21/12/2018

30. addictive


Na primeira vez, Joseph veio até minha varanda, passou a mão pelo cabelo e disse que eu não deveria convidá-lo para entrar. Então, ele voltou outro dia, e no outro. E no outro. Eu queria saber o que se passava em sua cabeça. Quais eram seus devaneios e seus pesadelos. Mas, como não nos falávamos, eu teria que descobrir tudo isso através de sua linguagem corporal. Quando estava com raiva dos pais, ele era bruto. Quando estava com o coração partido por causa de Nicholas, seu corpo se demorava mais junto ao meu.
No batente da porta, dei um passo para o lado. Joseph entrou.
Não passamos do hall dessa vez. Ele arrancou minhas roupas, e eu arranquei as dele.
Joseph me pressionou contra a porta do armário e me ergueu, puxou meu cabelo, e meus
dedos se entrelaçaram nos dele. Minhas pernas envolveram a cintura de Joseph, e, sem
qualquer aviso ou hesitação, ele me penetrou. O choque enviou faíscas pelo meu corpo,
fazendo-me gemer e murmurar seu nome enquanto ele entrava e saía de mim. Eu estava a
segundos de me perder nele.
Uma das mãos de Joseph segurava minhas costas e a outra acariciava meu seio. Ele ia cada
vez mais fundo.
Sentir.
Provar.
Lamber.
Trepar...
Estávamos lentamente nos viciando naquilo: ele aparecia, e eu o convidava a entrar. A
paixão era a nossa droga, éramos viciados no clímax. Eu gemia seu nome, ele murmurava o meu. Nós nos movíamos, nos afastávamos, nos agarrávamos um ao outro, suspirávamos.
Recuperamos o fôlego, e ele me colocou de volta no chão. Mas, desta vez, em vez de ir
embora, Joseph seguiu na direção da minha sala de estar.
— O que você está fazendo? — perguntei.
Ele seguiu pelo corredor em direção ao meu quarto.
— Vista suas roupas.
— O quê? Por quê?
— Assim eu posso tirá-las novamente.

Minha viciante Demi...

Meu sofrido Joseph...

desculpem a demora mas aconteceram tantas coisas na minha vida esta semana.
infelizmente eu perdi o meu pai na semana passada e fiquei tão mal.
mas agora a dor só será saudade, já estou bem melhor e de volta para o blogger.
desculpem pelo o capítulo pequeno mas só consegui isto por hoje.
será que essa relação somente de sexo entre a Demi e o Joseph irá dar certo?
o que acham? deixem seus palpites.
eu espero muito que vocês tenham gostado amores, volto em breve.
resposta do capítulo anterior aqui.

11/12/2018

29. i am fine


Eu cozinhava desde que tinha cinco anos. Minha mãe nunca me deixava nada para comer
além de uma lata de sopa, então tive que aprender a usar o abridor de latas e o fogão para
aquecê-la. Quando completei nove anos, fazia pizza sozinho, com massa de pão, usando
ketchup e queijo processado. Aos treze, eu já sabia como rechear e assar um frango.
Então, o fato de Jacob estar sentado diante de mim com a testa franzida era preocupante.
Nós estávamos a uma mesa do Bro’s Bar & Grill, e eu havia colocado um prato de risoto com
cogumelos e linguiça diante dele. O restaurante ainda estava fechado, e era a segunda vez
que ele me pedia para preparar um prato.
— Hum... — murmurou, pegando o garfo e provando uma grande porção de risoto.
Observei-o mastigar bem devagar, sem demostrar qualquer reação enquanto deliberava se
a minha comida era boa o suficiente para me deixar trabalhar em sua cozinha.
— Não — disse ele sem rodeios. — Não é o que eu quero.
— Você está de brincadeira comigo? — perguntei, perplexo, sentindo-me insultado. —
Esse prato me aprovou na faculdade de gastronomia. Foi meu trabalho final.
— Bem, seus professores não sabem de nada então. Não sei como são as coisas em Iowa,
mas, aqui no Wisconsin, gostamos de comida gostosa de verdade.
— Vá se foder, Jacob.
Ele sorriu.
— Traga outro prato semana que vem. Vamos ver como as coisas progridem.
— Não vou continuar trazendo pratos para você ficar falando mal deles. Isso é ridículo. Eu
posso fazer a comida do seu cardápio. Só me dê o emprego.
— Joseph, eu te amo. De verdade. Mas, não. Preciso que você cozinhe com o coração!
— Eu cozinho com as mãos!
— Mas não com emoção. Volte quando encontrá-la.
Eu o empurrei. Ele riu novamente.
— E não esqueça, você ainda me deve a receita da máscara para o cabelo!

