29/05/2018

10. pregnancy


Um desgraça nunca vem sozinha.
Minha mãe sempre dizia isso quando estava no meio de um processo e surgia uma má
notícia. Quando uma coisa ruim acontecia, algo pior ainda estava por vir. Nunca acreditei de
verdade nessas palavras, pois eu era a otimista da família, a garota do copo meio cheio. Mas
parecia verdade. Fazia apenas uma semana que eu havia recebido a carta de meu pai. Não
tive tempo de processar o que aconteceu antes que o mundo desabasse sobre mim mais uma
vez. Podia ouvir as palavras de minha mãe ecoando em minha cabeça.
— Uma desgraça nunca vem sozinha, Demi. Essa é a verdade universal.
— Então... — Dallas suspirou ao meu lado no corredor de uma farmácia. — Quantos
devemos pegar?
Fazia uma semana que eu estava vomitando todos os dias. O que imaginei ser fruto do
meu nervosismo se transformou em um medo real quando olhei os testes de gravidez à
minha frente. Eu não sabia a quem recorrer além da minha irmã. Depois de ouvir o pânico
em minha voz ao telefone, ela chegou em casa em quarenta e cinco minutos. Ainda que Dallas fosse realista e objetiva como nossa mãe, não era tão cruel. Ela amava meu jeito criativo e minha personalidade peculiar, e eu sabia que faria qualquer coisa para me ajudar.
— Talvez dois? — sussurrei, nervosa.
Ela pousou a mão em meu ombro para me acalmar.
— Vamos levar cinco. Só para garantir.
Fomos até o caixa, que olhou para nós como se fôssemos loucas por comprar tantos testes.
Dallas pegou uma garrafa de água também. Eu estava prestes a sair correndo dali, humilhada  pelo olhar de reprovação do caixa, quando minha irmã bufou.
— Ninguém nunca disse a você que é grosseiro ficar encarando as pessoas?
Ele passou nossas compras sem erguer os olhos.
Meu telefone apitou quando estávamos indo embora.
Joseph: Onde você está? Preciso te ver.
Eu não podia responder. Meu telefone apitou mais quatro vezes antes de chegarmos em casa.
Desliguei o aparelho.
Nós nos sentamos no banheiro com a porta trancada. Minha mãe ainda não tinha chegado
em casa, e os cinco testes de gravidez estavam ali em cima da pia, esperando que eu fizesse
xixi neles. Bebi uma garrafa inteira de água, e Dallas fez questão de me explicar:
— Você tem que fazer um pouco de xixi, parar, pegar um teste, fazer, parar...
— Entendi — interrompi, irritada. Não com ela, mas comigo mesma por estar nessa
situação. Era para eu estar indo para a faculdade nos próximos dias, não fazendo xixi em
cinco testes de gravidez.
Depois que tudo foi feito, esperamos dez minutos. As embalagens diziam que o resultado
apareceria em dois, mas achei que seria mais seguro esperar dez.
— O que uma linha rosa significa? — perguntei, pegando o primeiro teste.
— Grávida — murmurou Dallas.
Peguei o segundo.
— E um sinal de mais?
— Grávida.
Senti um aperto no peito.
— E duas linhas rosas?
Ela franziu o cenho.
Bile subiu pela minha garganta.
— E outro sinal de mais?
— Demi... — havia nervosismo em sua voz.
— E esse que está escrito “grávida”? O que significa?
Eu não conseguia parar de chorar. Minha respiração estava ofegante, meu coração batia de
forma descontrolada. Eu não sabia em que pensar primeiro. Joseph? Trabalho? Minha mãe?
Minhas lágrimas?
— Demi, está tudo bem. Vamos resolver isso. Não entre em pânico.
A mão de Dallas na minha perna era a única coisa que me impedia de me encolher em
posição fetal em um canto e ficar me balançando para a frente e para trás.
— Eu iria para começar a trabalhar daqui a alguns dias.
— E você ainda vai. Só precisamos descobrir o que...
— Demi! — chamou minha mãe ao entrar em casa. — O que falei com você sobre deixar
os sapatos no corredor? Venha guardar isso agora!
Minhas mãos começaram a tremer incontrolavelmente enquanto Dallas me ajudava a
levantar. Ela colocou todos os testes de gravidez em uma sacola antes de enfiá-los em sua
bolsa enorme.
— Vamos lá — disse ela, lavando as mãos e estendendo as minhas embaixo da torneira
para que eu as lavasse também. Em seguida, fez um gesto com a cabeça na direção da porta.
— Vamos.
Não — sussurrei. — Não posso, não posso vê-la agora. Não posso ir lá fora.
— Você não pode simplesmente se esconder aqui para sempre — disse ela, secando
minhas lágrimas. — Não se preocupe. Não vamos dizer nada. Apenas respire.
Ela saiu do banheiro primeiro, e eu a segui.
— Dallas? O que está fazendo aqui? — indagou minha mãe em um tom de voz elevado.
— Pensei em visitar vocês. Talvez ficar para o jantar.
— É muito grosseiro da sua parte aparecer sem ser convidada. E se eu não tivesse comida
suficiente para você? Além disso, vou pedir comida hoje à noite. Demi tem que terminar de
arrumar a mala, apesar de eu ter dito que ela deveria ter feito isso na semana passada. E...
— Estou grávida.
Os olhos de minha mãe se voltaram para mim. Dallas estava boquiaberta.
— O que você disse?
No instante em que repeti a palavra, a gritaria começou. Ela falou que eu era uma
decepção, que eu era um desgosto. Disse em alto e bom som que sabia que eu estragaria tudo e chamou Joseph de parasita.
— Você vai fazer um aborto — anunciou com naturalidade. — É a única opção. Vamos a
uma clínica esta semana para resolver esse contratempo, e depois você vai para a faculdade.
Minha mente ainda não havia registrado o fato de que eu esperava um bebê, mas minha
mãe já estava me dizendo para pôr um fim na gravidez.
— Mãe, pare com isso. Não vamos ser tão irracionais — interveio Dallas  em minha defesa,
porque as palavras foram incapazes de sair da minha garganta.
— Irracionais? — minha mãe cruzou os braços, ergueu uma sobrancelha e me dirigiu um
olhar indiferente. — Não, irracional é descobrir que está grávida poucos dias antes de
começar a faculdade. Irracional é namorar um perdedor que não tem futuro.
— Ele não é um perdedor.
Tive que defender Joseph. Ele estava longe de ser um perdedor.
Minha mãe revirou os olhos e começou a caminhar até o escritório.
— Tenho uma audiência amanhã, mas vamos a uma clínica ainda essa semana. Caso
contrário, você vai ter que descobrir uma maneira de pagar a faculdade sozinha. Não vou
investir meu dinheiro em alguém que vai acabar desistindo de tudo e se tornando um nada.
Você é igualzinha ao seu pai.
Respirei fundo, e o punhal se enterrou ainda mais em meu coração.
Dallas ficou em casa naquela noite, mudando os móveis da sala de lugar. Rearranjar as
coisas era sua forma de lidar com a frustração. Às vezes, ela quebrava pratos e copos.
— Mamãe não está sendo sensata, Demi. Você não tem que dar ouvidos a ela, sabia? Se ela
te ameaçar de novo, não leve a sério. Vou te ajudar a resolver isso.
Sorri e franzi o cenho.
— Preciso contar ao Joseph. Ele me enviou mensagens a tarde toda, e eu ainda não
respondi. Não sei o que dizer.
— Vai ser uma conversa difícil, mas terá que acontecer mais cedo ou mais tarde.
Engoli em seco, sabia que eu precisava contar a ele ainda naquela noite.
— Estou preocupada, Demi. Conheço Joseph há um bom tempo, e ele não é uma pessoa
estável.
Dallas não gostava muito de Joseph, e eu não podia culpá-la. Ele quase tinha incendiado o
apartamento dela e de Nicholas um ano atrás, quando ficou chapado depois de ter discutido
com os pais e levado uma surra.
— Isso é só cinco por cento do tempo — murmurei.
— O quê?
— Ele não é assim em noventa e cinco por cento do tempo, Dallas. Em noventa e cinco por
cento do tempo, ele é gentil. É bondoso. Mas, às vezes, esses cinco por cento tomam conta de
Joseph, e ele fica fora de si. Ele perde a luta contra as mentiras dos pais. Mas não podemos
julgá-lo por esses momentos.
— Por que não? — perguntou ela.
— Porque, se você julgá-lo só pelas poucas coisas que ele faz de errado, não vai ver o
quanto ele é maravilhoso.

