Respire
Respire...
– Demi.
Respire...
Ele se fora...
– Demi – disse uma voz, mais alto.
Ofegante, Demi abriu os olhos e levou um tempo até se acostumar às luzes fortes acima. Encharcada de suor e tossindo, ela se sentou na cama, chutando os lençóis para longe. O som de passos rápidos soou mais próximo.
– Caramba, amor. Você está bem?
Demi olhou na direção da voz e seu coração quase parou ao dar de cara com Joseph. Ela levou a mão à boca e começou a chorar histericamente. Seu corpo tremia como vara verde e as lágrimas jorravam. Demi saltou da cama e caiu nos braços cálidos de Joseph.
– Você estava morto – choramingava ela, passando as mãos pelo rosto confuso dele.
Demi precisava ter certeza de que ele era real, se certificar de que ele respirava, vivia. Derretendo-se com o pinicar de sua barba rala, sentiu uma dolorosa contração, que quase arrancou-lhe o ar dos pulmões. Deslizou as mãos por seu peito nu e beijou Joseph febrilmente.
– Ai, meu Deus, Joseph, você morreu, saiu para comprar leite, a moto... – as palavras se atropelavam enquanto ela tentava respirar, em pânico.
Joseph tomou o rosto avermelhado de Demi nas mãos e enxugou suas lágrimas com os polegares. Olhando fundo em seus olhos, abriu um pequeno sorriso.
– Estou aqui, meu doce. Nada aconteceu. Foi só um sonho.
– Não foi um sonho – disse Demi aos prantos, com os ombros curvados. Segurando a barriga, sentiu outra contração. – Ai, meu Deus. – endireitou a coluna e agarrou-se aos ombros de Joseph, beijando-o repetidamente. Sem querer fechar os olhos, ela o encarava enquanto a boca se deslocava por seus lábios macios. – Foi um pesadelo. Você estava morto. – mais uma contração, seguida por um beijo. – Usaram um desfibrilador. Você não respirava. Eu lhe implorava para continuar a lutar e você não conseguia. O seu corpo desistiu. A expressão da sua mãe... do seu pai... do seu irmão... todo mundo estava arrasado.
Joseph a abraçou ainda com mais força. Embalando a cabeça dela, passou as mãos pelos cabelos empapados de suor.
– Demi, acalme-se. Eu estou aqui, meu anjo. Eu estou aqui.
Ainda em frenesi, ela não conseguia relaxar. Ele estava louco? Era impossível. Imagens do seu corpo inerte permaneciam em sua cabeça, tão claras quanto um céu sem nuvens. Puxou Joseph para baixo até os próprios lábios, continuando a chorar.
– Eu te amo. Meu Deus, eu te amo tanto, Joseph... não disse isso o bastante.
Mais um beijo e mais uma contração. Rasgando. Uma dor mais profunda e explosiva passou como uma onda por sua barriga. Aquelas não eram contrações falsas. Não mesmo. Afastando-se lentamente, Demi olhou para Joseph e sussurrou:
– Eu te amo, Joseph Jonas. – ela afastou os cabelos da testa. – E a gente está prestes a ter o bebê.
Joseph engoliu em seco e arregalou os olhos.
– Você está em trabalho de parto? – indagou, incapaz de evitar que a voz falhasse, como se fosse um adolescente na puberdade. – O nascimento só estava previsto para daqui a três semanas!
Era ela quem estava em trabalho de parto, mas Joseph parecia que ia pirar. Respirando de maneira lenta e purificante, Demi assentiu.
– Estou, mas preciso que você fique calmo, ok?
Joseph inclinou a cabeça para trás, convencido de que ela havia ficado maluca. Segundos antes, estava apavorada, dizendo que ele tinha morrido, e agora estava bizarramente tranquila, mesmo prestes a trazer o filho ao mundo.
– A bolsa! – exclamou ele, virando-se em direção ao armário. Escancarou a porta e estacou. Então, girando nos calcanhares, arregalou ainda mais os olhos. – Caralho, a gente não trouxe a bolsa. Como é que a gente vai fazer isso sem a bolsa?
Apesar de um leve desconforto físico, Demi sentia-se mentalmente ótima. Fitou o rosto assustado de Joseph, querendo se afogar em seus olhos. Pareceu-lhe tão irreal que ele estivesse ali com ela. Aproximou-se e tocou a sua face, acariciando-a.
– O bebê vai chegar com ou sem a bolsa da maternidade.
– Claro – concordou Joseph, rouco, vestindo uma calça de moletom e uma camiseta. Fazia de tudo para relaxar, mas a calma dela o estava deixando nervoso.
Houve uma batida fraca na porta e Selena entrou. Com um pijama de seda e felpudas pantufas de coelhinho, ela estreitou os olhos diante da luz.
– Seus malucos, vocês têm noção de que já são quase três da manhã, né? – ela bocejou e esfregou o rosto. – Considerando que Abel e eu estamos bem aqui do lado, será que daria para vocês dois, sei lá... fazerem silêncio? Vocês sabem que eu tenho o sono leve.
– A Demi está em trabalho de parto – avisou Joseph, procurando as chaves na cômoda.
