29/11/2017

begin again: capítulo 24


Doubts

Na semana seguinte, cruzo a cidade em direção ao prédio de gesso branco que abriga o consultório do nosso terapeuta matrimonial. Estou na metade do caminho quando meu telefone vibra, mas está lá no fundo da bolsa. Até eu conseguir vasculhar entre guardanapos e folhetos, a pessoa já desligou. Não reconheço o número, embora não impeça que meu coração bata um pouco mais rápido quando disco para o correio de voz, perguntando-me se Joseph decidiu finalmente entrar em contato comigo.
Mas a voz é feminina. Profunda e suave. Ela me diz que meu marido está atrasado, que ele não vai poder comparecer ao horário marcado hoje. Nenhum pedido de desculpas, nenhuma satisfação, e, por algum motivo, isso me incomoda. Parece a gota d’água. Não dá para nadar contra a maré quando a pessoa nem sequer está batendo as pernas. Nós dois estamos à deriva, agarrados aos escombros do nosso casamento, quando talvez devêssemos apenas desistir.
Deixar a corrente nos levar, mesmo que ela nos separe.
No mês passado, Simon conseguiu comparecer a exatamente uma sessão de terapia. Ele perdeu a primeira devido a um caso de última hora no fórum. Suas desculpas soaram banais, até mesmo para mim, e comecei a me perguntar o quanto ele estava comprometido com todo o processo. Mesmo em casa ele anda quieto, enfiado no escritório, debruçado sobre documentos e depoimentos, apenas emergindo para um café ou um copo de uísque. Se por um lado conseguiu ir à segunda sessão, ficou em absoluto silêncio na terceira. Até mesmo contemplativo. Ele ouviu o que eu tinha a dizer, mas não acrescentou.
É quase como se ele estivesse deliberadamente se retirando. Como se desistisse antes mesmo de começar. Isso também me intriga. Porque sinto como se fosse a única fazendo todo o esforço, embora seja ele quem tenha sugerido a intervenção.
Se Simon estivesse apaixonado por mim, não teria mais tempo para nós? E, se eu estivesse apaixonada por ele, não me importaria mais? Porque ainda adormeço todas as noites com a voz de Joseph em minha mente. Com a memória de seus lábios nos meus. Se houvesse alguma coisa que valesse a pena salvar, eu seria capaz de deixá-lo de fora. De esquecê-lo.
Me beije, Demi.
O fato é que estou obcecada por ele mais do que nunca. Seu silêncio não fez nada mais do que me deixar inventar tudo na minha mente, até que eu nem saiba mais como deveria me sentir.
Uma coisa que sei é que eu estou de saco cheio de toda a situação. O silêncio de Simon, a terapia. Nosso casamento.
O pensamento é libertador. Um suspiro de alívio. Me permite pensar no que tenho tentado evitar. A única coisa que eu tenho é medo demais para articular. Porque, lá no fundo, não tenho certeza se quero salvar nosso casamento. O pensamento flutua na minha cabeça há semanas. Cada vez que tento ignorá- lo, ele volta mais forte. Como uma criança que não se deixa esquecer. Bate no meu cérebro, mostra a língua para mim. Me lembra de que o “felizes para sempre” não é uma opção aqui.
Pelo jeito como ele não se preocupou em aparecer mais uma vez à nossa sessão de terapia, estou começando a pensar que talvez Simon também não queira salvar esse casamento.

***

Espero por três horas, sentada no nosso sofá de couro marrom, mal olhando para a revista que está aberta nas minhas pernas. Três xícaras de café me mantiveram acordada, o gosto amargo persiste na minha boca, junto a uma dor de cabeça que pulsa na base do meu crânio.
São quase 23h quando ouço a chave dele girar na porta. Há uma pausa antes de a madeira bater no gesso.
– Oi. – ele coloca a cabeça pela abertura da porta da sala de estar. – Não esperava que você estivesse acordada.
Tenho ido para a cama cedo. Principalmente para poder fingir estar dormindo quando ele entra debaixo das cobertas, mas também porque estou atolada nos preparativos do evento beneficente anual da clínica. As duas coisas me esgotam.
– Fiquei acordada esperando você.
Ele estremece.
– Você está muito zangada? Porque eu posso explicar...
– Não estou nem um pouco zangada. – apesar dos meus sentimentos no começo da noite, estou mais calma do que venho me sentindo há algum tempo.
Simon entra, e seus sapatos sociais fazem barulho sobre o assoalho de madeira. Quando ele se senta, se inclina para frente e aperta as mãos uma na outra.
– Você não vai me perguntar onde eu estava?
– Não importa.
Ele continua como se eu não tivesse dito nada.
– Eu estava com a Elise.
– Está tudo bem? – a filha de Simon e eu podemos não ser amigas do peito, mas, ainda assim, eu me importo.
– Na verdade, não. Parece que o contador dela fez confusão com a declaração dos impostos, o que a fez cair na malha fina. Nós vamos ter de conseguir alguém para verificar os livros.
– Lamento ouvir isso – murmuro. – Eu espero que ela não esteja muito aborrecida.
Ele dá de ombros.
– Vamos resolver o problema. Ela ainda vai querer uma mesa no evento beneficente.
Isso é bom. Faltando apenas quatro semanas, seria um transtorno ter de encontrar outro doador para ficar com a mesa.
– Eu queria falar com você sobre uma coisa – digo. Meu coração começa a acelerar, pensar em fazer é completamente diferente de executar. Lágrimas brotam nos meus olhos antes que eu possa sequer dizer as palavras. – Acho que a terapia matrimonial não está funcionando.
O choque congela o rosto de Simon. Ele leva alguns instantes para se recompor o suficiente e responder.
– Você disse que não estava zangada...
– Eu não estou. – inclino-me para frente, tentando diminuir a distância entre nós. – Não estou dizendo isso por raiva, ou porque estou sendo uma bruxa. Não estou dizendo porque quero machucá-lo ou perturbá-lo.
– Então o que é, Demi? Você sabe como estou ocupado. Estou fazendo o meu melhor aqui para manter as coisas no lugar. O que mais você quer? – pela primeira vez, há alguma vivacidade em seu tom de voz.
– Eu só acho que, se o nosso casamento fosse sua prioridade, então você apareceria nas sessões.
– Eu tenho um emprego. Uma filha. Você quer que eu os ignore? Que apenas cuide da pequena Demi e finja que nada mais importa?
Deixo a cabeça cair nas mãos.
– Não, não é isso que quero dizer. É claro que essas coisas são importantes, mas não estamos avançando aqui. Só estávamos caminhando para trás. – quando levanto os olhos, ele está me olhando com raiva. Tento não me acovardar.
– Então me diga o que fazer. O que vai fazer você feliz?
Abro a boca, mas as palavras não saem. Em vez disso, estou me lembrando da sugestão de Louise. Que eu deveria escolher a mim, trabalhar na minha própria autoestima. Não me lembro da última vez em que alguém me perguntou o que me faria feliz.
O que faria?
Tento me imaginar ainda neste casamento. Acordar com Simon todos os dias. Escolher uma vida de contentamento, de companheirismo, deixá-lo tomar conta de mim do jeito como ele cuida dos clientes e da filha. E não há nada de errado com essa vida, é uma que eu esperava quando estava no fundo do poço.
Mas vai me fazer feliz?
– Não sei. – parece uma confissão. – Não sei o que vai me fazer feliz.
– Então, talvez seja melhor descobrir – Simon sugere. – Eu a amo, você sabe disso. Você é a melhor coisa que me aconteceu nos últimos anos. Mas não posso lutar por você se não sei contra o que estou lutando. Podemos ir a todos os terapeutas do mundo, mas até que você decida o que diabos você quer, nós estamos apenas jogando palavras ao vento.

