16/11/2016

breathe: capítulo 43


Eu me sentei ao lado do leito de Elizabeth e olhei para aquela garotinha que já tinha passado por mais coisas que uma criança de 5 anos deveria experimentar. Seus pequenos pulmões se esforçavam para inspirar e expirar, seu peito subindo e descendo. O pequeno tubo em seu nariz trazia lembranças terríveis. O apito das máquinas em volta dela me recordava da última vez que segurei a mão de Charlie.
— Ela não é Charlie — murmurei para mim mesmo, tentando ao máximo não comparar as duas situações.
Os médicos disseram que Elizabeth ficaria bem, que só levaria um tempo até ela acordar, mas eu não conseguia parar de me preocupar e de me lembrar da dor em minha alma. Peguei a mãozinha dela e me inclinei sobre o leito.
— Oi, Fifi. Você vai ficar bem. Só queria que você soubesse que vai ficar bem, porque conheço sua mãe, e sei que você tem a mesma força dela. Então, continue a lutar, tá? Continue lutando, e depois quero que você abra os olhos. Quero que você volte para nós, Fifi. Preciso que você abra os olhos — supliquei, beijando a mão dela.
As máquinas começaram a apitar bem rápido. Aquilo me provocou uma pontada no peito.
Olhei em volta.
— Alguém me ajude — gritei.
Duas enfermeiras entraram correndo. Levantei e cedi espaço para elas. Isso não pode estar acontecendo de novo. Não pode est...
Virei-me de costas e comecei a rezar. Eu nunca fui do tipo religioso, mas tinha que tentar, só para o caso de Deus estar me ouvindo naquele dia.
— Pluto — murmurou uma voz bem baixinha.
Corri de volta para Elizabeth. Seus olhos azuis estavam abertos, e ela parecia confusa, perdida.
Peguei sua mão e olhei para as enfermeiras.
Elas sorriam, e uma disse:
— Ela está bem.
— Ela está bem? — repeti.
Elas assentiram.
Ela está bem.
— Meu Deus, Fifi, você me deu um susto — falei, beijando sua testa.
Ela inclinou a cabeça um pouco para o lado.
— Você voltou?
Apertei a mão dela.
— Sim, eu voltei — ela tentou falar, mas ainda respirava com dificuldade, e começou a tossir. — Devagar. Respire fundo.
Ela obedeceu e se acomodou no travesseiro, os olhos sonolentos.
— Achei que você e Zeus tinham ido embora pra sempre, como o papai.
Ela estava quase dormindo, e aquelas palavras partiram meu coração.
— Estou aqui, querida.
— Pluto? — sussurrou, os olhos quase fechando.
— Sim, Fifi?
— Por favor, não vá embora de novo.
Sequei as lágrimas e pisquei algumas vezes.
— Não se preocupe. Eu não vou a lugar algum.
— Zeus também não?
— Zeus também não.
— Promete? — perguntou ela, bocejando.
Elizabeth dormiu antes de escutar minha resposta, mas ainda assim respondi, sussurrando gentilmente em seus sonhos:
— Prometo.
— Joseph?
Vi Dianna na porta.
— Ela acabou de acordar — avisei, levantando. — Está bastante cansada, mas bem.
Percebi o alívio em seu olhar, e ela levou a mão ao coração.
— Graças a Deus. Demi acordou e me pediu que eu visse como ela estava.
— Ela acordou? — perguntei. Comecei a andar até a porta para ir ao quarto de Demi, mas parei e olhei para Elizabeth.
— Pode ir. Eu fico com ela — ofereceu Dianna.