Os olhos de Selena se arregalaram mais ou menos ao mesmo tempo que outra contração indesejada foi abrindo caminho pela barriga de Demi. Curvada para a frente, ela tentou respirar em meio à dor. Selena e Joseph correram para o lado dela, cada qual agarrando-a por um braço. O queixo de Selena caiu.
– Puta merda, Demi! A gente está super longe de tudo, nos Hamptons. Que diabos você vai fazer? Voltar para a cidade? Quer dizer, o seu médico está lá, não aqui.
Demi balançou a cabeça, olhando para Joseph e Selena.
– O que há de errado com vocês? – vociferou ela, a voz já não tão doce e calma quanto antes. – Eu posso estar errada, mas as mulheres dão à luz o tempo todo sem bolsas de maternidade e sem os médicos que seguiram as suas gestações. Correto?
– Correto – responderam Joseph e Selena em uníssono.
– Obrigada – disse Demi, afundando na cama, e começou a chorar outra vez.
Vivenciando aquela dor após o pesadelo, estava arrasada. Joseph olhou para Selena, fingindo calma.
– Você consegue arranjar alguma coisa para ela vestir?
Selena assentiu e Joseph se ajoelhou na frente de Demi. Com as mãos sobre os joelhos dela, olhou-a nos olhos, grato por tudo o que ela já lhe dera e estava prestes a lhe dar.
– Eu te amo – sussurrou ele. Demi passou os dedos por seus cabelos com um leve sorriso. – Vamos ficar assustados juntos, meu doce. Eu estou aqui.
– Assustados juntos – repetiu Demi baixinho, aceitando uma camisa e uma legging de grávida das mãos de Selena.
– Vou acordar todo mundo. – Selena deu um beijo na bochecha de Demi e outro na cabeça de Joseph. – Eles precisam saber que o Noah Alexander Jonas logo vai estar com a gente. Eba!
Ela desapareceu pelo corredor escuro. Mais uma vez tentando agir de maneira impassível, mesmo em pânico, Joseph ajudou Demi a despir o pijama e a vestir a roupa. Quando chegaram lá embaixo, a cozinha havia despertado com a animação de amigos e familiares. Demi respirou, buscando energia, e fitou os rostos sorridentes, o pesadelo retornando com toda a força. Porém, não conseguiu se segurar e começou a chorar.
Joseph passou o braço pelos ombros dela. Tinha uma boa ideia do motivo pelo qual ela estava chorando. Franzindo a testa, Denise abraçou-a.
– Você pode pedir que lhe deem alguma coisa para a dor quando chegar ao hospital, meu bem. – ela a apertou conta seu robe preto e macio. Mesmo em meio à preocupação de Denise, Demi pôde distinguir a felicidade dela por querer conhecer o terceiro neto, assim deixou de lado o pesadelo e parou de chorar.
– Qual o intervalo das contrações? – perguntou Denise. – Está cronometrando, não está?
Joseph balançou a cabeça, a garganta subitamente seca. Merda. Estava ferrando com tudo. Não tinha cronometrado porra nenhuma. Teve a sensação de que tudo o que havia aprendido nas muitas aulas sobre o método Lamaze fora apagado da sua mente.
– Comece a cronometrar agora – sugeriu Fallon, puxando uma cadeira da mesa. Enfiou os cabelos de mechas verdes e prateadas num rabo de cavalo e bebericou o café. – Eu li que, se a frequência for menor do que cinco minutos, o bebê está perto de nascer.
Selena deu uma olhada para ela e Trevor.
– Vocês dois estão tentando ter um filho, não estão?
Trevor deu um sorriso malandro.
– Irmã, você é e sempre vai ser doida de pedra. – Selena revirou os olhos e Trevor se aproximou de Joseph, apertando a sua mão. – Depois que nós acordarmos direito, encontraremos vocês no hospital. Nascido em 5 de julho. Bacana, o aniversário dele. Parabéns, cara.
– Obrigado.
Joseph sorriu e acompanhou Demi até a porta. Depois de se despedir de todo mundo com um abraço, ela saiu para o ar orvalhado da noite, dirigindo-se ao carro do namorado.
Quando Joseph ia saindo, Kevin o segurou pelo braço.
– Lembre-se de uma coisa, rapazinho: faça tudo o que ela pedir. Não leve as ameaças ou os xingamentos para o campo pessoal. Ela ainda ama você. Só não vai gostar de você pelas próximas horas. Nem um pouco.
Paul riu, dando um tapinha nas costas de Joseph.
– Não posso dizer que discordo do seu irmão. É como se ela se transformasse na linda blair em o exorcista. Mas depois vai se acalmar.
Denise afastou Paul com rispidez e abraçou Joseph.
– Ignore o seu pai e o seu irmão. Vai ficar tudo bem. Eu amo você, meu bebê. Logo, logo a gente vai estar lá.
Joseph se despediu da mãe com um beijo e saiu de casa. Esperando encontrar o capeta, ficou surpreso ao ver Demi calmamente encostada no carro. Ainda lhe parecia estressada, mas ele estivera esperando algo muito pior. Porém, seus pensamentos pareceram invocar o demônio e a expressão de Demi passou de relaxada e afável a completamente emputecida enquanto ela se curvava e agarrava a barriga.