Demi só pensando no Joseph.
em falar nele ele ficará um pouco sumido mais logo irá estará de volta para abalar tudo.
e o casamento da Demi e do Simon só vai de mal a pior.
será que a Demi irá descobrir o que mais faz ela feliz?
me digam o que acharam nos comentários, ok?
espero que gostem do capítulo, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.

27/11/2017

begin again: capítulo 23


What you want?

– Por que você acha que tem de escolher? – Louise pergunta. Deixo a cabeça cair para trás na cadeira e passo os olhos pelo consultório. Como sempre, está perfeitamente arrumado.
Já se passaram três semanas desde que beijei Joseph. O alívio que sinto por finalmente expressar minhas dúvidas é palpável.
– Isso é o que a gente faz, não é? Quando está dividida entre dois amantes? Não posso simplesmente ficar com dois homens, não dá.
– É interessante que você chame Joseph de “amante” ainda que só o tenha beijado uma vez. Por que você pensa assim?
– Não sei. – enrugo a testa e esfrego os olhos. – Acho que ele queria mais. – ou era eu que queria? Estou apenas projetando as emoções em Joseph? E se tudo o que ele queria era um caso rápido e descomplicado?
Ele com certeza teria escolhido a mulher errada para isso.
– Acha que a história que vocês tiveram juntos tem alguma coisa a ver com isso?
Contei tudo à Louise. Coloquei para fora todos os meus segredos como uma oferenda disfuncional. Compartilhei com ela assuntos que nunca tinha contado a alma nenhuma, nem mesmo à Selena. Ela ouve, sorri e mostra solidariedade. Sua aceitação me dá uma paz que eu não tinha antes.
– Talvez eu esteja colocando mais ênfase nisso do que deveria. Mas a maneira como ele olhou para mim quando fui embora, naquela noite, e o fato de não voltar à clínica por três semanas... – deixei a voz morrer. Nas últimas duas quintas, Joseph enviou um substituto. Michael é legal o suficiente. Bom com as crianças.
Mas ele não é nenhum Joseph.
– Certo, então vamos supor que ele queira algo mais. Ainda não é uma escolha simples entre dois homens. Você consegue pensar numa terceira opção, talvez?
– Ficar com os dois? – enrugo o nariz.
Louise começa a rir. É a primeira vez que eu a vejo ultrapassar um sorriso. Será que faz parte da sua formação tentar não demonstrar emoções violentas? Talvez só haja espaço para uma risada na sala de terapia.
– Não, eu não ia sugerir que você escolhesse poliamor, embora não descarte. Esse tipo de arranjo não é algo que a pessoa pode fazer inconsequentemente.
– Então o quê?
Ela não diz nada, outro truque. Louise usa silêncio da forma como um carpinteiro usa uma serra. Como se, aproveitando a deixa, eu apressadamente tentasse quebrá-lo.
– Escolher nenhum dos dois?
– Escolher você – ela corrige. – Concentre-se em si mesma. Descubra o que realmente quer. Ame-se, tanto quanto os outros amam.
Encaro-a como se ela estivesse falando uma língua estrangeira.
– Isso soa egoísta.
– Estudos mostram que os relacionamentos são mais propensos a ter sucesso se ambos os parceiros tiverem autoestima elevada. Não é egoísta cuidar de si mesma. Pense nisso como partir de bases fortes. Portanto, a pergunta que você tem de fazer a si mesma é: o que eu quero?.
Fico sentada em silêncio atordoado. Acho realmente que ninguém nunca me perguntou isso antes.