***

— Como estão indo as coisas até agora? — perguntou Nicholas.
Estávamos na clínica para o terceiro ciclo de quimioterapia. Eu odiava aquele lugar, pois
fazia o câncer parecer mais real do que eu estava pronto para encarar, mas fiz o melhor que
pude para esconder meus medos. Nicholas precisava que eu fosse forte, o irmão que estaria
sempre ao seu lado, não o cara fraco que eu era naquele momento.
Era difícil para mim observar as enfermeiras colocarem vários cateteres nos braços do meu
irmão. Ele estremecia de dor, e isso era quase a morte para mim. Ainda assim, tentei agir
normalmente.
— As coisas estão bem. Jacob tem sido um idiota. Ele disse que eu tinha que aperfeiçoar
três pratos antes de me contratar para trabalhar em sua cozinha.
— Parece justo.
Revirei os olhos.
— Sou um ótimo cozinheiro! Você sabe disso!
— Sim, mas Jacob, não. Crie alguns pratos diferentes em casa. Não deve ser nada de mais.
Ele estava certo, não era nada de mais, mas ainda me irritava o fato de Jacob ter me
oferecido o trabalho quando cheguei à cidade e agora estar colocando empecilhos.
— Como foi rever Demi? — perguntou ele, fechando os olhos. — Imagino que deva ter
sido estranho.
— Revê-la com ou sem roupas?
Nicholas arregalou os olhos, chocado.
— Não! Você está dormindo com Demi? — indagou ele, meio gritando, meio sussurrando.
Dei de ombros.
— Defina “dormir”.
— Joseph!
— O quê?
— Por quê? Por que você está transando com Demi? Essa é uma péssima ideia. A pior de
todas. Achei que o plano era evitá-la a todo o custo para que você não voltasse ao passado.
Cara, você transou mesmo com ela? Como foi isso que aconteceu?
— Bem, quando duas pessoas tiram as roupas... — comecei, sorrindo.
— Cale a boca. Eu já fazia sexo quando você ainda usava cuequinhas de super-heróis.
Como isso foi acontecer com vocês dois?
Eu não podia dizer que fui procurá-la quando estava mal, porque ele ficaria péssimo se
descobrisse que eu não estava sendo forte. Mas eu não queria mentir. Então, disse a verdade.
— Ela é o meu lar.
Nicholas deu um sorriso.
— Depois de todo esse tempo, de tudo que vocês passaram, o sentimento ainda está aí,
hein?
— É só sexo, Nicholas. E só fizemos uma vez. Sem compromisso. Sem vínculos. Foi só uma
forma de relaxar.
— Não. Nunca é só sexo com vocês dois. Só para deixar claro, sempre gostei de vocês
juntos. Dallas odiava, mas eu adorava a ideia.
— Por falar em Dallas, não vamos contar nada para ela. Ela vai surtar.
— Surtar sobre o quê? — perguntou Dallas, entrando no quarto com café na mão esquerda
e um livro na direita. Ela fazia aulas do mestrado à noite e, quando não estava cuidando de
Nicholas, estava com a cabeça enfiada em algum livro. Às vezes, mesmo quando estava
cuidando dele, ela lia alguma coisa.
— Quebrei um pires na sua casa por acidente — menti.
Ela olhou por cima do livro.
— O quê?
— Foi mal.
Dallas começou a me questionar cada detalhe do incidente com o pires que eu não tinha
quebrado, e Nicholas sorriu para mim antes de fechar os olhos e esperar que a sessão de
quimioterapia terminasse.

***

Trinta e duas horas depois de Nicholas fazer quimioterapia, ele estava determinado a se
apresentar no bar. Dallas e eu tentamos fazer com que mudasse de ideia, mas ele se recusou,
dizendo que não podia simplesmente desistir do seu sonho. Agora, ele usava um boné de
beisebol preto todos os dias para tentar esconder a queda de cabelo, mas eu sabia que os fios
estavam caindo.
Nós nunca conversávamos sobre isso.
A respiração de Nicholas estava ofegante ao caminharmos até o carro, como se os poucos
passos fossem quase mortais para ele. Isso me preocupou muito.
— Viu, pessoal? — ele respirou fundo. Dallas o ajudou a se acomodar no banco do carona.
— Estou bem.
Dallas deu a ele um sorriso falso.
— Você está mesmo indo muito bem. Mal posso esperar para ver, em algumas semanas,
como a quimioterapia está dando resultado, porque eu sei que está. Tenho certeza disso. E
acho legal seguirmos com a nossa vida normalmente. Acho legal você continuar tocando
violão nos shows. Os médicos dizem que a rotina é importante. Isso é bom. Isso é muito bom
— repetia Dallas, e eu pousei a mão de modo reconfortante no banco do carona, onde Nicholas havia se sentado.
Ele me lançou um sorriso fraco.
Percorremos poucos metros antes que precisássemos parar o carro. Nicholas saltou do banco e começou a vomitar na calçada. Dallas e eu corremos até ele e o seguramos com firmeza para que não perdesse o equilíbrio e caísse.
Esse câncer estava se tornando mais real a cada dia.
Eu odiava isso.
Eu odiava tudo a respeito dessa doença repugnante. Como ela atingia as pessoas mais
fortes do mundo e as forçava a fraquejar. Como ela não só afetava as pessoas, mas as sugava
totalmente.
Se houvesse uma pílula mágica que eu pudesse tomar para transferir toda a dor de Nicholas
para mim, eu a tomaria todos os dias da minha vida.
Meu irmão não merecia passar por isso.
Nenhum ser humano merecia.
Eu não desejaria o câncer nem para o meu pior inimigo.
Voltamos para o carro e fomos direto para casa, pois não havia qualquer chance de Dallas
conseguir tocar do jeito que estava. Quando chegamos, Dallas e eu tivemos que ajudá-lo a
caminhar até o quarto.
— Estou bem — garantiu ele, a voz exausta. — Só preciso dormir um pouco. Eu deveria ter
dado um intervalo maior entre a quimioterapia e o show. Foi um erro idiota.
— Vou ficar na sala estudando. Se precisar de alguma coisa, me chame, está bem? — disse
Dallas, ajudando-o a se deitar e cobrindo-o com um lençol. Ela beijou o nariz dele, e Nicholas fechou os olhos.
— Ok.
Ela saiu do quarto, e eu continuei ali, observando o peito de Nicholas subir e descer. Ele
parecia tão magro que eu me sentia mal... O que posso fazer para você superar isso? O que
posso fazer para endireitar as coisas?
— Estou bem, Joseph — assegurou ele, como se lesse minha mente.
— Eu sei, é só que... eu me preocupo, só isso.
— Não desperdice seu tempo. Porque estou bem.
Ergui o ombro esquerdo. Eu te amo, irmão.
Ele moveu o direito, como se pudesse ver o que eu tinha feito, mesmo com os olhos
fechados.
— Vou sair um pouco. Peça para Dallas me ligar se precisar de alguma coisa.
— Vai sair para molhar o biscoito? Para brincar de médico? Para fazer coisas de adulto
com uma garota chamada Demi? — brincou ele.
— Nicholas, cala a boca.
Eu ri.
Mas, sim.
Era exatamente isso o que eu iria fazer.

