26/06/2017

for you: capítulo 14


Evento beneficente 

Sim! Sim! Sim! Foi o que respondi a ele. O que eu posso dizer para justificar essa mentira? Que estou cansada de ficar sozinha? Que eu quero um pedaço dele quando ele for embora? Que eu anseio por uma família, mesmo que fosse apenas eu e o bebê? Que meu filho sempre irá saber o quanto o amo e que nunca o abandonaria? E quando me perguntasse sobre o pai direi que foi um homem maravilhoso que amarei por toda minha vida.
Quando eu lhe disse que não poderia continuar a farsa, não foi por causa da promessa quebrada de não irmos para cama. Joseph havia cumprido a parte dele de só fazermos amor quando e se eu pedisse. Algo que eu praticamente implorei. Recordo-me disso muito bem. A forma que o ataquei naquele carro foi audaciosa demais, até para mim, não que eu me arrependo. Entretanto, o real motivo de querer me afastar dele é essa certeza de que a noite anterior nos marcou em algo que nos unirá por toda vida. Contudo, essa é uma decisão minha e não quero prendê-lo em algo que não optou.
Portanto, nenhuns dos argumentos que dei justificam o que fiz. Eu não posso continuar a
fazer isso com ele. Joseph jamais me perdoaria ainda mais agora, sabendo sobre seu pai e irmãos.
Mas não posso contar nada sem que eu tenha absoluta certeza.
Por enquanto, guardarei o cheque que ele me deu e mudarei com Jenny para o
apartamento. Depois do que aconteceu com Paul não há como ficar aqui. Se minhas suspeitas forem verdadeiras, e se Joseph não quiser fazer parte da vida do filho, usarei o dinheiro para recomeçar nossas vidas longe daqui. Parece que sempre estou partindo. Sempre estou deixando algo importante para trás. Só que dessa vez não estaria sozinha, e isso me conforta.
Preciso falar com alguém que me entenda que conheça a dor da solidão tão bem quanto eu.
— Que cheirinho bom — fungo o ar tentando decifrar o que ela está cozinhando — Que é isso?
Tento mexer nas panelas e recebo uma palmada com a colher em minha mão.
— Sai daqui.
— O que é? — tento olhar o caldo verde dentro da panela — parece nojento, mas o cheiro está divino.
— Sopa de ervilha com bacons — murmura ela — Já almoçou?
— Acho essa pergunta desnecessária.
Nós duas rimos. Eu sou incapaz de fazer um ovo frito. Quando muito, consigo preparar um chá, mas ele sempre fica fraco e adocicado.
— Eu acho que você é uma preguiçosa — provoca-me Jenny — Se quisesse mesmo aprender, o faria.
— Eu já tentei, Senhora eu passo, eu limpo e cozinho.
— E canto! Não esqueça.
— Insuportável — murmuro, mostrando a língua — Sabe que não sou boa com isso. A última vez, quase ateie fogo na cozinha.
— Acho que colocar o macarrão no fogo e pintar as unhas é uma combinação explosiva, além
disso, você não tem olfato?
— Você disse, cozinhar por alguns minutos e eu estava gripada — defendo-me.
— Eu disse, alguns minutos e não quase uma hora — ela balança a mão como se abanasse o ar — Esquece, você é péssima mesmo.
Sim, não funciona para mim. Nada relacionado à casa e afazeres domésticos. Deus! Eu sou uma dondoca, só que falida.
— Como você está? — sento em um banco em frente ao balcão que divide a cozinha e apoio meus cotovelos nele, enquanto minhas mãos sustentam meu queixo.
— Ótima — responde ela voltando para o fogão — E você?
— Tão bem quanto você — suspiro — Então, acho que somos duas mentirosas.
Instala-se um longo silêncio quebrado vez ou outra pelos utensílios que Jenny utiliza. Eu tento encontrar as palavras certas e uma forma de chegar ao assunto. Jenny, é minha amiga e mesmo que possa achar que o que eu fiz seja errado, me apoiará em tudo, mas ainda assim, é muito difícil falar sobre isso. E eu me pergunto como será contar ao Joseph?
— O que acha de ser titia? — pergunto sem rodeios.
Ploft. O lindo copo cai no chão estilhaçando em milhares de pedaços.
— O que?
— Surpresa! — dou um sorriso amarelo — Acho que eu estou grávida.
— Que brincadeira mais idiota, Demi! — ela se abaixa para cuidar dos cacos de vidro.
— Não é brincadeira — digo, séria — Há uma grande possibilidade de isso venha acontecer.
Após jogar os cacos no lixo ela se volta para mim com expressão confusa.
— Você está ou não grávida? — Jenny me encara com a testa enrugada — Acho que isso é um
assunto sério.
— Sente-se — puxo um banco para ela — A história é longa.
Como eu previa, Jenny não aprovou a decisão que tomei, mas me apoiará em todos os momentos, assim são os amigos. Eu não esperava menos que isso. Eu só tenho que encontrar uma forma de contar ao Joseph. Agora, pesando com certa clareza, eu havia sido muito egoísta. Foi uma decisão minha, mas que o afetará para sempre também. Droga!

