22/01/2018

begin again: capítulo 37


I'll never leave you

Passei a semana seguinte tentando não ser uma perseguidora, apesar da minha vontade de ir até Whitegate Estate e abordar todos os caras musculosos, com cara de fuinha que eu pudesse encontrar. Em vez disso, passo a noite no apartamento de Joseph. Jantamos juntos, assistimos a qualquer coisa que esteja passando na TV, e, em seguida, de alguma forma, acabamos emaranhados nos braços um do outro, nos perdendo em beijos, enquanto nosso programa é esquecido.
Na quarta-feira à noite, nós nos beijamos e damos amasso por tanto tempo que, de repente, sinto Joseph parar em cima de mim, coluna arqueada e boca apertada, enquanto faz sujeira na calça jeans. Rio tanto, que fico com a barriga doendo. Ele jura vingança, porque não o deixo esquecer.
Seu plano para me fazer revanche chega na sexta-feira à noite, na cama, enquanto estou montada em sua cintura, e nossos beijos fortes e rápidos. Ele move os lábios para baixo, arrastando-os suavemente sobre meu pescoço, e pressiona a perna em mim. Sua coxa musculosa cria atrito de uma forma incrivelmente sexy. Quando começo a gemer, ele me vira e me segura em seus braços. Eu tremo e ofego e minhas entranhas se transformam em líquido. Ele me beija com força e posso senti-lo sorrir com a boca encostada em mim, satisfeito com a vitória.
Voltamos a ser adolescentes, e eu amo cada momento. Nossas noites são a única coisa que me motivam durante o dia. Quando vejo a mesa vazia de Charlotte, onde ela deveria estar na aula de Arte, preciso me esforçar muito para não deixar o resto das crianças me verem chorar.
No sábado, me torno uma tamanha pilha de sentimentos, tanto bons como ruins que Joseph me arrasta para seu estúdio e me diz para sentar perto da janela, que tem vista linda. Ele esboça meu perfil enquanto tento não pensar muito. Olhando para as águas cinzentas agitadas, acompanho o progresso de uma flotilha de barcos navegando contra a corrente. Botes menores seguem no rastro dos cruzeiros de lazer. Pergunto-me se eles se sentem tão perdidos quanto eu, incapazes de fazer qualquer coisa além de esperar que as ondas parem de quebrar.
– Em que você está pensando? – Joseph pergunta suavemente. Quando viro a cabeça, ele está olhando para mim por cima do bloco de desenho. Tenho uma sensação de déjà-vu tão forte que meu peito dói. A qualquer momento Digby poderia entrar por aquela porta e dizer para nos apressarmos.
– Eu estava olhando os barcos. Você tem uma vista fantástica.
– Eu sei.
Do jeito que ele sorri, sei que não está falando sobre o rio. Ele tem esse jeito de olhar para mim, com a cabeça inclinada para o lado, o canto da boca curvada. É uma expressão de intenções que acende um fogo dentro de mim.
Cruzo os pés e tento não me contorcer, mas meu corpo tem outras ideias. Meu desconforto se agrava quando ele coloca o bloco de desenho sobre a mesa e caminha. Colocando as mãos sobre meus quadris, ele me gira, até estar parado bem entre as minhas coxas. Quando ele se inclina para baixo, seus olhos são brilhantes e ferozes, como se pudessem ler cada pensamento sujo que está passando na minha cabeça.
– Você tem um quê com barcos?
– Como? Não! – tento rir, mas ele está muito próximo e o impulso morre na minha garganta. Em vez disso, tento respirar.