eu amo essa amizade do Jacob, Nicholas e Joseph.
será que o Nicholas irá se recuperar logo? deixem suas opiniões.
eu espero muito que vocês tenham gostado amores, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.

26/11/2018

28. wicked games


— Você faz ideia do quanto está me confundindo, Joseph? — perguntei, cruzando os braços
ao vê-lo na varanda da minha casa com sua camiseta preta e seu jeans escuro. Estremeci ao
sentir a brisa fresca, pois eu vestia apenas uma camisa bem larga e meias até o joelho. Joseph estava de costas para mim, as mãos apoiadas no parapeito de madeira da varanda, olhando fixamente a escuridão lá fora. Seus braços eram musculosos, e eu podia ver cada reentrância deles. Quando éramos mais novos, ele era bonito, mas não forte. Agora Joseph tinha o físico de um deus grego, e só de olhar para ele eu já sentia minhas pernas vacilarem.
— Eu sei. Só... não sabia para onde ir.
Joseph se virou para mim, e eu levei um susto ao ver seu olho roxo. Dei um passo na
direção dele, toquei-o de leve e senti seu corpo estremecer.
— Seu pai?
Joseph assentiu.
— Se eu voltar para a casa do Nicholas desse jeito, ele vai surtar.
Ah, Joseph...
— Você está bem? Sua mãe está bem? — perguntei. Era como se tivéssemos voltado no
tempo, como se vivêssemos novamente aquela mesma rotina. Desejei que essa não fosse uma das lembranças mais recorrentes.
— Ela não está bem. Mas está bem.
Déjà vu.
— Entre — falei, segurando sua mão.
Joseph fez que não com a cabeça e soltou minha mão.
— Você me perguntou uma coisa da última vez que nos falamos, e eu não respondi.
— O quê?
— Você me perguntou se eu penso no bebê. — ele passou a mão na nuca. — No final do
verão, ele ou ela começaria o jardim da infância. Eu penso em como ele teria seu sorriso e
seus olhos. Em como ela morderia a gola da camiseta e teria soluço quando ficasse nervosa.
Em como ela te amaria. Em como ele iria dar os primeiros passos, falar, sorrir, chorar. Penso
em tudo isso. Mais do que eu gostaria. E então... — ele fez uma pausa. — Então eu penso em
você. No seu sorriso. Em como você morde a gola da camiseta quando está nervosa ou tímida. Penso em você soluçando três vezes quando fica irritada e em como você fica mal quando sua mãe te coloca para baixo. Penso em como se sente em noites de tempestade e fico me perguntando se você, ainda que por um segundo, pensa em mim.
— Joseph, entre.
— Não me convide para entrar — murmurou ele.
— O quê?
— Eu disse: não me convide para entrar.
— Você não quer conversar?
— Não. — Joseph me encarou. — Não. Eu não quero conversar. Quero esquecer. Quero
parar de lembrar de tudo. Quero... Demi...
Ele suspirou, e suas palavras se desvaneceram. O tremor em sua voz teria passado
despercebido para alguém que não conhecesse Joseph. Mas eu o notei, eu conhecia Joseph e
sabia que sua mente estava percorrendo lugares sombrios novamente. Ele deu um passo na
minha direção, e eu continuei no mesmo lugar, firme. Queria que ele se aproximasse mais. Eu sentia falta dele junto de mim. Sua mão tocou sutilmente meu rosto, e eu fechei os olhos.
— Quero conversar com você, mas não posso — continuou Joseph. — Porque, então,
estaremos de volta ao mesmo ponto, e eu não posso fazer isso, Demi. Não posso me
apaixonar por você. Não posso te magoar de novo.
Meu coração teve um sobressalto.
— É por isso que você tem sido tão cruel comigo? — ele balançou a cabeça lentamente. —
Joseph, podemos ser apenas amigos. Não precisamos ficar juntos. Entre, vamos conversar.
— Não posso ser seu amigo. Não quero conversar com você, porque, quando faço isso, eu
me machuco. E eu não quero me machucar mais. Só que... não consigo ficar longe de você.
Estou tentando, mas não consigo. Quero você, Demi. — suas palavras me provocaram
calafrios e confundiram minha mente. — Quero passar as mãos pelo seu cabelo. — ele
colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. — Quero passar a língua pelo seu
pescoço. Quero sentir você. — sua mão acariciou meu rosto. — Quero provar você. — sua
boca percorreu lentamente meu pescoço. — Quero lamber você. — seus lábios beijaram
minha orelha, lambendo-a suavemente. — Quero... trepar... — ele me puxou para mais perto.
— Eu quero você, Demi. Eu te quero tanto. Eu te quero tanto que não consigo pensar em
outra coisa. Então, por favor, para evitar qualquer confusão entre nós, não me convide para
entrar — sussurrou ele em minha orelha antes de mordiscá-la novamente.
Meu coração estava acelerado, e eu recuei alguns passos até minhas costas se apoiarem na
parede da minha casa. Joseph se aproximou e apoiou os braços na parede, me cercando. Seus olhos estavam dilatados quando fitaram os meus, cheios de necessidade, desejo, esperança...?
Ou talvez fosse a minha própria esperança, aquela que tanto rezei para que não tivesse
desaparecido de seu olhar. Minhas coxas tremiam, minha mente estava um grande caos. Uma parte de mim se perguntava se eu estava sonhando, enquanto a outra parte não se importava.
Eu queria esse sonho. Desejei esse sonho. Ansiei por esse sonho ao longo dos últimos cinco
anos. Queria sentir o corpo de Joseph junto ao meu. Queria sentir o quanto ele sentiu minha falta. Queria beijá-lo.
Queria senti-lo...
Prová-lo...
Lambê-lo...
Joseph...
— Joseph — murmurei, incapaz de desviar minha atenção dos seus lábios, que quase
tocavam os meus. Ele ergueu meu queixo para que nos olhássemos nos olhos. Seus lábios me lembravam daquele remoto verão em que a única coisa que fizemos foi nos beijar. Eles me lembravam daquele garoto que eu amei, o primeiro e único que partiu meu coração. — Você está triste hoje.
Inclinei a cabeça ligeiramente para o lado e analisei cada detalhe dele. Seu cabelo, sua
boca, seu queixo, sua alma. As sombras nas profundezas de seus olhos. Sua respiração pesada, irregular como a minha.
— Estou triste hoje. Estou triste sempre. Demi, eu não retornei suas ligações... eu nunca
quis te magoar.
— Não importa. Foi há muito tempo. Éramos tão jovens.
— Eu não sou mais aquele garoto, Demi. Juro que não sou.
— Eu sei, e eu não sou mais aquela garota.
Mas uma parte da minha alma se lembrava do nosso passado. Uma parte da minha alma
ainda sentia o fogo que Joseph e eu sentimos muitos anos antes. E, às vezes, no silêncio do
entardecer, eu jurava que ainda sentia o seu calor.
— É por isso que eu quero que você fique aqui em casa esta noite — continuei. — Porque
estou triste também. Sem compromisso. Sem promessas. Apenas alguns momentos juntos
para nos esquecermos de tudo.
Seus dedos ergueram levemente minha camiseta, e fechei os olhos diante do prazer que
aquele simples ato me trouxe. Um pequeno gemido escapou de mim quando o polegar de
Joseph roçou o tecido da minha calcinha e começou a pressioná-lo com leves movimentos
circulares. Sua língua percorreu minha orelha antes de mordiscá-la com força. Sua mão
direita esgueirou-se até minha bunda e a esquerda moveu a calcinha para o lado, o que
permitiu que ele deslizasse um dedo dentro de mim.
Um dedo.
Dois dedos.
Três dedos...
A calcinha pesava em meu corpo, meu desejo se tornava mais forte a cada minuto. Meus
quadris arquearam na direção de Joseph, querendo-o dentro de mim. Eu me movia no ritmo
de seus dedos, ansiando pelo toque do qual senti tanta falta.
— Entre — falei, gemendo baixinho, puxando-o para mais perto de mim, precisando dele
mais perto de mim.
— Não me convide para entrar.
Seus dedos foram mais fundo. As batidas do meu coração aceleraram. Senti tudo nesse
momento. Todo medo, desejo, necessidade...
Sentir.
Provar.
Lamber.
Céus, Joseph...
— Entre — ordenei, passando uma perna em torno de sua cintura.
— Não, Demi.
— Sim, Joseph.
— Se eu entrar, não vou ser gentil com você. Se eu entrar, não vou conversar sobre nada.
Não vamos falar do passado, não vamos discutir o presente, não vamos conversar sobre o
futuro. Se eu entrar, eu vou te comer. Com força. Eu vou te comer para desligar meu cérebro,e você vai trepar comigo para desligar o seu. E então eu vou embora.
— Joseph.
— Demi.
Pisquei e, quando abri os olhos, prometi a mim mesma não desviá-los de Joseph novamente.
— Entre.

