30/04/2019

37. hospital


— O que aconteceu? — perguntei, irrompendo no quarto de hospital. Nicholas estava deitado na cama com uma sonda no braço. — Nicholas, você está bem?
— Estou bem. Não sei por que ela chamou vocês. Não aconteceu nada.
— Ele estava indo ao banheiro e desmaiou no corredor — explicou Dallas, sentada em uma
cadeira, balançando-se para a frente e para trás com as mãos embaixo das pernas.
— Eu logo recuperei a consciência — argumentou ele. — Estou bem.
— Nicholas, você não conseguia andar e não se lembrava do meu nome.
Ele abriu a boca para falar, mas, em vez disso, suspirou. Fechou os olhos. Nicholas estava
cansado. Ele ficava mais frágil a cada dia, e eu não parava de me perguntar quando a
quimioterapia começaria a surtir efeito. A mediação parecia apenas estar acabando com ele.
Quando Nicholas adormeceu, Dallas se levantou e nos conduziu a um canto do quarto. Ela
envolveu o corpo com os próprios braços e se apoiou na parede mais próxima.
— Os médicos estão fazendo mais alguns exames. Ele está cansado e muito fraco. A
enfermeira disse que poderiam nos ceder uma cadeira de rodas quando fôssemos para casa, e isso o ajudaria a se locomover por aí, mas Nicholas disse que não queria. Ele está sendo muito orgulhoso. Mas precisa... — ela passou a mão pelo rosto antes de apoiar a cabeça nela. — Precisamos ajudá-lo. Ele não é o tipo de pessoa que pede ajuda. Ele sempre foi a pessoa que ajuda todo mundo. Mas precisa de nós. Mesmo que tente nos afastar.
— O que você precisar, eu faço — falei. — Qualquer coisa.
Dallas me deu um sorriso triste. Seus olhos estavam pesados também. Ela não dormia mais.
Eu tinha quase certeza de que sempre que Nicholas fechava os olhos à noite, ela ficava acordada.
— Você também precisa de ajuda, Dallas — continuei. — Não tem que fazer tudo sozinha.
É por isso que estou aqui.
— É só... — notei a hesitação em sua voz ao olhar na direção de Nicholas. — Só preciso de
um tempo para entender que as coisas vão ficar muito piores antes de melhorarem. Isso me
assusta. Estou aterrorizada. Joseph, se alguma coisa acontecer... se alguma coisa acontecer
com ele... — ela começou a chorar, e eu a conduzi para fora do quarto e a abracei. — Eu não
posso perdê-lo. Não posso.
Nunca tinha visto Dallas desmoronar. Ela sempre foi forte, sempre teve tudo sob controle.
Vê-la tão destruída demonstrava o quanto a situação estava se tornando difícil.
Quando ela se recompôs, deu um passo para trás e enxugou as lágrimas.
— Estou bem. Está tudo certo. Estou bem — disse, tentando nos tranquilizar. — Eles vão
mantê-lo em observação durante a noite. Vou ficar aqui com ele.
— Eu posso ficar — sugeri. — Sei que suas provas finais estão se aproximando.
— Não, tudo bem. Está tudo certo. Estou bem.
— Dallas... — sussurrou Demi, enxugando as lágrimas da irmã.
— Estou bem. Sério. Vão para casa. Eu mando uma mensagem se algo acontecer.
Olhei para o quarto.
— Posso ficar a sós com ele um segundo?
Ela assentiu.
— Claro. Demi, quer vir comigo pegar um café?
As duas se afastaram, e eu voltei para o quarto e puxei uma cadeira até a lateral da cama
de Nicholas. As máquinas apitavam e faziam barulhos, e eu observei o peito dele subir e descer.
Até respirar parecia difícil para meu irmão ultimamente.
— Está dormindo? — sussurrei.
— Não — respondeu ele. — Só com sono.
Passei a mão pelo rosto para conter a emoção.
— Que merda que você está fazendo aí, Nicholas? Era eu quem deveria acabar num lugar
desses, lembra? Não você.
Ele me deu um sorriso fraco.
— Eu sei.
— Você está bem?
Ele inspirou profundamente. Ao expirar, tossiu.
— Sim. Estou bem. — Nicholas inclinou a cabeça em minha direção, e seus olhos sempre
gentis pareceram sorrir. — Estou acabando com ela — sussurrou, referindo-se a Dallas.
— O quê? Não.
Ele se virou, tentando esconder as lágrimas que rolavam por suas bochechas.
— Estou. Me ver morrer acaba com ela.
— Você não está morrendo, Nicholas.
Ele não respondeu.
— Ei! Você me ouviu? Eu disse que você não está morrendo. Repita.
Ele olhou para o teto e, em seguida, fechou os olhos. As lágrimas ainda escorriam.
— Eu não estou morrendo.
— Mais uma vez.
— Eu não estou morrendo.
— Mais uma vez, irmão mais velho.
— Eu não estou morrendo!
— Ótimo. E não se esqueça disso, porra. Todo mundo está bem. Vamos passar por isso
juntos.
Segurei a mão dele e a apertei de leve, tentando dar-lhe algum conforto.
— Está tudo bem. Você está certo. Desculpe, eu só estou...
— Cansado?
— Cansado.
Fiquei com ele por mais tempo do que imaginei. Dallas voltou para o quarto, mas pedi para
passar a noite ali com Nicholas. Ela finalmente concordou, e Demi decidiu ficar com ela para
não deixá-la sozinha.
Não dormi aquela noite. Fiquei ali, observando as máquinas e a respiração do meu irmão.
Quando amanheceu, ele abriu os olhos e sorriu para mim.
— Vá para casa — disse Nicholas.
— Não.
— Vá. Vá viver a sua vida, Joseph. Você não tem alguém para amar? — perguntou ele.
— O que você acha que estou fazendo agora? — respondi, apoiando a cabeça na cama. Ele
sorriu e ergueu o ombro direito. Sorri para ele e ergui o ombro esquerdo.