– Nossa, Joseph, será que dava para você abrir logo essa porta? – sibilou ela, apoiando-se no retrovisor do BMW.
Nervoso, Joseph se atrapalhou com as chaves para destrancar a porta. Ajudou Demi a se acomodar no assento, bateu a porta e deu a volta no carro, rápido como um raio. Tão logo entrou, olhou para ela, com o coração apertado.
– Respire, meu amor. Lembre-se das técnicas de respiração que lhe ensinaram.
Ela jogou a cabeça para trás e grunhiu. Então, voltou-se para ele bruscamente e o fuzilou com os olhos.
– Eu sei respirar, Joseph. Apenas se preocupe em me fazer chegar ao hospital para eu não ter o seu filho nestes assentos de couro. Entendeu?
É, ela o estava assustando. Dando ré no carro, achou melhor só falar quando lhe fosse dirigida a palavra.
As luzes iam e vinham pela estrada escura, assim como as contrações de Demi. Ela se sentia péssima. Sentada sobre as pernas, inclinou o corpo e começou a beijar Joseph, na têmpora, no cabelo, no queixo. Ela o beijava onde era possível enquanto ele tentava se concentrar na estrada.
– Me desculpe. – ela beijava o nariz, o pescoço, a orelha, a bochecha, os lábios. Começou a chorar outra vez. – Você estava morto. Você tinha ido embora. Eu te amo, Joseph. Você é o meu espertinho, obcecado pelos Yankees e presenteador de tampinhas. Sinto muito. Eu te amo tanto!
Joseph deu um sorriso nervoso.
– Este espertinho presenteador de tampinhas também te ama.
Ele enxugou uma lágrima do rosto de Demi, sem saber se devia ou não dizer o que tinha em mente. As mãos dela eram pequenas, mas ele sabia que sua garota era capaz de tapas bastante poderosos.
– É... docinho... você precisa se sentar direito, ok? Coloque o cinto de segurança.
Demi assentiu. Quando estendeu o braço para o cinto, sua barriga começou a se contrair violentamente. Então, ela sentiu um pequeno estalo. Ainda estava de joelhos e um líquido morno escorreu por sua perna. Sua respiração tornou-se superficial e entrecortada.
– Ai... meu... Deus! – gritou ela, os olhos arregalados de pânico. – A bolsa acabou de se romper. Você precisa ir mais rápido, Joseph! – ela se virou para ele, o rosto contorcido de dor, enquanto segurava a barriga. – Não estou de brincadeira. Eu sei que você não dirige como um vovozinho. Pise fundo no acelerador com esse pezão. Eu... não... estou... brincando!
Joseph piscou, aturdido, engoliu em seco e se concentrou outra vez na estrada. Com a irmã gêmea de linda blair sentada ao lado, não disse mais uma palavra sequer enquanto mandava ver. Apesar de o amor da sua vida estar agindo de maneira um pouco assustadora, Joseph jamais negaria, quando fosse contar aos netos sobre aquela noite, que gostara de poder dirigir como um louco. Em questão de minutos, estava freando bruscamente na frente do hospital. Saltou do carro e tateou desajeitadamente em busca de... bem, não sabia ao certo em busca do quê. Passando uma das mãos pelos cabelos, nervoso, escancarou aporta do carona e ajudou Demi a sair. Àquela altura, ela já estava mais calma, exibindo sérios sintomas de bipolaridade, pois agora lhe dava muitos beijos. Com a respiração pesada, Demi gritava pedidos de desculpas, agarrada ao braço dele, enquanto entrava na emergência. Joseph se perguntou onde ela estivera a sua vida toda. Meu Deus, ele amava aquela mulher, que estava prestes a lhe dar o maior presente de todos os tempos, bipolar ou não.
Depois de uma rápida conversa com a enfermeira, Demi foi colocada numa cadeira de rodas e empurrada às pressas até um elevador. Destino: o andar da obstetrícia. Demi estremeceu ao pensar no pesadelo que havia assolado o seu sono. Segurando a mão de Joseph, fitou-o com olhos marejados.
– Eu não quero você aqui comigo neste momento – sussurrou ela, o corpo todo tremendo. – Quer dizer, eu quero, é claro que quero. Mas estou preocupada que alguma coisa aconteça com você.
Joseph arqueou a sobrancelha e abriu um sorriso.
– Você sabe que está prestes a dar à luz o nosso filho, não sabe? – Demi fez que sim e Joseph se abaixou, roçando os lábios na sua testa. – Demi Lovato, deixe eu me preocupar com você agora. Nada vai acontecer comigo, ok?
Ela assentiu mais uma vez e segurou a mão dele com mais força enquanto uma nova contração aumentava de intensidade. As anteriores não tinham sido nada se comparadas àquela. Respirando mais rápido, Demi segurou firme o braço da cadeira de rodas, fincando as unhas; podia jurar que estava arrancando o couro.
– Faltam quantos andares? – indagou, impaciente, os olhos grudados na enfermeira. Por sua expressão, Joseph parecia não estar mais com nenhuma circulação na mão. – Eu não vou aguentar isto. Sei que não vou.
A enfermeira deu um tapinha nas suas costas, os olhos brilhantes contendo todo um manancial de sabedoria.