***

É estranho como a vida continua mesmo que esteja caindo aos pedaços. Às vezes me pergunto como minha avó lidou com os tempos de guerra. Separada do marido por seis anos, sem saber se ele estava vivo ou morto, mas ainda assim teve de varrer o chão, comprar os mantimentos e limpar os banheiros. Imagino que tenha comido bolo com amigas quando tinha os cupons de racionamento e que pensasse sobre as coisas mais mundanas. De alguma forma, os seres humanos têm a capacidade de sobreviver, não importa o que está jogado sobre eles.
Vendo Daisy levar lentamente o copo aos lábios, mãos trêmulas como as de um velho, fico maravilhada que mesmo ela tenha um instinto de sobrevivência que a obriga a seguir em frente. Poucas semanas depois de beijar Joseph, meu próprio instinto de sobrevivência é uma questão diferente. Eu o sufoco com preocupações com outras pessoas. Afogo-o com lágrimas alheias.
– Como ela estava? – pergunta Daisy. Está puxando a pele ao redor da unha do polegar. Uma pequena gota de sangue reluz ao sol antes que ela a limpe, uma manchinha cor de rubi escorrendo pelo polegar.
– Ela sente sua falta. – acho que Daisy precisa ouvir isso. – Ela quer voltar para casa, para você. A Grace comentou se isso está nos planos? – sei que Daisy se encontra com a assistente social todas as semanas.
Daisy dá de ombros.
– Ela não diz. Estamos com visitas supervisionadas apenas no momento. Até que eu possa provar que estou sóbria e que Darren não vai voltar, eles não vão deixá-la vir morar comigo. – sua voz é abafada pelo barulho de um motor de moto. Nós duas estamos esperando que passe.
– Ele não vai voltar, vai? – tento engolir a bile que vem subindo. A memória do corpo de Daisy sem vida passa por minha mente como um lampejo.
– Ele disse que não. – sua voz diminui e se torna um sussurro. – Quando eles o deixaram... sabe.
Acontece que não foi Darren que a espancou, não que isso importe, na realidade. Praticamente foi ele que a jogou nas mãos dos companheiros. Foi ele que ficou lá olhando-os acabar com ela e a deixar com um fio de vida. Darren envenena tudo o que toca, e não culpo a assistente social de Charlotte por querer mantê-lo longe dela.
– Por que você volta para ele toda vez? – dentre todas as pessoas, não deveria ser eu a fazer essa pergunta. É como perguntar a um viciado por que ele usa drogas.
Ou por que eu não consigo manter Joseph Jonas fora da minha mente.
– Eu o amo. – a resposta é tão simples que me faz querer chorar. Porque isso não é amor. É doentio e perverso e me deixa de coração partido. Daisy foi tão negligenciada quando criança que qualquer atenção significa amor no conceito dela.
– Mas o que dizer de Charlotte? E se ele algum dia deixar que a machuquem como ele machucou você?
Seu rosto se retorce diante da pergunta, seus lábios se transformam numa linha fina.
– Você está me dizendo que eu não amo minha filha? – uma mecha de seu cabelo loiro sujo cai nos olhos quando ela se inclina para frente. – Não se atreva a dizer isso, porra.
Recuo às pressas.
– Claro que não. Eu não quis dizer isso.
– É fácil pra cacete você me julgar, não é? Com seu marido rico, sua casa encantadora e nenhuma preocupação na vida. Talvez Darren estivesse certo sobre você.
Meu coração dispara. Nunca sou boa com enfrentamento.
– O que você quer dizer?
– Ele acha que sou o seu rascunho. Seu projeto. Ele acha que você não dá a mínima para mim e Charlotte, que você só fica perto de nós para se sentir melhor.
Suas palavras são um tapa na cara. Sinto a injustiça delas como se fosse uma coisa física.
– Isso não é verdade. Eu amo você e Charlotte. – quero dizer mais, mas minha voz enrosca na garganta, arranha a pele.
– Então por que você me julga? Só porque tem a maldita vida perfeita. Você nunca passou necessidade.
– Eu não queria passar essa impressão. Não posso suportar nem a ideia de Darren algum dia ferir vocês duas. Você merece coisa melhor.
– Se você acha que eu algum dia vou deixar qualquer pessoa machucar meu bebê, você não sabe de porra nenhuma. Não posso acreditar que sequer tenha dito isso. – ela puxa um cigarro e o desliza entre os lábios secos. – Se eu ficar sabendo que você disse qualquer coisa para os assistentes sociais, vou acabar com você.
Não acho que queira intimidar. É apenas o jeito dela, o jeito como ela tem de ser para conseguir sobreviver. A vida lhe ensinou que ou se luta ou se foge, e ela escolheu seguir seu caminho com violência nos momentos ruins. Parte de mim está feliz que ela esteja saindo dessa com os punhos erguidos, que ela não vai deixar que as coisas a derrubem. Contudo, quando sou eu na linha de tiro, é assustador.
A porta da cafeteria se abre com uma pancada, e a garçonete sai com a nossa comida. Um bolinho para Daisy e uma torrada para mim. Daisy tira as passas antes de espalhar manteiga no bolo, empilhando-as no canto de seu prato branco, até que pareçam um monte de moscas mortas. Passo uma camada fina de manteiga sobre minha torrada, embora não tenha apetite. O som da faca sobre o pão crocante é melhor do que o silêncio.
– Eu não quis me intrometer entre você e Charlotte – digo, terminando o restinho do chá morno. – Eu sei o quanto ela quer voltar para casa.
Daisy parece amolecer, embora eu não tenha certeza se são minhas palavras ou a comida em seu estômago que a suaviza.
– Quero que ela volte para casa. Não vou fazer nada que ponha isso em risco. – quando olho para Daisy, ela está me observando com olhos lacrimejantes, e sinto os meus também começarem a arder. Odeio que nada nunca venha fácil para elas. Era para ser tão simples, Charlotte uer estar em casa e Daisy quer que ela volte. Mas depois há as drogas e um namorado idiota e tudo fica confuso.
Como diabos a vida pode ser tão complicada?
– Então me ajude – Daisy pede. – Me ajude a trazer meu bebê para casa.
– Como?
– Diga à Grace que agora estou melhor. Diga que sou uma mãe adequada. Só quero ela de volta. Ela odeia ficar lá no abrigo.
– Eu sei. – meus dedos flexionam-se instintivamente com a lembrança da mão temerosa de Charlotte segurando a minha. – Quero que ela saia de lá tanto quanto você. Mas você vai ter de convencê-los de que está sóbria e que vai continuar assim.
– Eu estou. – a resposta de Daisy é veemente. – Eu não arriscaria Charlotte por causa de um barato.
Tento não pensar em todas as ocasiões em que ela fez exatamente isso. As vezes em que Charlotte encontrou a mãe gelada no chão, ou as noites em que Daisy desaparecia por horas, deixando a menina de 8 anos sozinha no escuro. A história nos ensina que a vida segue um padrão, que as coisas se repetem de novo e de novo. No entanto, a natureza humana nos faz ter esperanças de que isso não é verdade. Que dessa vez vai ser diferente.
– Você precisa provar que Darren não vai voltar mais. – quase vacilo dizendo o nome dele, esperando que ela brigue comigo novamente.
– Bom, ele não me quer de volta – diz ela.
Percebo que ela não está negando que ainda tenha sentimentos por ele, ou que vá sair correndo se ele estalar os dedos. Ela está presumindo que ele não vai voltar. Pelo que sei de Darren, é uma suposição perigosa de se fazer. Tento engolir o gosto ácido do medo dentro da minha boca, o amargor ardendo na minha língua. Só consigo pensar em Charlotte e no quanto sua vida é difícil, mesmo que sua idade não tenha ainda atingido a casa da dezena. Quando me vejo prometendo à Daisy que vou ajudar, é na súplica da filha que estou pensando. Minhas promessas parecem fracas, mesmo para meus próprios ouvidos. Mas o rosto de Daisy se ilumina como se eu tivesse acabado de lhe oferecer o mundo.
O mal-estar no ar é só meu e, mesmo que eu tente enterrá-lo, ele ainda perdura.

o que acham que a Demi vai decidir da vida dela?
a Louise tem ajudado bastante ela nas terapias de amor hahaha.
será que a Charlotte irá voltar para Daisy? e o Darren será que volta?
me digam o que acharam nos comentários, ok?
espero que gostem do capítulo, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.

22/11/2017

begin again: capítulo 22


Nove anos antes

– Me deixe ver. – tento passar por baixo do braço esticado de Joseph para dar a volta em seu corpo, mas ele é rápido demais. Agarrando o ombro da minha camiseta, ele me impede de progredir.
– Espere. Não está terminado.
Mudo de rumo e acaricio o pescoço dele com meu rosto. Se rapidez não funcionar, talvez funcione a sedução.
– Por favor, por favor – sussurro em sua garganta. – Me deixe ver meu quadro.
Estamos fazendo isso há seis noites. A cada uma, ele vai ao meu quarto, nós fumamos um baseado ou tomamos um E. Depois transamos e fazemos uma viagem furtiva sob o luar até o prédio de artes. Ele pinta noite adentro, olhando para mim e depois para a tela, misturando cores freneticamente como se fossem desaparecer.
No começo, eu gostava de como ele me olhava, com os olhos estreitos, a boca ligeiramente aberta. Mas então ele começou a prestar mais atenção na tela do que em mim. Algumas vezes, eu até mesmo pegava no sono. Quando acordava, eu o via debruçado sobre a mesa, olhando diretamente para o meu corpo nu, e isso me causava arrepios na espinha. Percebi que ele estava me estudando com um pouco de atenção demais, como os alunos que não conseguiam se soltar. Por um momento, eu me sentia como um objeto.
– Você vai poder ver depois da semana de provas – ele murmura, segurando minha nuca. – Até lá vai estar pronto.
Semana de provas. As palavras são suficientes para acabar com o humor. Estudar, revisar, resolver provas para treinar. Todas as coisas que deixei de fazer nas últimas semanas. Meu rosto deve demonstrar decepção, porque no minuto seguinte ele está me segurando nos braços, me beijando com força e prometendo que vou poder ver em breve.
Correspondo ao beijo, mas, pela primeira vez, fico tímida e só consigo pensar que não vou conseguir passar. Vou ter de ir para casa e explicar à minha mãe e ao meu pai por que consegui acabar magistralmente com minha vida no espaço de algumas semanas.
A empolgação de ver a pintura já não é nem metade do que era antes.

desculpem, mais o capitulo ficou pequeno prometo recompensar vocês depois.
mas um pouco do que aconteceu a nove anos atrás.
me digam o que acharam nos comentários, ok?
espero que gostem do capítulo, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.