***

Não passamos do piano na sala de estar. Quando a boca de Joseph encontrou a minha, ele me beijou como eu nunca tinha sido beijada antes. Foi doloroso, rude, repulsivo e triste. Triste pra cacete. Eu sentia meu peito queimar ao corresponder com força, desejando-o mais do que ele poderia me desejar. Arrancamos nossas roupas, sabendo que o tempo estava prestes a se esgotar. Era a oportunidade perfeita para silenciarmos nossas mentes e arrancarmos a dor um do outro.
Joseph me ergueu, apoiando minhas costas no piano. Pegou minha mão e colocou-a em
seu pau duro. Eu a deslizei para cima e para baixo, e ele enfiou seus dedos em mim, nossos
olhares fixos um no outro.
Sentir.
Provar.
Lamber.
Isso...
Ele levou a mão ao bolso, pegou um preservativo e o colocou antes de abrir minhas
pernas. Quando ele me penetrou, gemi de alegria, de prazer, de dor. Seus dedos estavam
cravados em minha pele, e os meus agarravam suas costas. Meus braços o prendiam com
força enquanto ele se movia dentro de mim, fazendo meu corpo tremer sob seu peso. Nós
esbarrávamos nas teclas do piano, os sons traduzindo nossos desejos, nossas necessidades,
nossa confusão, nossos medos. Joseph entrava e saía de dentro de mim, e eu implorava a ele
que não parasse. Estávamos tão arrasados. Tão cansados da vida que vivíamos. Mas, essa
noite, fizemos amor com os cacos do nosso coração.
Foi intenso, foi sagrado, foi de partir o coração.
Teve momentos bons, outros nem tanto.
Parecia tão errado, mas sempre parecia certo.
Senti saudades dele.
Senti saudades de nós.
Senti tanta saudade de nós.
Quando ele se foi, não disse uma palavra.
Quando ele se foi, esperei que voltasse no dia seguinte.