***

Uma desgraça realmente nunca vinha sozinha.
Eu já tinha visto Joseph passar por momentos difíceis algumas vezes nos últimos dois anos.
Sempre que isso acontecia, ele se transformava em uma pessoa que eu não conhecia. Sua fala ficava arrastada, seu corpo parecia perder o equilíbrio, e sua voz era sempre alta demais. Ele ficava com raiva de si mesmo sempre que usava alguma outra coisa que não fosse maconha. Eu sabia que, na maioria das vezes, isso acontecia quando os pais dele o magoavam, quando deixavam cicatrizes em seu coração. As feridas na alma eram sempre mais difíceis de curar, ficavam abertas por mais tempo. Nessas horas, eu sabia que o melhor era esperar, porque ele sempre voltava a ser o Joseph que eu amava e adorava.
Cinco por cento ruim, noventa e cinco por cento bom.
Quando eu finalmente peguei o telefone naquela noite, havia quinze mensagens de texto
não lidas.
Joseph: Onde você está?
Joseph: Preciso de você.
Joseph: Por favor. Estou arrasado. Meu pai acabou de ir embora, e eu não estou bem.
Joseph: Demi?
Joseph: Deixa pra lá.
Ah, não. Ele estava péssimo. Aquilo me assustava.
— Estou aqui.
Ele não respondeu minha mensagem até as três da manhã. Quando me ligou, ouvi em sua
voz que ele tinha ido longe demais.
— Estou na sua varanda.
Abri a porta da frente e, por um momento, não consegui respirar. O olho esquerdo de
Joseph estava inchado e fechado, o lábio, cortado. Sua pele, normalmente bronzeada, estava
repleta de hematomas roxos.
— Joseph... — estendi a mão para tocar seu rosto. Ele se retraiu e deu um passo para trás. —
Seu pai?
Ele não respondeu, e eu o levei para dentro de casa.
Notei os espasmos primeiro, em seguida, a coordenação motora prejudicada. Ele arranhava a pele freneticamente e passava a língua pelos lábios.
A que ponto você chegou, Joseph?
— Posso tomar banho ou algo assim? Não posso ir para casa hoje à noite.
Ele fungou e tentou abrir o olho esquerdo, mas não conseguiu.
— Sim, sim, claro. Vamos.
Eu o levei cambaleante até o meu banheiro. Fechei a porta, peguei um pano e o umedeci
com água morna. Ele se sentou na tampa do vaso sanitário. Quando comecei a pressionar o
pano contra seu rosto, ele sibilou.
— Está tudo bem — disse Joseph, afastando-se.
— Não. Não está. Você não consegue abrir o olho.
— Mas eu ainda posso te ver. — ele abriu a boca antes de umedecer os lábios novamente. — Você estava ocupada mais cedo?
Não consegui encará-lo. Molhei ainda mais a toalha.
— Sim.
— Estava tão ocupada que não conseguiu responder minhas mensagens?
— Sim, Joseph. Sinto muito.
Minha respiração acelerou, e olhei para a porta do banheiro. Eu precisava de um pouco de
ar.
— Ei — sussurrou ele, segurando meu queixo com delicadeza, erguendo meu rosto para
que eu olhasse dentro do olho que estava aberto. — Estou bem.
— Você está chapado?
Ele hesitou antes de rir.
— Vá se foder. Olha para a minha cara. O que você acha?
Recuei. Ele nunca falava comigo daquele jeito, exceto quando estava completamente
desorientado. Eu devia ter respondido suas mensagens.
— Vou pegar um pouco de gelo para o seu olho, ok? Você pode ir tomando banho.
Eu me levantei para sair, mas Joseph me chamou.
— Demi?
— Joseph?
Ele engoliu em seco, e uma lágrima caiu do olho que estava inchado.
— Desculpe. Não sei por que falei desse jeito com você.
Dei um sorriso tenso e saí correndo do banheiro.
Minhas mãos tremiam ao pegar um saquinho para colocar gelo. Eu nunca tinha visto
Joseph daquele jeito antes. O que seu pai fez com você? Por que ele era um monstro?
— Demi?
Tive um sobressalto ao ouvir a voz de Joseph atrás de mim. Senti um arrepio quando me
virei e o vi segurando algo.
— O que é isso?
— Meu Deus. Joseph, eu queria falar com você sobre isso...
Olhei para o teste de gravidez na mão dele. Dallas devia ter esquecido um no banheiro.
— O que duas linhas cor-de-rosa significam? — perguntou ele, mal conseguindo ficar de
pé.
Você está muito fora de si para termos essa conversa hoje.
— Vamos conversar sobre isso amanhã — sugeri, aproximando-me de Joseph e pousando a
mão em seu ombro. Ele se afastou.
— Não, vamos falar sobre isso agora — disse ele num tom de voz alto.
— Joseph, pode falar baixo? Minha mãe está dormindo.
— Eu não dou a mínima. Você está grávida?
— É melhor não falarmos sobre isso esta noite.
— O que está acontecendo? — perguntou uma voz atrás de mim. Eu me retraí ao ver
