Não sei como Demi conseguiu me levar até o palco do O’Reilly’s Bar e colocar um
microfone na minha mão. Ela prometeu que faríamos um dueto, que eu não me apresentaria
sozinho, mas ainda assim eu podia sentir um friozinho na barriga. Ela escolheu a música
“Love The Way You Lie”, da Rihanna com o Eminem.
— Sabe a letra? — perguntou Demi. — Eu canto essa música o tempo todo quando estou
dirigindo, então sei de cor.
— Posso acompanhar na tela.
Ela abriu um sorriso enorme. Eu também.
Meu maior vício.
Quando a música começou a tocar e as primeiras letras surgiram na tela, nenhum som saiu
nem da boca de Demi nem da minha. As pessoas no bar começaram a gritar, mandando a
gente cantar, mas continuamos em silêncio.
O DJ virou para o palco e fez um gesto em nossa direção.
— Hum, vocês sabem que precisam cantar, certo?
Olhei para Demi, confuso.
— Por que você não cantou? Era a parte da Rihanna.
— Ah, eu não canto a parte dela. Gosto das partes de rap do Eminem.
— O quê? — resmunguei, dando um passo na direção dela. — Eu não vou cantar a parte
da Rihanna.
— Por que não?
— Porque eu não sou uma garota.
— Mas você tem um lindo tom de voz agudo, Joseph. Acho que vai ser uma bela Rihanna —
zombou Demi.
— Vou colocar a música de novo, pessoal. É agora ou nunca — avisou o DJ.
— Não vou fazer isso — falei, ficando cara a cara com Demi, o peito estufado.
— Ah, vai sim.
— Não.
— Sim.
Fiz que não com a cabeça.
Ela fez que sim.
— Demi...
— Joseph...
A música recomeçou, e eu continuei balançando a cabeça, dizendo que não iria fazer aquilo
de jeito nenhum. Quando começou a parte da Rihanna, porém, levei o microfone à boca e
cantei a parte dela da música com uma voz aguda pra cacete.
Demi cobriu a boca para que eu não visse que ela estava rindo. Eu a fuzilei com os olhos
antes de me virar para o público e abraçar totalmente o meu lado feminino. Achei que estava
indo muito bem, que seria o responsável por tornar nosso desempenho memorável.
Mas então algo aconteceu.
Quando a música chegou na estrofe do Eminem, Demi se transformou em algo que eu
nunca tinha visto antes. Ela roubou o boné de beisebol do DJ, colocou-o na cabeça com a aba virada para trás e começou a andar pelo palco, conquistando o público e fazendo-o vibrar ao cantar a parte do rap.
Demetria Devonne Lovato estava imitando Eminem. E estava incrível. Ela se entregou
completamente ao papel que interpretava, com gestos e expressões faciais. Estava tão linda e
incontida. Livre.
Quando o refrão começou, ela olhou para mim, e eu voltei a cantar naquele tom agudo
terrível.
Em seguida, ela cantou outro rap, enfatizando cada palavra.
Quando Demi chegou à última estrofe, que era a mais difícil, ela respirou fundo, me
encarou e, antes de começar a cantar, mordeu a gola da camisa. Em seguida, soltou a gola e
cantou a estrofe final diretamente para mim.
E foi sexy pra caralho.
Seu corpo balançava para a frente e para trás, as palavras a envolveram. Quando
terminou, ela deixou cair o microfone, e a multidão foi à loucura. Eu cantei o refrão da
Rihanna para ela.
Quando terminamos, não conseguíamos parar de rir. Nós nos abraçamos bem apertado, e o público nos aplaudiu, implorando por um bis.
Cantamos mais cinco músicas antes de nos sentarmos a uma mesa nos fundos do bar para
beber e comemorar nossa performance.
Ficamos a maior parte da noite conversando sobre diversos assuntos. Fazia muito tempo
que não ríamos tanto. Por um tempo, tive a impressão de que foi sempre assim.