– Eu disse a mesma coisa quando tive o meu primeiro, o meu segundo e o meu terceiro. Você vai ficar bem.
De jeito nenhum.
Demi soltou o ar, cem por cento convencida de que nunca mais permitiria que Joseph a tocasse. Quando as portas do elevador se abriram, ela foi levada até um quarto particular; a contração diminuiu de intensidade no momento em que ela ficou de pé. A enfermeira lhe entregou uma camisola hospitalar e Demi foi ao banheiro. Depois de se trocar e de se lavar,
Demi fitou seu reflexo, especialmente a barriga.
Com um suspiro, começou a relaxar. Joseph estava bem. Tinha sido um pesadelo, só isso. O que estava prestes a enfrentar não seria menos do que torturante, mas, no final, ela não só teria Noah, como Noah teria um pai. Um turbilhão de emoções a atingiu ao ouvir os gritos agoniados da mulher do quarto ao lado. Engoliu em seco, olhou-se no espelho por um longo instante e saiu do banheiro rezando para aguentar aquilo.
– Ei – disse Joseph, ajudando-a a subir na cama. – Você está bem?
Ela olhou fundo aqueles olhos verdes, que demonstravam um amor inequívoco.
– Neste exato instante, estou, sim. – ficou na ponta dos pés e beijou seus lábios macios. Ele lhe deu um abraço cálido. – Eu vou logo me desculpando pela maneira como talvez aja durante...
Sua voz falhou quando outra contração irrompeu. Recuando, Demi agarrou a barriga e se sentou na cama. Com os olhos semicerrados e a respiração curta, olhou fixamente para Joseph.
– Ah, meu Deus. Diga alguma coisa para afastar a minha mente da dor!
O coração de Joseph se derreteu. Um tanto temeroso de tocá-la, passou a mão carinhosamente pela barriga de Demi, rezando para não apanhar.
– Espero que ele se pareça com a mãe. – beijou-lhe a testa, afastando os seus cabelos dos ombros. – Espero que tenha os seus lindos olhos. – sorriu e beijou-lhe as pálpebras. – Vai fazer sucesso com as garotas.
Enquanto a enfermeira ajustava a faixa abdominal, Demi fazia os exercícios de respiração, convencida de que a coluna estava se partindo.
– Os meus olhos? Espero que ele tenha os seus. – ela atirou a cabeça no travesseiro e rolou para o lado. – Continue falando. Meu Deus, continue falando, Joseph! Faça o jogo das vinte perguntas e não ouse mencionar qualquer coisa que tenha conotação sexual.
Joseph pigarreou, agarrando a mão dela.
– Com analgésicos ou sem analgésicos?
– Com analgésicos, é claro – retrucou Demi asperamente, os olhos fixos na enfermeira.
A enfermeira assentiu com um sorriso compreensivo.
– Vou pegar alguma coisa para você assim que começar o soro.
Demi nem notou a minúscula picada enquanto a contração aumentava de intensidade. Praticando os exercícios de respiração que, estava bastante certa, não adiantariam de coisa alguma, Demi tentou se concentrar nos batimentos cardíacos do bebê.
– Outra pergunta. Qualquer coisa. Por favor, Joseph. Qualquer coisa.
Joseph segurou a sua mão, desejando poder arrancar cada bocadinho de dor.
– Com sanca ou sem sanca?
– Com sanca – sussurrou Demi, agarrando a lateral da cama.
– Bolo ou sorvete?
– Os dois. Ai, meu Deus, os dois!
Ela deitou de barriga para cima, a contração lhe dava a impressão de que estava prestes a perder a cabeça.
– Você está bem no pico, querida – avisou a enfermeira, apontando para uma linha verde, monstruosa e irada, no monitor. – Fique olhando. Já, já vai baixar.
De fato, logo foi descendo e Demi respirou, aliviada. A tensão em seus ombros se esvaiu e ela afundou na cama, apertando menos a mão de Gavin.
– Já volto – garantiu a enfermeira. – O Dr. Beck está de plantão esta noite. Daqui a pouco ele virá falar com você e verificar a dilatação.
Demi assentiu debilmente e passou a mão pelos cabelos. Percebeu que Joseph se sentia inútil. Conseguiu dar um pequeno sorriso para ele.
– Venha aqui, deite ao meu lado. Prometo que aviso quando a próxima contração começar.
– Você acha que eu tenho medo de você?
Ele riu, deitando-se ao lado dela com toda a calma. Na verdade, Demi o estava apavorando e aquilo era só o começo, mas Joseph jamais deixaria que ela soubesse disso. Deslizou pela cama, tomou-a nos braços e olhou fundo em seus olhos.
– Dá para notar que eu estou assustando você. – Demi respirou fundo, perdendo-se naquele abraço.
– Nunca – sussurrou Joseph. – Você não conseguiria me assustar nem se tentasse.
Demi encostou a testa no queixo dele e tentou relaxar. Teve alguns segundos de descanso enquanto Joseph acariciava-lhe as costas, até que a barriga se contraiu violentamente. Enrijecendo o corpo, Demi mal conseguiu se preparar para a sensação estranha que se apossava dela.
– Respire, amor – sussurrou Joseph. – Olhe para mim e respire.