minha mãe entrar na cozinha de robe. Quando seus olhos cansados encontraram os de Joseph, ela despertou. — O que você está fazendo aqui? Vá embora agora.
— Mãe, pare com isso — implorei, vendo o ódio nos olhos dela.
— Você não está vendo que estamos conversando, porra? — disse Joseph, com a voz
arrastada.
Isso não melhorava a situação.
Minha mãe foi até ele e agarrou seu braço.
— Você está invadindo minha casa. Saia antes que eu chame a polícia.
Ele puxou o braço, cambaleou para trás e bateu na geladeira.
— Não toque em mim. Estou falando com a sua filha.
Os olhos de minha mãe se voltaram para mim.
— É exatamente por isso que vamos fazer o aborto. Ele é um desastre.
Joseph se recompôs o melhor que pôde, os olhos arregalados de tristeza.
— Aborto? Você vai fazer um aborto?
Meus olhos se encheram de lágrimas.
— Não. Espere. Mãe, pare. Você não está ajudando.
— Você realmente pensou em fazer um aborto? — indagou Joseph.
— Vamos fazer na quinta. Já liguei para marcar — anunciou minha mãe, o que era
mentira. Eu tinha o direito de fazer o que quisesse com o meu corpo, não o que ela achava que era certo.
Joseph soltou um suspiro.
— Uau. Você iria fazer isso sem falar comigo? Você não acha que eu seria um bom pai ou
algo assim?
Minha mãe riu com sarcasmo.
Mais uma vez, ela não estava ajudando.
— Eu não disse que iria fazer isso, Joseph.
— Disse, sim! É exatamente o que você está dizendo! — gritou ele, seus olhos opacos,
como se a luz que eu tanto amava tivesse sido sugada de todo o seu ser.
— Você não está me ouvindo porque está chapado, Joseph.
— O que não é novidade — murmurou minha mãe, suas palavras repletas de repugnância.
— Mãe, pode parar? — implorei.
— Não. Ela está certa. Estou sempre chapado, não estou? Isso é tudo o que as pessoas
pensam de mim. — Joseph apontou para nós duas. — Pessoas como vocês, com toda a porra
do seu dinheiro, nessa porra dessa casa que vocês compraram sem esforço nenhum.
Joseph tropeçou, derrubando acidentalmente um conjunto de facas. Elas caíram no chão, e
eu e minha mãe tivemos um sobressalto.
Ah, Joseph... Volte para mim...
— Você precisa ir embora. Agora. — minha mãe pegou o celular e o ergueu. — Vou
chamar a polícia.
— Mãe, não. Por favor.
— Não. Vou embora. Você pode ficar com tudo isso aí... Seu dinheiro. Sua casa. Sua vida.
Seu aborto. A porra toda. Estou fora.
Ele foi embora.
As lágrimas continuavam a rolar pelo meu rosto. Voltei-me para minha mãe.
— Qual é o seu problema?
— Meu problema? — gritou ela, chocada. — Ele é um desastre! Eu sabia que você era
ingênua, Demi Lovato, mas não sabia que era burra. Ele é um viciado. Está doente e não vai
melhorar. Ele vai te arrastar para o fundo do poço antes que você consiga tirá-lo de lá. Você
precisa desistir desse garoto. Ele é uma causa perdida. Você e Nicholas permitem que ele faça esse tipo de coisa. Vocês permitem que essas coisas aconteçam, e a situação só vai piorar.
Respirei fundo antes de sair correndo atrás de Joseph.
Ele seguia em direção ao portão para pulá-lo de novo.
— Joseph, espere! — gritei.
Ele se virou para mim, seu peito subindo e descendo.
— Deixei você entrar no meu coração — disse ele, a voz ressentida.
Minha voz era o completo oposto. Fraca. Dolorida. Assustada.
— Eu sei.
— Eu deixei você entrar, mesmo sabendo que não era uma coisa boa. Não sou o tipo de
pessoa que ama, Demi. Mas você me fez te amar.
— Eu sei.
— Você me fez te amar. E eu te amei muito, porque não tinha como ser de outra forma. Eu
te amei muito, porque você fazia a vida valer a pena. E então, do nada, você acabou comigo.
O que eu fiz? Por que você... Eu te contei meus sonhos. Eu te contei tudo. — Joseph se
aproximou de mim, sua voz baixando, trêmula. Quando nossos olhos se encontraram, ele
meneou a cabeça e deu um passo para trás. — Pare de me olhar assim.
— Assim como? — perguntei, confusa.
— Eu não sou a minha mãe.
— Eu sei que não é.
— Então por que você está olhando para mim como se eu fosse?
— Joseph... Por favor, me escuta.
Ele veio até mim, e nós nos fundimos um no outro, como sempre acontecia. Sua testa se
apoiou na minha, suas lágrimas roçaram minha pele, e minhas mãos tocaram seu peito. Nós
nos abraçamos, nossos corpos emanando calor, ávidos por saber por que a vida tinha que ser
tão difícil. Os lábios de Joseph tocaram minha orelha, e sua respiração quente acariciou minha pele quando ele disse as palavras que destruíram minha alma.
— Não quero te ver nunca mais.