***

Eu gostaria de poder dizer que as coisas estavam melhorando, mas Nicholas parecia cada dia
pior. Quando não estava no hospital, ele passava a maior parte do tempo na cama. Meu
irmão sorridente aos poucos se transformava em alguém que não demonstrava quase
nenhuma emoção. Sempre gentil, ele se irritava cada vez mais com Dallas por qualquer coisa, o que a deixava ainda mais nervosa.
Era de partir o coração, porque Dallas fazia o melhor que podia.
Nicholas nunca gritou comigo, desejei que ele o fizesse. Dallas estava à beira de um colapso.
As aulas iam começar dentro de poucos dias, e ela parecia sobrecarregada, especialmente por não ter conseguido frequentar o curso de verão do mestrado. O nível de estresse dela estava nas alturas.
— Convide-a para sair — sugeriu Nicholas.
Quando eu o ajudei a se sentar no sofá da sala de estar, ele soltou um suspiro. Estava de
saco cheio de ter que ficar no quarto olhando para as paredes. Parecia um pouco
claustrofóbico.
— Convidar quem para sair? — perguntei.
Nicholas me dirigiu um olhar do tipo você sabe de quem estou falando.
— Demi. Na mesa de centro tem dois ingressos para a ópera hoje à noite em Chicago.
Também fiz uma reserva para uma noite em um hotel. Acho que ela vai gostar. Dallas e eu
íamos na lua de mel, mas... — a voz de Nicholas sumiu, e ele fechou os olhos. — Leve-a para
sair.
— Não vou dirigir até Chicago e passar a noite lá com você nesse estado.
— Sim, você vai.
— Não, eu não vou. Você fez quimioterapia ontem. Sempre passa mal alguns dias depois.
— Estou bem. Além disso, Dallas vai me ajudar.
— Nicholas.
— Joseph. — Nicholas se sentou no sofá. — Você merece ser feliz.
— Eu estou feliz.
— Não. Você está só existindo, está se deixando levar pela vida. O que faz sentido. Tudo o
que você passou, tudo o que você viu, se tornou uma rotina doentia da qual você não
consegue escapar. Mas a única vez que vi você feliz, realmente feliz, foi quando você estava
com Demi.
— Nicholas, pare.
— Lembra de quando você veio me pedir dinheiro para comprar um terno que servisse em
você só para levá-la a um recital de piano em Chicago? Você estava radiante, cheio de
esperança. Eu nunca tinha te visto daquele jeito.
— Por uma boa razão. Esperança é um desperdício de tempo. Lembra-se de que nós não
fomos a Chicago porque Ricky apareceu e eu fui parar no fundo do poço?
Ele revirou os olhos.
— Você não é mais essa pessoa. Convide-a para sair.
— Não.
— Sim.
— Não.
— Sim.
— Não!
— Estou com câncer.
Revirei os olhos.
— Cara. Golpe baixo. Por quanto tempo você vai usar esse papo de câncer?
Ele sorriu para mim e me deu um tapinha no ombro.
— Convide-a para sair, ok?
— Ok.

amores, estou de volta e agora para ficar hahahaha.
que saudades que eu estava do blog e resolvi postar logo hoje.
essa capítulo ao mesmo tempo que é triste e lindo pois todo mundo junto ao Nicholas.
o que acham que irá acontecer com ele? eu tenho muitas ideias para o final.
será que o Joseph irá pedir a Demi para sair?
espero que vocês tenham gostado amores.
o que acharam? deixem seus comentários, volto logo.
respostas do capitulo anterior aqui