As lágrimas pinicavam os olhos de Demi e algo se contorceu em suas entranhas. As costas doíam como se um ônibus estivesse passando por cima. Ela agarrou os ombros de Joseph e enterrou as unhas em sua camiseta.
– Ah, meu Deus, como dói! – gritou, o rosto contraído. – Diga alguma coisa, Joseph. Vinte perguntas, outra vez.
– Centro ou interior de Nova York?
– Interior – respondeu ela, e desviou o olhar para o monitor.
Maldita linha. Ainda não tinha atingido o platô de agonia. Não estava nem perto.
– Madeira ou piso frio?
Apertando os ombros dele com mais força ainda, Demi o encarou com um olhar furioso e soltou o ar.
– Madeira. Madeira!
Joseph ficou com o coração apertado ao ver a mulher que amava sofrer.
– Pizza ou massa?
– Nenhuma das duas – sibilou Demi, atirando a cabeça para trás. – Vá buscar a maldita enfermeira, Joseph. Já chega de vinte perguntas. Preciso de alguma coisa para a dor neste instante!
Joseph ficou de pé com um salto, quase atropelando a mesinha de cabeceira. Antes que chegasse à entrada do quarto, a porta se abriu. Com um sorriso largo, um rapaz de jaleco branco que parecia não ter nem 16 anos, entrou no quarto. Atrás dele, vinha a enfermeira de antes com um frasco de algo que Joseph imaginou ser um narcótico. Os berros de Demi fizeram Joseph ter alguns pensamentos.
O primeiro: não queria aquele cara tocando Demi. O segundo: isso mesmo, ainda não queria aquele cara tocando Demi.
– Você é residente? – questionou Joseph, bruscamente, os olhos arregalados.
O rapaz deu um sorriso, examinando uma prancheta. Anotou alguma coisa e olhou para Joseph.
– Não, não sou residente. Sou o Dr. Martin Beck.
Joseph ignorou a mão estendida do médico.
– Você vai fazer o parto do meu filho?
– Se a sua esposa...
– Namorada – corrigiu Joseph. Aquele garoto não tinha nem barba na cara. Estava quase certo de que o médico ainda era virgem.
– Me desculpe. Se a sua namorada der à luz nas próximas doze horas, sim, eu vou fazer o parto do seu filho.
Sem fala, Joseph o observou se aproximar de Demi. Levando-se em conta seu rosto contorcido de dor, ela estava pouco se lixando para quem iria fazer o parto do filho. O médico puxou uma cadeira para a frente de Demi e lhe pediu que chegasse até a beirada da cama e abrisse as pernas. Ai, Jesus. Joseph ficou enjoado. Já era ruim ver um médico da idade do avô cutucar a parte do corpo de Demi que Joseph sentia ter sido criada para ele, e agora isso? Era insano. O pânico se apossou de Joseph, mas, antes que ele pudesse dizer uma única palavra, Demi obedeceu, parecendo estar num alegre estado de euforia. Com a namorada toda arreganhada para o pirralho, Joseph engoliu em seco, passando as mãos pelos cabelos, e atravessou o quarto quase correndo. Sentando-se na cama ao lado de Demi, fitou os seus olhos vidrados, tentando se concentrar no fato de que ela não sentia dor naquele momento.
– Você está com 4 centímetros de dilatação – anunciou o fedelho, afastando-se de Demi. tirando as luvas, sorriu para ela. – Considerando que é o seu primeiro filho, costuma levar uma ou duas horas por centímetro.
Joseph olhou para o relógio de parede: eram quatro e quinze da madrugada.
– Você pode me dar mais disso? – o sorriso preguiçoso de Demi revelava claramente que ela não estava sofrendo muito. – Gosto da sensação.
– Isso diminui o pior da dor, mas você ainda vai sentir as contrações. – o médico verificou o monitor e rabiscou alguma coisa na prancheta. – Se quiser um alívio maior, a gente pode aplicar uma peridural.
Fechando os olhos, Demi balançou a cabeça e bocejou.
– Não. Nada de peridural. Tenho medo de tomar. Eu li... – sua voz foi sumindo e ela adormeceu encolhida de lado, a cabeça aconchegada no travesseiro.
Ainda com o sorriso no mesmo lugar, o Dr. Beckolhou para Joseph.
– Como eu disse, o Demerol deve diminuir um pouco da dor. É possível que ela acorde a cada contração, mas não vai ser tão difícil agora. Enquanto isso, você devia tentar dormir um pouco. Vocês dois têm algumas longas horas pela frente.
O médico deixou o quarto. A caminho da porta, a enfermeira sorriu para Joseph.
– Ela está em boas mãos. Não se preocupe.
Joseph assentiu, temeroso, tentando se convencer a não arrastar o corpo adormecido de Demi da cama para outro hospital. Suspirando, recostou-se no travesseiro e observou Demi respirar calmamente. Embora estivesse exausto, o sono parecia estar a oceanos de distância. Em vez de dormir, posicionou a cabeça de Demi cuidadosamente sobre o peito, entorpecido diante da constatação de que, dali a algumas horas, eles seriam pais. Havia apenas um ano, a mulher em seus braços estivera longe de seu alcance e, agora, estava prestes a lhe dar um filho. A torná-lo pai. Sentindo-se mais do que abençoado, Joseph sabia que passaria por cada segundo de dor outra vez se tivesse de fazê-lo. Não pensaria duas vezes.