***

Ele desapareceu naquela noite.
Desapareceu da minha vida em um piscar de olhos. Não recebi mais ligações tarde da
noite. Não ouvi mais sua voz suave. Toda noite eu me perguntava onde ele estava, se estava
em segurança. Sempre que ia ao seu apartamento, ele não estava lá. Sempre que eu
telefonava para ele, caía direto na caixa postal. Nicholas disse que também não conseguia falar com o irmão. Ele não o via há algum tempo e estava tão apavorado quanto eu.
Quando eu disse a minha mãe que não iria desistir do bebê, ela gritou comigo, cumpriu suas
ameaças e cancelou o pagamento da faculdade. Dallas e Nicholas deixaram que eu me mudasse para o pequeno apartamento deles enquanto eu tentava encontrar um canto para mim.
Toda noite Nicholas e eu saíamos e andávamos de carro pela cidade, circulando pelos
lugares onde Joseph poderia estar. Falamos com os amigos dele, mas aparentemente sempre chegávamos tarde demais.
Ele ia a muitas festas, mas, sempre que chegávamos em uma delas, desaparecia em um
piscar de olhos. Seu amigo Jacob nos disse que Joseph estava usando muitas drogas
ultimamente, mas ainda não tinha conseguido falar com ele.
— Vou ficar de olho — prometeu. — Se encontrar com ele de novo, aviso vocês.
Senti um aperto no estômago.
E se Joseph fosse longe demais?
E se ele não conseguisse superar a dor que estava sentindo?
Era tudo culpa minha.

amores, estou de volta e treta chegou para abalar com os corações de vocês hahaha.
com essa treta da gravidez o que eu posso dizer é que eles ficarão separados por um tempo.
essa mãe da Demi é malvada, querer tirar o próprio neto.
o que acharam do capítulo? eu espero muito que vocês tenham gostado amores.
me digam o que acharam e comentem aqui embaixo.

selo literário

Selinho 

amores voltei, estou revisando o capítulo e ainda hoje posto para vocês.
 muito obrigada amanda pelo selo, adorei responde-ló. 


Part. I – Sobre você.

1.    O que você considera fanfic?

Considero como fanfic toda a imaginação que podemos usar para criar histórias incríveis com pessoas famosas que estão na mídia e também fazer com que as pessoas imaginem que aquilo é uma realidade.

2.    Como começou o seu processo de escrever e criar fanfics?

Eu sempre li muitas fanfics e um determinado tempo da minha vida eu quis criar uma em especial para Jemi que sempre tive muita admiração e também criar para distrair a mente mais como um hobby.

3.    Você gosta de escrever fanfics e/ou pretende levar isso mais a sério no futuro?

Eu amo escrever fanfics mas acho que não pretendo levar isso a sério, o meu objetivo é escrever mesmo e fazer com que as pessoas que leem o meu blog gostem do conteúdo e que se sintam a vontade para imaginar.

4.    Detalhe o processo de criação e desenvolvimento das suas fanfics.

Normalmente eu me inspiro em muito livros de romances e assim vou criando o que imagino.

5.    Você acredita em bloqueio? Como funciona e o que você faz com ele?

Sim, eu acredito em bloqueio. Acho que é mais aquele momento que você tem tudo em mente, todos os detalhes, todo o processo mas na hora de escrever não consegue desenvolver.

6.    Você tem uma conexão com seus leitores?

Sim. Eu adoro os meus leitores e isso também é bom pois eles podem dar opiniões sobre a fanfics e isso é construtivo. Só tenho que agradecer cada a um deles.

7.    Você acredita que consiga transmitir o mesmo sentimento que tem ao escrever para o leitor?

É difícil dizer pois as pessoas tem diferentes sentimentos e depende do momento que o leitor esta lendo a fanfics. 

8.    Em sua opinião, você tem o reconhecimento que acredita merecer?

Sim, fico muito agradecida a todos os leitores que me apoiam.

9.    Acredita que o termo fanfic ou algo similar é visto como algo negativo pelas pessoas fora desse meio? O que você acha que pode ser feito para quebrar esse “preconceito”?

Acho que não seja negativo mas nos dias de hoje as pessoas não querem mais ler esse tipo de história e se ''encontram'' em histórias de escritores famosos.

10. Sobre sua fanfic atual: Fale um pouco sobre ela e, se possível, conte algum spoiler para atiçar seus leitores.

A minha fanfic se baseia em uma história de dois melhores amigos que acabam tendo sentimentos um pelo o outro e que pessoas iro tentar separa-lós e eles irão fazer de tudo para se manter juntos. SPOILER: Está vindo uma treta grande que irá abalar os dois.

11. Em relação ao futuro, quais são seus planos no mundo das fanfics?

Não sei se irei permanecer por muito tempo por aqui pois eu estou com a vida bem corrida mas no momento não vou abandonar o blog.

Part. II – Sobre o mundo fanfiction.

12. A quanto tempo lê fanfics e com qual frequência?

Comecei a ler fanfics em 2011, ou seja, sete anos. Nos dias de hoje eu ainda leio mas não com tanta frequência de antes.

13. Sabe a média de quantas fanfics já leu? Inclua as finalizadas e canceladas.

Eu não faço a mínima ideia, já li muitas fanfics e não sei ao certo quantas.

14. Cite cinco fanfics ou mais que você leu e pensou: gostaria de ter criado algo assim.

Em busca do amor, da Amanda. Wonderland fanfics, da Mile e Paradise fanfics da Jéssie.

15. Seja sincera, você já se inspirou em outra fanfic para escrever a sua?
Em fanfic não.

16. Para você, qual é a diferença entre fanfic e livros.

Acho que o livro é mais detalhado do que a fanfic.

17. Cite suas fanfics favoritas do old era do blogger.

No momento não me recordo de nenhuma.

18. Agora cite suas fanfics favoritas da atual era do blogger.

Em busca do amor da Amanda e Wonderland Fanfics da Mile.

19. Em relação ao plagio, já sofreu algum plagio total ou parcial? Se sim, como reagiu.

Por enquanto não que eu saiba. 

20. Qual é a sua plataforma favorita para ler?

O blogger e leio o wattpad.

21. Acredita que o mundo fanfiction vai morrer em breve ou irá se fortalecer?

Acho que já está se fortalecendo e cada vez cresce mais.

22. Você se arrepende de ter conhecido o mundo fanfiction? Explique sua resposta.

Não me arrependo, isso só me trouxe coisas boas e mais inspiração. 

Part. III – Você como leitora.

23. Você comenta as fanfics que lê?

Sim, sempre que posso. Minha vida anda sempre corrida e dou mais tempo ao blog, mas quando posso comento sim.

24. O que diria para as leitoras que não comentam? Acha que isso pode mudar?

Diriam que os comentários é um incetivo e que isso dar mais inspiração ao escritor.

25. Quais são seus gêneros favoritos?

Romance, policial, drama... Eu leio qualquer gênero.

26. O que te prende em uma fanfic?

Acho que quando a história já esta muito desenvolvida e você fica naquela vontade ler cada vez mais.