– Então por que você está me olhando assim? – ele passa um dedo pelo meu braço nu e eu estremeço.
– Assim como?
– Como se me quisesse dentro de você tanto quanto eu quero.
Meu Deus.
Suas palavras são suficientes para afastar todos os pensamentos da minha mente, como se só houvesse espaço suficiente para ele. Quando Joseph se aproxima para pressionar a boca na minha, fecho os olhos e me derreto no corpo dele, agarrando a parte de trás de sua camisa como se ele fosse o único que pudesse me salvar. Beijo-o ativamente, nossos lábios se movem devagar, nossas línguas deslizam uma na outra como se não houvesse outra escolha.
Mas há uma escolha e eu a fiz. Eu o escolhi.
Ele passa os lábios no meu pescoço e coloco as pernas ao redor de sua cintura, enfiando os dedos pelos seus cabelos. Suas mãos me pegam por baixo, seus dedos cravam na minha bunda e me puxam para mais perto dele. Nossos corpos se movimentam juntos em um ritmo que parece mais natural do que a respiração. Arqueio as costas e agarro porções de sua camisa, desesperada para senti-lo perto.
Quando desço da janela, ele parece tão surpreso quanto eu. Ainda mais quando caio de joelhos e passo o dedo pela frente de sua calça jeans. Ele para de respirar. Quando o observo de onde estou, no chão, vejo seus olhos refletirem a luz solar quando ele olha para mim. Suas faces estão coradas, seus lábios entreabertos. Tento esconder o sorriso motivado por seu choque óbvio. Sem pressa, solto o cinto, abro o botão, puxo lentamente o zíper. Nem por um instante perco o contato visual. Joseph está imóvel como uma estátua.
– Tem certeza? – sua voz é baixa e pastosa.
Sorrio e concordo com a cabeça, pois existe algo muito perfeito em sua preocupação. Joseph pode ser forte e determinado quando quer ser, mas aqui neste lugar, elevando-se acima de mim, ele não tem medo de ser vulnerável.  De se certificar de que está tudo bem. Ele me faz sentir segura e eu amo esse fato a respeito dele.
Deus, amo tudo a respeito dele. Meu peito está cheio dessa certeza. Não estou pronta para dizer isso ainda, mas está presente em cada olhar meu, em cada toque em sua pele. Está na maneira como curvo os dedos em volta dele e tento não sorrir quando sua respiração se torna ofegante, curta e grave. Quando finalmente o tomo na boca, a certeza está na forma como olho para ele. Sei que ele consegue sentir.
Ele corre suavemente os dedos pelo meu cabelo, me olhando com olhos febris, e eu sinto a retribuição.
– Demi. – sua voz é pouco mais que uma respiração.
Passo a língua, curvando-a na pontinha do membro, observo-o ficar de queixo caído, vejo sua cabeça pender para frente. Observo-o através dos meus cílios.
Ele também me olha. Embora seus olhos estejam semicerrados, ainda consigo ver o calor que há neles.
Também sinto o gosto. Ele endurece na minha boca, os quadris balançam para frente de modo involuntário. Quando a respiração começa a diminuir, eu o sugo mais fundo, sentindo a pele nos meus lábios. Em seguida, ele para de se mexer e sua respiração falha. Ele tenta sair, tenta se afastar. Mas não quero que ele vá.
Em vez disso, agarro suas coxas e sugo ainda mais fundo, deixando-o tomar conta de todos os meus sentidos. E quando ele goza, se derramando dentro da minha boca, sussurra meu nome outra vez.
Parece muito com amor.