20/11/2017

begin again: capítulo 21


I'm in love with him

Passo a manhã de domingo mudando todas as minhas coisas do nosso quarto para o quarto de hóspedes, pensando que uma ruptura completa vai ser mais gentil, mais fácil. Um paliativo até que eu possa encontrar um lugar pelo qual possa pagar. À tarde, trago tudo de volta, pendurando roupas novamente e enchendo gavetas como antes. De alguma forma, consigo gastar o dia inteiro em uma mentira e quando recoloco o último item no armário, o sol já está baixo no horizonte, tingindo as ruas de rosa ao se pôr.
A indecisão conseguiu me distrair do meu celular, que está sobre o criado- mudo num silêncio zangado. Além disso, digo a mim mesma, tive o equivalente a um treino de duas horas de academia, levando tudo isso de um lado para o outro. Eu poderia me contentar com uma sessão de treinamento cardiorrespiratório.
A noite se arrasta. Faço uma omelete, me sirvo uma taça de vinho e fico assistindo, sem enxergar realmente, ao Late Show, tentando me impedir de pensar. Mais tarde, tomo um banho e outra taça de vinho. Antes que me dê conta, metade da garrafa se foi.
No entanto, ainda me sinto enjoada. Apreensiva.
Embora com um dia de atraso, eu definitivamente ainda tenho tristezas para afogar. O que diabos eu estava pensando? Passei de uma mulher confusa fazendo terapia a uma adúltera. Porque é assim que vejo, independentemente de termos ou não transado. Nós nos beijamos e nos tocamos e eu queria mais. O calor entre minhas coxas quando ele devorou minha boca foi prova suficiente.
Às dez horas, subo na cama e puxo as cobertas sobre a cabeça, bloqueando os pensamentos, as memórias e minha decepção comigo mesma. Tudo o que realmente acontece é uma tela em branco para as memórias. Penso no que senti com os lábios de Joseph nos meus, o volume rígido da calça jeans quando ele se apertou contra mim.
Me beije na boca, Demi, por favor.
Quase posso ouvi-lo dizer as palavras. O desespero atado em sua voz está refletido dentro de mim. Esses últimos meses ficam se repetindo na minha mente. A frieza de Simon, minha ansiedade. A forma como Joseph estava presente para me dar apoio.
Por favor, não o faça sofrer tudo de novo.
Será que sequer vale a pena salvar meu casamento com Simon? É como se a paixão que senti ontem à noite tivesse despertado algo em mim. Algo que pensei poder viver sem.
Agora não sei mais.

***

Acordo com braços quentes em volta do meu corpo e com um rosto aninhado na parte de trás do meu pescoço. Por um breve momento, acho que é Joseph. Então estendo os braços e sinto cabelos macios, sedosos, mais finos do que os dele, mas mais curtos no pescoço. Recuo, perguntando por que estou reagindo tão violentamente ao abraço do meu marido.
Porque não é ele, me diz uma vozinha na minha cabeça.
– Acordei você? – a voz de Simon é suave. – Me desculpe, querida. – uísque exala de seu hálito.
– Que horas são? – estou desorientada, não só de acordar, mas por causa da maneira como ele está me abraçando. Nós mal nos falamos por semanas, muito menos nos tocarmos. Parece errado.
– Acabou de dar meia-noite. – ele ainda está aninhado. Seus lábios deslizam pelo meu pescoço quando ele fala. – Voltei há mais ou menos uma hora, o trânsito estava bem leve. – outro beijo, desta vez me pressionado a coluna. – Senti sua falta.
É difícil não estremecer. Devo fingir que voltei a dormir? Seria crível? Eu não estava pronta para esse súbito ataque, de afeto. Estava esperando a frieza habitual. Até mesmo tinha esperanças dela. Com a frieza eu poderia ter lidado.
Sua mão sobe, entra embaixo da minha regata, numa paródia grotesca das carícias de Joseph. Mordo o lábio e tento não chorar. Quando ele alcança meus seios, me sinto tremer, porém, ainda assim, não digo nada. Talvez essa seja a penitência, uma maneira de pagar por todas as minhas transgressões.
Simon deve sentir minha coluna endurecer, pois pressiona o rosto no meu cabelo, murmurando baixinho:
– Me desculpe por ser um imbecil. Sei que esses últimos meses não foram fáceis, mas vou tentar mais. Podemos fazer uma consulta com aquela terapeuta de quem você andou falando. – ele apalpa meus seios. – Deus, senti falta disso. Senti sua falta.
– Não podemos ir à terapeuta. Ela não vai trabalhar com a gente enquanto casal.
Sua mão direita desliza para baixo, roçando minha barriga, pressionando entre minhas coxas. Viro a cabeça no travesseiro, tentando esconder a repulsa. Isso era o que eu queria, não era? Que ele falasse comigo novamente, que pudéssemos trabalhar em nosso casamento. Eu deveria estar me virando e me lançando nos braços dele, enchendo seu rosto de beijos, como fiz com Joseph, ontem à noite.
Joseph. É errado até pensar nele enquanto meu marido enfia a mão dentro do cós do meu short. Traça um dedo pela minha coxa e preciso de um grande esforço para não pressioná-las uma na outra.
– Você está bem?
Respiro fundo.
– Só estou cansada.
– Pobrezinha. – Simon puxa a mão para fora do meu short e passa por cima da minha cintura para me virar. Fico de frente para ele, olhando em seus olhos cor de chocolate. Ele afasta uma mecha de cabelo do meu rosto, e sua ternura me faz querer chorar. Quando aperta o nariz contra o meu, tenho que fechar os olhos para bloquear tudo.
– Me beije – ele sussurra.
Fico paralisada. Ouvir as palavras de Joseph saírem da boca de Simon parece ser algum tipo de piada cruel.
– Eu não posso.
Não posso beijar Joseph porque sou casada com Simon. Não posso beijar Simon porque eu estou apaixonada por Joseph. Paixão, não amor. Isso é o que é.
Simon me solta, rolando de costas, derrotado. Arremessando um braço sobre o rosto, ele respira fundo.
– Está bem – diz lentamente. – Eu entendo. Precisamos ir com calma. Mas passar esse fim de semana fora me deu muito tempo para pensar e odeio a forma como andei tratando você. Vou recompensá-la por isso, prometo. – ele pega minha mão na sua, entrelaça os dedos. E, embora eu volte a cair no sono, não descanso nem me sinto revigorada.

