— Oi — sussurrou Joseph ao entrar em meu quarto.
Ele já não usava roupas de hospital, e os poucos hematomas em seu rosto não estavam tão
feios. Esperava que ele soubesse como era sortudo por ter saído vivo daquele acidente.
— Oi.
Passei o dia anterior sentada na cama, pensando no que eu iria dizer a ele. Por um tempo,
meus sentimentos variaram entre a dor e a raiva. Eu queria gritar. Queria dizer o quanto eu o culpava, o quanto me ressentia por ele não ter sequer perguntado o que eu pensava com
relação ao bebê. Eu conhecia seus sonhos e seu coração. Sabia que podia encontrar uma
maneira de fazer as coisas darem certo. Mas ele desapareceu. Queria odiá-lo, mas, no
momento em que o vi, tudo dentro de mim mudou.
Eu só estava de coração partido.
Ele fez menção de dizer algo, mas se deteve. Passou os dedos pelo cabelo, sem olhar para
mim. Tudo parecia surreal, estávamos tão perto, e, ao mesmo tempo, tão longe. Eu não
conseguia acordar daquele sonho ruim e queria que Joseph me ajudasse a despertar.
Queria que ele dissesse que aquilo era só um sonho, um pesadelo cruel, e que eu acordaria
ao amanhecer.
Eu queria acordar. Por favor, meu Deus... me acorde.
Sentei na cama, com os joelhos junto ao peito. Minha respiração era ofegante. O ar no
quarto estava abafado, tóxico, morto. Tive vontade de chorar. Só de olhar para Joseph eu
sentia meu coração se dilacerar, mas não derramei uma lágrima.
— Estou bem — eu disse finalmente, sendo desmentida por cada osso do meu corpo.
— Posso te abraçar?
— Não.
— Ok.
Olhei para as minhas mãos trêmulas. Eu estava confusa.
— Pode.
— Posso? — perguntou ele, elevando um pouco o tom de voz.
— Pode.
Ele pousou a mão em meu ombro antes de se sentar ao meu lado na cama do hospital e me
abraçar. Estremeci ao sentir seu toque em minha pele pela primeira vez em muito tempo.
— Sinto muito, Demi.
Seu toque era tão acolhedor...
Você voltou para mim.
Não consegui conter as lágrimas. Meu corpo tremia incontrolavelmente, mas Joseph se
mantinha forte, recusando-se a me soltar. A testa dele se apoiou na minha, e suas lágrimas
quentes se misturaram às minhas.
— Eu sinto tanto...
Continuamos abraçados, sentindo o peso do mundo em nossos ombros, até que
adormecemos.
Ele voltou.
Quando acordei, Joseph ainda estava me abraçando como se eu fosse sua tábua de
salvação. Virei-me para olhar o rosto dele. Ele estava dormindo, sua respiração era quase um sussurro. Minhas mãos procuraram as dele, e nossos dedos se entrelaçaram. Ele se mexeu um pouco antes de abrir os olhos.
— Demi, não sei o que dizer. Eu não sabia que você estava... Eu não...
Nunca tinha ouvido aquela vulnerabilidade em sua voz. O Joseph que foi embora da
minha casa semanas atrás estava tão distante de mim, de suas emoções. Agora, suas lágrimas e o toque de suas mãos dilaceravam aquela pequena parte do meu coração que ainda se mantinha firme.
— Eu não deveria ter ido tão longe — continuou ele, soltando minha mão e segurando
meu rosto. — Deveria ter ficado com você. Deveria ter conversado com você. Mas, por minha
causa, por minha culpa... — ele enterrou a cabeça em meu ombro, chorando copiosamente. — Eu matei o bebê, é minha culpa.
Segurei seu rosto, da mesma forma que ele segurava o meu.
— Joseph, não faça isso com você.
Os olhos dele transbordavam remorso. Aninhei a cabeça na curva de seu pescoço, e minha
respiração aquecia sua pele. Meus olhos estavam exaustos, e pisquei algumas vezes antes de
fechá-los e sussurrar novamente em seu ouvido: — Não faça isso com você.