estou impactada com este capítulo, finalmente ficaram juntos.
 o que será que rola daqui pra frente entre os dois?
eles realmente colocaram muito emoção nessa noite deles.
eu espero muito que vocês tenham gostado amores, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.

15/11/2018

27. ricky


Algumas semanas se passaram desde que voltei para True Falls para ficar com Nicholas. Nesse período, ele passou por duas sessões de quimioterapia e parecia estar bem, embora um pouco rabugento. Ele ficava meio irritado com Dallas ajudando-o com os remédios e perguntando se estava tudo bem a cada segundo todos os dias. Ela pegava muito no pé dele e, para ser sincero, eu me sentia aliviado com isso. Eu sabia que o jeito insistente dela o incomodava, mas saber que ele estava sendo tão bem-cuidado me trazia um pouco de paz.
Era para o casamento ter acontecido no último fim de semana, mas eles adiaram para o
mês que vem. Eu me perguntei quantas vezes iriam trocar a data e reorganizar tudo. Eu sabia que Nicholas estava adiando o casamento por causa da doença.
Na quinta-feira, ele me deu dinheiro para ir comprar comida para nossa mãe. Quando fui
à casa dela, levei também material de limpeza. O lugar estava um lixo. Minha mãe parecia
desmaiada no sofá, e eu não me dei ao trabalho de acordá-la. Quando dormia, ela não usava drogas.
Ela parecia um anjinho, e isso era muito louco. Era como se os demônios em sua mente
estivessem descansando e o seu verdadeiro eu finalmente viesse à tona. Abasteci a geladeira
e os armários com mantimentos com prazo de validade prolongado. Eu não sabia se minha
mãe estava se alimentando bem, mas, dessa forma, ela teria coisas para comer por algum tempo.
Também fiz uma lasanha. Uma das minhas recordações favoritas dela foi quando decidiu
que queria parar de usar drogas e me pediu para fazer um jantar de comemoração antes que
fosse para a reabilitação. Nós rimos, comemos e tivemos um vislumbre de como seriam nossas vidas quando estivéssemos os dois limpos.
Quando ela saiu de casa, correu para o meu pai, e a reabilitação se tornou uma vaga
lembrança. Limpei o apartamento todo, fiquei até de joelhos para esfregar o carpete. Levei todas as roupas dela para a lavanderia e, enquanto eram lavadas, voltei para o apartamento e continuei a faxina.
Minha mãe só acordou mais tarde, quando eu já havia voltado da lavanderia e estava
sentado no chão dobrando as roupas limpas. Ela se sentou e bocejou.
— Achei que tinha sonhado que você esteve aqui outro dia.
Dei-lhe um meio sorriso, e ela fez o mesmo, passando as mãos pelos braços magros.
— Você limpou a casa?
— Sim. Trouxe comida e lavei as roupas também.
Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela continuou sorrindo.
— Você parece bem, filho. — lágrimas rolaram por seu rosto. Ela não as enxugou,
permitindo que chegassem ao queixo. — Você parece tão bem. — a culpa a atingiu, e ela
voltou a se coçar. — Eu sabia que você iria conseguir, Joseph. Sabia que você podia ficar limpo.
Às vezes, eu queria...
— Não é tarde demais, mãe. Podemos colocá-la na reabilitação. Você pode se recuperar
também.
Eu não sabia que aquilo ainda existia em mim, aquela centelha de esperança que sempre
tive com relação a ela. Queria que minha mãe se afastasse desse mundo. Ainda havia uma
pequena parte de mim que queria comprar uma casa para nós, longe daquele lugar em que
vivemos tantos momentos aterrorizantes.
Por um segundo, tive a impressão de que ela considerava essa possibilidade. Mas então ela
piscou e começou a se coçar novamente.
— Estou velha, Joseph. Estou velha. Venha aqui. — fui até ela e me sentei no sofá ao seu
lado. Minha mãe segurou as minhas mãos e sorriu. — Estou tão orgulhosa de você.
— Obrigado, mãe. Está com fome?
— Estou.
Fiquei até um pouco surpreso.
Coloquei a lasanha no forno e, quando terminou de assar, nós nos sentamos à mesa de
jantar e comemos direto da travessa. Tudo o que eu queria era poder guardar esse momento
em meu coração e nunca mais esquecê-lo.
Enquanto ela comia, lágrimas continuavam caindo.
— Você está chorando — falei.
— Estou? — ela secou o rosto e me deu outro sorriso. Mas era um sorriso tão triste... — Como está Nicholas?
— Você sabe sobre o...
Ela assentiu.
— Nicholas está bem. Pediu para eu ir à sessão de terapia com ele na semana que vem. Ele
vai superar, sabe? É durão.
— É, sim — murmurou ela, comendo mais do que eu já a tinha visto comer na vida. — Ele
é forte. Ele é forte. — seu choro se tornou mais intenso, e eu enxuguei suas lágrimas. — Mas
a culpa é minha, sabe. Fiz isso com ele... fui uma mãe de merda. Não estive ao lado de vocês,
meus meninos.
— Mãe, pare com isso...
Eu não sabia o que dizer, como fazê-la parar de chorar.
— É verdade. Você sabe. Estraguei tudo. A culpa é minha.
— Você não causou o câncer nele.
— Mas não tornei a vida dele mais fácil. Você foi para a reabilitação, Joseph. Reabilitação.
Quando você tinha dezesseis anos, nós dois nos sentamos aqui e fizemos carreiras de cocaína. Eu te alimentei com o meu vício... — ela balançou a cabeça de um lado para o outro. — Sinto muito. Sinto muito.
Minha mãe estava arrasada. Destruída. A verdade era que ela estava vagando por aí,
perdida em sua mente. Durante muito tempo eu a detestei. Guardei muito rancor pelas
escolhas que ela fez, mas não era sua culpa. Ela estava em sua própria rodinha de hamster,
incapaz de parar de repetir os mesmos erros.
— Todos nós vamos ficar bem, mãe. Não se preocupe.
Segurei a mão dela com força.
Então, a porta da frente se abriu, e Ricky irrompeu na sala.
No instante em que o vi, fiquei admirado ao me dar conta do quanto ainda o odiava.
— Denise, que merda é essa? — resmungou ele.
Ele estava muito diferente de quando o vi pela última vez, há cinco anos. Parecia...