28/03/2019

36. karaokê


Eu iria cantar no karaokê de novo.
Não sei como Demi conseguiu me levar até o palco do O’Reilly’s Bar e colocar um
microfone na minha mão. Ela prometeu que faríamos um dueto, que eu não me apresentaria
sozinho, mas ainda assim eu podia sentir um friozinho na barriga. Ela escolheu a música
“Love The Way You Lie”, da Rihanna com o Eminem.
— Sabe a letra? — perguntou Demi. — Eu canto essa música o tempo todo quando estou
dirigindo, então sei de cor.
— Posso acompanhar na tela.
Ela abriu um sorriso enorme. Eu também.
Meu maior vício.
Quando a música começou a tocar e as primeiras letras surgiram na tela, nenhum som saiu
nem da boca de Demi nem da minha. As pessoas no bar começaram a gritar, mandando a
gente cantar, mas continuamos em silêncio.
O DJ virou para o palco e fez um gesto em nossa direção.
— Hum, vocês sabem que precisam cantar, certo?
Olhei para Demi, confuso.
— Por que você não cantou? Era a parte da Rihanna.
— Ah, eu não canto a parte dela. Gosto das partes de rap do Eminem.
— O quê? — resmunguei, dando um passo na direção dela. — Eu não vou cantar a parte
da Rihanna.
— Por que não?
— Porque eu não sou uma garota.
— Mas você tem um lindo tom de voz agudo, Joseph. Acho que vai ser uma bela Rihanna —
zombou Demi.
— Vou colocar a música de novo, pessoal. É agora ou nunca — avisou o DJ.
— Não vou fazer isso — falei, ficando cara a cara com Demi, o peito estufado.
— Ah, vai sim.
— Não.
— Sim.
Fiz que não com a cabeça.
Ela fez que sim.
— Demi...
— Joseph...
A música recomeçou, e eu continuei balançando a cabeça, dizendo que não iria fazer aquilo
de jeito nenhum. Quando começou a parte da Rihanna, porém, levei o microfone à boca e
cantei a parte dela da música com uma voz aguda pra cacete.
Demi cobriu a boca para que eu não visse que ela estava rindo. Eu a fuzilei com os olhos
antes de me virar para o público e abraçar totalmente o meu lado feminino. Achei que estava
indo muito bem, que seria o responsável por tornar nosso desempenho memorável.
Mas então algo aconteceu.
Quando a música chegou na estrofe do Eminem, Demi se transformou em algo que eu
nunca tinha visto antes. Ela roubou o boné de beisebol do DJ, colocou-o na cabeça com a aba virada para trás e começou a andar pelo palco, conquistando o público e fazendo-o vibrar ao cantar a parte do rap.
Demetria Devonne Lovato estava imitando Eminem. E estava incrível. Ela se entregou
completamente ao papel que interpretava, com gestos e expressões faciais. Estava tão linda e
incontida. Livre.
Quando o refrão começou, ela olhou para mim, e eu voltei a cantar naquele tom agudo
terrível.
Em seguida, ela cantou outro rap, enfatizando cada palavra.
Quando Demi chegou à última estrofe, que era a mais difícil, ela respirou fundo, me
encarou e, antes de começar a cantar, mordeu a gola da camisa. Em seguida, soltou a gola e
cantou a estrofe final diretamente para mim.
E foi sexy pra caralho.
Seu corpo balançava para a frente e para trás, as palavras a envolveram. Quando
terminou, ela deixou cair o microfone, e a multidão foi à loucura. Eu cantei o refrão da
Rihanna para ela.
Quando terminamos, não conseguíamos parar de rir. Nós nos abraçamos bem apertado, e o público nos aplaudiu, implorando por um bis.
Cantamos mais cinco músicas antes de nos sentarmos a uma mesa nos fundos do bar para
beber e comemorar nossa performance.
Ficamos a maior parte da noite conversando sobre diversos assuntos. Fazia muito tempo
que não ríamos tanto. Por um tempo, tive a impressão de que foi sempre assim.
As risadas de Demi eram o ar que eu respirava. Seus sorrisos faziam meu coração bater.
Eu observava o movimento de sua boca enquanto ela discorria longamente sobre um
assunto qualquer. A verdade era que eu tinha parado de ouvir o que ela dizia. Tinha parado
de ouvi-la havia muito tempo, porque minha mente estava em outro lugar.
Queria dizer o que sentia por ela. Que estava me apaixonando mais uma vez. Que eu
ainda amava seu cabelo desgrenhado e sua boca sempre falante.
Eu queria...
— Joseph — sussurrou ela, paralisada. De alguma forma, minhas mãos foram parar na
parte inferior de suas costas, e eu a puxei para junto de mim. Meus lábios pairavam a
centímetros dos dela. Sua expiração quente misturava-se com minha respiração ofegante,
nossos corpos tremiam nos braços um do outro. — O que você está fazendo?
O que eu estava fazendo? Por que nossos lábios quase se tocavam? Por que nossos corpos
estavam tão próximos? Por que eu não conseguia tirar os olhos dela? Por que eu estava me
apaixonando pela minha melhor amiga novamente?
— Você quer que eu minta ou que fale a verdade? — perguntei.
— Minta.
— Não estou viciado no seu sorriso. Seus olhos não fazem meu coração disparar. Seu riso
não me provoca arrepios. Seu xampu de pêssego não me deixa louco, e quando você morde a
gola da camisa, eu não me apaixono ainda mais por você. Eu não estou apaixonado. Eu não
estou apaixonado por você.
Ela respirou fundo.
— E a verdade?
— A verdade é que eu quero você. Quero você de volta na minha vida de todas as formas
possíveis. Eu não consigo parar de pensar em você, Demi. Quero você de volta não para
fugir da realidade, mas para compreendê-la. Você é a dona do meu coração. Da minha alma.
Quero você. Por inteiro. E mais do que qualquer coisa agora, quero te beijar.
— Joseph... você ainda é a primeira pessoa em que eu penso quando acordo. É a única pessoa de quem sinto falta quando não está por perto. Você ainda é a única pessoa que me faz sentir bem. E, para ser sincera, quero que você me beije. Quero que me beije pelo resto da vida.
Entrelacei meus dedos nos dela.
— Nervosa? — perguntei.
— Sim, nervosa.
Dei de ombros.
Ela deu de ombros.
Eu ri.
Ela riu.
Entreabri meus lábios.
Ela entreabriu os lábios.
Eu me inclinei na direção dela.
Ela se inclinou na minha direção.
E mergulhei no passado, deixando meu mundo em chamas. Nós nos beijamos por um
longo tempo ali naquela mesa, superando todos os erros que havíamos cometidos,
perdoando-nos por todos os erros que ainda poderíamos cometer.
Foi lindo. Foi certo. Foi nosso.
Mas, claro, depois dos momentos bons, sempre vinham os ruins.
O telefone de Demi tocou, e nos afastamos um do outro. Quando ela atendeu, eu sabia
que algo estava errado.
— O que foi, Dallas?
Pausa.
— Ele está bem?
Senti um aperto no peito e endireitei o corpo.
— Estaremos aí logo. Ok. Tchau.
— O que foi? — perguntei quando ela desligou.
— Nicholas. Ele está no hospital. Temos que ir. Agora.