***

No dia seguinte, fomos ao apartamento que ele havia alugado para mim, nas mediações de
Manhattan. O apartamento é muito bonito, mas nem se compara ao dele. Há uma sala espaçosa que terei que arrumar para que Jenny não encontre muitos obstáculos pelo caminho. A cozinha é o dobro da nossa, em estilo americano, com um enorme balcão, que sei que Jenny irá amar. Os quartos são bem aconchegantes, com camas enormes e paredes em tons pastéis. As mobílias entre o branco e negro. Tudo simples, mas muito elegante. Eu amei cada pedacinho e gostaria que Jenny pudesse ver também.
— É tão lindo, e a cozinha é maravilhosa — abraço-a pela cintura — Há um banheiro em cada quarto e os chuveiros funcionam. — Não será muito caro?
Eu não contei que o aluguel está sendo pago por Joseph. Jenny ficaria desconfortável, não
aceitaria vir comigo e eu não posso deixá-la sozinha. Parece que estou me tornando uma mentirosa compulsiva.
— Eu vou ajudar com o aluguel — diz ela apreensiva — Tenho algumas economias e...
— Façamos o seguinte; Eu cuido do aluguel, e você faz as compras e cozinha.
— Não acho que seja justo — murmura, indignada — Faço as compras, cozinho e ajudo com o aluguel.
Não adianta eu tentar argumentar com ela. Jenny é teimosa demais quando quer. De alguma forma devolverei o dinheiro a ela depois.
— Combinado — conduzo-a até a saída — Podemos nos mudar amanhã. O que acha?
— Está perfeito para mim.
Pela primeira vez vejo empolgação em sua voz. Acho que agora ela se sente mais segura e feliz por deixar para trás, todas as lembranças ruins que nosso antigo lar nos causou, principalmente por deixar para trás, as lembranças causadas por um moreno lindo.
A noite, como prometido, meu celular toca e eu escuto a voz grave e sedutora. O alívio que
Joseph sentiu, ao saber que mudaríamos no dia seguinte foi-me perceptível.
— Então, ainda somos noivos?
— Por quanto tempo ainda? — pergunto, com a voz tensa e trêmula.
— Um ou dois meses — responde ele, de forma evasiva. Ouço-o inalar fundo e falar com certa indecisão — Talvez menos... Eu não sei quanto tempo ainda preciso.
— Dois meses — protesto — Não mais que isso.
— Isso quer dizer que terei que ser rápido com você.
A frase me pareceu estranha. Rápido com o que? Afasto tal pensamento, com certeza é minha mente querendo me pregar alguma peça.
— Quando você volta? Não que seja da minha conta... — coloco certo desinteresse na voz, que até para mim soa falso.
— Acho que na quinta e... — ele começa, com hesitação — Minha mãe realiza um evento
beneficente todos os anos, para um hospital infantil. Será na sexta e gostaria que fosse comigo. Pretendo apresentá-la como minha noiva, oficialmente.
— Certo — sussurro — Estarei lá.
— Entregarão um pacote na quinta, é da mesma loja do outro dia...
— Não acho que seja necessário, o dinheiro que me deu é o suficiente para...
— Surgiu algo urgente — ele se afasta do telefone e fala com alguém — Não posso continuar
falando. Vejo você na sexta.
— Mas...
Desligou. Nenhum telefonema antes de sexta? Por que deveria me importar? Nosso noivado é uma farsa e tenho que ter isso em mente.
***