Demi se remexeu e choramingou de leve. Joseph desviou o olhar para o monitor, o coração apertado ao ver a linha subir lentamente. Afagou o cabelo de Demi e torceu para que o analgésico estivesse ajudando. Devia estar, pois ela não acordou de todo. No decorrer das horas seguintes, Demi se agitou durante as contrações, mas de alguma forma sempre conseguia adormecer outra vez. Era tudo o que importava. Enquanto o horizonte ganhava uma tonalidade alaranjada com a aurora, Joseph se sobressaltou com os bipes do monitor. Dali a alguns segundos, uma enfermeira entrou no quarto.
Inquieta, ela pegou a longa tira de papel cuspida pela máquina e a examinou. Virou-se para Joseph e sussurrou:
– Preciso que ela mude de posição. Os batimentos cardíacos do bebê diminuíram.
Joseph olhou para o monitor e outra vez para a enfermeira, a adrenalina a toda.
– Ele está bem?
– Deve estar, sim – respondeu ela calmamente, mas havia um quê de preocupação em sua voz. Ela deu a volta na cama. – Costuma melhorar se a mamãe se mexer um pouco.
Joseph tirou o braço de debaixo de Demi. Ela gemeu, claramente sentindo dor. Ele alisou os cabelos dela outra vez e olhou dentro de seus olhos sonolentos.
– Demi – sussurrou, acariciando a sua face. – A enfermeira precisa que você se mexa.
Assentindo, Demi se sentou na cama. O analgésico estava perdendo o efeito e uma contração começou. Ela piscou, tentando conter as lágrimas, os músculos tensos.
– Acho que preciso de mais alguma coisa para a dor. – ela se virou para o lado direito, pondo a mão na lombar. – Por favor. Preciso tomar alguma coisa. As contrações estão piorando.
A enfermeira olhou para o monitor.
– Querida, preciso que você fique de quatro.
Com o coração na boca, Joseph percebeu a expressão preocupada no rosto da mulher. Demi choramingou enquanto ele a ajudava a se mover. Tentando manter a calma, esfregou as costas dela e olhou a enfermeira fitar mais uma vez o monitor.
– Muito bem. Deite-se de barriga para cima que eu vou chamar o médico.
A enfermeira correu em direção à porta.
– O que está acontecendo? – perguntou Joseph, ajudando Demi a se deitar outra vez. – Você não pode sair daqui sem dizer se o nosso filho está bem.
A enfermeira se virou de súbito.
– O médico vai explicar tudo.
Antes que Joseph pudesse responder, sumiu de vista.
– Por que ela não diz nada? – Demi olhou para Joseph, o coração acelerado de medo pela diminuição das contrações.
Joseph balançou a cabeça e tentou se acalmar por ela. Tomou-lhe o rosto entre as mãos e roçou os lábios na sua testa.
– Tenho certeza de que não é nada – sussurrou, olhando em seus olhos. Percebeu que ela não acreditava e seu coração ficou apertadinho. – Confie em mim, está bem?
– Está bem – disse, grogue.
– Demi Lovato, você está prestes a dar à luz o menino mais saudável, incrível e desajeitado no jogo de atirar tampinhas. – acariciando o rosto dela, deu um beijo suave em seus lábios trêmulos. – E ele está prestes a amar tanto a mãe que vai me deixar com ciúmes. Por favor, não se preocupe. Entendeu?
– Entendi – sussurrou Demi, querendo acreditar. Pousou as mãos sobre as dele e respirou fundo. – Um menino saudável.
Um sorriso foi se espalhando pelo rosto de Joseph.
– Não esqueça que ele será péssimo no jogo de atirar tampinhas.
Demi sorriu debilmente. Enquanto tentava ajeitar o travesseiro sob a cabeça, o médico e duas enfermeiras entraram. O Dr. Beck observou o monitor por um instante antes de desviar a atenção para Demi.
– O bebê está em sofrimento fetal. Vamos ter que realizar uma cesariana de emergência. – Joseph se afastou quando as enfermeiras ladearam a cama, puxando as grades laterais para cima. – A gente se vê no centro cirúrgico.
Demi engoliu em seco, a garganta parecendo revestida de areia.
– O bebê vai ficar bem? – gritou ela, olhando de uma enfermeira para a outra. Nenhuma das duas respondeu, mas apenas empurraram a cama em direção à porta. O coração de Demi batia descompassado. – Esperem, e o meu namorado? Ele pode ir junto, não pode?
– Vão precisar me matar para me deixar de fora. – Joseph foi atrás dela, os nervos à flor da pele.
Uma das enfermeiras se virou e pousou a mão no ombro dele.
– Você não pode ir com ela agora. Precisa vestir as roupas adequadas. Me dê alguns minutos e eu volto com tudo de que você precisa.
Joseph mal registrou as palavras da mulher. Ele nem conseguia raciocinar direito. Demi era o ar pelo qual ele mataria, a sua alma gêmea e, agora, ele tinha a sensação de estar sufocando. Inclinou-se acima da cama e se concentrou no rosto apavorado de Demi. Beijou-lhe os lábios com delicadeza. Ela segurou seus ombros, chorando. Joseph se afastou lentamente, dizendo a si mesmo para permanecer forte.
