estão bem, por que eu preciso estar presente nessa conversa? — diz ela, sem muita convicção sobre a minha sinceridade — E por que o parque? Vá para o apartamento dele ou ele que venha até aqui.
— Você sabe como eu sou — faço uma voz inocente, enquanto leio a mensagem no celular.
“Estou a caminho.”
Neil. Droga!
Respondo a mensagem rapidamente. O plano poderia ter sido perfeito, se não tivéssemos
subestimado a capacidade que Jenny tem de seguir sempre pelo lado contrário.
— Depois de tudo que eu disse, e ouvi da mãe dele — respiro fundo, antes de ler a próxima
mensagem — Eu sou capaz de matá-lo.
“Defina o que quer dizer com problema”?
— Por que? — ela me encara, confusa — Que culpa Joseph tem sobre isso? Aquela mulher é
insuportável.
— Por favor, Jenny — faço voz de choro e me ajoelho em frente a ela, segurando suas mãos
geladas — Por favor! Por favor!
O celular apita, nova mensagem.
“Convença-a ou vou até aí!”
Arg! Por que os homens são criaturas tão irritantes? Em se tratando de Jennifer, Neil é o homem mais irracional do mundo. Imagino que não há nada que ele não faça por ela. É interessante ver um homem como ele ser domesticado ao ponto de agir como um cordeirinho. Ao mesmo tempo, é revoltante que ela o trate dessa maneira. Tudo bem, a mulher dele é uma vaca, não há argumentos contra isso. E essa relação é bem complicada, porém, o homem está tentando resolver as coisas. Ela deveria dar uma oportunidade a ele. Mais do que ninguém, eu aprendi que fugir não resolve nada.
— Com quem você está falando? — pergunta ela, após o bip de mensagem.
— Joseph— minto descaradamente.
Ela desliza pelo sofá, vejo que há uma guerra em seu interior. Eu não consegui ser convincente o
suficiente e sei que ela desconfia de algo.
— Está bem — diz ela. Embora tenha firmeza na voz, seu rosto demonstra pouca confiança —
Mas nada irá mudar. Estou decidida.
Caramba! Ela é o que? James Bond? Talvez seja a deficiência dela que a deixe aguçada para
muitas coisas ou eu realmente sou uma péssima mentirosa.