arruinado? Velho. Cansado. Os ternos elegantes que ele usava foram substituídos por calças
de moletom e camisetas. Seus sapatos extravagantes deram lugar aos tênis. Seus braços, antes musculosos, não eram mais tão fortes e definidos.
Eu me perguntei se ele estava usando as coisas que vendia.
— Você me deve cinquenta dólares — gritou meu pai, mas se deteve quando me viu. Ele
inclinou a cabeça para a esquerda, os olhos confusos. — Será que é um fantasma?
Senti um aperto no peito, como sempre acontecia quando ele aparecia lá em casa. Foi
necessário apenas um instante para que o olhar confuso se transformasse em um sorriso
sinistro. Ricky parecia satisfeito com o meu regresso, como se soubesse que, um dia, eu
voltaria.
— Sabe — ele veio na minha direção com o peito estufado. — Ouvi rumores de que você tinha voltado, mas achei que era mentira. Agora que está aqui, pode se juntar a mim no
negócio da família.
— Nunca vou fazer isso. Nunca mais vou seguir por esse caminho.
Meu pai semicerrou os olhos, e notei que respirava fundo. Então ele riu.
— Adoro isso. Adoro quando você acha que é forte o suficiente para ficar limpo.
Ricky ficou cara a cara comigo, e, em vez de recuar, fiquei de pé. Eu não tinha medo dele.
Eu não podia ter medo. Ele me empurrou, tentando me forçar a sentar.
— Eu conheço você, Joseph — continuou. — Vejo em seus olhos a vadia drogada da sua
mãe. Você não vai conseguir se manter longe das drogas.
Vi as lágrimas brotarem nos olhos de minha mãe. Aquilo deveria ser uma punhalada em
sua alma, pois a única coisa que ela fez a vida toda foi amá-lo. Ela desperdiçou seus anos de vida amando um homem que gostava de controlá-la e humilhá-la.
— Não fale assim da minha mãe — eu disse, defendendo-a, porque ela não tinha a menor
ideia de como fazer aquilo.
Ele riu.
— Eu amo a sua mãe. Denise, eu não te amo? Ela é a única mulher da minha vida. Você é
tudo para mim, querida.
Minha mãe meio que sorriu, como se acreditasse nele.
Isso era algo que eu nunca entenderia.
Ele me deixava enojado.
— Você não a ama. Você gosta de ter o controle sobre ela, porque isso esconde o fato de
que você não é nada além de um maldito rato.
Recuei ao sentir o impacto do soco em meu olho.
— Esse rato de merda ainda pode acabar contigo, garoto. Mas não vou mais perder meu
tempo com você. Denise, me dê meu dinheiro.
A voz dela estava trêmula de medo.
— Ricky, eu não tenho o dinheiro agora, mas vou conseguir. Só tenho que...
Ele se aproximou para bater em minha mãe, mas eu entrei na frente dela.
— Você saiu dessa reabilitação ridícula e voltou achando que pode mudar as coisas, Joseph? — perguntou ele, irritado. — Confie em mim, você não me quer como seu inimigo.
Enfiei a mão no bolso, peguei a carteira e contei cinquenta dólares.
— Aqui. Pegue e vá embora.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Eu disse cinquenta? Quis dizer setenta.
Idiota. Peguei uma nota de vinte e a empurrei para Ricky, que a aceitou de bom grado,
colocando-a no bolso. Ele se inclinou sobre a lasanha.
— Você fez isso, meu filho? — perguntou. Ele sabia que me chamar de filho me deixava furioso. Pegou uma garfada e a cuspiu de volta na travessa, estragando tudo. — Tem gosto de bunda.
— Ricky — disse minha mãe, vindo em minha defesa, mas ele lhe dirigiu um olhar que a
calou.
Fazia tempo que ele havia roubado a voz dela, e minha mãe não tinha ideia de como se
fazer ouvir novamente.
—Você age como se eu não cuidasse de você, Denise. Eu me sinto ofendido. Não se esqueça
de que eu fiquei ao seu lado quando esse garoto foi embora e te deixou aqui. E você fica aí se perguntando por que é tão difícil para mim te amar. Você me trai a cada segundo!
Ela abaixou a cabeça.
— E agora isso? Joseph está te trazendo comida? Isso não significa que ele se preocupa com
você, Denise.
Ricky abriu os armários e a geladeira, pegou toda a comida que comprei, abriu todas as
embalagens e jogou-as no chão. Eu queria impedi-lo, mas minha mãe me disse para ficar
onde estava. Ele abriu uma caixa de cereais e outra de leite e, olhando bem nos meus olhos,
despejou o conteúdo lentamente em cima da pilha de comida.
Em seguida, pisoteou aquela bagunça e seguiu para a porta.
— Vou resolver algumas coisas — disse ele com um sorriso. — Denise?
— Sim? — sussurrou ela, trêmula.
— Limpe essa merda antes de eu voltar para casa.
Quando a porta se fechou, minha pulsação começou a voltar ao normal.
— Você está bem, mãe?
Seu corpo estava tenso, e ela não olhou para mim.
— A culpa é sua.
— O quê?
— Ricky tem razão. Você me abandonou, e ele ficou ao meu lado. Foi por sua causa que ele
fez essa bagunça! Você não ficou ao meu lado. Ele cuidou de mim.
— Mãe...
— Vá embora! — gritou ela, com lágrimas no rosto. Minha mãe avançou contra mim e me
bateu, como fazia quando eu era mais novo. Ela me culpava porque o diabo não a amava. —
Saia daqui! Saia daqui! É tudo culpa sua. Você é o culpado por ele não me amar. Você é o
culpado por essa bagunça toda. Você é culpado por Nicholas estar morrendo. Você se afastou de nós. Você nos deixou. Você nos abandonou. Saia daqui agora, Joseph. Vá embora. Vá embora. Vá embora!
Ela batia em meu peito, e suas palavras me confundiam, me machucavam, me
queimavam, ecoavam em minha mente. Ela estava histérica, era finalmente a mãe que eu
conheci e odiei.
É culpa sua. Você é o culpado por essa bagunça toda. Você é culpado por Nicholas estar morrendo. Você nos deixou. Você nos abandonou. Você nos deixou... Nicholas está morrendo...
Meu peito queimava, e eu tentava me manter firme, não desmoronar. Como cheguei a
esse ponto? Como fui parar no mesmo lugar em que estava há cinco anos? Como voltei aos
velhos hábitos dos quais passei tanto tempo fugindo?
Ela não parou de me bater. Ela não parou me culpar.
Então peguei minhas coisas e fui embora.