***

Na semana seguinte, eu me encontro com Simon em um restaurante elegante. Chego cedo um sinal infalível do meu nervosismo e peço uma pequena gim-tônica. Beberico enquanto espero por ele, sentada à mesa. Mesmo em uma noite de quinta-feira, os restaurantes parecem estar lotados. O salão está cheio de casais elegantes e de empresários, conversas suaves e copos tinindo. Me sinto perdida entre a classe abastada, como uma criança vestida em seu melhor traje de domingo. O vestido preto justo que estou
usando parece desconfortável, restringindo meus movimentos, e fico puxando o decote para conseguir respirar.
Simon chega poucos minutos depois das 19h. Está com um visual “direto do escritório”. Camisa levemente amassada e as mangas arregaçadas. Pela maneira como seu cabelo fino cai bagunçado, não acho que ele tenha se olhado no espelho antes de sair. Ainda assim, logo que me vê sentada à mesa, sua expressão suaviza e um sorriso verdadeiro se forma em seus lábios.
– Você está linda. – ele pressiona um beijo na minha bochecha. – Como você está?
– Estou bem. E você? – educada e comedida. É assim que os relacionamentos afetivos morrem. Uma palavra cuidadosa de cada vez.
– Vou levando. – ele faz uma pausa e minha culpa abre asas, vibrando na minha barriga. – Me acostumando com as coisas.
Felizmente, o garçom escolhe esse momento para nos interromper e trazer os cardápios. Simon pede uísque mais forte do que seus aperitivos normais e pega a carta de vinhos, perguntando-me se prefiro branco ou tinto. Depois de fazermos os pedidos, ele tira os óculos de leitura, e noto as olheiras quase como hematomas.
– Você parece cansado.
Ele esfrega o rosto.
– Não tenho dormido bem. Não é a mesma coisa sem você lá. Fico preocupado com você.
A ave da culpa que tinha feito ninho no meu estômago levanta voo.
– Estou bem, de verdade. O quarto é bom e meus colegas de apartamento parecem amigáveis o suficiente.
Não digo a ele que não estou passando muito tempo lá. Não sou cruel e há uma grande diferença entre honestidade e esfregar as coisas na cara das pessoas. Ainda assim, devo a verdade, uma grande razão para eu estar aqui esta noite. As coisas estão ficando sérias entre Joseph e eu, e não quero que Simon fique sabendo por nenhuma outra pessoa.
Quando o garçom traz o vinho, paramos de falar. Vejo Simon beber um gole do tinto, fazendo uma pausa para provar antes de aceitá-lo com um gesto de cabeça para o garçom. É dolorosamente familiar, como se fôssemos parte de uma peça que se repete noite após noite. O roteiro nos veria terminando de jantar e indo para casa, onde eu iria tirar a maquiagem e rastejar para a cama. Já Simon colocaria os óculos de leitura e pegaria o último livro do Lee Child. Em vez disso, estamos improvisando onde o roteiro exige ser seguido à risca. Não consigo evitar, mas acho que estou mais feliz com a nova situação do que ele.
– Como está a clínica? – sua pergunta me pega de surpresa. Além do mais, não sei como respondê-la. Será que digo que essas últimas semanas têm sido difíceis, que tenho chorado mais, assustada com o destino de uma garotinha que não me pertence?
– Bem. Especialmente agora que o evento beneficente acabou. – mostro um pequeno sorriso. – Pelo menos até eu precisar organizar o evento do ano que vem.
– Você fez um bom trabalho. Sempre faz.
O silêncio cai novamente, e fico me perguntando como as coisas se tornaram tão estranhas entre nós. Parte do problema sou eu. Estou escondendo alguma coisa e minha falta de franqueza está colorindo nossa conversa. Meu peito aperta quando chega o primeiro prato e percebo que preciso dizer algo rapidamente.
Mas olho para ele, o homem com quem me casei, o que me salvou quando pensei que ninguém poderia me salvar e parece cruel demais. Como se eu estivesse partindo seu coração outra vez.
Ele pousa a faca no prato, e olha diretamente para mim.
– Quando você vai voltar para casa?
– O quê? – minhas sobrancelhas se unem.
– Você passou a mensagem. Entendi. Eu te negligenciei, deveria ter te dado mais atenção. Não há necessidade de protelar, agora você já pode voltar para casa.
O vinho no meu estômago se transforma em ferro. Essa não é a primeira vez que ele me pede para voltar para ele. Mas cada vez que digo que acabou, parece que a ficha não cai. Ele ainda está falando comigo como se eu fosse uma criança. A filha pródiga, esperando para voltar.
– Simon... – não sou boa nisso. Quantas vezes dá para partir o coração de alguém? O meu parece estar rachado em dois.
– Você sabe que posso cuidar de você. Funcionamos melhor juntos quando estou no controle das decisões. Pare de lutar contra mim.
Ele está falando sobre a Demo que deixei para trás. Não a quero de volta. Não sei se algum dia eu a quis. Gosto de ser eu. A pessoa que pode tomar minhas próprias decisões. Não quero mais ser a esposinha.
Às vezes, temos de ser cruéis para sermos gentis.