amores, desculpas mas não consegui postar no dia 25/03 e só consegui hoje.
sobre o capitulo, eu amei este capítulo, os dois cantando juntos e o beijo <3
e o nicholas? o que acham que aconteceu com ele?
agora só conseguirei postar em maio, como disse anteriormente irei viajar e não poderei entrar aqui.
vou sentir falta do blogger mas quando eu voltar vou postar vários capítulos para vocês.
espero que tenham gostado amores, volto em maio.
o que acharam? deixem seus comentários.
respostas do capítulo anterior aqui.
beijinhos no coração de cada um <3

18/03/2019

35. to get better


Quando saímos do restaurante, Joseph cerrou os punhos. Seu rosto estava vermelho, tamanha sua irritação com o pai. Eu não conhecia a história de Joseph e Sadie, mas sabia que ele temia pelo bem-estar dela, assim como já temeu por seu próprio bem-estar. O pai de Joseph era aterrorizante. Eu não podia imaginar como era estar no lugar de Sadie, ser incapaz de escapar dele.
— Você está bem? — perguntei.
— Só preciso de um tempo.
Joseph colocou as mãos na nuca e começou a andar pelo estacionamento. Havia muitos
carros ali, e as pessoas estavam do lado de fora do restaurante aproveitando o tempo bom,
socializando e rindo. Enquanto isso, Joseph lutava contra os demônios que o assombravam.
Ele merecia um tempo.
Eu me encostei na parede do prédio e esperei que ele se acalmasse. Joseph chutava a grama
alta para a frente e para trás.
— Está sentindo vontade de usar drogas? — perguntei.
— Estou — murmurou ele, fechando os olhos e andando em círculos.
Pobre Joseph.
— Sabe o que melhoraria as coisas? — perguntei, colocando as mãos nos quadris, o pé
esquerdo apoiado na parede.
— O quê?
— Sabe o que devemos fazer para você se sentir melhor de verdade?
— Hum, não, mas suponho que você tenha uma ideia.
— Ah, eu sempre tenho. Está ouvindo?
— Estou.
— Não, quero dizer, está ouvindo mesmo?
Joseph riu. Ótimo. Fiquei muito feliz por ele estar rindo. Ri também, porque ele era muito
lindo. Porque ele era meu amigo novamente. Porque meu coração sabia que isso nunca seria
o suficiente para mim.
— Sim, estou ouvindo.
Fiquei de pé, estufei o peito e disse:
— Karaokê.
— Meu Deus, não.
— O quê? Vamos! Não se lembra da vez que fomos ao karaokê quando éramos mais
novos? E você cantou “Billy Jean”, do Michael Jackson, fazendo aquela coisa com o quadril e
tudo o mais?
Repeti os movimentos que ele tinha feito na época, e Joseph riu de novo.
— Sim. Também me lembro de ter cheirado cocaína antes de fazer isso.
Meu rosto ficou em estado de choque.
— O quê? Você estava chapado quando fez aquilo?
— Sim, caso contrário, nunca teria concordado em cantar em um karaokê, acredite.
— Ah. Só achei que você estava animado com as músicas do Michael Jackson e do Justin
Bieber. Bom, não importa. Hoje vamos cantar no karaokê do O’Reilly’s Bar.
— De jeito nenhum.
Peguei a mão dele.
— Vamos sim.
— Demi, entendo que você esteja tentando me fazer sentir melhor e tal, mas, sério, isso
não é necessário. Estou melhor agora. Você me deixou melhor. Além disso, não vou cantar no karaokê de novo de jeito nenhum.

amores, postei mais um hoje é o próximo posto no dia 25/03.
estou postando pelo o celular, me desculpem qualquer erro.
espero que tenham gostado amores, volto em breve.
o que acharam? deixem seus comentários.
respondo os comentários no próximo capítulo <3