***

Joseph, onze anos

Não está se sentindo confortável? — disse meu pai ao entrar na sala cambaleando.
Eu estava sentado no chão assistindo ao Cartoon Network. Fiz de tudo para ignorá-lo e continuei comendo o cereal em uma tigela. Ricky fumava um cigarro e sorriu diante de minha tentativa de fingir que ele não estava ali.
Era apenas quatro da tarde, e ele já estava bêbado.
— Está surdo, rapaz?
Ele veio em minha direção e passou o dorso da mão pela minha nuca antes de me dar um tapa com força. Tremi com seu toque, mas continuei ignorando-o. Nicholas sabia o quanto meu pai podia ser mau e disse certa vez que seria melhor se eu não respondesse suas provocações. Nicholas tinha sorte por ter outro pai. Eu também gostaria de ter tido outro.
Eu não via a hora da minha mãe voltar para casa. Eu não a via há alguns dias, mas, quando ela me ligou na semana passada, disse que voltaria em breve. Eu só queria que meu pai fosse embora e sumisse para sempre.
Quando a mão dele passou pelas minhas escápulas, estremeci e acabei derrubando a tigela de cereal.
Ele riu perversamente, satisfeito com minha inquietação, e ergueu a mão, dando-me outro tapa, dessa vez no ouvido.
— Limpe essa merda. E que diabos você pensa que está fazendo, comendo cereal às quatro da tarde?
Eu estava com fome, e era tudo o que tínhamos para comer em casa. Mas eu não podia dizer isso a ele. Eu não podia dizer nada a ele.
Trêmulo, com o coração acelerado, comecei a colocar o cereal de volta na tigela. Meu pai passou a assobiar a melodia do desenho animado.
— Anda rápido com essa merda, garoto. Pega essa porra logo. Você está sujando a minha casa.
Não consegui conter as lágrimas, e eu odiava quando isso acontecia, quando eu permitia que ele me atingisse. Aos onze anos, eu deveria ser mais durão. Eu me senti fraco.
— Tome. ISSO.
Eu não aguentava mais a sua raiva embriagada, seu aparente desgosto por mim. Peguei a tigela de cereal e a atirei nele. Ela passou raspando pela cabeça do meu pai antes de se espatifar na parede.
— Eu te odeio! — murmurei aos prantos. — Quero a minha mãe de volta! Eu te odeio!
Os olhos dele se arregalaram, e eu entrei em pânico, arrependido pela minha explosão. Nicholas ficaria decepcionado comigo. Eu não deveria ter falado nada. Não deveria ter respondido. Deveria ter me trancado no meu quarto como sempre.
Mas não havia desenhos animados no meu quarto.
Eu só queria ser uma criança, ainda que por um dia.
Meu pai segurou meu braço com força.
— Você quer dar uma de espertinho pra cima de mim? Hein? — Meu pai me arrastou pela sala até a cozinha, me fazendo tropeçar. — Você quer me desafiar?
Ele abriu o armário embaixo da pia.
— Não. Sinto muito, pai! Sinto muito! — chorei, tentando me soltar.
Ele riu e me empurrou para dentro do armário.
— Aqui está o seu maldito cereal — disse, pegando a caixa e atirando o conteúdo em mim.
Quando ele fechou a porta, tentei ao máximo abri-la, mas não consegui. Ele tinha colocado algo na frente do armário para mantê-lo trancado.
— Por favor, pai! Sinto muito! Não me deixe aqui.
Sinto muito.
Mas ele não estava me escutando e, depois de um tempo, eu não ouvi mais seus passos.
Eu não sei quanto tempo passei dentro do armário, mas tirei dois cochilos e fiz xixi nas calças.
Quando minha mãe me encontrou, aparentemente drogada, ela balançou a cabeça em um gesto de reprovação; estava muito decepcionada comigo.
— Ah, Joseph. — ela suspirou e passou as mãos pelo cabelo. Em seguida, acendeu um cigarro. — O que você fez dessa vez?

