28/01/2019

32. musical break


As tensões entre Joseph e eu finalmente chegaram ao fim, mas, à medida que reinventávamos nossa amizade, a relação entre Nicholas e Dallas começou a se desestabilizar. Uma noite, eu estava sentada no sofá separando os remédios que Dallas tinha me pedido para comprar na farmácia quando os dois voltaram de uma consulta complicada com o médico e entraram em casa brigando. Eu estava passando alguns dias na casa deles para ajudar em algumas coisas.
Além disso, eu estava mais preocupada com Nicholas do que queria admitir.
— Você não está me ouvindo! — gritou Nicholas com esforço.
— Não, eu estou ouvindo perfeitamente. Você está dizendo que não quer se casar comigo.
— Claro que eu quero me casar com você, Dallas, mas isso simplesmente não faz sentido
agora. Se eu morrer, você vai ficar com todos os problemas. Todas as contas, todos os...
— Eu não me importo!
— Bem, eu me importo!
— Por que você está agindo assim? — Dallas se virou para mim. — Demi, pode dizer a
Nicholas o quanto ele está sendo irracional?
Fiz menção de dizer algo, mas, antes que eu pudesse falar, Nicholas retrucou:
— Não envolva sua irmã nisso!
Fechei a boca. Eu teria ido para casa, mas eles estavam bem na porta, bloqueando o
caminho. Então afundei no sofá, tentando me tornar invisível.
Dallas suspirou.
— Não vamos falar sobre isso agora. Vamos nos acalmar. Amanhã temos mais uma sessão
de quimioterapia, então devemos descansar.
— Você não vai na quimio — afirmou ele.
— O quê?
— Eu disse que você não vai na quimio. Você foi mal na última prova. Não tem estudado
tanto quanto antes e não pode continuar andando para trás. Vou pedir a Nicholas que vá
comigo.
— Por que você está me excluindo do seu tratamento? — Dallas se virou para mim
novamente. — Por que ele está me excluindo?
Mais uma vez fiz menção de falar, mas Nicholas foi mais rápido.
— Pare de envolvê-la nisso! Você não vai à quimioterapia, está bem?
— Por que não?
— Porque você está me sufocando! — gritou ele, mais alto que nunca. — Você está me
sufocando com perguntas, pacotes, pílulas, com seus malditos planos para o casamento e as
porcarias das suas lâmpadas! Não consigo respirar, Dallas!
Nicholas abriu os braços, irritado, e esbarrou em um abajur na mesa de canto. Quando ele se
espatifou, a sala ficou em silêncio. Os olhos dele se encheram de culpa, e lágrimas começaram a rolar pelo rosto de Dallas.
Nicholas abaixou a voz, dando um passo na direção de minha irmã.
— Sinto muito, eu só...
— Eu sei.
De repente, Joseph saiu do banheiro com uma toalha na cintura, todo molhado. De seu
cabelo escorria uma estranha substância meio viscosa e verde, e seus olhos estavam
arregalados, em pânico.
— O que aconteceu? — perguntou, nervoso, quase escorregando na trilha de água que ele
mesmo deixava no chão. Ele parecia tão sério e tão ridículo que nenhum de nós conseguiu
conter uma gargalhada.
— Que diabos é isso na sua cabeça? — indaguei.
Joseph estreitou os olhos, confuso com o nosso riso.
— Hoje é a terceira segunda-feira do mês. É uma máscara de ovos e abacate para
hidratação profunda.
Rimos ainda mais, e a sala onde antes imperava a raiva e a confusão foi preenchida com
mais gargalhadas.
— Sabe do que precisamos? — perguntou Nicholas, beijando de leve a bochecha de Dallas.
— Do quê?
— De uma pausa musical.
— O que é uma pausa musical? — Joseph e eu perguntamos em uníssono.
Nicholas e Dallas nos ignoraram.
— Não, foi um dia longo — discordou Dallas . — E como você disse, eu preciso estudar...
— Não. Agora. Pausa musical.
— Mas... — resmungou ela.
— Estou com câncer — disse ele.
Boquiaberta, Dallas deu um tapinha no braço dele.
— Você está usando o câncer contra mim?
O sorriso dele se ampliou.
— Sim.
Achei que Dallas fosse gritar com ele, magoá-lo, mas, em vez disso, ela sorriu. Os dois
trocaram olhares que só eles entendiam, e ela finalmente concordou.
— Tudo bem. Uma música. Uma só.
Eu nunca vi Nicholas abrir um sorriso tão grande.
— Uma música!
— A nossa música — ordenou ela.
Ele correu para fora da sala. Fiquei parada ali, confusa, junto com um Joseph todo
melecado. Então Nicholas voltou com dois tambores e dois paus de chuva e entregou um para mim e outro para o irmão.
— O quê? — perguntou Joseph. — O que diabos vou fazer com isso?
Dallas olhou para Joseph como se ele fosse um babuíno, pegou o pau de chuva e o virou de
cabeça para baixo, fazendo o som de chuva. Então o devolveu.
— Dã, Joseph — zombei.
Ele me deu um leve empurrão.
Senti um frio na barriga.
Isso não era novidade.
Nicholas se sentou diante dos tambores e começou a tocar. Levei um segundo para pegar a
batida da música, mas, quando a ficha caiu, senti meu coração derreter. Esse era o amor que
minha irmã e Nicholas sentiam um pelo outro. Ele estava tocando “The Way I Am”, de Ingrid Michaelson.
A música deles.
Nicholas cantou o primeiro verso para Dallas, e ela sorriu e começou a dançar. Joseph e eu
acrescentamos os paus de chuva à batida e acompanhamos minha irmã na dança.
Dallas cantou uma estrofe, e o amor deles encheu a casa de luz. A letra falava de amar o
outro mesmo diante do sofrimento, de estar ao lado da pessoa amada mesmo diante dos
obstáculos.
Foi lindo.
Quando chegamos à parte da música que não tinha letra, Joseph pegou nossas mãos e nos
girou, ainda enrolado na toalha e com gosma verde pingando do cabelo. Em seguida, a sala
ficou em silêncio quando Dallas começou a cantar o verso final, o verso que fez os olhos de
todos se encherem de lágrimas. Ao cantar que amaria Nicholas mesmo quando ele perdesse
todo o cabelo, Dallas passou os dedos pelo cabelo do noivo e encostou a testa na dele. Ele a
beijou suavemente, e os dois terminaram de cantar a letra juntos.
O último som que ouvimos foi o do pau de chuva de Joseph.
— Uau! — exclamou ele, olhando para o irmão e para Dallas. — Porra, vocês dois são
perfeitos um para o outro.
Dallas riu de leve antes de olhar para Nicholas.
— Eu não quero me casar com você.
Ele suspirou.
— Sim, você quer.
— Não. Bem, sim, eu quero. Mas não até que você esteja curado. Não até que você esteja
bem. Vamos esperar. Vamos dar um pé na bunda do câncer. E aí você vai se casar comigo.
Ele a puxou para perto, beijando-a intensamente.
— Eu vou me casar com você, porra.
— Ah, mas é claro que vai.
— Cara, vocês podem fazer isso no quarto, por favor? — resmungou Joseph, revirando os
olhos. — Vou tirar essa porcaria do cabelo.
— Falando nisso... — Nicholas pigarreou. — Vocês poderiam fazer uma coisa por mim?


