04/12/2017

begin again: capítulo 25


Divorce

Quando Joseph não aparece para a aula pela quinta semana consecutiva, sinto a paciência começar a se esvair. Durante o último mês, eu não fiz nada a não ser analisar o que eu deveria estar sentindo, o que eu deveria estar fazendo, e ele apenas parece ter desaparecido. É como se tivesse ateado fogo na situação e fugido para não ver a explosão.
Porém, mais do que isso, sinto falta dele. Quando olho pela classe, sinto o estômago afundar, mesmo que as crianças pareçam felizes o suficiente que Michael esteja lhes dando atenção. Por mais gentil que seja o substituto, ele não é Joseph, e eu estou começando a perceber que Joseph é a única coisa faltando na minha vida.
O que vai fazer você feliz?
Estou presa a essa questão há mais de uma semana. Penso nas palavras de Simon a cada noite quando fecho os olhos, tentando enxergar um caminho. E a cada vez meus pensamentos se dirigem a Joseph, àquele beijo, à maneira como ele me tocou até meu corpo parecer estar pegando fogo.
Ele me fez sentir viva. Algo que eu não sei se senti durante muito tempo. Durante as sessões com Louise, nós discutimos minhas escolhas. Ela destacou que nunca realmente superei a morte de Digby ou minha participação nela. Que eu estava com medo de me permitir sentir vulnerável novamente. E talvez a escolha de me casar com Simon tenha sido minha maneira de me proteger da dor, de me isolar do mundo. Mas, envolvida em sua proteção, consegui viver como se estivesse entorpecida por tempo demais.
E agora estou exposta pela primeira vez desde sempre. Permitindo-me sentir emoções que eu tinha esquecido.
Paixão. Medo. Vulnerabilidade.
– Vai doer no começo – ela me diz. – Como quando você arranca a casca de uma ferida fresca. Pode arder, pode se infectar, mas em algum momento vai cicatrizar.
– E se eu preferir me sentir dormente?
– Essa escolha é sua. Mas, se você realmente se sente assim, o que está fazendo aqui? Por que não está apenas voltando para sua antiga vida, para seu casamento? O fato de você continuar vindo à terapia me diz que há algo com que você não está feliz.
Ela está certa. Ela sempre está. Louise parece ter essa capacidade de fazer com que eu me veja com mais clareza. Cortar o papo-furado e dizer as coisas como elas são.
Ainda estou pensando sobre isso quando Michael limpa o último frasco de tinta e se despede. E eu me lembro das outras coisas que Louise sugeriu: que eu deveria decidir o que eu quero e não depender que alguém tome decisões por mim.
Mas o que vai me fazer feliz? Não ficar do jeito que estou. Porque, no momento, isso está me fazendo sentir péssima. E quando eu descartar essa possibilidade, sei que a única opção é a de mudar as coisas: ou transformar meu casamento ou sair dele.
Nós tentamos consertá-lo. Nós dois. Durante as últimas cinco semanas já conversamos sobre melhorar as coisas, mas tudo o que fizemos foi conversar.
Nenhum de nós realmente fez alguma diferença. As coisas ainda estão do jeito que estavam.
Eu não quero mais isso.
Estou cansada de lutar por algo que nem acho mais que desejo.
Nem parece que há uma decisão a ser tomada.