– Estou saindo com alguém. – despejo no meu jeito atrapalhado de costume. – Queria te contar pessoalmente.
Assisto a suas emoções lhe encobrirem as feições. Confusão se transforma em choque.
– Saindo no sentido de “namorando”?
Confirmo com a cabeça.
– Ainda é cedo. Só pensei que você deveria saber.
Simon me olha em silêncio. Observo o chouriço e as vieiras esfriarem no meu prato. Qualquer apetite que eu tinha há muito foi roubado pelas minhas palavras.
– Eu o conheço? – ele pergunta.
Minhas mãos começam a tremer.
– Você já ouviu falar dele. É um artista. Joseph Jonas.
Seus olhos se estreitam, ele deixa a cabeça pender para frente.
– Aquele com quem você trabalha agora? – quando ele abre a boca para dizer mais, meu telefone toca, e me atrapalho na bolsa para encontrá-lo, envergonhada por estar submetendo todo o restaurante ao som de sinos tocando.
Estou prestes a desligá-lo quando vejo o identificador de chamada. Minha mão paralisa no ar, o choque leva embora qualquer ímpeto.
É Daisy MacArthur.
– Preciso atender isso. – olho para cima, mas Simon está fitando o prato. Talvez alguns minutos para que ele se recomponha sejam bons. – Volto já. – minha cadeira se arrasta pelo piso de madeira polida quando me levanto e então caminho até a porta da frente. Aperto o botão de atender e coloco o celular no ouvido assim que saio para o ar frio da noite.
– Daisy, está tudo bem? – no silêncio que se segue, fico imaginando se ela me
ligou por engano, ou se apenas está se preparando para me passar outro sermão.
– Daisy, você está aí?
Para começar, o som é tão baixo que mal consigo ouvir. Aperto mais o aparelho na orelha, tentando abafar a cacofonia do tráfego e as conversas que reverberam pela rua. Então fica mais alto, e percebo que ela está chorando. Os soluços e as pequenas inspirações entrecortadas gelam meus ossos.
– Daisy?
– Não consigo acordar ela.
Paro de respirar. Não é Daisy, mas a voz de Charlotte que estou ouvindo do outro lado da linha.
– Fico sacudindo, mas ela não abre os olhos.
– Charlotte? O que aconteceu? Há quanto tempo ela está dormindo?
– Não sei... eu estava na casa da Shona... a mãe dela fez janta pra... nós. Quando voltei... encontrei minha mãe... no chão... desse jeito. – entre o choro e os soluços, ela demora um pouco para conseguir pôr as palavras para fora. Meu estômago se aperta com medo.
– Ela está machucada? Tem algum hematoma? – claro, meu primeiro pensamento é Darren. Se ele bateu nela de novo e Charlotte viu...
– Ela vomitou e tem sangue no nariz. Você pode me ajudar a acordar ela? Por favor, me ajude.
Sinto que vou sufocar, mas preciso manter o controle.
– Estou indo aí. Nesse meio-tempo, preciso chamar uma ambulância, tá? – por favor, Deus, permita que ela esteja bem.
– Não desliga. Estou com medo. – ela começa a choramingar mais alto e isso parte meu coração. Como alguma criança pode passar por algo assim? Ver a mãe caída no chão? Isso vai contra toda a minha criação, tudo em que me ensinaram a acreditar. Não é a primeira vez para Charlotte, não mesmo, mas é o tipo de coisa que abala emocionalmente. – Por favor, não me deixe.
– Não vou te deixar. Nunca. – de repente, paro de dar importância para o restaurante elegante e para qualquer senso de decoro que ele possa exigir. Corro de volta para dentro e agarro o braço de Simon, exigindo que ele disque para a emergência. O salão fica em silêncio, todo mundo ouvindo nossa conversa e minha explicação ininteligível. Até mesmo os garçons param onde estão. Momentos mais tarde, tenho dois celulares na mão, e estou retransmitindo instruções para Charlotte enquanto ela ouve e chora.
Simon joga um maço de notas na mesa e me leva para fora. Acena para um táxi com uma das mãos e me segura com a outra. Quando o táxi preto estaciona, ele me abre a porta e, com cuidado, me ajuda a entrar. Sua expressão é uma mistura de horror e preocupação. Ele não diz nada no caminho, apenas estende a mão para enxugar as lágrimas que estão escorrendo pelo meu rosto enquanto continuo a falar com Charlotte, dizendo-lhe que não vai demorar muito. E embora eu não fale, com cada resposta que ela dá às minhas perguntas, sei que Daisy está em apuros. O táxi não pode chegar lá rápido o suficiente.

teve mais um momento Jemi <3
ainda bem que a Demi e o Simon tiveram essa conversa amigável.
o que será que irá acontecer com a Daisy?
será que ela ficará bem? o que posso dizer é que terá muitas surpresas ainda.
espero que tenham gostado amores.
me digam o que acharam nos comentários, volto logo.
respostas do capítulo anterior aqui.

2 comentários:

  1. Que tiro foi esse? Chocadaaa, que história maravilhosaaaa. Posta logooo

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  2. Fico muito feliz que esteja gostado amor.
    Vou postar mais hoje.
    Beijos, Jessie.

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