***

– Você está atrasada. – Selena levanta os olhos de cima de seu almoço: um sanduíche de presunto embrulhado em papel alumínio e metade de uma xícara de café morno. Suspeito que o último tenha ficado zanzando ali pela maior parte da manhã, pois manchas marrons pegajosas estão secas nas bordas da caneca. Ela enfia o resto do sanduíche na boca, mas ainda consegue falar. – Era para você estar aqui ao meio-dia.
– Só estou alguns minutos atrasada. – afasto-me da chuva de migalhas que voam para fora de sua boca. – E, aliás, você está nojenta.
– Apenas sem tempo. – ela amassa o papel alumínio numa bolinha e joga na lixeira. – Tenho um paciente à uma hora e, pela sua cara, vamos precisar de mais de 55 minutos para resolver todos os seus problemas.
– Não há tempo suficiente no mundo para isso – murmuro, então desabo de modo dramático na poltrona de couro ao lado da mesa dela. – Você não deveria me aconselhar sem uma mesa entre nós?
– Pare de pegar no meu pé. – ela toma um gole do café e, em seguida, faz uma careta. – E, de qualquer maneira, isso não é uma sessão de aconselhamento. É almoço. É quando você começa a me fazer sentir melhor comigo mesma, me falando como sua vida rica e privilegiada é uma porcaria.
Dou risada, não consigo evitar. Ela tem esse dom de ver o que há de ridículo em tudo.
– Se você mencionar os problemas do primeiro mundo, vou lhe dar um tabefe – alerto.
– Ei, eu ganho a vida com os problemas do primeiro mundo, nunca os desrespeitei. – ela se inclina para frente, apoiando os cotovelos sobre a mesa e juntando as mãos. – Então, me conte tudo sobre ele. Espero que haja detalhes sexuais sórdidos envolvidos. Senti falta disso desde que cheguei aqui.
– Detalhes sórdidos também incluem se recusar a transar com o marido?
– Não, isso é o que gostamos de chamar de casamento.
– Certo, ótimo, você resolveu todos os meus problemas. – sorrio alegremente.
– Agora vamos trabalhar pela paz mundial.
– Então o rei gelo descongelou? – ela ignora minha brincadeira.
 – Ele chegou em casa no domingo, tomou umas bebidas e depois tentou vir para cima de mim. Acho que você poderia chamar de um degelo.
– Ele mencionou o tratamento de silêncio?
– Não, só tentou me beijar. E eu beijei Joseph na noite anterior – deixo escapar, totalmente espontânea.
Selena ficou pasma.
– O quê? – ela se aproxima de mim, os olhos arregalados. – Você fez o quê?
– Eu o beijei, ou ele me beijou. – meu coração está acelerado. Não sei se é a memória ou a confissão. – Nós dois nos beijamos.
– Quando, onde? Ai, meu Deus, você contou ao Simon?
– Você está me julgando – sibilo. – Seu rosto já mudou todo e não era para ficar assim. Se esqueceu do seu treinamento?
– Não sou sua conselheira. Sou sua amiga e vou julgar, se eu quiser – ela retruca. – Mas, de qualquer forma, não estou julgando você. Estou surpresa, talvez chocada, mas não estou julgando. – ela se arruma no assento. – Ele veio jantar com a gente ontem à noite e não mencionou nada.
– Ele foi jantar na sua casa? – pergunto. – Sem mim? – é difícil não me sentir ofendida. É como se meus dois melhores amigos tivessem passado o dia fora e tivessem se esquecido de me convidar.
– Desculpe, não recebi o memorando de que vocês dois tivessem trocado uns amassos e que agora deveriam ser tratados como um casal inseparável. É isso que vocês são agora?
Nego com a cabeça.
– Corri para fora do apartamento dele e não nos falamos desde então. – me sinto corar com a lembrança e enterro o rosto nas mãos. – O que vou fazer?
Ela vai afastando dedo por dedo meu, até que eu esteja olhando para ela. Não aponto que ela saiu de trás da mesa e que agora não restam barreiras entre a gente. Não era a hora.
– Como você se sente sobre ele?
– Qual ele?
– Joseph. A última coisa que ouvi era que ele era apenas uma relíquia irritante do seu passado. Alguém que você preferiria esquecer. Como isso tudo mudou?
– Nos tornamos amigos – sussurro. – Ele me esperou do lado de fora da delegacia, depois da prisão de Cameron, e me levou para tomarmos alguma coisa. E depois me convidou para jantar com ele e a mãe dele...
– A mãe?– ela explode. – Você jantou com a mãe dele? Cristo, isso é sério.
– Cale a boca! Nós éramos só amigos naquele dia. Ainda somos, eu acho, embora eu não o veja desde sábado à noite. – enrugo a testa. – Talvez a gente não seja mais.
O pensamento me deprime. Porque eu gosto de Joseph. Realmente gosto dele. Como pessoa, e não apenas como um cara atraente que faz meu pulso acelerar.
– Então, como você passou de um jantar com a mãe dele para um sanduíche de língua? Você não fez isso na frente dela, não é? Porque seria extremamente constrangedor.
– Não. Ele me convidou para ir lá no sábado à noite.
– Duas noites seguidas – ela interrompe.
– E?
– Estou só dizendo. Ele convida você para conhecer a mãe numa noite. Na seguinte convida você para uns amassos. Não acha que foi tudo um pouco... demais?
– Não – lamento. – Eu não acho nada. Esse é o problema. Eu deveria ter pensado, então talvez eu não estivesse nessa confusão.
– Fofa, isso não tem que ser uma confusão, não, a menos que você deixe ser. Só precisa decidir o que você quer fazer. Se é Simon ou Joseph que você quer.
Ela faz isso parecer muito fácil. Mas as coisas que parecem simples na superfície, por baixo, acabam sendo as mais complicadas. No fim das contas, não sei o que diabos eu quero. A falta de segurança está me deixando enjoada.

***

Na quinta-feira à tarde, estou vibrando ao redor da sala de aula como uma borboleta demente, pegando coisas, colocando-as no lugar errado e surtando, em geral. Um olhar no relógio me diz que acabou de dar duas horas. Só mais meia hora até eu ver Joseph novamente. Pela primeira vez desde sábado. Não estou pronta para isso. Não cheguei a nenhuma solução, nenhuma decisão foi tomada de repente. Como poderia, quando eu nem sequer entendo sobre o que estou decidindo?
Estou olhando fixamente para o armário de materiais, quando ouço a porta da sala de aula ser aberta. O rangido prolongado me faz virar a cabeça com antecipação nervosa. Mas a pessoa em pé na porta não é Joseph. Em vez disso, Selena entra, com o celular na mão. Ela fica olhando para a tela por um instante antes de olhar para mim.
– Hum, acabei de receber uma mensagem de texto do Joseph. Ele não vem hoje.
– O quê? – meu estômago afunda. De repente, estou desesperada para vê-lo.
– Pelo que ele disse, teve uma emergência. – ela arregala os olhos para a última palavra. – Aparentemente, envia suas desculpas.
Aparentemente. Que diabos isso significa? Dou de ombros, tentando ignorar a sensação de esmagamento no meu peito que se parece demais com decepção.
– Legal da parte dele pelo menos me avisar – resmungo. Tenho cerca de uma hora para pensar em alguma maneira de entreter um grupo de crianças desordeiras. E não gosto das probabilidades.
– Talvez ele esteja doente – diz Selena. – Talvez uma onda súbita de náusea tenha acabado de engoli-lo e o deixando acorrentado a uma prisão de porcelana.
– Ele provavelmente vai ficar doente se me vir, isso sim.
– Isso tudo poderia ser apenas uma coincidência. – ela não parece convencida.
– Não significa que ele está evitando você.
– Se ele não está me evitando, por que mandou mensagem para você? Ele tem meu número, poderia ter usado.
Eu deveria estar aliviada. O momento que estive temendo durante toda a semana foi subitamente adiado. É como ir fazer uma prova importante e descobrir que o professor faltou porque está doente, mas não deixou a folha de perguntas em lugar nenhum.
Mas não estou aliviada. Parece irônico que Simon, de repente, comece a falar comigo ao mesmo tempo que Joseph decidiu me ignorar. E errado que eu esteja desesperada para que fosse o contrário. O que isso diz sobre o meu casamento? Quando eu iria preferir conversar com o homem do meu passado em vez de
meu marido?
Ainda estou digerindo isso tudo quando chegam as crianças. Charlotte é a primeira: olhos brilhantes e bochechas rosadas de entusiasmo, porque teve permissão para visitar a mãe no sábado. Os outros seguem logo atrás. Cameron Gibbs é o último a entrar. Ergue o boné Snapback e me faz um aceno de cabeça.
– E aí?
– É bom ver você, Cameron. – tento manter a voz uniforme, deixando-a sem qualquer coisa que ele possa interpretar mal. Considero meus esforços bem- sucedidos quando ele apenas dá de ombros e caminha para o fundo da sala. Uma das poucas coisas sábias que meu pai me ensinou, quando eu era jovem o suficiente para ele se interessar, foi comemorar as pequenas vitórias. Então, por dentro eu fiz uma festinha.
No final, eles todos decidem fazer cartões de melhoras para Joseph. Não posso deixar de achar engraçado. O que eu não daria para ser uma mosca na parede quando ele receber quinze cartões feitos à mão para uma doença que ele nem tem. Definitivamente vou fazer esses cartões chegarem até ele. Não apenas porque estou me sentindo passivo-agressiva no momento, embora meu estado de nervos seja motivo suficiente. A razão verdadeira é que eu quero que ele volte. Sinto falta dele. Quero vê-lo.
Estou começando a perceber o que realmente quero.

vocês viram o AMAs? amei as performances da demi e da Selena.
agora sobre o capítulo, será que o Joseph está evitando a Demi? 
logo ela irá conversar bem sério com o Simon e não vai ser nada bom. 
me digam o que acharam nos comentários, ok?
espero que gostem do capítulo, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.