– Lembre-se do que eu falei – sussurrou. – Um menino incrível e saudável.
Fungando, Demi aquiesceu enquanto as enfermeiras empurravam a cama para fora do quarto e para dentro de um elevador. As portas se fecharam e ele engoliu em seco. O mundo, o seu coração, o tempo, tudo congelou. Com os ombros caídos, Joseph tentou controlar as emoções que penetravam fundo em seu corpo. Ao se virar para entrar no quarto e esperar pela enfermeira, viu de relance seus pais se aproximando, animados.
– O que foi? – perguntou Denise, o sorriso sumindo.
Com um nó na garganta, Joseph pigarreou para conseguir falar:
– O bebê está em sofrimento fetal. Acabaram de levar a Demi para o centro cirúrgico.
Denise levou a mão à boca, com o mesmo olhar preocupado de Paul, abraçou o filho.
– Eles vão ficar bem. Nem ouse pensar outra coisa.
Joseph fez que sim, tentando de todas as formas se concentrar nas palavras da mãe. Ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Mais adiante no corredor, podia ouvir Selena, Fallon, Trevor e Kevin, todos alegres, até verem Joseph e os pais. Após uma rápida explicação, reuniram-se no quarto à espera da enfermeira. Apesar de tentarem conversar sobre assuntos sem importância, a tensão pairava no ar, cada vez mais pesada à medida que os minutos passavam.
Depois do que pareceu uma eternidade, uma enfermeira entrou e Joseph saltou da cadeira. Ela lhe entregou uma pilha de vestimentas hospitalares e ele não perdeu tempo, correndo para o banheiro para se trocar. Então, despediu-se dos amigos e da família e seguiu a enfermeira. Tentava se apegar à esperança, mas, quando as portas do elevador se abriram, Joseph sentiu que estava entrando num pesadelo. Não conseguia absorver a ideia da morte de uma criança.
O coração ficou acelerado, mas ele logo enfiou o pensamento perverso bem no fundo da mente e entrou no centro cirúrgico. Em meio ao caos, seu hálito se condensou no ar gelado e Joseph avistou Demi. O coração bateu mais devagar, mergulhando até o estômago, quando a enfermeira o conduziu até ela. Os braços delicados estavam esticados, um de cada lado, os pulsos presos com velcro. Demi lhe pareceu muito indefesa ao erguer a vista, os olhos marejados emanando medo e insegurança. Isso arrasou Joseph.
– Estou aqui com você, meu amor. Bem aqui – sussurrou ele através da máscara cirúrgica. – os lábios formigavam de desejo de sentir os dela. – Não vou tirar os olhos de você até ouvir o Noah chorar.
Demi sentiu-se aquecer. Assentiu, não desejando mais nada além de poder tocá-lo. Precisava dos seus dois homens em segurança, envoltos em seus braços. Quando o médico anunciou que iria começar o procedimento, Demi fechou os olhos com força. Uma lágrima deslizou por sua face. Joseph entrelaçou os dedos nos dela. Como seu rosto estivesse tão próximo, Demi podia sentir o calor que se desprendia, sentir o amor dele fluindo.
– Eu agradeço a Deus por você todos os dias, Demi Lovato – sussurrou Joseph. – Você sabia disso?
Demi balançou a cabeça, o coração ribombando com as palavras de Joseph, e sentiu uma pressão na barriga.
– Eu agradeço, sim – continuou Joseph, a voz suave. – Também agradeço a Deus pelo entregador ter pedido demissão no dia em que você entrou na minha vida. Agradeço a Deus todas as vezes que você queima a comida e enche a minha casa de fumaça.
Demi deu um sorriso débil, segurando a mão dele com mais força. Não conseguia ver a boca de Joseph, mas o brilho em seus olhos dizia a Demi que ele também estava sorrindo.
– Agradeço a Deus por cada minuto que você já me deu. Até mesmo pelos maus momentos. – ele aproximou o rosto ainda mais. – Você me disse certa vez que achava ter acabado com o nosso relacionamento. Você não acabou com ele, boneca. Você o consertou. Aqueles momentos difíceis nos moldaram no que somos. No que vamos ser juntos. Fomos escritos um para o outro; eu não mudaria uma única linha do nosso romance. O bom, o ruim e tudo o que há entre um e outro. É nosso. Pertence a nós.
Na sala, reinavam um tagarelar alto e movimentos agitados, mas Demi só conseguia ver os olhos de Joseph e ouvir sua voz. A necessidade de tocá-lo atravessou o seu peito como um foguete.
– Eu te amo – disse baixinho, engasgando, sentindo um cutucão na barriga. – E sou eu quem vai te amar até o último suspiro.
E ela amaria. Joseph a salvara de tantas formas que tinha certeza de que ele nunca compreenderia o que significava para ela. Era impossível.
Enquanto olhava nos olhos de Joseph, um segundo de um assombroso silêncio encheu o ar, seguido da linda entrada de Noah no mundo. A pressão deixou a barriga de Demi e ela sentiu uma lágrima quente de Joseph bater na sua face.