***

Eu não estou nua, como insinuei ao telefone. Mas o short curto que estou usando irá deixá-lo louco com certeza. Passo um batom vermelho fogo nos lábios e contemplo a imagem refletida no espelho.
Nada mal. Pisco para jovem travessa no espelho e saio do quarto.
— Está pronta?
Jenny usa uma saia jeans desbotada e uma camiseta que eu sei que não é dela. O sorriso brilha em meus lábios. Para quem diz querer manter distância, ela age de uma forma bem peculiar.
— Estou — ela responde. Noto-a torcer os dedos, sempre faz isso quando está nervosa. Eu chego a sentir pena, e torço muito para que as coisas se acertem de uma vez por todas.
Seguimos para o parque e eu tento mantê-la com a mente ocupada. Não parece surtir efeito já que ela responde minhas perguntas de forma monossilábica.
Conduzo-a para o local combinado. Meu monólogo até então animado é interrompido por algo que me chama atenção. Isso é inacreditável.
Há alguns metros à frente estão os homens de nossas vidas. Em uma conversa bem íntima. Esse é um mundo muito pequeno ou o destino resolveu conspirar contra mim. Nem nos meus melhores devaneios, poderia se quer imaginar que Joseph e Neil se conheciam. Essa cidade é enorme. Qual a probabilidade disso? Pensando bem, os dois são empresários de sucesso, os dois vem de uma das famílias mais importantes do país. O irreal é duas garotas comuns como Jenny e eu termos cruzado seus caminhos.
— Olá, querido — aproximo-me de Joseph e dou um beijo em seus lábios. Meu corpo reage a
isso. Jesus! Acho que estou me tornando uma ninfomaníaca. É a única explicação para isso.
— Sr. Durant! Que coincidência encontrar você aqui — cumprimento Neil, tento fazer uma voz de surpresa, o que na verdade soa cômico. É, definitivamente eu sou uma péssima mentirosa — Veja quem está aqui, Jenny. Não é uma coincidência e tanto?
— Olá Demi — ele responde, evasivo. O olhar focado em Jenny, parece que não existe mais
ninguém para ele aqui.
— Vocês se conhecem? — Joseph pergunta, intrigado.
— Claro. Ele é o namorado da Jenny. Quer dizer, ex-namorado.
— Namorado? — Joseph encara Neil com o olhar confuso. Volta para Jenny e parece estar
indignado — Neil, você teve coragem de...
— Que bom que está aqui, Sr. Durant — interrompo-o antes que ele fale algo que não deva —
Assim pode fazer companhia a Jenny, enquanto Joseph e eu conversamos.
— Demi... — Jenny sussurra, angustiada — Acho melhor...
— Volto em meia hora — lanço um olhar ameaçador para Joseph e arrasto-o para o outro lado do parque.
— Como ele pode ser o namorado dela? — diz ele, indignado, interrompe meus passos e obriga-me a encará-lo — Ela sabe que ele... Bem que ele é...
— Casado?
— Sim — seu semblante parece mortificado — Jenny sabe sobre isso?
— Sim, ela sabe — murmuro — Se vocês são amigos, entende as circunstâncias desse casamento.
— Sim, mas... — Joseph parece dividido — Isso é errado.
— Ah! — afasto-me dele e sento-me em um dos bancos próximo a nós — Há, algo que herdou de sua mãe. É tão moralista quanto ela. São apenas duas pessoas apaixonadas, Joseph. Estão tentando encontrar uma forma de se entenderem. Se fosse o contrário? Se tivesse casado com Sophie e depois descobrisse a vaca que ela é? Se nossos caminhos houvessem se cruzado depois disso, ainda pensaria assim?
Ele me encara com olhar culpado. É muito fácil julgarmos quando olhamos as coisas de fora.
Grande parte das pessoas, as falsas moralistas, diriam que Jenny é uma destruidora de lares, quando na realidade isso está bem longe.
— Você tem razão — diz ele — Eu não desistiria de você, independente do que acontecesse ou o que tivesse que enfrentar.