Eu não conseguia odiá-lo. Não importava o que tinha acontecido, eu não era capaz de
odiar Joseph. Mas amá-lo? O amor sempre estaria ali. Tínhamos que descobrir como seguir
em frente juntos, como superar aquele acidente terrível e trágico. Éramos nós dois contra o
mundo. Nós iríamos nos reerguer, juntos.
— Estou indo embora — disse ele, levantando-se e enxugando os olhos.
Eu me sentei, alarmada.
— O quê?
— Vou embora. Vou para uma clínica de reabilitação em Iowa.
Meus olhos se iluminaram. Nicholas havia me contado sobre a clínica de reabilitação, e nós
esperávamos que Joseph fizesse o tratamento de noventa dias. Isso não acabaria com o nosso sofrimento, mas o ajudaria a lidar melhor com a perda.
— Isso é bom, Joseph. É uma boa notícia. E, quando você voltar, podemos começar tudo de
novo. Podemos ser nós dois de novo — prometi.
Ele franziu o cenho, balançando a cabeça negativamente.
— Eu não vou voltar, Demi.
— O quê?
— Eu vou embora de True Falls e não vou voltar. Nunca mais vou voltar ao Wisconsin e
nunca mais vou voltar aqui.
Eu recuei.
— Pare com isso.
— Não vou voltar. Sempre acabo machucando as pessoas. Eu destruo a vida de todo
mundo, Demi. E não posso continuar destruindo sua vida, ou a do Nicholas. Preciso sumir.
— Cale a boca, Joseph! — gritei. — Pare de dizer isso.
— Sei como essas coisas acontecem. Ficaríamos como um hamster na roda, presos em um
ciclo, e eu estragaria sua vida. Não posso fazer isso com você. E não vou.
Joseph se levantou da cama, enfiou as mãos nos bolsos e deu um sorriso triste.
— Sinto muito, Demi.
— Não faça isso, Joseph. Não me deixe assim — implorei, pegando as mãos dele e puxando-o
para junto de mim. — Não me deixe de novo. Não fuja. Por favor. Eu preciso de você.
Eu não podia passar por aquilo sem Joseph. Precisava que ele me ajudasse a ficar de pé
novamente. Precisava ouvir a voz dele tarde da noite, precisava sentir seu amor de manhã
cedo. Precisava de alguém que tivesse perdido o mesmo que eu para chorar comigo.
Precisava que Joseph ficasse ao meu lado.
Seus lábios beijaram minha testa, e, em seguida, ele sussurrou algo em meu ouvido antes
de se virar e me abandonar ali, gritando seu nome.
A última coisa que ele me disse ficou ecoando em minha mente por um longo tempo.
Aquelas palavras me marcaram mais profundamente do que qualquer outra coisa no mundo.
— Eu teria sido um merda — sussurrou Joseph, e senti um arrepio. — Eu teria sido um
merda de pai. Mas você? — ele engoliu em seco. — Você teria sido a melhor mãe de todas.
Seu amor seria uma honra para o nosso filho.
E se foi.
Com essas palavras simples e o som de seus passos afastando-se no corredor, eu descobri a
dor de um coração partido.
Joseph foi embora mas foi por uma boa causa.
como a Demi ficará hein? agora terá um salto temporal de 5 anos.
Joseph se sentindo super culpado mas entendam ele.
o que acharam do capítulo? eu espero muito que vocês tenham gostado amores.
o que acharam do capítulo? eu espero muito que vocês tenham gostado amores.
resposta do capítulo anterior aqui.
OMG!!! É muita emoção pra um coração só!!!
ResponderExcluirNão queria que eles se separassem 😭😭😭😭
Posta logo 💕
Mas ainda tem muita coisa para acontecer na história, não se preocupe hahaha.
ExcluirVou postar mais hoje.
Beijos, Jessie.
Jessie! Fiquei com saudades de poder comentar direito. Você sabe que é minha grande inspiração, não?
ResponderExcluirApesar de curtinho, esse ficou maravilhoso. Como de costume.
Quero o próximo!
Beijos!!!
#joebabaca
Fico muito feliz pelo o seu comentário e muito obrigada pelo o carinho.
ExcluirVou postar mais hoje amor.
Beijos, Jessie.
Que dor no coração!!! Posta logo por favor!!!
ResponderExcluirVou postar mais hoje amor.
ExcluirBeijos, Jessie.