27. Se pudesse entrevistar/conversar com uma ficwriter, qual escolheria?

Amanda, Jéssie e Mile, as histórias delas são incríveis e gostaria de compartilhar várias experiências. 

28. Qual fanfic que leu uma vez e leria novamente?

Em busca do amor. 

29. O que te acha atenção ao entrar em um blog/perfil para ler?

A forma como o escritor escreve e como a história é desenvolvida.  

30. Se pudesse viver em uma fanfic que já leu? Qual seria?

Wonderland Fanfics da Mile.

31. Você prefere fanfics: capitulo único, divido por temporadas ou de uma temporada.

Depende muito, mas normalmente de um temporada ou duas.

32. Escolha uma única fanfic que goste para responder as seguintes perguntas com justificativa

Wonderland Fanfics, da Mile.

- Um casal: Demi e Joe.
- Um personagem favorito: Demi.
- Dois que considere ser vilões: Acho que não tenha nenhum vilão. 
- Quem mataria: Joseph por ter sido idiota no passado.
- Se você sua, qual personagem daria mais destaque: Bella.

33. Você pode transformar um personagem fictício em realidade? Quem escolhe?

Alana da Wondeland Fanfics, ela é uma menina incrível.

34. Como dona de uma editora, você é capaz de oferecer a uma ficwriter a oportunidade de lançar um livro. Qual a escritora e qual fanfic daria essa oportunidade? Justifique.

Love Will Remember da Mile, acho a história incrível e bem desenvolvida.

35. Agora você é capaz de bancar uma serie televisa, qual fanfic você acha ser capaz de transformar em uma serie de sucesso?

Acho que a primeira temporada e a segunda temporada da história Em busca do Amor da Amanda, a história é boa demais.

Part. IV – Repasse para quantos blogs desejar. 

Love me da Gabriella

17/05/2018

9. letter


Fazia dois meses que Joseph e eu tínhamos assumido nosso amor. Eu não sabia que nossa
amizade poderia se tornar ainda mais forte, mas, de alguma forma, foi o que aconteceu. Ele
me fazia rir nos dias tristes, o que era mais importante que tudo para mim.
Quando encontramos alguém capaz de nos fazer rir quando nosso coração está triste, não
podemos deixá-lo escapar. Esse é o tipo de pessoa que muda nossa vida para melhor.
Havia muitos detalhes a planejar. Em três semanas eu iria me mudar para o campus da
faculdade, mas tinha planos de visitar Joseph com frequência. Continuaríamos juntos e ainda mais apaixonados. Ele gostava da ideia, o que era ótimo, porque eu o amava com todo o meu coração.
Eu estava andando nas nuvens. Porém, um dia, quando cheguei em casa depois do
trabalho, minha mãe estava lá, pronta para me trazer de volta à realidade.
— Demi! — chamou ela assim que entrei em casa. Tirei os sapatos no hall e os coloquei
no armário.
— Já guardei o sapato! — gritei para ela.
— Não era isso o que eu iria dizer — respondeu ela do escritório. Dei alguns passos na
direção de sua voz e olhei para dentro do cômodo. Seus olhos estavam fixos na tela do
computador, e ela segurava uma taça de vinho. — Fiz um bolo de carne sem carne, usando
proteína em pó e tofu. Coloque no forno para mim.
Isso não é um bolo de carne, mãe.
— Ok.
— E seu pai mandou uma carta.
Meus olhos se arregalaram, e senti uma explosão de alegria.
— O quê?
— Ele mandou uma carta. Está na bancada da cozinha.
Meu pai me mandou uma carta.
Meu pai me mandou uma carta!
Minha empolgação crescia a cada passo que eu dava em direção à cozinha. Peguei o
envelope, que não estava fechado, e tirei o papel.
Querida Demi,
Era um começo promissor.
Meus olhos percorreram as páginas lendo cada palavra, cada frase, ansiosos por encontrar
pelo menos uma linha que mencionasse o quanto ele sentia a minha falta, me amava e se
importava comigo. Eram tantas páginas. As folhas estavam preenchidas frente e verso, com
algumas palavras compridas, outras muito curtas. Havia pontos finais, de interrogação e de
exclamação.
Ele tinha uma caligrafia maravilhosa, que às vezes era difícil de entender.
Meu peito queimava com cada letra que eu lia, letras que formavam palavras, palavras que
formavam frases, frases que formavam desculpas, desculpas que pareciam falsas, porque
quem seria capaz de fazer isso com a própria filha?
Não nos veremos muito.
Respirei fundo ao chegar no final de um parágrafo.
Minha música está decolando. Tenho uma banda nova.
Respirei fundo novamente.
Focado em minha carreira...
Levei o polegar aos lábios. Quando cheguei à última página da carta, deixei-a cair e olhei
para as cinco folhas de papel totalmente preenchidas.
Não nos veremos muito, querida Demi. Espero que você entenda. Mantenha a música viva em você.
Meu pai “terminou” comigo com uma carta de cinco páginas. Quando o bolo de carne sem
carne foi servido naquela noite, minha mãe disse:
— Eu avisei.
Não consegui comer. Passei a maior parte da noite no banheiro, vomitando. Eu não podia
acreditar que uma pessoa fosse capaz de fazer algo tão cruel. Ele escreveu as palavras como se elas realmente fizessem sentido, o que me deixou ainda mais enjoada.
Passei o resto da noite no chão do banheiro, perguntando-me o que havia feito de errado e
por que meu pai não me amava mais.