É impossível ficar furiosa com ele. Toda a minha revolta vai por água a baixo.
— É que ela se tornou uma amiga. Odiaria ver alguém se aproveitando dela — ele senta ao meu lado, segura minhas mãos e entrelaça nossos dedos.
— Amiga? — faço bico, demonstrando ciúmes, que na verdade eu não sinto. Jenny não é como Mary Anne. Eu teria todos os motivos do mundo para jamais confiar em uma amiga novamente. Somos mais do que amigas, é difícil explicar — Devo sentir ciúmes?
— Demi! — ele me encara zangado — Jenny me deu apoio quando você foi embora. Achei que iria enlouquecer com isso.
Eu sei do que ele está falando. Eu também visitei o inferno. Todos os dias longe dele só fizeram com que meu amor por ele aumentasse.
— Jenny saíra da cidade por uns dias e irei com ela — solto a bomba de uma vez.
— Vai me deixar de novo?
— Não, eu não vou — sussurro, puxando-o para mais perto de mim — Ela é minha amiga. Por favor, entenda.
Eu me sinto em uma encruzilhada. Não quero deixá-lo nesse momento. Mas é o que os amigos fazem, não é? Socorrem uns aos outros.
— Enquanto isso, tente resolver as coisas com a sua mãe — mordo os lábios. —Ela me ofereceu dinheiro e um apartamento para que ficasse longe de você.
— Ela fez isso? — diz ele.
Joseph está visivelmente tenso e isso me deixa tensionada. Não quero ser mais um motivo de desentendimento entre os dois, e isso parece inevitável.
— Sua mãe jamais me aceitará. O que fará se as coisas ficarem sérias entre nós? Vai ignorar toda a sua família?
— Se as coisas ficarem sérias? — ele me encara, exaltado — Eu amo você! Existe algo mais
sério que isso?
— Ela é sua mãe — murmuro — Eu sou apenas uma mulher na sua vida. Um dia isso falará mais alto? 
— Não é uma mulher em minha vida, Demi — diz ele, com fervor — Você é a mulher da minha vida.
Eu desabo. Um choro, sentindo, sofrido e que rasga minha alma. Eu fui órfã por toda minha vida e ele foi um solitário dentro da própria família. Eu poderia tirar isso dele?
Choro baixinho apoiada em seu peito. Eu não quero ficar entre ele e a família. Esse é um laço tão importante para mim quanto é para ele. Conseguiríamos viver à parte, longe de todo mundo? Eu poderia vê-lo sofrer em silêncio com desprezo que eles nos tratariam?
— Não chore — diz ele, acalentando-me, sentando-me em seu colo — Não suporto vê-la chorar.
Eu vou resolver isso, prometo.
— Eu sei que é sua mãe — murmuro, queixosa — Mas tenho vontade de esganá-la. Um dia
acabarei fazendo isso.
— Por que não vamos para minha casa? — ele diz, enxugando meu rosto — Temos muito o que conversar.
— Eu não posso, ainda — respondo, desanimada — Preciso voltar e ver a que pé andam as
coisas com aqueles dois. Quem sabe eles se acertaram e a viagem não seja mais necessária?
— Vou torcer por isso — diz ele, com sinceridade na voz. Coloca minha mão em seu peito —
Não importa o que aconteça. Sempre poderá voltar para casa. Para mim.
— Eu te amo — beijo-o apaixonadamente — Nunca se esqueça.
É impossível estarmos tão perto sem que nossa pele pegue fogo. Em segundos, me vejo perdida em seus beijos e carícias. Essa parte do parque, é mais afastada, mas vez o outra, somos interrompidos por algum transeunte em sua caminhada.
— Não demore muito — Joseph me encara com brasa nos olhos — Eu vou manter a cama
aquecida.
— Pensei que íamos conversar.
— Eu consigo fazer as duas coisas, Demi, não se preocupe.
Sim, ele capaz de fazer muitas coisas, mal consigo controlar a expectativa. Parece que as coisas caminham para um final feliz. Talvez não perfeito, mas feliz.