voltei amores, esse pai do Joseph é um babaca.
será que a mãe dele irá aceitar ajuda? o que acham?
pessoal está chegando o capítulo que irá impactar, aguardem hahaha.
eu espero muito que vocês tenham gostado amores, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.

05/11/2018

26. do you think of us?


— Ei, acorde. — senti um leve cutucão na lateral do corpo e esfreguei os olhos. Ao abri-los
lentamente, fui inundada pela luz do sol e vi o rosto de Joseph bem em cima de mim. — Ei,
levante.
— Nossa... que horas são? — perguntei, bocejando. Eu não tinha planos de passar a noite
ali. Queria ir para casa, voltar para a minha cama quente e fingir que Joseph não existia mais no meu mundo, mas ele parecia tão arrasado na noite passada...
— Está na hora de você ir.
Eu me sentei, confusa com sua atitude. Ele jogou as embalagens vazias no saco plástico e o
empurrou na minha direção.
— Não volte aqui, está bem? — disse ele.
— Por que você está sendo tão rude?
— Porque eu não quero você aqui. E devolva meu casaco.
— Tudo bem — resmunguei, levantando-me e jogando o moletom para ele.
Segui para a escada, meu coração disparado. Mas, em vez de descer, eu me virei para Joseph.
— Eu não fiz nada de errado. Você veio até mim na noite passada. Não o contrário.
— Eu não pedi que viesse até aqui. Nem disse para trazer biscoitos, como nos velhos
tempos. Não somos as mesmas pessoas. Meu Deus. Será que o seu namorado sabe onde você
estava na noite passada?
Eu ri, chocada.
— Então isso tudo é porque você acha que eu tenho um namorado? Joseph, Dan não é...
Ele revirou os olhos.
— Eu poderia me preocupar com o seu namorado, mas acho que o fato de você pouco se
importar em passar a noite com outro cara diz muito a seu respeito. Ele sabe onde você está
agora? Caramba, Demi, você parece mesmo uma vagab...
Eu o interrompi, tapando sua boca antes que ele pudesse pronunciar a palavra.
— Eu entendo que você esteja sofrendo. Que esteja com medo e descontando tudo em
mim porque sou um alvo fácil. Tudo bem. Posso ser seu alvo. Direcione todo o seu ódio para
mim. Você pode me dizer para nunca mais voltar aqui, ao lugar que me faz lembrar de você.
Você pode mandar eu me foder. Mas não fale assim comigo, Joseph Adam Jonas. Eu
não sou o tipo de garota que você pode desprezar, porque eu tentei te dar apoio. Não sou o
tipo de garota que você pode chamar de vagabunda.
Joseph ficou boquiaberto por um instante, a culpa surgindo em seus olhos. Em seguida,
bufou, aborrecido.
— Vou ficar na cidade por um tempo, tá? Então podemos fazer um esforço para evitar um
ao outro? Foi minha culpa ter ido até sua casa primeiro, mas passou. Não há nenhuma razão
para mantermos contato. Não temos mais nada a dizer um ao outro.
— Sinto muito se dificultei as coisas para você. Vou ficar fora do seu caminho, mas, se você
precisar de mim, estou aqui. Ok? É só me avisar. E, para que fique claro, Dan não é meu
namorado. Nunca foi, nunca será. Ele é só um amigo que está me ajudando a encontrar um
imóvel. Ele bebeu demais e acabou desmaiado no meu sofá. Não estou namorando. Não
tenho um relacionamento há um bom tempo. Nenhum dos namoros que tive no passado
valeu a pena. E eu entendo agora por que não deram certo. — respirei fundo e fechei os
olhos. — Porque, durante todo esse tempo, fiquei esperando por um cara que eu pensei que
tivesse me amado.
— Cara, Demi, eu não me importo! Não me importo com o que acontece na sua vida. Põe
uma coisa na sua cabeça: nós nunca mais vamos ficar juntos. Não teremos um final feliz.
As palavras de Joseph me atingiram em cheio. Ele virou as costas para mim.
— Você pensa em nós em algum momento? Você pensa em mim? — sussurrei, passando a
mão pela nuca. — Você pensa no bebê?
Ele não se virou para olhar nos meus olhos, mas seus ombros se retraíram. Ele permaneceu
ali, imóvel. Diga algo! Diga qualquer coisa!
— Vá embora, Demi. E não volte mais.
Engoli em seco.
Diga qualquer coisa, menos isso.

voltei amores, eu estou simplesmente impactada com esse capítulo.
Joseph estou com vontade de te bater, vocês também? hahaha.
tadinha da Demi mas em breve os dois irão se acertar.
eu espero muito que vocês tenham gostado amores, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.