Hoje é quarta, dia de mudança. Não uma grande mudança realmente. Doamos todos os nossos móveis de segunda mão, para um bazar de caridade nas remediações. Não precisaríamos de mais nada, além de nossas roupas, mas os móveis seriam úteis a alguém mais necessitado. Paul, me ajudou a deixar o apartamento adaptado para Jenny, e foi um arrasta móveis por todos os lados. Nós nos divertimos um pouco sempre que ela esbarrava em uma coisa ou outra em busca de mapear cada cômodo. Em troca, recebemos o castigo de andar pela casa com vendas. Foi divertido como brincar de cabra cega. No final, nós a elogiamos muito por sua incrível capacidade de se adaptar a diversas situações. Eu tenho muito orgulho dela.
— Com o tempo, fica mais fácil — ela sorri envergonhada — Parece fácil porque eu lido com
isso há anos.
— Temos que comemorar — Paul pula do sofá onde estávamos — Será que o vinho está gelado?
— Eu prefiro suco de laranja...
— Ah, não vai desprezar o meu vinho — diz ele ofendido — Gastei uma fortuna com ele.
Enquanto preparo as bebidas, peça as pizzas.
— Eu posso cozinhar — Jenny estica o pescoço para ele.
— Nem pensar. Hoje é dia de festa — rebate Paul.
Jenny se volta para mim com expressão de encorajamento.
— Por que não conta a ele? — indica Paul com a cabeça. Que está concentrado, tentando abrir pateticamente a garrafa de vinho.
— Ainda não posso.
— E quanto a Joseph?
— Vou contar na sexta depois do evento.
E que Deus me ajude, essa não será uma tarefa nada fácil. Temo pela reação dele.
Na quinta, um homem uniformizado entrega-me uma embalagem de uma das melhores joalherias da cidade. Há duas caixas; uma grande e quadrada com um magnífico colar de prata com diamantes, gemas coloridas e pingente em forma de coração, brincos delicados completam o conjunto. Na caixa menor, há um extravagante, mas não menos extraordinário anel quadrado de brilhantes, rodeado por uma fileira dupla de diamantes em cravação grão e uma faixa de diamantes que acentua a magnificência da peça. Exagerado demais para meu gosto, mas com certeza, feito para impressionar.
Sem dúvida, uma joia que faria Marilyn Monroe chorar de emoção. Afinal, Diamonds são os
melhores amigos das mulheres não é?
Eu prefiro algo mais simples e delicado como o colar. Como isso é uma farsa, então está tudo
bem. Exceto, claro, pelo medo que terei de andar com ele por aí. Definitivamente, só ficará em meu dedo em eventos como esse. Jamais terei condições de pagar um anel como esse, nem que trabalhe por mil anos.
Duas horas depois, outro entregador aparece com um lindo vestido nude de chiffon de seda
drapeado, bustiê com corpete interno e fecho de correr escondido, com assinatura de Alexander MQueen. Em uma das caixas está um par de sandálias nude de cristal Swarovski Danielle Benício. Anexado ao vestido uma nota com uma caligrafia que eu já conheço.
Que você brilhe ainda mais,
Joseph
***