***

Eu volto para onde Jenny e Neil estão, a tensão entre eles é palpável.
— Então, está tudo bem? — pergunto, chamando atenção para mim.
Pela expressão de seus rostos e o olhar enfurecido de Neil, as coisas parecem pior do que antes.
— Estou tentando convencer Jennifer a ir para Vermont — ele responde, contrariado.
— Isso me parece uma boa ideia — sorrio para Jennifer — Você vai, não é?
— Acho que vou para o Texas — ela dá de ombros.
— Que diabos você vai fazer no Texas? — Neil praticamente berra.
— Não acho que seja da sua conta — ela rebate.
— O inferno que não é! — diz ele, segurando-a pelos ombros — Você quer espaço, Jennifer? Eu posso fazer isso. Mas, não seja irresponsável.
— Em que o fato de ir para o Texas torna-me irresponsável?
— Sua cirurgia, por exemplo. Além de mim, você esqueceu-se disso, também? — diz ele, em tom acusatório.
— Não esqueci — ela rebate — Mas, isso não será mais possível.
— O que está dizendo? — Neil parece completamente desnorteado.
— Eu não posso pagar. Portanto, não será possível.
— Não seja ridícula! — diz ele, incrédulo — Sabe que vou pagar pela cirurgia e que você não
terá custo algum com isso.
— Não vai não! — ela responde, determinada — Não tem mais nenhuma obrigação comigo. E não me chame de ridícula.
— Obrigação? — ele leva as mãos aos cabelos. Caramba, ele está mesmo muito irritado — Acha que tenho obrigação?
Não o condeno, Jenny está me deixando bem enfurecida também. Que ela esteja com medo do que Anne faria contra Neil é Anne, eu entendo. Porém, adiar a cirurgia de reversão a cegueira, a melhor oportunidade que ela teve em anos, é inaceitável. Por mais que ela seja independente, segura de si e viva muito bem com a deficiência, ela acalenta esse sonho há anos. Além disso, o homem está desesperado para que ela possa vê-lo. Todos desejamos isso, muito.
— Sempre achei-a uma pessoa guerreira e determinada — Neil continua — Mas, agora, vejo que é uma covarde.
— Escute... — Jenny começa dizer.
— Não, escute você! — diz ele, exasperado — Eu a amo. Não tenho medo em admitir isso. Sei
que você me ama, também. Mas, deixar que o medo que você sente, coloque todas as possibilidades da sua vida em risco, é a coisa mais egoísta e estúpida que pode fazer.
Ah, não! Definitivamente eu não vou deixar que ela cometa essa idiotice, apenas por orgulho.
— Neil tem razão, Jenny — murmuro — Se o problema é o dinheiro, posso dar a você.
Ainda tenho o dinheiro que Joseph me deu. Não sei se é suficiente, mas poderia conversar com o médico dela e ver algum tipo de financiamento.
— Não, Demi — ela sussurra — Você precisa dele.
— Ouça, Jennifer. Eu posso pagar pela cirurgia — diz Neil — Por todas que forem necessárias.
Entretanto, vejo que é mais importante para mim que você recupere a visão do que para você mesma!
A expressão cansada dele tornou-se ainda mais densa.
— Achei que estaria fazendo um bem para você, que seria importante para você voltar a enxergar. Pelo visto, estava enganado. Seu orgulho supera isso. Eu sinto muito. Muito mesmo... — a voz falha ao final da frase — Sinto muito por me intrometer em sua vida, por querer forçá-la a ficar comigo, por querer que vá para minha cabana, que faça a cirurgia, que me ame. Vou deixar você ir para onde quiser e fazer o que bem entender. Não vou mais interferir em nada. Sairei da sua vida, agora mesmo, para sempre.
Merda! Eu acho que vou chorar. Se eu já não estivesse perdidamente apaixonada por Joseph eu cairia nos encantos de Neil nesse minuto. Como Jenny pode ficar imune a isso?
— Neil — Jenny caminha em direção a ele.
— Sim? — diz ele, ainda de costas.
—Você tem razão. Por favor, desculpe-me. Vou aceitar sua ajuda e vou devolver-lhe o dinheiro, de alguma forma, algum dia — diz ela, tristemente.
— Tudo bem. Obrigado por aceitar, Jennifer. Calvin irá levar vocês duas — diz ele.
— Demi também vai? — ela parece confusa.
— Eu não perderia isso por nada! — pisco um olho para ele — Uma cabana, perto das montanhas, é tudo que preciso!
Bem, tudo acaba bem quando termina bem, não é o que dizem? Espero que esse tempo longe coloque um pouco de juízo na cabeça dos dois. Pelo menos comigo havia funcionado.

***

À noite eu me arrumo com cuidado, depilação, banho de creme e maquiagem impecável. Pretendo fazer uma surpresa para ele e espero que ele não fique zangado. Ciúmes é um lado dele que eu não conhecia e quando se deparar com o que vou fazer eu nem consigo imaginar sua reação.
— Oi — sorrio para ele e me apoio contra o batente da porta.
— Oi — Joseph beija-me com furor. Ele encara o longo casaco em meu corpo — Está com frio? 
Eu lanço um olhar travesso para ele.
— Na verdade — sussurro, abrindo os botões lentamente, sem desviar os olhos dos dele — Estou com muito calor.
A peça desliza pelo meu corpo e vai ao chão, deixando-me completamente nua diante dele.
— Porra, Demi! — ele puxa-me e prende-me contra seu peito. Ouço o estrondo da porta atrás de mim e tento entender o gesto brusco — Aquele homem no corredor viu sua bunda!
— Oh — abro a boca, chocada com o que ele diz. Escondo a cabeça no peito dele, totalmente
mortificada.
— Ninguém toca ou olha o que é meu — Joseph ergue meu queixo com delicadeza e obrigando-me a encará-lo — Você foi muito atrevida. Acho que merece um castigo por isso.
— Essa era a intensão — sussurro, quando ele me pega no colo — Mal posso esperar por isso.
Ele me toma, ali mesmo, pressionada contra a parede, com urgência. Cada investida me
desintegrando, forte, intenso, quente. Eu me entrego de corpo e alma. Em poucos minutos estou gritando ensandecida, levada por um dos melhores orgasmos de minha vida.