11/03/2019

34. sadie


Na semana seguinte, levei Demi comigo até o restaurante do Jacob para minha avaliação
final. Como ela era a minha inspiração em cada prato, parecia correto que estivesse sentada
ao meu lado quando Jacob dissesse para eu desistir e encontrar outra profissão. Pato assado
crocante com molho de framboesa e alecrim e batatas assadas temperadas com azeite de
oliva, condimentos, alho e couve-de-bruxelas.
Meu coração estava acelerado enquanto eu observava Jacob fazer a mesma cara de
paisagem ao mastigar minha comida. Demi batia o pé nervosamente ao meu lado e mordia a gola da camisa, o que me fez sorrir. Eu não sabia quem estava mais preocupado em não
atender aos padrões de Jacob, Demi ou eu.
— Você tem que mergulhar o pato no molho de framboesa! — recomendou Demi antes
de voltar a morder a camisa. — Ah, e as couves-de-bruxelas também!
Jacob fez o que ela disse, e eu me retraí. Ele soltou o garfo, se ajeitou na cadeira, e um leve
sorriso surgiu em seus lábios.
— Puta merda, isso é bom.
Finalmente me senti confiante.
— É?
— Não. Não é bom. É excepcional. A melhor coisa que já comi. — ele levou mais uma
garfada à boca. — Puta merda. Não sei o que você fez com esse prato, mas quero que faça a
mesma coisa todos os dias com os pratos do cardápio quando vier trabalhar.
— Então... consegui o emprego?
— Continue cozinhando assim e você pode ser dono do restaurante. — ele riu. então ficou sério, apontando o dedo para mim. — Isso foi uma piada. O restaurante não está à venda.
Foi minha vez de rir.
— O emprego está bom por enquanto.
Quase explodi de tanto orgulho. Demi estava radiante ao estender as mãos para me
abraçar.
— Eu sabia! — sussurrou ela em meu ouvido. — Sabia que você iria conseguir.
Senti o cheiro de seu xampu de pêssego.
— Tudo bem, crianças, saiam e comemorem esta noite. Joseph, você começa na segunda-
feira.
Nós nos levantamos. Jacob estendeu a mão para me cumprimentar, mas eu o abracei bem
forte e dei um beijo em sua testa.
— Obrigado, Jacob.
— Estou aqui para o que precisar, amigo.
Quando Demi e eu estávamos saindo, parei por um instante.
— Ah, sim, Jacob, espere.
Enfiei a mão no bolso de trás e tirei um pedaço de papel com a receita da minha máscara
para o cabelo.
Ele riu.
— Você estava guardando a receita e só iria entregá-la se eu te desse o emprego?
— Pode ser que haja uma pequena possibilidade de isso ter acontecido.
Ele fez um movimento com a cabeça, orgulhoso.
— Eu teria feito a mesma coisa.

***

Demi e eu ficamos vagando pela cidade pelo resto da noite, comemorando meu primeiro
emprego como chef. Acabamos parando num restaurante barato, com hambúrgueres e
batatas fritas, encarando o desafio de quem conseguiria comer mais sem passar mal.
Pela primeira vez, eu me senti feliz de novo.
Mas eu deveria saber que isso não duraria muito tempo, porque, depois dos momentos
felizes, sempre vinham os momentos ruins.
— Você também gosta da comida daqui, meu filho? — ouvi alguém falar atrás de mim e
fechei a cara.
Eu me virei e me deparei com meu pai sorrindo para mim, um sorriso tão idiota quanto
ele próprio. Estava abraçado a uma garota e, quando eu a vi, percebi o medo em seu olhar.
Minha mente voltou à noite em que vi aqueles olhos pela primeira vez.
Sabe o quanto seus olhos são bonitos?”, perguntei, mudando de assunto. Comecei a beijar o pescoço de Sadie e a ouvi gemer.
“Eles só são verdes.”
Ela estava errada. Eram de um tom único, verde-folha com um toque cinza.
“Há alguns anos, assisti a um documentário sobre porcelana chinesa e coreana. Seus olhos são da cor do verniz que eles usam.”
— Oi. — engoli em seco, desviando meu olhar de Sadie. — E aí?
— E aí? — repetiu ele. — Você fala como se não tivesse tentado começar uma briga
comigo da última vez que me viu.
Demi estava segurando a bolsa junto ao corpo, e eu podia ver o pânico em seu olhar. Ela
estava apavorada, assim como Sadie. Assim como a maioria das mulheres quando estava
perto do meu pai.
— Olha, não quero problemas — falei com a voz baixa.
— Ah, então agora eu sou um problema? — ele riu, falando alto, porque queria que todos
ouvissem a nossa conversa. Ricky era do tipo exibicionista. Ele se aproximou, seu rosto
pairando alguns centímetros acima de mim, mas eu continuei sentado. — Não se esqueça da
pessoa que cuidou de você e da sua mãe todos esses anos, Joseph — vociferou ele, fazendo
aquilo soar como uma ameaça.
Ricky me dirigiu um olhar cheio de ódio por alguns segundos antes de abrir um grande
sorriso e me dar um tapinha nas costas.
— Só estou te sacaneando, amigo. Podemos nos sentar? Podemos nos juntar a vocês?
Ele não esperou por uma resposta antes de se acomodar no banco ao lado de Demi. Ela