***

— Você acordou.
Demi estava sentada, olhando pela janela. Ela se voltou em minha direção, e um sorriso surgiu em seus lábios.
— Elizabeth está bem?
— Sim — sentei ao lado dela. — Ela está bem. Sua mãe está com ela. Como você está?
Peguei sua mão, e ela olhou para os nossos dedos.
— Acho que levei um tiro.
— Fiquei apavorado, Demi. Você me assustou.
Ela puxou a mão da minha. Deu um pequeno suspiro e fechou os olhos.
— Não sei como lidar com isso tudo. Só quero ir pra casa com a minha filha.
Passei a mão pela nuca e estudei cada parte do seu rosto, as ataduras em seu corpo, as manchas de sangue. Sua expressão triste. Queria fazê-la se sentir melhor, menos sozinha, mas não sabia como.
— Você poderia perguntar aos médicos quando vamos pra casa?
— Claro — assenti. Levantei, parei na porta e disse: — Eu te amo, Demi.
Ela deu de ombros antes de voltar a olhar pela janela.
— Você não tem que me amar só porque levei um tiro, Joseph. Você deveria ter me amado antes disso.

***

Elizabeth recebeu alta antes de Demi e ficou em casa com Dianna. Eu não queria sair do lado de Demi até que ela fosse liberada. Quando chegou a hora, ela não recusou minha oferta de levá-la para casa, mas não abriu a boca durante todo o trajeto.
— Deixa que eu te ajudo — sugeri, saindo do lado do motorista e me apressando para ajudá-la a sair do carro.
— Estou bem — sussurrou ela, recusando. — Estou bem.
Eu a segui até a porta de casa, ela pediu que eu fosse embora, mas não fui. Dianna estava dormindo com Elizabeth na caminha dela.
— Joseph, pode ir, de verdade. Eu estou bem, eu estou bem.
Fiquei pensando em quantas vezes ela iria repetir aquilo antes de perceber que era mentira.
— Vou tomar um banho e ir para a cama — ela foi até o banheiro e respirou fundo, segurando no batente da porta. Seu corpo vacilou por um instante, e eu me apressei em segurá-la, mas ela se afastou de mim. — Não preciso de você, Joseph. Estou bem sozinha — disse friamente. Mas dava para sentir, pelo tom de voz, que ela estava com muito medo. — Não preciso de mais nada, a não ser da minha filha — continuou suavemente, segurando minha camisa para não cair. — Eu... eu... — ela começou a chorar e eu a abracei. Suas lágrimas molharam minha blusa. — Você me abandonou.
— Eu sinto muito, meu amor.
Suspirei. Eu não sabia o que dizer, pois era verdade, eu tinha abandonado as duas. Fugi quando as coisas se complicaram. Eu não sabia como lidar com o fato de que amava Demi, porque amá-la significava que um dia eu poderia perdê-la, e perder as pessoas que você ama é a pior sensação do mundo.
— Fiquei com medo — confessei. — Fiquei com raiva. E fiz tudo errado. Você precisa acreditar em mim. Eu não vou a lugar algum. Estou aqui. Estou aqui e vou ficar.
Ela virou de costas e limpou o nariz com a mão, tentando parar de chorar.
— Desculpe, só preciso de um banho.
— Vou esperar você terminar.
Seus lindos olhos castanhos olharam para mim, e um leve sorriso surgiu em seus lábios.
— Está bem.
Ela fechou a porta do banheiro. Ouvi o barulho da água e encostei na porta, esperando que ela terminasse.
— Estou bem, estou bem — repetia ela.
Ouvi sua voz ficar trêmula, e o choro voltou. Levei a mão à fechadura e abri a porta. Vi que ela estava sentada na banheira, as mãos cobrindo o rosto, o sangue pisado escorrendo do cabelo.
Sem pensar, entrei na banheira e a abracei.
— Stephen se foi? — perguntou ela, tremendo.
— Sim.
— Elizabeth está bem?
— Sim.
— Eu estou bem?
— Sim, Demi. Você está bem.
Fiquei com ela aquela noite toda. Não deitei ao seu lado, mas sentei na cadeira de sua escrivaninha, dando a ela a distância de que precisava, mas também deixando claro que ela nunca mais estaria sozinha.

ainda bem que Elizabeth ficou bem, tadinha da demi :(
O joseph cuidando dela, que lindo <3
falta só mais dois capítulos para acabar a história amores :(
Gostaram? me contem aqui nos comentários.
bjs lindonas e até o próximo <3
respostas aqui

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