***

— E quanto as joias? — pergunto, horas depois. Estamos na cama desfrutando de alguns
momentos de tranquilidade.
Sinto os músculos dos braços dele enrijecerem em volta de mim. Isso me deixa intrigada.
— Está tudo resolvido —diz ele, evasivo — Não se preocupe com isso.
— Tem certeza? — insisto — O que houve?
— Paguei pelas joias e o estrago na loja.
— Teve que pagar pelas joias? Sinto muito. Elas eram muito caras.
— A culpa foi minha — ele me aconchega em seus braços — Esqueça isso, tudo bem? Contanto que fique bem longe daquele cara, está tudo certo para mim.
— Não acho que eu vá voltar a vê-lo — asseguro-o — Com certeza eu devo ter perdido o
emprego na agência.
— Sinto pelo seu emprego — cínico, não sinto um pingo de arrependimento em sua voz. Tudo o que ele quer é que me mantenha longe do grego bonito — Minha intenção não era essa. Eu não entendo o porquê desse emprego, não me agrada a ideia de vê-la estampada nas revistas para a felicidade de alguns sem vergonhas.
— Você é inacreditável — belisco o braço dele — Eu precisava de um emprego, pagar as contas, nem todo mundo nasce rico. E não é como se fosse posar nua para Playboy.
— Para mim é a mesma coisa — ele retruca, contrariado — Pode voltar para o seu antigo
emprego.
— Dançar no clube?
Ele sorri de um jeito sedutor.
— Ser minha noiva. A vaga ainda está disponível.
— Não brinque sobre isso! — apoio minha mão em seu peito nu e curvo a cabeça para encará-lo. Quero que veja toda a sinceridade em meus olhos — Nunca foi um contrato para mim, Joseph. Sabe disso, não é?
— Acho nunca foi para mim também — ele acaricia meus lábios com o polegar — No início,
talvez. Eu queria dar uma lição a eles, mas no final, fui eu que aprendi.
— E o que você aprendeu? — pergunto ansiosa.
— Que o amor surge quando menos se espera — diz ele, num tom doce —Aprendi a amá-la, a
cada dia, mais e mais. E eu não vejo mais a minha vida sem você ao meu lado.
— Isso foi lindo — sussurro, com a voz enrouquecia pela emoção — Foi a coisa mais bonita que alguém já me disse.
— Eu sou não apenas um idiota — ele ri, e morde meus lábios — Também sou um idiota
romântico, às vezes.
Idiota, cabeça dura, precipitado, mas o homem que eu amo.
— Eu tenho que te entregar uma coisa — pulo da cama, sem me importar com a minha nudez e corro até a sala.
Vasculho o bolço do casaco, que se encontra no mesmo lugar perto da porta e volto para o quarto.
— Esse acordo não deu certo desde o começo — digo a ele. Subo na cama e fico de joelhos de
frente a ele — Quero começar do zero.
Entrego o cheque a ele, que olha para o papel como se fosse algo contagioso.
— Não vou aceitar isso de volta — diz ele — É seu. Você cumpriu a sua parte, embora as coisas tenham seguido para um rumo diferente.
— Eu quero começar do zero — insisto — Ainda falta uma parte. E vou precisar continuar no
apartamento. Não tenho mais dinheiro.
— Demi...
Essa é uma coisa que eu na qual não tenho o que fazer. É isso, ou morar debaixo de uma ponte. E eu não sou tão orgulhosa assim.
— Por favor! — insisto, com olhar de cachorrinho — É importante.
— Eu vou guardá-lo — diz ele, jogando a folha em cima da mesa de canto — Até que você decida o que fazer com ele, mas eu não vou aceitá-lo de volta. Doe, queime, faça o que quiser, mas esse dinheiro é seu.
— Pensarei sobre isso — volto para os braços dele — Bem, há sua mãe ainda.
— Não sou o filhinho da mamãe — ele enfatiza — Não preciso da aprovação dela.
— E quanto a Sophie? — eu tento esquecer que ele esteve com ela, mas isso corroí minha alma
— Por que ficou com ela?
Afasto-me um pouco dele. Sinto como se uma navalha rasgasse meu peito.
— Não houve nada, Demi — ele me puxa de volta para seus braços.
— A empregada disse que saíram juntos — murmuro, abaixando a cabeça.
— Ei — ele ergue meu queixo, obrigando-me a fitá-lo — Ela me procurou, mas a expulsei daqui. Sophie não significa nada para mim. Mesmo que nunca mais você voltasse para mim eu jamais mais a tocaria de novo. Acredita em mim, não é?
Fecho os meus olhos e respiro fundo. Se fosse outro homem eu teria dúvidas. Mas eu sei que ele está sendo honesto comigo.
— Eu acredito — sussurro, emocionada.
Ele sorri, fitando-me com carinho. Um sorriso capaz de iluminar o quarto inteiro.
— Chega dessa conversa, temos coisas mais importantes para fazer.
— Pensei que poderia conversar e fazer outras coisas ao mesmo tempo — provoco-o.
— Eu posso fazer isso — ele gira na cama, deita-me sobre ela e pressiona o corpo contra o meu — Quando minha boca não está ocupada com outras coisas.
Para provar o que diz, abocanha meu seio. Chupando-o com gosto e fazendo-me contorcer de prazer.
— Isso é altamente importante — convulsiono quando ele desce até minha vagina que implora pelo seu toque — Oh, Céus!
Eu sou possuída pela sua língua, dedos e finalmente pelo membro rijo e impiedoso, enquanto ele sussurra palavras indecentes ecoando pelo quarto, fazendo com que meu corpo pareça como larva derretida.