***

— Ele rompeu com você com uma carta de cinco páginas? — perguntou Joseph, chocado.
Eu não o tinha visto nos últimos cinco dias, sentindo-me constrangida com a carta.
Durante esse tempo, mal conseguia comer alguma coisa sem vomitar tudo. O que mais me
incomodou foi o quanto minha mãe parecia satisfeita por meu pai ter me abandonado. Ela
sempre parecia feliz quando eu estava sofrendo.
Eu e Joseph estávamos sentados no letreiro. Eu sabia o conteúdo da carta de cor.
— Tecnicamente, foram dez páginas, cinco folhas frente e verso.
— Me dê o envelope — pediu Joseph.
Ele estava prestes a soltar fogo pelas ventas, o rosto vermelho de raiva. Eu não imaginei
que Joseph fosse ficar tão chateado com a carta, mas ele parecia que iria explodir.
— Por quê?
— Provavelmente o endereço do remetente é onde ele mora. Podemos ir até lá. Podemos
confrontá-lo. E...
— Não tem endereço no envelope. Acho que ele deixou a carta lá em casa, na caixa do
correio.
Joseph passou as mãos pelo rosto e suspirou. Começou a folhear as páginas mais uma vez.
— E o nome da banda? Ele falou?
— Não.
— Que absurdo!
— Está tudo bem.
Dei de ombros. A ficha ainda não tinha caído. Uma parte de mim achava que ele iria voltar,
mas a esperança era algo perigoso quando depositada em pessoas indignas de confiança.
— Já deixei isso pra lá — assegurei. Era mentira. Eu estava longe de fazer isso.
Bem, mas eu, não! — exclamou Joseph, ficando de pé e andando de um lado para outro. — Não é justo. O que fizemos a essas pessoas? Seus pais. Meus pais. O que fizemos de errado?
Eu não tinha resposta. Provavelmente muita gente não conseguia entender por que Joseph
e eu combinávamos um com o outro. Éramos muito diferentes, exceto pela maior chama que
ardia dentro de nós: o desejo de sermos amados por nossos pais.
— Você é uma boa pessoa, Demi. Fez tudo para ser uma boa filha para ele. Fez tudo por
esse babaca, e ele nem tem coragem de falar com você pessoalmente? Vamos lá, quem faz isso com a filha por carta? Que tipo de pai diz que nunca mais vai ver o filho?
— Entende agora porque eu falei para você terminar com a Shay pessoalmente em vez de
mandar uma mensagem? — tentei brincar, mas ele não riu. — Joseph, vamos lá. Está tudo
bem.
— Quer saber? Ele que se dane, Demi. Você ainda vai fazer coisas grandiosas. Vai mudar
o mundo sem ele. Vai fazer mais sucesso do que ele jamais imaginou. Você não precisa do seu pai.
— Por que você está tão chateado?
— Como ele pôde fazer isso? Como ele pôde virar as costas para você? Pra você, Demi?
Você é a pessoa mais linda e gentil que já conheci. E ele simplesmente te abandonou. Por
quê? Pela música? Pelo dinheiro? Pela fama? Que merda, nada disso é mais importante. —
ele se sentou na beirada do letreiro ao meu lado, irritado, sua respiração ainda ofegante. —
Estou tentando entender, só isso — disse, balançando as pernas enquanto olhávamos ao
longe.
— Entender o quê?
— Como alguém poderia abrir mão de você.

***

Naquela noite, a ficha finalmente caiu. Meu pai não iria voltar. Ele não queria fazer parte da
minha vida. Ele me trocou pela música, o que era irônico, porque, para mim, ele era a minha
música. Passei mal a tarde toda, e só queria parar de sentir aquele vazio.
—  Você pode vir até aqui?
Demi apareceu em minha casa por volta das onze da noite. Abri um sorriso tenso quando ele olhou para mim e me deu um abraço apertado.
— Você está bem? — perguntou.
— Sim.
Ele estreitou os olhos.
— É mentira?
— É.
— E a verdade?
Dei de ombros, meus olhos se enchendo de lágrimas.
— Me abraça?
Ele pareceu extremamente preocupado e recuou um pouco para observar cada centímetro
do meu rosto
— Demi...o que houve?
— Ele me deixou. — engoli em seco. — Ele não me quis.
Demi me levou para meu quarto e fechou a porta. Quando me deitei na cama, ele foi até
minha coleção de discos de vinil, e seus dedos percorreram cada um deles. Quando
encontrou o que queria, ele o colocou no toca-discos, fazendo-me derramar mais algumas
lágrimas.
Assim que a canção “She Will Be Loved”, de Maroon 5, começou a tocar, Joseph apagou a luz, veio até minha cama e me abraçou. Estremeci quando ele me puxou para mais perto de si e me aconcheguei em seu corpo enquanto ele cantarolava a letra em meu ouvido.
Comecei a chorar muito. Ele me abraçou ainda mais apertado. A música tocava
repetidamente. Joseph continuou cantando, a canção invadindo minha alma, domando o fogo selvagem que ardia dentro de mim, que me causava dor.
Sua voz me ninou, seus braços fizeram com que eu me sentisse segura.
Quando acordei no meio da noite, chorando por causa de um pesadelo, Joseph estava
dormindo. Seus braços estavam caídos do outro lado da cama, sua respiração saía pela boca, e fiquei olhando para ele por alguns instantes.
— Joseph — sussurrei.
Ele se mexeu.
— O que foi?
— Tive um sonho ruim. Me abraça?
Ele não hesitou, me puxou para perto de si de novo. Apoiei a cabeça em seu peito,
sentindo as batidas de seu coração.
— Você está bem, Demetria Devonne Lovato.
Ele suspirou, e senti o ar quente em minha pele.
Puxei-o para mais perto de mim, ainda derramando algumas lágrimas.
— Estou bem, Joseph Adam Jonas.

esse pai da Demi é um babaca mas você já sabiam disso hahaha.
Joseph sempre cuidado da Demi como ela merece.
mas desfocando um pouco da história, você tem algumas séries para indicar?
no momento to vendo The 100 e é muito boa, gostei literalmente.
o que acharam do capítulo? eu espero muito que vocês tenham gostado amores.
me digam o que acharam e comentem aqui embaixo.
respostas do capítulo anterior aqui.

