— Joseph? — sussurrei ao bater à porta do quarto dele.
Fazia mais ou menos meia hora que Joseph tinha se trancado no quarto, e eu não conseguia
nem imaginar como estava a cabeça dele depois que Nicholas havia lhe contado sobre o câncer.
Eu o ouvi se mover pelo cômodo antes de a porta se abrir. Ele fungou um pouco e passou a
mão pelo rosto antes de olhar para mim.
— O que foi?
Seus olhos estavam vermelhos e um pouco inchados. Eu queria abraçá-lo, trazê-lo para
junto de mim, consolá-lo, aliviar suas mágoas e seu sofrimento.
Você estava chorando.
— Eu só queria dizer oi e ver como você está — falei suavemente.
— Estou bem.
Dei um passo na direção da porta, aproximando-me dele. Eu sabia que Joseph não devia
estar nada bem. Ncholas era tudo para ele. Quando foi embora para Iowa, o irmão foi a única pessoa com quem Joseph manteve contato. Ele ignorou todos os meus telefonemas, mas atendeu todas as ligações de Nicholas.
— Você não está bem.
— Estou. — ele balançou a cabeça com um olhar frio. — Estou bem. Não vou ter uma
recaída, Demi. Pessoas têm câncer todos os dias. Pessoas vencem o câncer todos os dias. Ele
está bem, eu também. Tudo bem.
Para qualquer outra pessoa, o leve tremor em seus lábios teria passado despercebido, mas
não para mim. Vi como seu coração estava cheio de dor.
— Joseph, vamos lá. Sou eu. Você pode conversar comigo.
— E quem é você, exatamente? — sussurrou ele, seu tom amargurado. — Há quanto
tempo você sabe? Há quanto tempo você sabe que ele está doente?
Fiz menção de responder, mas ele continuou falando.
— Então você sabia? Mil e noventa mensagens, Demi. Você me deixou mil e noventa
mensagens. Ligou para o meu telefone mil e noventa vezes, mas não conseguiu deixar uma
mensagem dizendo que meu irmão estava com câncer, o mesmo tipo de câncer que matou
nosso avô?
A mão de Joseph agarrou a maçaneta, e ele fechou a porta, o que não me surpreendeu.
Suas palavras eram duras, mas o que ele dizia não era mentira. Eu sabia sobre o câncer de
Nicholas há um tempo, mas não era meu papel dar a notícia a ele. Nicholas me fez jurar que não contaria nada.
Meus dedos tocaram a porta, e eu fechei os olhos.
— Eu moro na esquina da Cherry Street com Wicker Avenue. É uma casa amarela, com
um vaso de flores em formato de piano na varanda. Você pode ir até lá se precisar, Joseph. Se quiser conversar com alguém. Pode vir sempre, a qualquer hora.
A porta se abriu, e eu respirei fundo quando Joseph deu um passo na minha direção,
ficando bem próximo de mim. Seu rosto estava duro, e os olhos, antes avermelhados de tanto chorar, agora pareciam furiosos.
— Porra, qual parte você não entendeu? — sussurrou ele.
Joseph deu outro passo na minha direção, e eu recuei, até que minhas costas tocaram a
parede do corredor e seu corpo ficou a centímetros do meu. Nossas bocas estavam tão
próximas que, se eu me movesse, poderia sentir o toque dos lábios pelos quais ansiei por
tanto tempo. Quando ouvi suas palavras, cada sílaba me feriu profundamente.
— Eu não preciso de você, Demi. Eu. Não. Preciso. De. Você. Então, se puder me fazer um
favor e parar de agir como se fôssemos amigos, seria ótimo. Porque não somos amigos. Nunca seremos amigos de novo. Eu não preciso de você. E não preciso apoiar a cabeça no seu ombro, porra.
Ele voltou para o quarto e fechou a porta. Respirei fundo algumas vezes, abalada. Meu
coração ainda batia freneticamente no peito quando voltei para a sala para pegar meu casaco.
Quem era aquela pessoa?
Esse não era o mesmo cara que eu conheci há alguns anos. Ele não era meu melhor amigo.
Ele era um completo estranho para mim.
— Você está bem? — perguntou Dallas, franzindo o cenho.
Dei de ombros.
— Pode pegar um pouco mais leve com ele, Dallas?
— Sério? — minha irmã bufou, irritada. — Ele foi grosseiro com você! E você está me pedindo para pegar leve? Estou a dois segundos de mandá-lo cair fora da minha casa.
— Não — falei rapidamente, balançando a cabeça. — Não. Não. Ele está passando por um
momento difícil. Quer dizer, nem consigo imaginar... Se fosse com você... — não consegui
terminar a frase. Eu não tinha a menor ideia de como lidaria com a situação se descobrisse
que minha irmã estava com câncer. — Só dê um tempo a ele.
Ela relaxou um pouco.
— Ok. — Dallas me abraçou e cochichou no meu ouvido: — Tudo bem se você quiser ficar
longe dele, Demi. Você sabe disso, certo? Sei que vê-lo novamente deve magoá-la um bocado.
— Está tudo bem. Estou bem.
— Sim, mas talvez seja melhor manter uma distância segura. Para o coração dos dois.
Concordei. Além disso, eu não via possibilidade de encontrá-lo tão cedo.
Apoiei as costas na porta do quarto até ouvir Demi ir embora. Iria ser difícil ficar longe dela,
porque uma grande parte de mim queria trazê-la sempre para perto.
Sentei na cama com o celular e busquei na internet informações sobre câncer de cólon.
Meus olhos percorreram as páginas, deixando-me com mais medo do que eu imaginava ser
capaz de sentir. Durante um tempo, li muitos relatos de pessoas que sobreviveram à doença,
mas, em seguida, não sei como, fui parar em uma espécie de submundo da internet onde só
existiam histórias de pessoas que haviam morrido muito rápido por causa desse tipo de
câncer.
Encontrei remédios naturais. Relatos mentirosos. Fiquei acordado até o sol nascer e seus
raios de luz entrarem pela minha janela.
Quando meus olhos ficaram tão pesados quanto o meu coração, deixei o telefone de lado.
As únicas coisas que aprendi naquela noite foram que os sites médicos são coisa do
demônio e que Nicholas provavelmente não sobreviveria a mais uma noite.
Peguei um cigarro e o acendi com o isqueiro. Abri a janela, coloquei-o no parapeito e me permiti ter aqueles poucos momentos de dor.
Joseph um pouco alterado mas ele está bravo por conta do câncer do Nicholas.
Demi querendo ajudar ele mas logo ele entenderá mais sobre o assunto.
será que o Joseph e a Demi irão se resolver? e será que a Dallas vai pegar leve com o Joseph?
o que acharam? gostaram do capítulo?
eu espero muito que vocês tenham gostado amores, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.
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