15/11/2017

begin again: capítulo 20


Invite me to kiss you

Não existe nada mais movimentado do que a Bryant Park numa tarde ensolarada de sábado. Preenchida com uma mistura de turistas e pombos, a praça de concreto parece vibrar com entusiasmo. Charlotte puxa ansiosamente minha mão, quase correndo em direção a um carrossel.
– Podemos subir nele, podemos, podemos? – ela canta, as bochechas corando com a expectativa, conforme nos aproximamos. 
– Eu lhe dou um impulso. – agacho e junto os dedos para fazer pezinho. Ela apoia o pé esquerdo nas minhas mãos e estende os braços quando me levanto e a coloco em cima do cavalo branco. Minhas tentativas de subir são completamente desajeitadas. Depois de três tentativas de me içar para cima, um turista de meia- idade tem pena e me dá a mão, e assim eu finalmente chego à base do cavalo.
Charlotte já montou. Faz um aceno para mim e dá um tapinha no espaço em frente a seu corpo. Nos sentamos juntas, com vista para Nova York.
– Este é Aslan – ela me diz. – Eu sou Lucy, você é Susan e vamos enfrentar a Feiticeira Branca.
Também acaricio o metal.
– Que cavalo bonzinho.
– Lucy foi enviada para longe da mãe dela – diz Charlotte. – Por que será?
– Era tempo de guerra. A região foi evacuada.
– O que é isso?
– Havia bombas chovendo por toda Nova York, não era seguro para as crianças.
Elas foram enviadas para o campo para viverem com estranhos.
– Em abrigos? – sua testa se enruga e puxa para baixo.
– Não lares como o seu. Mas tinham de viver com famílias que elas não conheciam.
O entendimento suaviza a careta.
– Como pais adotivos, você quer dizer?
– Mais ou menos isso, acho. Só que algumas famílias não as queriam de jeito nenhum, e para algumas das crianças foi horrível. 
Tornou-se algo frequente nosso passeio de fim de semana. Primeiro, estávamos restritas à região dela, a parques arborizados e McLanche Feliz, mas nas últimas duas semanas, abrimos mais as asas. Um passeio de ônibus ou de metrô, seguido de uma visita a um museu ou galeria.
Ela é uma menina muito engraçada e sagaz.
– Vamos descer e comer nossos sanduíches? – pergunto. Apesar do dia ensolarado, o metal pintado do cavalo é frio. A sensação atravessa meu jeans e faz minhas pernas tremerem. Viro-me para olhar para Charlotte e ela está sorrindo de felicidade. A brisa suave levanta as pontas de seu cabelo. As mechas parecem dançar.
– O que você comprou para mim?
– Eu não comprei, eu fiz. – bato levemente na sacola de lona que está pendurada no meu ombro. – Pasta de fígado ou língua de vaca? Pode escolher.
Ela põe a língua para fora e fica fingindo que vai vomitar até eu ficar com pena.
– Está bem, está bem. Presunto e queijo imaginei que fosse seguro.
– Ainda prefiro McLanche Feliz.
Mais tarde, quando eu a levo de volta para o abrigo, sua mãozinha aperta a minha e suas unhas cravam na minha palma. Uma tensão emana dela. Está na rigidez de sua postura e em sua boca curvada para baixo.
– Você está bem? – sussurro, enquanto andamos pelo caminho.
Seu lábio inferior começa a tremer, mas ela tenta não dar importância.
– Estou bem.
– Não tem problema você ficar triste. Eu também estou. Mas vou ver você na clínica na segunda-feira, e vamos poder passear de novo no sábado que vem. – tento encontrar as palavras certas. As palavras mágicas que vão secar os olhos molhados e trazer um sorriso aos lábios dela. Meu fracasso é sofrível. Seu rostinho se enruga de um jeito que só as crianças conseguem fazer. As lágrimas que brotam dos seus olhos transbordam, criam trilhas brilhantes por suas bochechas. Eu a puxo para perto, enterrando meu rosto em seu cabelo.
– Eu odeio aqui, não quero voltar. Me leve para casa com você. Por favor. – a última palavra é engolida por seu gemido, e na minha mente já estou levando-a sorrateiramente por Nova York, escondendo-a em nossa casa e entrando em contato com um advogado para ganhar a custódia.
– Não posso. – minha voz está embargada. – Vou ligar para Grace na segunda- feira e descobrir quanto tempo você vai ficar aqui. – seu rosto é encoberto por uma sombra quando menciono sua assistente social, mas ela não diz nada. Seus ombros se curvam com resignação e nós apertamos a campainha da casa, à espera de que alguém atenda. Quando ela entra, seus pequenos tênis se arrastando pelo piso de ladrilhos, sinto uma parte do meu coração se partir.
De uma forma ou de outra, tenho de tirá-la de lá em definitivo.