ficou tensa e parecia prestes a chorar. Segurei sua mão, apertei seus dedos de leve e trouxe-a
para perto de mim.
Eu queria ir embora e levá-la para casa. Eu odiava o modo como meu pai provocava
arrepios nas mulheres.
— Esta é Sadie, a minha garota — apresentou ele, passando o braço pela cintura dela e
puxando-a com firmeza para si.
Eu me retraí, sentindo minha serenidade se esgotar aos poucos, mas tentei não permitir
que Ricky me atingisse. Estendi a mão para cumprimentar Sadie.
— Prazer em conhecê-la — falei.
Sadie não estendeu a mão e desviou o olhar. Ricky falou por ela.
— Ah, não, não, não. Sem tocar.
A voz dele parecia abafada, o mesmo tom ameaçador que usava para se dirigir a minha
mãe. Ele achava que isso o fazia parecer fodão. Ricky menosprezava as mulheres como uma
forma de se sentir forte.
Para mim, isso só o fazia parecer covarde.
— Sadie não gosta de ser tocada por outros homens, não é, Sadie?
Ela não respondeu, pois ele não permitiria que ela o fizesse. Se eu não tivesse falado com
ela na outra noite, teria presumido que era muda. Sadie não tinha dito uma palavra sequer
desde que haviam chegado.
— Você precisa de algo, Ricky? — perguntei a ele, sentindo-me cada vez mais
incomodado.
Ricky ergueu as mãos, como se estivesse se defendendo.
— Calma aí, eu só queria dizer oi. — O celular dele tocou, e ele olhou para Sadie. — Tenho
que atender. Não saia daqui.
Ricky se levantou e saiu para atender a ligação.
Meu olhar se voltou para Sadie.
— Que diabos você está fazendo com ele? É ele o namorado de que você falou?
— E-eu não sabia... — a voz dela estava trêmula. — Vi você na estação de trem quando
tentei abandonar Ricky, e eu queria te contar tudo. Mas sabia que isso só traria mais
problemas. Quero deixá-lo, mas em todas as tentativas ele mandou pessoas virem atrás de
mim. Eu não posso...
— Ele machucou você? — perguntei.
Sadie olhou para o chão. Enfiei a mão no bolso de trás, tirei a carteira e catei o pouco
dinheiro que havia nela.
— Aqui. Pegue isso. Pegue o próximo ônibus e vá para longe dele.
Os olhos de Demi estudaram os meus, mas ela não perguntou o que estava acontecendo.
Sua mão pousou em minha perna, tranquilizando-me o tempo todo.
— Não posso ir. Não posso — disse Sadie com os olhos lacrimejando.
— Por que não?
— Estou grávida. Estou grávida e não tenho nada nem ninguém a quem recorrer. Ele me
afastou da minha família. Destruiu todos os meus relacionamentos. E agora ele é tudo que
tenho.
— Sadie, me ouça. Pelo seu filho, a melhor coisa que você pode fazer é entrar num ônibus
e não olhar para trás. Você não quer ter um filho com esse cara. Eu fui esse filho. Confie em
mim, não foi nada bom.
Ela tremia.
— Ok — sussurrou ela.
Demi pareceu confusa, mas rabiscou seu número num guardanapo.
— Se você precisar de alguma coisa, ligue para mim ou para o Joseph. Anotei nossos
números aqui.
Sadie secou as lágrimas.
— Por que você está sendo tão bom? Você mal me conhece.
— O quê? Claro que eu te conheço. Você me ensinou espanhol — brinquei, tentando quebrar a tensão. Ela me deu um sorriso e guardou o dinheiro. — Saia pela porta dos fundos.
Posso acompanhar você, se quiser.
Eu me levantei, segurei a mão dela e seguimos em direção à porta dos fundos. Quando
estávamos quase chegando, Sadie foi afastada de mim com um puxão.
— Qual parte do não se mova você não entendeu, mulher? — sussurrou meu pai. Ele
passou o braço ao redor da cintura dela e a apertou com tanta força que vi a expressão de dor no rosto de Sadie. — Hora de ir.
Ela olhou para mim com olhos suplicantes, e eu dei um passo adiante.
— Eu não acho que ela queira ir.
— O quê? — perguntou ele. Ricky passou os dedos no cabelo de Sadie e a puxou ainda
mais para perto de si, com força. — Você não quer vir comigo?
Ela não disse nada. Meu pai continuou.
— Faço tanto por você, Sadie, e é assim que você me retribui? Eu te amo. Você não sabe
disso?
Ricky se inclinou e a beijou da mesma forma que beijava minha mãe quando usava suas
mentiras para manipulá-la. Sadie retribuiu o beijo, exatamente como minha mãe fazia.
Naquele momento soube que ela não iria embora. Estava presa na teia dele.
— Nos vemos mais tarde, Joseph — disse ele.
Soou mais como uma ameaça do que como um encontro feliz, mas isso não me
surpreendeu. Meu pai não sabia nada sobre felicidade, era um especialista em desastres.
Quando eles se foram, me senti enojado. Fiquei em silêncio, puxando o elástico em meu
pulso.
— Você está bem? — perguntou Demi.
Fiz que não com a cabeça.
— Podemos ir lá fora pegar um ar, se você quiser.
— Sim, tudo bem.
Mas eu precisava de mais do que ar. Precisava que o meu pai desaparecesse, permitindo
assim que todos os que cruzavam seu caminho finalmente se vissem livres de suas correntes.