Ouvindo os uivos vigorosos de Noah e olhando o homem que amava chorar pela primeira vez diante dela, Demi se sentiu completa. Seu coração palpitou quando Joseph desviou o olhar nervoso e deixou escapar uma risada suave e orgulhosa. Seu homem era pai. Seu salva-vidas, fanático pelos Yankees e presenteador de tampinhas, era pai. E ela, mãe. Naquele momento, Demi chorou pela própria mãe, dando-se conta de que ela errara com Demi por ser humana. Mesmo sem ter colocado os olhos em Noah ainda, Demi sentia o seu amor por ele inundar a alma da mesma forma que o amor da mãe por ela devia ter lhe inundado a alma.
Sem saber se era permitido, mas não dando a mínima, Joseph arrancou a máscara cirúrgica do rosto. Rindo e tentando recuperar o fôlego, ele a beijou com o coração na boca.
– Você é incrível. Muito obrigado. Minha nossa, ele é lindo, Demi. Tem uma cabeleira castanha igual à sua. – Joseph olhava por cima do lençol colocado na frente de Demi. – Ei, Doogie Howser! – com uma das sobrancelhas levantadas, o médico ergueu os olhos. – Dez dedinhos nas mãos? Dez dedinhos nos pés? Saudável? – provocou Joseph.
– Sim para todas as perguntas. Parabéns aos dois. – sorrindo, ele inclinou a cabeça. – Mas confesso que não sei quem é Doogie Howser.
Joseph riu.
– É claro que não sabe. Você é novo demais para conhecer esse seriado. Obrigado por ter feito o parto do meu filho. Posso pegá-lo no colo agora?
Ainda parecendo bastante confuso, o médico fez que sim.
Uma das enfermeiras se aproximou, radiante, com um Noah muito bem-embrulhado e Joseph sentiu-se subitamente nervoso. Não sabia por quê, pois havia segurado Alena e Timothy no colo. Umedeceu os lábios e tentou se recompor enquanto a mulher colocava Noah em seus braços. Como se aquele nervosismo jamais houvesse existido, fitou calmamente o filho: tinha as feições de Demi, exceto pelos olhos verdes. Estupefato, Joseph perscrutou o rosto de Noah, registrando cada segundo na memória. Com delicadeza, tocou o minúsculo nariz do filho e riu quando ele bocejou.
– Está cansado, rapazinho? – perguntou Joseph, beijando a pele macia. – Diga isso para a mamãe. Você a fez ficar meio psicótica por um período. Ela me assustou, e olha que eu sou duro de assustar.
O coração de Demi se dilatou diante da familiaridade de Joseph com o bebê e do seu amor instantâneo. Não que estivesse surpresa. Sorrindo, observou Joseph orgulhosamente mimar o filho. Ele o levou aconchegado nos braços até Demi. Parado acima do seu corpo exausto, aproximou Noah de seus lábios, permitindo que ela se arrastasse centímetros para cima e lhe beijasse a testinha. A pele sedosa parecia o céu. Ele era um sonho para Demi, bem longe do passado de antes. A alegria brotou ferozmente em sua alma.
– Ele é lindo – sussurrou ela, as lágrimas escorrendo. As pontas dos dedos formigavam com a necessidade de tocá-lo, com o desejo de segurá-lo nos braços. – Meu Deus, ele é tão lindo, Joseph.
Joseph lhe deu um beijo longo e suave.
– Igual à mãe. – ele fitou os olhos marejados de Demi e ficou sem fôlego diante da autêntica felicidade que lhe invadia o rosto. – Obrigado. Você me deu o maior presente que uma mulher pode dar a um homem. Nada supera isso. – Joseph a beijou outra vez; sua voz era a mais doce carícia. – Não achei que fosse possível, mas estou ainda mais apaixonado por você agora. Você chacoalhou o meu mundo todo, Demi Lovato.
Com lágrimas de felicidade escorrendo pela face, Demi fitou os dois homens que haviam roubado seu fôlego, seu coração e sua alma no instante em que pusera os olhos neles. Embora o bom, o mau e o feio tivessem assolado o caminho dela e de Joseph, Demi jamais voltaria atrás em coisa alguma porque cada passo os deixara mais perto daquele momento sublime. Durante o lindo verão do ano em que a sua vida mudou para sempre, o ano em que o seu futuro começou, Demi soube que era ela quem tinha recebido o maior presente que alguém podia ganhar na vida.
Agora... podia finalmente respirar.
foi só um sonho, nada aconteceu com o Joseph.
e logo em seguida ela já estava entrando em trabalho de parto.
e o Joseph fazendo o jogo das vintes perguntas para a demi ficar calma kkkkkkk
que lindo o Noah nascendo, o que acharam?
está acabando pessoal, falta só mais 3 capítulos :(
comentem e até o próximo.
bjs amores <3
respostas aqui
EU QUASE TIVE UM ATAQUE CARDIACO COM O CAPITULO ANTERIOR!!!!!!!!
ResponderExcluirnão quero quea história acabe, eu estou apaixonada!
calma, não passou de um sonho hahahaha
Excluirpena que está acabando, falta apenas três capítulos :(
vou postar hoje, bjs lindona <3