***

Já que eu teria que passar pela tortura de ficar longe de Joseph, que ao menos fosse divertido. Embora tenhamos passado horas no telefone todos os dias, não é a mesma coisa.
Então, meu passatempo preferido, foi enviar várias fotos de Jenny para Neil. Ela na cozinha, ela no banho, de biquíni em frente o lago. A cada resposta irritada que eu recebia dele, eu me contorcia de tanto rir. Como eu previ, a distância é um pitbull mordendo a sua bunda. Eu sei que uma hora ou outra tomaria a iniciativa e acabaria com essa situação ridícula, e Jenny acabaria se rendendo ao charme do bonitão. Afinal, ela não havia impedido minhas provocações.
Teria acontecido exatamente isso se a surtada da Anne não houvesse aparecido no lago. Ela
havia se aproximado quando estive entretida, conversado com os seguranças. Como toda pessoa covarde, ela havia fugido, não, sem antes deixar Jenny ainda mais assustada e Neil furioso. Não vi quando ele apareceu pela madrugada, mas ao passar pelo quarto dela na manhã seguinte, encontrei-os dormindo juntos. Fico feliz que as crueldades daquela maluca tenham contribuído para reaproximá-los novamente.
Resolvo voltar para casa, e deixar que eles aproveitem seu momento. Assim que abro a porta, meu telefone toca.
— Demi?
— Sim — equilibro o telefone no ombro para poder fechar a porta, já que minha outra mão está ocupada com a mala.
— É o Vitor — reconheço a voz do outro lado — Da agência.
Droga. O que será dessa vez. Se Joseph havia pago todos os prejuízos eu não vejo motivo para ele entre em contato.
— Parabéns garota, parece que você impressionou muito o Sr. Rouva — diz ele, empolgado — Ele quer você seja o rosto da Adamas Blue.
— O quê? — praticamente grito ao telefone — Você está brincando?
— Não — ele murmura e faz uma pausa — Só há um pequeno problema.
— Problema?
— Não é um problema na verdade — diz ele — Querem que você vá até a Grécia para fazer as
fotos.
— Grécia?
— Por uma semana, no máximo. Você sabe que essa coleção é inspirada na mitologia grega. É natural que queiram que as fotos sejam lá, além disso, é um país lindíssimo. Vamos garota, você irá se divertir.
— Eu tenho que responder agora?
— O mais rápido possível — ele pigarreia — Demi... Alexandros não aceitará um não como
resposta.
Merda, mil vezes merda. Joseph não vai gostar disso. Eu vejo muita encrenca pela frente.

essa mãe do Joseph é uma víbora, ainda bem que a Demi não deu mole para ela.
pelo menos a Jenny aceitou a ajuda do Neil, será que agora eles se resolvem?
Joseph resolvei as jóias e esclareceu a Demi sobre a Sophie.
será que a Demi vai aceitar a proposta do Alexandros? garanto que ela vai ter uma surpresa.
espero que tenham gostado e comentem o que acharam.
até quarta-feira, bjs amores <3
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