***

Joseph meneou a cabeça, contrariado.
— Essa é uma péssima ideia.
— Pela primeira vez, Joseph e eu concordamos em alguma coisa — comentou Dallas,
gesticulando.
— Pois eu digo que você deve seguir em frente.
Nós quatro estávamos amontoados no banheiro, com algumas mechas de cabelo na minha
mão.
— Obrigado, Demi! Finalmente, alguém do meu lado. Além disso, querida — Nicholas se
voltou para Dallas com um grande sorriso. — Um monte de gente está raspando a cabeça.
— Bem, ele não está errado — concordou Joseph. — As pessoas fazem isso em Hollywood.
Cabeça raspada é a nova tendência.
— Então raspe a sua — desafiou Dallas, pegando a máquina da minha mão e empunhando-
a na direção de Joseph.
Os olhos dele se arregalaram, aterrorizados, e Joseph apontou um dedo para ela.
— Veja bem o que você vai fazer!
— Joseph tem razão. Muitas celebridades rasparam a cabeça para interpretar algum papel — explicou Nicholas em uma tentativa de acalmar Dallas, que estava em pânico.
— Diga o nome de alguns.
— Bryan Cranston! — eu disse. — Breaking Bad.
— Joseph Gordon-Levitt raspou o cabelo em 50% — lembrou Nicholas.
— Sinto muito, podemos não citar atores que estavam interpretando pacientes terminais? — pediu Dallas.
Justo.
— The Rock.
— Hugh Jackman!
— Matt Damon!
— Jake Gyllenhaal, duas vezes! — exclamou Joseph.
— Sério? — perguntou Nicholas. — Duas vezes?
Soldado anônimo e Marcados para morrer.
— Foda — disse Nicholas, erguendo o punho fechado, no qual Joseph deu um soquinho.
— Muito foda.
Que idiotas.
— Ei. — fiquei de pé e liguei a máquina. — Está na hora.
Dallas prendeu a respiração e cobriu os olhos.
— Ok. Vá em frente.
— Vá em frente! — exclamou Nicholas.
— Vá em frente! Vá em frente! — entoou Joseph.
Então eu fui.

meus amores, me desculpem pela a demora.
mas está acontecendo tanta coisa na minha vida.
estou postando pelo o celular pois estou sem pc.
eu gostei muito desse capitulo, todos juntos.
nicholas e dallas são muito armozinhos.
está quase acabando a história amores :(
espero que tenham gostado amores.
o que acharam? deixem seus comentários.
respondi os comentários, volto em breve.

5 comentários:

  1. ESPERO QUE NICK N MORRA!
    Continua, amorrrr 💙
    Ta acabando essa? Mal posso esperar pela próxima!!!

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    1. Muitas surpresas ainda estão por vim.
      Está quase acabando amor, infelizmente :(
      Vou postar hoje.
      Beijos, Jessie.

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  2. Está lindaaaaaaaa! Posta mais por favor 💙

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    Respostas
    1. Que bom que está gostando amor.
      Vou posta mais hoje.
      Beijos, Jessie.

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