07/05/2018

8. heaven or hell


Ficamos em silêncio.
Eu notava apenas alguns sons em meu quarto. O barulho do ventilador de teto girando
enquanto estávamos deitados na cama. O disco de vinil tocando em cima da cômoda, a
gravação pulando como se estivesse arranhado. Porém, de alguma forma, parecia em perfeito estado. Um purificador de ar automático que soltava perfume de rosas de vez em quando, o cheiro invadindo nossas narinas. E, por último, nossa respiração.
Meu coração batia violentamente. Eu estava com medo, tinha certeza disso. A cada dia
que passávamos juntos, eu me apaixonava mais por ele. Hoje à noite, nós nos beijamos. Nós
nos beijamos pelo que pareceu uma eternidade, mas ainda não foi o suficiente.
E agora eu estava com medo.
O coração de Joseph estava tão assustado quanto o meu, pensei. Tinha que estar.
— Joseph? — eu o chamei, a garganta seca fazendo minha voz falhar.
— Sim, Demi, meu maior vício?
Naquela noite no letreiro, Joseph disse que eu era o seu maior vício.
Amei aquilo mais do que ele poderia imaginar.
Eu me aconcheguei mais a ele, me encaixando nas curvas de seu corpo. Sempre tive a
sensação de que ele era como um cobertor macio, que sempre me aquecia e fazia sentir
segura quando a vida se tornava gélida. Ele sempre me abraçava, mesmo quando se sentia
perdido.
— Você vai partir meu coração, não vai? — sussurrei em seu ouvido.
Joseph assentiu, e vi culpa em seus olhos.
— Provavelmente sim.
— E o que vai acontecer depois?
Ele não respondeu, mas vi em seus olhos o medo de me machucar. Ele me amava. Nunca
disse isso com todas as palavras, mas o amor estava lá.
Joseph tinha um jeito diferente de amar. Era silencioso, quase secreto.
Ele tinha medo de que alguém descobrisse seu amor, porque a vida havia lhe ensinado que
esse sentimento não era um prêmio, mas uma arma. E ele estava cansado de ser ferido.
Se ele soubesse que seu amor era a única coisa que fazia meu coração bater... ah, como eu
queria que ele me amasse com todas as letras.
Ficamos em silêncio mais uma vez.
— Demi? — sussurrou ele, aproximando-se um pouco mais.
— Sim?
— Estou me apaixonando por você — disse ele suavemente, suas palavras refletindo meus
pensamentos.
Meu coração parou de bater por um segundo.
Senti o medo e a emoção em sua voz. O medo era muito mais forte, mas o êxtase estava
ali, vivo.
Peguei a mão dele, Joseph não fez qualquer objeção. Eu a apertei, porque sabia que não
tinha mais volta. Esse era o momento que mudava tudo. Estávamos assim havia alguns
meses, sentindo coisas que ainda não entendíamos. Amar seu melhor amigo era estranho.
Mas, de alguma forma, era certo. Antes daquela noite, ele nunca sequer tinha chegado perto
de dizer a palavra “apaixonado”. Eu não sabia que havia espaço no coração de Joseph para o
amor. Sua vida era um inferno. Então, aquelas palavras tinham um significado maior do que
qualquer pessoa poderia compreender.
— Isso assusta você — falei.
Ele segurou a minha mão com mais força.
— Muito.
Eu sempre me perguntava como a gente sabe que está se apaixonando. Quais eram os
sinais? As pistas? Demorava um tempo ou era de repente? Será que a pessoa acordava uma
manhã, tomava seu café e depois olhava o outro sentado à sua frente e se jogava em queda
livre?
Mas agora eu sabia. As pessoas não se apaixonam. Elas se fundem. É como se um dia elas
fossem gelo e, no seguinte, uma única poça.
Eu queria encerrar aquela conversa. Queria me abraçá-lo e adormecer ali, deitada naquela
cama. Eu apoiaria minha cabeça no peito de Joseph, e ele colocaria as mãos em meu coração, sentindo as batidas provocadas por seu amor. Ele beijaria meu queixo suavemente e me diria que eu era perfeita. Que minhas manias eram o que me tornava linda. Ele me abraçaria com delicadeza, como se estivesse segurando algo precioso, seu toque cheio de cuidado e proteção. Eu queria acordar sentindo o calor daquele cara ao meu lado, do cara por quem eu estava apaixonada.
Mas nem sempre podemos ter o que queremos.
— Não sei se isso é uma boa ideia — disse ele. Eu nunca deixaria transparecer o quanto
essas palavras me machucaram. — Você é minha melhor amiga.
— E você é meu melhor amigo, Joseph.
— E eu não posso perder isso. Não tenho muitas pessoas no mundo... Só confio em duas
pessoas na vida: você e meu irmão. E eu sei que vou foder com tudo. Sei que vou. Não posso
permitir que isso aconteça. Vou te machucar. Eu sempre estrago tudo.
A testa dele tocou a minha. Suas pupilas estavam dilatadas. Minha mão se apoiava em seu
peito, e eu podia sentir como suas palavras o magoavam. Ele se aproximou, sussurrando em
meus lábios:
— Não sou bom o suficiente para você.
Mentiroso.
Ele era tudo de bom na minha vida.
— Nós podemos fazer isso, Joseph.
— Mas... eu vou te magoar. Não quero que isso aconteça, mas vai acontecer de alguma
forma.
— Me beije.
Os lábios de Joseph encontraram os meus, e ele me beijou bem lentamente. Em seguida,
afastou-se ainda mais devagar. Meu corpo formigava enquanto ele passava os dedos pelos
meus cachos.
— Me beije de novo.
Ele atendeu meu pedido mais uma vez, erguendo-se um pouco e pressionando meu corpo
sob o seu. Nossos olhos se encontraram, e Joseph me fitou como se me prometesse a
eternidade, mesmo que só tivéssemos o agora. O segundo beijo foi mais intenso, mais quente, mais real.
— Me beije.
Seus lábios vagaram por meu pescoço. Sua língua me acariciava lentamente, sua boca
chupava minha pele bem devagar, fazendo-me pressionar meu quadril contra o seu.
— Joseph, eu... — minha voz estava trêmula naquele quarto escuro. — Eu nunca... —
 minhas bochechas ficaram vermelhas, e não consegui completar a frase.
— Eu sei.
Senti um frio na barriga e mordi o lábio.
— Quero que você seja o primeiro.
— Você está nervosa?
— Estou.
Ele sorriu.
— Se você não quiser...
— Mas eu quero.
— Você é linda.
Seus dedos colocaram uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
— E um pouco nervosa.
— Você confia em mim? — perguntou ele. Assenti. — Certo. Feche os olhos.
Fiz o que ele pediu, meu coração batendo mais rápido a cada segundo. O que iria acontecer
primeiro? Será que iria doer? Será que ele iria odiar? Será que eu iria chorar?
As lágrimas já brotavam em meus olhos.
Eu iria chorar.
Ele beijou o canto da minha boca.