amores, me desculpem pela demora mas eu fico sem tempo mesmo de entrar aqui.
preciso falar com vocês, eu irei viajar no mês de Abril todo e não conseguirei postar aqui e pensei em fazer uma maratona de capítulos neste mês, no caso postaria hoje, outro capítulo no dia 18/03 e outro capítulo dia 25/03 para que vocês não fiquem sem capítulos para ler pois só voltaria a postar em maio, o que acham? 
sobre o capítulo, ainda bem que o Joseph conseguiu o emprego, lembram da Sadie lá do começo da história que ela e o Joseph tiveram uma breve noite juntos, agora ela está de volta porém com o pai do Joseph.
espero que tenham gostado amores, volto em breve.
jonas brothers voltaram e eu também aaaaaaaa <3
o que acharam? deixem seus comentários.
respostas do capítulo anterior aqui.

10/02/2019

33. a time together


O que você está fazendo aqui? — perguntou Demi ao abrir a porta de casa e me encontrar
ali segurando uma porta novinha em folha e um kit de ferramentas.
— Não pude deixar de notar, nas poucas vezes que estive aqui, que sua casa precisa de
alguns reparos.
— Do que você está falando? — ela sorriu. — Esta casa é a definição da perfeição.
Arqueei uma sobrancelha, andei até o parapeito da varanda e o puxei para cima,
arrancando-o. Não havia nada que o prendesse com firmeza aos degraus.
Ela riu.
— Ok, ela não é perfeita, mas também não é tarefa sua consertá-la. Você está usando um
cinto para ferramentas?
— Com certeza. Ou seja, é minha tarefa consertá-la sim. Então, por favor, dê um passo
para o lado e me deixe colocar uma porta no seu banheiro. Isso seria ótimo.
Passei as seis horas seguintes consertando coisas na casa de Demi, e ela me ajudou em
alguns momentos. Minha última tarefa foi subir no telhado e tentar consertar alguns pontos
de infiltração.
— Você sabe o que está fazendo? — gritou Demi para mim. Ela se recusou a subir até lá,
porque, ao contrário do letreiro, ali não havia corrimão de proteção.
— Claro que sei — respondi.
— Como assim?
Eu me virei para ela e dei um sorriso malicioso.
— Vi um documentário sobre telhados.
Os olhos de Demi se arregalaram, e ela começou a acenar freneticamente.
— Não. Não. Desça, Joseph Adam Jonas. Agora! Assistir a um documentário não faz
de você um profissional.
— Não, mas o cinto para ferramentas faz!
— Joseph.
— Demi.
— Desça agora. Venha beber um pouco de água. Eu só... eu vou contratar alguém para
arrumar o telhado, tá? Assim você não precisa consertá-lo.
Eu ri e comecei a descer a escada.
— Que bom, porque eu não tinha ideia do que eu estava fazendo.
Assim que meus pés tocaram o chão, ela me deu um empurrão.
— Nunca mais aja como um idiota. Tá?
— Tá.
— Promete? — perguntou Demi, estendendo o mindinho na minha direção.
Meu dedo mindinho envolveu o dela e puxei-a para perto de mim. Meu coração acelerou
com o toque de seu corpo, e meus olhos se fixaram em seus lábios.
— Prometo.
Ficamos parados ali, mas, de alguma forma, nos sentimos mais próximos. Os lábios de
Demi tocarem os meus de leve, mas não nos beijamos. Estávamos apenas nos tornando um
só, sentindo a respiração um do outro.
— Joseph? — sussurrou ela, seu hálito tocando minha pele.
— Sim?
— Não deveríamos ficar tão perto um do outro.
— Tá.
Demi deu um passo para trás.
— Tudo bem. — ela passou os dedos pelo cabelo e me deu um sorriso sem graça. — Você
deveria beber um pouco de água. Trabalhou como um louco. Eu vou para o meu quarto
descansar uns minutinhos.
Concordei e fui até a cozinha para pegar um copo d’água. Eu me perguntei se ela sentia
por mim o mesmo que eu sentia por ela quando estávamos juntos. Eu me perguntei se ela
lutava contra a saudade tanto quanto eu.
Fiz uma pausa ao abrir a geladeira. Havia muitos alimentos frescos.
— Você fez compras? — gritei na direção do quarto dela.
— Sim, ontem.
Olhei para os legumes e a linguiça, e minha cabeça começou a trabalhar. Abri os armários,
procurando alguns ingredientes.
— Você se importa se eu fizer algo rápido?
— Não. Vá em frente. Pode pegar o que quiser.
Ótimo.
Peguei panelas e frigideiras. Em poucos minutos, o caldo de galinha estava no fogo, e eu
comecei a picar o alho e a cortar cogumelos frescos.
— Devo confessar que quando você falou que iria fazer algo rápido, pensei que se referia a
um Hot Pocket.
— Desculpe — eu disse, em frente ao fogão, dourando a linguiça em uma panela. — Jacob
me ofereceu um emprego no restaurante, mas quer que eu aperfeiçoe três pratos antes de me contratar. E está sendo um completo idiota, reclamando de todos os pratos que eu preparo para ele. Então, pensei em testar alguns com você, se não se opor.
Os olhos dela se arregalaram com deleite.
— Meu Deus, não como uma refeição feita por você há séculos. Serei sua cobaia com
prazer. O que estamos fazendo?
— Risoto.
— Isso não leva algum tempo?
— Sim.
Ela sorriu, sem notar que eu a fitava com o canto do olho. Sorri também.
Falamos sobre várias coisas enquanto eu mexia o arroz na panela.
— Você está pensando em abrir um piano-bar?
— Sim, bem, tenho pensado seriamente no assunto. Lembra quando éramos mais novos e
conversávamos sobre isso?
— JoDemi?
DemiJo — corrigiu Demi. — Bem, eu não iria dar esse nome, já que isso era meio que uma
coisa nossa, mas não sei. É apenas um sonho. Só isso.
— Um sonho bom, que você deve tornar realidade.
Ela deu de ombros, cruzou os braços sobre a mesa e apoiou a cabeça neles.
— Talvez. Vamos ver. Meu amigo Dan me mostrou algumas propriedades que podem
servir ao meu propósito. Sei que é cedo para procurar imóveis, mas é divertido. Visitar