***

Sábado à noite, fico olhando com indiferença para a geladeira, tentando descobrir o que fazer para o jantar. Não que eu esteja com fome, a memória do rosto de Charlotte atua como um supressor de apetite instantâneo. Estou prestes a desistir completamente de comida e tomar um banho, quando meu telefone vibra. Pego-o e leio a mensagem de uma palavra só.
Oi.
Não é a palavra que traz um sorriso aos lábios, mas a pessoa que a enviou.
Respondo imediatamente.
Oi para você.
Eu nunca disse que era uma pessoa original, mas não sei mais o que dizer para Joseph. Até mesmo meus dedos ficam sem fala quando ele está por perto.
Como foi seu dia?
Hesito em responder. Será que eu digo que foi uma merda ver Charlotte chorar e implorar que eu a levasse embora? Ainda temos esse tipo de amizade? Não tenho certeza, mas na ausência de Selena, sinto a necessidade de desabafar com alguém.
Bem chato. Vou afogar minhas mágoas em um tonel de Pinot.
Parece tentador. Por que não afogamos juntos?
Meu coração palpita em resposta. O pensamento de afogar com ele fazer qualquer coisa com ele, é muito tentador. Meu dedo paira sobre o teclado do telefone enquanto tento me convencer do “sim” que quero teclar.
Foi um dia longo.
Simon não iria gostar.
Por favor, não o faça sofrer tudo de novo.
A última desculpa quase me faz rir. Seja lá o que a mãe de Joseph viu ontem à noite, não era adoração. Pena, talvez, ou bondade. Acho que estamos nos tornando amigos, o que gosto muito. Mas não há nada além disso.
Pelo menos não da parte dele.
Ele se oferece para vir me buscar, mas insisto em pegar um táxi até o apartamento dele e comprar comida chinesa para viagem no caminho. Preciso desse tempo para me recompor. A ideia de vê-lo faz uma borboleta de dez toneladas dar cambalhotas no meu estômago. É como se eu tivesse 19 anos outra vez, rondando o pessoal popular, esperando que me notassem. Mesmo que esteja mais velha e mais sábia, meu corpo parece estar ignorando o fato. Ele está me deixando louca.
Quando o táxi para na porta do apartamento de Joseph, puxo o saco de papel com a comida e minha bolsa e entrego uma nota de vinte libras. O motorista não pestaneja, apenas embolsa o dinheiro e me agradece quando recuso o troco.
Pela segunda noite consecutiva, me vejo subindo os degraus até a porta da frente de Joseph e pressionando a campainha para entrar.
Fico quase chocada quando a porta se abre. Estava esperando um zumbido e um clique, não isso. Por “isso”, quero dizer Joseph descendo quatro lances de escadas para me receber, com um enorme sorriso no rosto, bochechas coradas sob a barba de um dia que me tira o fôlego.
Por que ele tem de ser tão lindo, droga?
Joseph se inclina para frente e aperta os lábios na minha bochecha, olhando para o canto da minha boca. Tenho de lutar contra o desejo de mover a cabeça um centímetro e sentir toda a força de seus lábios de encontro aos meus.
Quase me mata.
– Deixe que eu levo isso. – ele puxa o saco de papel pardo dos meus dedos rígidos e segura aberta a porta da frente. – Você parece ótima, por sinal. Gostei da sua camiseta.
– Esta coisa velha? – não me lembro onde foi que eu comprei. Poderia ser na liquidação de cinco libras de alguma loja, ou um presente de cem libras de Simon. Me livro do ímpeto de verificar a etiqueta.
– Fica bem em você. – seus olhos descem pelo meu rosto até meu peito, e minhas bochechas se incendeiam, tão vermelhas quanto as dele, mas por um motivo inteiramente diferente.
– Sua mãe ainda está aqui? – digo num guinchado.
– Eu a coloquei no trem para Massachusetts esta tarde. – ele não sofre de nada da minha falta de ar durante a subida até seu apartamento. Tento disfarçar a respiração ofegante vergonhosamente alta.
– O que tem em Massachusetts?
– Minha tia. Minha mãe se foi para aterrorizá-la por alguns dias enquanto eu ganho uma trégua. Ainda estou traumatizado depois que ela revelou todos os meus segredos para você na noite passada.
Meu filho era apaixonado por você, Demi.
Graças a Deus ele não sabe disso. Se soubesse, eu não estaria aqui agora. Não é verdade, eu me lembro. Ela estava vendo coisas que não existiam.
– Cale a boca, ela foi adorável. – dou um soco em seu bíceps e ele pega meu punho. Segura-o na mão por um instante, olhando para nossos dedos unidos. A intensidade em seus olhos faz meu coração fraquejar.
– Machuquei você? – sussurro.
Seus olhos se levantam e encontram os meus.
– Nunca.
Ele entra no apartamento e leva o saco de papel pardo para a cozinha. Eu sigoe o vejo descarregar as pequenas caixas de plástico. O vapor sobe quando ele tira as tampas.
– Devo servir ou você se serve sozinha?
Não tenho nem um pouco de fome.
– Eu me sirvo. – ele ainda está olhando para mim, é enervante. Minha mão treme quando estendo o braço para pegar uma colher. – Eu não sabia do que você gostava, então pensei em escolher os favoritos. A gente nunca erra com comida chinesa.
– Amenos que eu tenha alergia a trigo – observa ele.
Praticamente arrebato o pote de plástico de suas mãos.
– Você fica todo inchado? Tem remédio para choque anafilático? Devo chamar uma ambulância?
Ele pega o recipiente de volta e começa a rir.
– Eu não disse que tinha alergia a trigo. – ele começa a amontoar macarrão no prato. – Estava apenas mostrando uma hipótese.
Agora quero bater nele novamente.
– Você me assustou. Tive visões de precisar arrastar seu corpo sem vida para baixo por quatro lances de escadas, gritando por ajuda. Embora eu não tenha certeza de qual de nós iria precisar mais do hospital a essa altura.
Olho para cima e meu estômago se contrai de novo. Ele é lindo. Não apenas bonito, daquele jeito de ídolo da sessão da tarde de queixo quadrado. Seu rosto é menos efêmero do que isso. Seu nariz reto e proporcional, seus lábios cheios e aqueles olhos azuis brilhantes me lembram de retratos medievais de cavaleiros galantes.
– Ei, eu prometi um tonel de vinho. Uma taça serve para começar? É das grandes. Acho que cabe meia garrafa.
Joseph e vinho. Fico me perguntando se é uma boa combinação.
– Uma taça serve. Esqueci de trazer meu traje de banho, de qualquer maneira. – quando ele parece confuso, eu adiciono: – Para nadar no tonel.
– Não, você disse afogar. Não precisa de traje de banho para se afogar. – ele me passa uma taça cheia. – Dá para fazer isso pelada.
Oh.
Tomo um gole grande, em busca de salvação no fundo do copo. Mas mesmo uma golada de Pinot não é suficiente para afastar meus demônios, porque eu não deveria estar aqui. Não é o mesmo que dar uma passada na casa de Selena e Nicholas para jantar e fofocar.
Nem de perto.
Por um lado, eu não fiz sexo com Selena nem com Nicholas. Não há lembranças de noites sensuais, de pele contra pele, de escorregar e deslizar para o nada. Embora eu os ame, eles não me fazem sentir como Joseph. Desnuda, exposta.
– Você quer comer aqui ou no sofá? – pergunto. Sai como uma só palavra enrolada. Os lábios dele se contorcem diante do meu constrangimento, o que só aumenta quando ele se aproxima e toca meu rosto de leve. É tão quente que imagino que seus dedos vão ficar gravados na minha pele, mesmo depois que ele se afasta.
Mas eu não quero que ele se afaste.
Um arrepio serpenteia pela minha espinha ao mesmo tempo que minha respiração fica presa na garganta.
– Não olhe para mim assim. – sua voz é baixa. Um aviso.
– Assim como?
– Você sabe do que estou falando, Demi. – ele se aproxima, de forma que meu quadril esquerdo pressiona a ilha da cozinha e o lado direito fique pressionando Joseph. Tenho que olhar para cima para encontrar seus olhos. Quando faço isso, me perco neles. Não é em vinho que desejo me afogar, é em Joseph.
– Foi você quem me tocou. – coloco a mão sobre a dele, sentindo o calor de sua pele.
– Então me toque também.
Meus dedos tocam sua mandíbula, primeiro de maneira incerta. Sinto a aspereza de sua quase barba, a pele mais macia abaixo. Seus músculos ficam tensos quando roço o polegar ao longo de seus lábios.
– Assim?
– Assim. – sua voz sai abafada. Sinto-a vibrar na ponta do meu polegar um momento antes de seus lábios se fecharem em torno do meu dedo, puxando-o para dentro de sua boca macia e quente. Minhas pernas amolecem embaixo de mim. É um movimento tão íntimo que não há dúvidas sobre a intenção.
– Demi. – ele puxa minha mão de seu rosto e a segura firmemente na sua, inclinando-se ainda mais para perto, até que seu rosto esteja a um sopro de distância do meu. – Você é casada.
– Sim.
– E eu quero beijar você.
– Sim.
Ele faz uma pausa por um instante, seus olhos vasculham meu rosto como se todas as respostas estivessem nele.
– Você quer ser beijada?
Envolvo a palma da mão em seu pescoço, deixando meus dedos em seus cabelos. Pressiono os lábios no canto de sua boca e sinto um suspiro de ar quente na minha bochecha. Com o coração batendo forte, beijo seu queixo, sua bochecha, a pele macia abaixo de sua orelha. As mãos dele me envolvem pela cintura, seus dedos cravam na minha pele como se ele estivesse se esforçando para se segurar.
– Me beije. – suas palavras são uma súplica. Continuo minha rota, arrastando os lábios em seu pescoço, apoiando-os em sua clavícula. – Na boca, Demi, por favor.
Quase consigo sentir o gosto de seu desespero quando subo de novo. É tão carente quanto o meu. Balanço os quadris para ele, e Joseph está tão envolvido quanto eu. Posso sentir o contorno duro através do jeans. Meu coração dispara quando coloco os lábios de volta no canto de sua boca, porque parece que estou em um precipício. Eu poderia me virar e ir embora agora mesmo e, de alguma forma, resgatar algum tipo de sentido de toda essa situação.
Mas não faço isso. Eu não poderia ir embora nem mesmo se tentasse. Estou tão cheia dele que dói. Posso senti-lo, sentir o cheiro suave de sabonete emanando de sua pele, e ouvir sua respiração áspera, enquanto ele tenta conseguir alguma medida de controle. Está tomando conta de mim e quero demais aquilo tudo.
– Joseph?
– Sim?
– Me beije.
Ele leva menos de um segundo para capturar meus lábios, puxando minha cabeça para ele até que estejamos grudados um no outro. Solto um gemido baixinho assim que ele desliza a língua de encontro à minha e provoca um calor pelo meu corpo. Joseph alterna entre beijar com força e beijar delicadamente, leves pinceladas seguidas por mordidas ásperas. Acompanho seu ímpeto, enredando os dedos por seu cabelo, arfando em sua boca quando ele se esfrega em mim.
Cada pensamento é suplantado pela necessidade ardente que ele cria em mim, o desespero de tocar, de provar, de sentir. Nós nos beijamos tão forte que mal paramos para respirar, preferindo asfixia à separação, movendo os lábios como se fôssemos um.
Suas mãos entram por baixo da minha camiseta, e sinto as palmas quentes nas minhas costas. A sensação de pele contra pele faz meu coração saltitar. Ele desliza os dedos sob o sutiã e abre a mão espalmada entre minhas escápulas.
– Eu queria fazer isso desde que a vi pela primeira vez. – ele se afasta por tempo suficiente para respirar. Depois esfrega o rosto levemente no meu pescoço, e morde a pele de leve. – Cristo, seu gosto é tão bom quanto me lembro.
Embora ele não tenha essa intenção, as palavras são como um balde de água gelada no meu rosto. Eu me afasto, o elástico do sutiã bate nas minhas costas quando as mãos dele saem de onde estavam. Toco meus lábios. Parecem inchados, necessitados.
– Não podemos fazer isso. – ainda estou sem fôlego e meus sentidos estão alertas. – Não posso fazer isso. Sou casada, isso é errado. – eu deveria ter pensado antes de pressionar meus lábios contra os dele, eu sei. Não há dúvida de que meu juízo de valor está fora do prumo. – Eu tenho que ir.
Joseph recua e passa a mão pelo cabelo preto e grosso, tentando desfazer o dano que meus dedos fizeram momentos antes.
– Mas e o jantar? – ele faz um gesto para nossos pratos, para a comida que está esfriando e endurecendo em uma pilha reforçada pelo glutamato do shoy u.
– Não estou com fome – digo. – Me desculpe, Joseph, eu não deveria ter feito isso. – lágrimas brotam dos meus olhos. Auto versão substitui a carência de antes, e pego o casaco e a bolsa às pressas.
– Espere. – ele tenta pegar meu braço, mas me afasto. Um toque e estou perdida. Sua presença substitui qualquer autocontrole que eu possa juntar. – Eu levo você para casa.
– Está tudo bem, eu pego um táxi. Afinal, você estava bebendo. – aponto para a taça. Está quase cheia, esquecida no calor do desejo. – Obrigada pela bebida, e, hum, fique à vontade para terminar de comer.
Praticamente saio correndo porta afora, tomando providências às pressas, embora saiba que ele poderia me alcançar facilmente se quisesse. Ele não o faz, mas ainda assim eu corro, como se pudesse deixar tudo para trás. A vergonha, o constrangimento, meu péssimo juízo da situação. Mas aquilo de que mais quero escapar ainda está comigo.
Não dá para fugir de mim mesma.