***

Faz uma hora que estamos conversando. Andando em círculos, percorrendo o perímetro doloroso do nosso casamento. Simon está sentado em sua poltrona de costume, corpo inclinado para frente, com o cotovelo apoiado sobre as coxas. Notei que Martin, nosso terapeuta, ficou quieto. Ele não diz nada, apenas nos observa com olhos interessados.
– Eu não estou feliz – digo a Simon. – Nenhum de nós está. E parece que fizemos tudo o que poderíamos para fazer isso funcionar. O que mais há para se fazer?
Ele não diz nada por um momento. Apenas olha para mim. Seu rosto parece esgotado, velho, e tenho a sensação aguda da nossa diferença de idade.
– Cristo. – ele esfrega o rosto com as palmas abertas. – Eu não sei. Só parece que você está desistindo cedo demais. Antes eu a fazia feliz. Eu sei que fazia.
Confirmo com a cabeça, tentando não deixar meus olhos se encherem de lágrimas.
– Você fazia.
– Então me deixe fazer de novo. Pare de brigar comigo o tempo todo. Pare de me questionar. Só me deixe cuidar de você do jeito que eu quero.
Não funciona assim. Do jeito que ele fala parece que sou algum tipo de animalzinho de estimação esperando para ser penteado e arrumado. Não alguém com seus próprios sentimentos, emoções. Suas próprias necessidades.
– Não é o que eu quero.
– E quanto ao que eu quero?
– Eu não acho que você me quer assim. – meu riso é melancólico. Nós dois sabemos que ele estava à procura de companheirismo e amor, não de uma mulher confusa e claramente infeliz. Sinto uma onda de tristeza por não poder ser quem ele quer que eu seja. Linda, simpática. A esposa-troféu.
– Então o que vamos fazer?
Respiro fundo, tentando juntar um pouco de coragem. Podemos ficar nessa lenga-lenga o dia todo, Deus sabe que é o que fizemos , mas vai chegar uma hora em que algum de nós vai ter de dizer. Abro a boca e hesito no mesmo instante, meu coração cheio, minha garganta doendo. Porque assim que pronuncio as palavras, sei que nada mais vai ser o mesmo.
Contudo, mesmo assim, preciso dizer.
– Acho que devemos nos separar.
Lentamente ele se levanta, anda e se ajoelha diante de mim. Lágrimas se derramam sobre minhas bochechas. Ele deita a cabeça no meu colo, como se em súplica, e me vejo acariciando seu cabelo fino enquanto ele respira sobre minhas coxas. Ficamos assim por alguns minutos, lágrimas encharcando minha calça jeans, minhas próprias lágrimas ainda escorrendo pelo meu rosto. Então, ele olha para cima, com os olhos vermelhos, seu cabelo despenteado por minhas carícias.
– Fique – ele sussurra, segurando minhas duas mãos. – Fique comigo. 
Procuro por Martin, mas ele saiu da sala. Estamos sozinhos. Parece que sempre estivemos.
– Não posso.
– Sim, você pode. Vou me esforçar mais, nós dois vamos. Vamos fazer isso funcionar. – há um toque determinado em seus lábios. Ele é um vencedor na vida, sempre foi. Lutar está na natureza dele.
– Nós tentamos, Simon, e nenhum de nós está feliz. Vamos ficar melhor separados.
– E como é que você vai arcar com os gastos de viver sem mim? – ele questiona. – Sua renda da clínica não vai levá-la muito longe.
– A questão não é dinheiro. – sei que não vou poder encontrar muita coisa.  Uma quitinete no máximo, ou um quarto encardido em um apartamento compartilhado. – Quer mesmo que eu fique com você por causa do seu dinheiro?
Seu riso é duro e sem humor.
– Quero.
Estendo a mão e envolvo o rosto dele nas mãos. Sua pele é fria e úmida.
– Isso não é verdade. Você não iria querer que eu fosse uma caçadora de fortunas mais do que eu iria querer que você fosse meu papaizinho. Isso não é jeito de ter um relacionamento. A gente se casou porque se amava, porque queria ficar junto. – minha voz falha. – Porque funcionávamos juntos.
– Ainda podemos funcionar. Dê algum tempo, podemos encontrar outro terapeuta, podemos ir duas vezes por semana, se for preciso. Apenas me diga o que fazer e eu vou fazer.
– Quantas vezes vamos tentar? – pergunto. – Me fale, quando foi a última vez que você se sentiu realmente feliz?
Ele para por um instante, o suficiente para limpar os olhos com um lenço muito branco.
– Não sei.
– Eu também não, e isso não está certo. Você merece ser feliz, nós dois merecemos. – inclino o corpo para frente até que nossa testa se toque. É um gesto íntimo, mas não sensual. Como é possível quando nossos olhos estão tão turvos pelas lágrimas?
– Sei que nós dois vamos nos sentir mais felizes dentro de algum tempo.

Demi está sentindo falta do Joseph <3
finalmente ela pediu o divorcio para o Simon.
O Simon gosta dela mas não dá certo.
e agora o que será que vai acontecer?
me digam o que acharam nos comentários, ok?
espero que gostem do capítulo, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.

4 comentários:

  1. Eu tô amando essa fanfic!!!!!
    Continua, por favor!!!!

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    1. Fico muito feliz que esteja gostado amor.
      Vou postar mais hoje.
      Beijos, Jessie.

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  2. Que fic perfeita mana, cadê os caps eu tô morrendo de ansiedade pra saber oque vai acontecer

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    1. Fico muito feliz que esteja gostado amor.
      Vou postar mais hoje.
      Beijos, Jessie.

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