As risadas de Demi eram o ar que eu respirava. Seus sorrisos faziam meu coração bater.
Eu observava o movimento de sua boca enquanto ela discorria longamente sobre um
assunto qualquer. A verdade era que eu tinha parado de ouvir o que ela dizia. Tinha parado
de ouvi-la havia muito tempo, porque minha mente estava em outro lugar.
Queria dizer o que sentia por ela. Que estava me apaixonando mais uma vez. Que eu
ainda amava seu cabelo desgrenhado e sua boca sempre falante.
Eu queria...
— Joseph — sussurrou ela, paralisada. De alguma forma, minhas mãos foram parar na
parte inferior de suas costas, e eu a puxei para junto de mim. Meus lábios pairavam a
centímetros dos dela. Sua expiração quente misturava-se com minha respiração ofegante,
nossos corpos tremiam nos braços um do outro. — O que você está fazendo?
O que eu estava fazendo? Por que nossos lábios quase se tocavam? Por que nossos corpos
estavam tão próximos? Por que eu não conseguia tirar os olhos dela? Por que eu estava me
apaixonando pela minha melhor amiga novamente?
— Você quer que eu minta ou que fale a verdade? — perguntei.
— Minta.
— Não estou viciado no seu sorriso. Seus olhos não fazem meu coração disparar. Seu riso
não me provoca arrepios. Seu xampu de pêssego não me deixa louco, e quando você morde a
gola da camisa, eu não me apaixono ainda mais por você. Eu não estou apaixonado. Eu não
estou apaixonado por você.
Ela respirou fundo.
— E a verdade?
— A verdade é que eu quero você. Quero você de volta na minha vida de todas as formas
possíveis. Eu não consigo parar de pensar em você, Demi. Quero você de volta não para
fugir da realidade, mas para compreendê-la. Você é a dona do meu coração. Da minha alma.
Quero você. Por inteiro. E mais do que qualquer coisa agora, quero te beijar.
— Joseph... você ainda é a primeira pessoa em que eu penso quando acordo. É a única pessoa de quem sinto falta quando não está por perto. Você ainda é a única pessoa que me faz sentir bem. E, para ser sincera, quero que você me beije. Quero que me beije pelo resto da vida.
Entrelacei meus dedos nos dela.
— Nervosa? — perguntei.
— Sim, nervosa.
Dei de ombros.
Ela deu de ombros.
Eu ri.
Ela riu.
Entreabri meus lábios.
Ela entreabriu os lábios.
Eu me inclinei na direção dela.
Ela se inclinou na minha direção.
E mergulhei no passado, deixando meu mundo em chamas. Nós nos beijamos por um
longo tempo ali naquela mesa, superando todos os erros que havíamos cometidos,
perdoando-nos por todos os erros que ainda poderíamos cometer.
Foi lindo. Foi certo. Foi nosso.
Mas, claro, depois dos momentos bons, sempre vinham os ruins.
O telefone de Demi tocou, e nos afastamos um do outro. Quando ela atendeu, eu sabia
que algo estava errado.
— O que foi, Dallas?
Pausa.
— Ele está bem?
Senti um aperto no peito e endireitei o corpo.
— Estaremos aí logo. Ok. Tchau.
— O que foi? — perguntei quando ela desligou.
— Nicholas. Ele está no hospital. Temos que ir. Agora.
amores, desculpas mas não consegui postar no dia 25/03 e só consegui hoje.
sobre o capitulo, eu amei este capítulo, os dois cantando juntos e o beijo <3
e o nicholas? o que acham que aconteceu com ele?
agora só conseguirei postar em maio, como disse anteriormente irei viajar e não poderei entrar aqui.
vou sentir falta do blogger mas quando eu voltar vou postar vários capítulos para vocês.
espero que tenham gostado amores, volto em maio.
o que acharam? deixem seus comentários.