esse Charlotte é uma fofa né?
finalmente rolou o beijo dos dois, o que acharam? essa pegação foi ótima.
me digam o que acharam nos comentários, ok?
espero que gostem do capítulo, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.

13/11/2017

begin again: capítulo 19


Nove anos antes

O campus está escuro e quase deserto. As pessoas ou estão em casa, ou nos salões, ou aconchegados em um dos muitos bares espalhados ao redor da universidade. Passamos por um ou outro praticando corrida e por alguns grupos de estudantes voltando para casa depois do pub, mas, na maior parte do tempo, somos só nós dois.
Paramos o tempo todo para nos beijar e nos tocar, o que transforma uma caminhada de dez minutos até o prédio de Artes em vinte. Minha cabeça ainda está zumbindo, mas o êxtase que dividimos antes de sairmos do meu quarto está levando para longe o pior da ressaca, me cobrindo com uma sensação de doce euforia. Sempre que ele toca meu peito me dá vontade de rir.
Quando enfim chegamos ao edifício, é fácil demais conseguirmos entrar. Ele força uma janela com uma haste de metal e a levanta para entrarmos. Meu pé toca no chão da sala de aula, e meu coração dispara, batendo no peito como se estivesse tentando escapar. De repente, a letra de “Bat out of hell” começa a sair da minha boca. Joseph abafa o som com a palma da mão, me silenciando, enquanto me conduz para os ateliês.
– Mas é Meat Loaf – tento dizer. – Você sabia que ele mudou de nome legalmente? Imagine ter de assinar os cheques como sr. Loaf. Bolo de Carne? Ele deve receber olhares esquisitos quando faz a compra da semana.
– Você não estava tão tagarela uma hora atrás.
Também não tinha tomado ecstasy uma hora atrás. Agora quero contar tudo a ele. Há tanta coisa na minha cabeça que está se coçando para sair que mal sei por onde começar.
Desta vez, ele abafa minhas palavras com a boca. Beijos duros, ásperos, fazem meu pulso disparar. Ele me segura pela nuca com uma das mãos e pressiona a outra contra a minha bunda. Sua língua é macia, porém quase gentil em comparação ao resto do corpo. Deixei-o envolvê-la na minha.
– Você precisa ficar quieta enquanto eu pinto seu retrato, ok? – diz ele, depois de eu me desvencilhar para tomar um pouco de ar. Suas palavras são pontuadas por um leve ofegar.
– Não sei se consigo.
– Pelo menos tente ficar parada. Não posso fazer o primeiro esboço se você continuar se mexendo e falando. – ele me beija de novo, e desta vez sinto seu membro duro pressionar meu quadril. – A gente nunca deveria ter tomado aquele maldito. 
– Mas é gostoso.
Joseph me empurra contra uma mesa e ela bambeia precariamente em direção ao piso de ladrilhos. Há uma pancada quando uma pilha de livros cai no chão. Ele ri e me empurra de novo, desta vez até que eu esteja sentada na beirada, minhas pernas em volta de seus quadris. Ele se esfrega em mim, me beijando febrilmente até cairmos de costas no tampo da mesa de madeira arranhada.
– Achei que você ia pintar meu retrato – digo.
Ele puxa minha camiseta por cima da cabeça.
– Mais tarde.


um pouco mais do passado, vocês gostam dessas capítulos mostrando o passado dos dois?
o que eu posso dizer é que o próximo capítulo promete, estão preparados? hahahaha
me digam o que acham nos comentários, ok?
espero que gostem do capítulo, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.