— Confie em mim, Demi — prometeu Joseph. Suas mãos começaram a levantar a
camiseta do meu pijama enorme, e meu corpo enrijeceu. — Não vou te machucar —
sussurrou ele em minha orelha, e mordiscou-a de leve. — Você confia em mim? — perguntou
mais uma vez.
Meu corpo relaxou, e as lágrimas finalmente caíram, não porque eu estava nervosa, mas
porque nunca me senti tão segura.
— Sim. Confio em você.
Cada vez que uma lágrima escorria, ele a beijava.
Joseph tirou minha camiseta centímetro por centímetro e jogou-a em um canto do quarto.
Seus lábios percorreram meu corpo, descendo pelo pescoço, mordiscando meu peito,
explorando a curva do sutiã, beijando cada centímetro de pele nua.
— Demi — sussurrou ele antes de chegar à minha calcinha.
Minha respiração estava ofegante, e arqueei o quadril, ansiosa por seu toque. Levei minhas
mãos ao peito dele, sentindo Joseph controlar as batidas do meu coração.
Sua voz estava repleta de preocupação.
— Me mande parar, ok? Se precisar que eu pare...
— Não, por favor...
Joseph começou a tirar minha calcinha, e a cada centímetro que ela deslizava pelas minhas
pernas, mas rápido o meu coração batia.
— Demi — sussurrou ele mais uma vez.
Nossos olhares se encontraram por uma fração de segundos antes que ele abrisse minhas
pernas e abaixasse a cabeça. Quando senti o toque de sua língua, respirei fundo, em êxtase.
Meus dedos agarraram os lençóis enquanto sua língua entrava e saía de mim. Minha cabeça
rodopiava. Meu coração não sabia se acelerava ou se parava de bater. A sensação que eu tinha era de que eu estava prestes a morrer, e seus lábios, sua língua e sua alma me reanimavam.
Eu nunca pensei que algo tão simples pudesse ser tão...
Joseph...
— Isso... — respirei, contorcendo-me quando ele deslizou dois dedos dentro de mim e os
tirou bem devagar. Aos poucos seus movimentos foram ficando mais fortes, mais rápidos,
mais intensos...
Joseph...
Eu estava a poucos segundos de explodir, quase implorando para que ele me levasse ao
clímax, quase em queda livre.
— Eu quero você, Joseph. Por favor.
Minha respiração estava ofegante, meu corpo se acostumando ao prazer que Joseph me
proporcionava.
— Ainda não — disse ele, tirando os dedos de mim e se afastando.
Nós nos encaramos, e o modo como ele olhou para mim me fez sentir que eu nunca estaria
sozinha.
— Demi, eu te amo.
Sua voz estava trêmula, e seus olhos ficaram úmidos. Mais lágrimas brotaram em meus
olhos.
Você é meu melhor amigo, Joseph, pensei.
Eu não conhecia ninguém que tivesse uma relação tão próxima quanto nós dois. Ele era
parte de mim. Nossas vidas se entrelaçavam como se fossem duas chamas ardendo juntas na
escuridão da noite.
Quando ele estava prestes a chorar, as lágrimas sempre caíam dos meus olhos primeiro.
Quando o coração dele estava prestes a desmoronar, o meu se despedaçava primeiro.
Você é meu melhor amigo.
Ele se inclinou para a frente e me beijou. Seu beijo tinha as promessas que nunca fizemos
um ao outro. Seu beijo pedia desculpas por coisas que ele nunca fez. Seu beijo continha todo
seu ser, e eu o beijei com toda minha existência.
Ele se levantou, tirou a calça e a cueca boxer. Mesmo segura da minha decisão, senti um
frio na barriga.
— Você pode mudar de ideia, Demi. A qualquer momento.
Estendi minhas mãos para ele, que as segurou. Puxei-o de volta para mim. Quando seu
quadril roçou minha coxa, soltei um gemido, as pernas formigando de desejo, medo, paixão e amor.
— Eu te amo — sussurrei. Ele se deteve por um instante. Fez menção de falar algo, mas as
palavras não saíram. Parecia surpreso com o fato de que alguém pudesse amá-lo. — Eu te
amo — repeti, vendo seus olhos se tornarem mais suaves. — Eu te amo.
— Eu também te amo — retrucou ele com um sussurro.
Os lábios de Joseph tocaram os meus. Lágrimas caíram de seus olhos e se misturaram com
as minhas. Eu sabia como essas palavras eram difíceis para ele. Sabia como ele tinha medo de se expor dessa forma. Mas também sabia o quanto eu o amava.
— Me peça para parar se eu te machucar.
Eu não faria isso. Eu sabia que sentiria dor, mas o desejo era maior. Ele era meu porto
seguro, meu refúgio, meu belo Joseph. Ele pressionou o quadril contra o meu e me penetrou.
— Eu te amo — sussurrou.
Joseph recuou e, em seguida, foi mais fundo.
— Eu te amo...
Mais fundo.
— Eu te amo... — murmurou ele.
Mais fundo.
— Joseph eu...
Céu.
Terra.
Paraíso.
Inferno.
Ele.
Eu.
Nós.
Chegamos ao orgasmo, nossos corpos trêmulos se desintegrando e, ao mesmo tempo, se
unindo. Nós nos perdemos, mas encontramos um ao outro.
Eu o amava.
Eu o amava com todo meu coração, e ele me amava também.
Joseph cumpriu sua promessa. Ele não me machucou. Era a ele que eu recorria sempre que
sentia medo.
Joseph era o meu lar.
— Demi, isso foi... — ele suspirou, deitando ao meu lado, sem fôlego. — Maravilhoso.
Sorri, virando a cabeça para o outro lado. Meus dedos secaram as lágrimas, e tentei ao
máximo rir, mas a felicidade veio acompanhada de um pingo de preocupação. Como seria a
partir de agora?
— Se eu ganhasse um dólar a cada vez que eu ouvisse isso...
Joseph semicerrou os olhos, sabia que eu tinha feito aquela piada para esconder meu
nervosismo. Ele me puxou para perto de si.
— Você está bem?
— Estou, sim. — assenti e me voltei para ele. Ele se inclinou e beijou as poucas lágrimas que ainda teimavam em cair. — Estou mais do que bem.
— Quero que seja assim. Para sempre, eu quero isso.
— Eu também. Eu também.
— Para sempre, Demi?
— Para sempre, Joseph.
Ele respirou fundo, e seus olhos sorriram junto com seus lábios.
— Estou tão feliz.
Essas foram as últimas palavras da noite, e achei que descreviam exatamente como eu me
sentia naquele momento.
O ventilador de teto girava, e continuamos deitados na cama. O disco de vinil tocava em
cima da cômoda, a gravação ainda pulando, mas, de alguma forma, parecia perfeito.
Sentíamos o perfume de rosas de vez em quando. Respiramos fundo.
Ficamos em silêncio.

finalmente este capítulo chegou, sei que vocês estavam esperando por isso hahaha.
eles fizeram promessas e juras de amor mas as tretas estão chegando.
o que acharam do capítulo? eu espero muito que vocês tenham gostado amores.
me digam o que acharam e comentem aqui embaixo.
respostas do capítulo anterior aqui.