possíveis lugares para o piano-bar faz com que o sonho pareça estar um pouco mais perto de
se concretizar.
Quando o risoto ficou pronto, servi-o no prato e o coloquei diante de Demi. Ela abriu um
sorriso de orelha a orelha, batendo palmas feito louca.
— Meu Deus, isso está acontecendo! Senti sua falta, Joseph, mas acho que senti ainda mais
falta da sua comida.
— Justo. Agora, aqui. — Dei-lhe um garfo. — Coma.
Demi encheu o garfo e o levou à boca. Quando começou a mastigar, franziu a testa.
— O quê? O que foi? — perguntei, o tom de voz elevado.
— Nada, só não está... incrível.
— O quê? Não tem nada de errado com esse prato.
— Tem, sim.
— Não. Não tem. Veja. A linguiça foi cozida à perfeição. Os cogumelos, assados
perfeitamente. A mistura perfeita de temperos é notável. Esse é um prato incrivelmente
perfeito.
Ela deu de ombros.
— Quero dizer, é bom. Para um risoto.
Eu bufei. Para um risoto? Demi tinha muita coragem.
— Não tem nada de errado com esse prato.
— Tem, sim.
— Não, não tem.
— É... — ela gesticulou com as mãos e deu de ombros mais uma vez. — Insípido.
Insípido?!
— Insípido.
Respirei fundo.
— Você acabou de chamar a minha comida de sem graça?
— Chamei. Porque é.
Apoiei as mãos na beirada da mesa e me inclinei para ela, extremamente irritado.
— Eu cozinho desde criança. Cozinhei este prato durante três anos seguidos na faculdade
de gastronomia. Eu poderia fazer esse risoto de olhos fechados, e seria uma refeição digna de um presidente. Minha comida não é sem graça. É saborosa, deliciosa. Você está maluca! — gritei.
— Por que você está gritando? — sussurrou Demi.
— Eu não sei!
Ela riu, o que me fez querer beijá-la.
— Joseph... experimente a comida.
Peguei o garfo da mão de Demi. Mergulhei-o no prato e levei o risoto ainda quente à
boca. No instante em que ele tocou minha língua, cuspi-o de volta no prato.
— Cara, está horrível.
— Quando eu disse que era sem graça, estava sendo educada.
Fiquei arrasado.
— Como foi que eu comecei a cozinhar mal? Essa era a única coisa que eu sabia fazer...
— Você não cozinha mal. Provavelmente só perdeu a paixão. Não se preocupe, podemos
reencontrá-la. Se você voltar amanhã, vou ajudá-lo a preparar outro prato. Vamos continuar
tentando até termos três pratos perfeitos que Jacob jamais poderá criticar.
— Você faria isso por mim?
— Claro.
Passamos aquela noite comendo o risoto nojento e nos lembrando de como éramos felizes
na companhia um do outro. Durante as duas semanas seguintes, fui até a casa de Demi e
cozinhamos até criarmos três pratos divinos. Era bom estar perto dela, eu me sentia livre.
Conversamos, rimos e nos divertimos, o que me fez lembrar daqueles anos em que tudo o
que fazíamos era rir com o outro. Demi me treinou e me fez aperfeiçoar cada um de meus
pratos, e eu fiquei muito grato por ela ter feito isso.
Coloquei o bolo de chocolate diante dela, que fez “hum” antes mesmo de provar.
— Você está gemendo por causa do meu bolo de chocolate antes mesmo de prová-lo? —
perguntei.
— Com certeza eu estou gemendo por causa do seu bolo antes mesmo de prová-lo.
Ela abriu a boca, e eu peguei um garfo, cortei um pedaço de bolo e levei-o até ela. Quando
Demi começou a mastigar, ela gemeu mais alto.
— Céus, Joseph.
Sorri com orgulho.
— Se eu ganhasse um dólar toda vez que ouço isso.
— Você teria zero dólares e zero centavos — zombou ela. — Não, sério, você tem que
provar isso. — em vez de me dar um garfo, ela enfiou a mão no bolo, pegou um pedaço
grande e o empurrou para dentro da minha boca. — Não é bom? — ela ria como uma criança
de cinco anos de idade enquanto eu limpava o chocolate dos meus olhos, do meu nariz e da
minha boca.
— Ah, sim. Muito bom. Aposto que você quer mais — falei.
Ela se preparou para correr, mas enlacei sua cintura e a puxei para perto de mim. Com a
mão livre, peguei um pedaço do bolo e empurrei para dentro de sua boca. Demi gritou.
— Joseph! Não posso acreditar que você fez isso. — ela riu e sujou meu queixo ao esfregar
o dela na minha barba por fazer. — Tenho bolo até no cabelo!
— E eu, no nariz! — respondi, limpando o rosto da melhor forma que podia.
Continuamos rindo por um tempo. Meus braços permaneciam em torno da cintura de
Demi e, quando as risadas cessaram, as batidas do nosso coração se fizeram ouvir.
Estou me apaixonando por você.
Minha mente estava tão focada na saudade que senti de Demi todos esses anos que quase
me esqueci do motivo pelo qual tive que me afastar dela. Porque me amar é perigoso. Mude de assunto.
Dei um passo para trás, soltando-a.
— Demi.
— Sim?
— Tem um violão no seu quarto. Você toca?
— Mais ou menos. Ela me ajuda a manter a criatividade. Toco direitinho, mas estou longe
de ser tão boa quanto no piano.
— Nicholas não está conseguindo tocar. As mãos dele tremem, às vezes ele esquece as cifras.
Isso está acabando com ele.
Ela franziu o cenho.
— Posso imaginar o que é isso. Ser incapaz de fazer o que você ama.
— Sim. Eu estava pensando... sei que você disse que não toca tão bem, mas será que pode
me ensinar? Se você me ensinar o que sabe, talvez eu possa tocar para Nicholas.
— Aí está ele outra vez.
Demi soltou um breve suspiro.
— Aí está o quê?
— O pequeno vislumbre do garoto que eu amei.

estou de volta, eu amei este capítulo e os dois juntos, tão fofos <3
os sentimentos estão vindo a tona de novo, quando eles irão perceber que se amam aw.
eu amo um casal demais.
espero que tenham gostado amores, volto em breve,
o que acharam? deixem seus comentários.
respostas do capítulo anterior aqui.