Sexta feira, por volta das cinco horas, tomo um longo banho, às cinco e meia um motorista me espera em frente ao prédio com destino a um salão de beleza exclusivo. De acordo com a
recepcionista, no pacote está incluso unhas, cabelo, maquiagem, depilação e até mesmo massagem para relaxar os músculos. É tudo tão irreal e maravilhoso que me belisco várias vezes para ter certeza de que não estou sonhando.
— Está maravilhosa Srta. Lovato — diz o maquiador, virando minha cadeira para o espelho.
Senhor! Eu desconheço a garota a minha frente. Sempre me congratulei dos meus talentos com a maquiagem, mas o que Drew, havia feito em meu rosto, é digno de Oscar. Acentuou meus olhos com uma mistura de cores entre o preto, cinza e prata, dando ao meu rosto um olhar dramático, mas elegante. Os cílios haviam sido alongados de uma forma natural que jamais imaginei ser possível. Nos lábios, um batom rosa fosco e completando a obra um levemente toque de blush.
Meus cabelos estão presos de lado e largos cachos caem sobre meus seios. Não há um fio fora do lugar e estou impressionada.
— Isso é incrível — eu balbucio — Estou irreconhecível.
— Você já é naturalmente linda querida — diz ele, sorrindo — Seus olhos são um arraso. Essa
boca de dar inveja a Angelina e que pernas. Já pensou em ser modelo?
— Acho que estou velha demais para isso — sorrio, nada convencida com os elogios dele.
Afinal, Drew é um profissional da beleza, é natural que queira levantar minha alta estima.
— Fique com meu cartão caso mude de ideia — murmura ele, com pesar — Conheço muitas agências e sempre estão à procura de rostos como o seu.
— Está falando sério?
— Seríssimo — diz Drew, com olhar ofendido — Quando digo que uma mulher é bonita, eu não minto.
— Certo — guardo o cartão na bolsa — Eu agradeço.
Olho para o espelho pela última vez analisando o conjunto da obra e me sinto satisfeita.
Às sete horas, estou pronta e andando de um lado a outro da sala. A campainha toca, e minhas pernas tremem como gelatina. Faz seis dias que não o vejo e meu coração está prestes a sair pela boca.
A campainha soa novamente, e me esforço em caminhar até a porta. Eu não estava preparada para a visão impactante. Em um terno cor de chumbo e gravata prata, está o homem mais perfeito do universo. Se eu já não estivesse apaixonada por ele, esse seria o momento, na realidade, acho que me apaixonei novamente.
— Olá — diz ele. O ombro contra a porta, os braços cruzados e um sorriso preguiçoso no rosto
— Está linda. Parece que o anel serviu.
— Sim — olho para o anel em meu dedo —É muito caro também, não acha?
— Não gostou? — diz ele, interessado.
— Extravagante eu diria, mas é lindo — murmuro — E essas joias? Tremo só em pensar em
perdê-las. Com certeza gastou uma fortuna com isso.
— São alugadas.
— Ah... Claro que tolice a minha. Então eu terei que ser ainda mais cuidadosa. As roupas também são?
— Claro que não Demi — murmura — Daria a joias se acreditasse que aceitaria.
Parece que ele me conhece melhor do que imaginei. Não haverá problemas em ficar com as
roupas. É um investimento não é? Mas a joias, seria demais, de nenhuma maneira eu aceitaria, por mais tentada que estivesse. Se exijo que ele não me trate como uma vagabunda, não posso agir como uma, aceitando presentes caros, se bem que, roupas de grife não estão muito longe disso.
— Quer entrar? — pergunto vacilante. Nem sei como saiu algum som da minha garganta
ressequida.
— Não acho que seja uma boa ideia — diz ele numa voz rouca.
Minha nossa senhora das virgens e inocentes. Esse olhar é capaz de me fazer ter orgasmos
múltiplos. A forma com que ele morde os lábios enquanto me examina de cima a baixo, faz com que um ponto entre minhas pernas pulse tortuosamente.
— Além disso, estamos um pouco atrasados, o evento começa às sete e meia.
— É melhor irmos então — respiro fundo, antes de ir pegar a bolsa de mão — Não queremos sua mãe nervosa antes do tempo, não é?
— Com certeza não — responde ele, sorrindo.
Chegamos ao evento, e há um número considerável de fotógrafos na porta. Eu nunca vi tantos deles e isso me deixa nervosa. Há até mesmo, um programa de TV cobrindo a noite. Uma coisa, é você ver os ricos e famosos pela televisão. Outra bem diferente, é estar no mesmo ambiente que eles.
— Sorria — diz Joseph, divertindo-se com minha apreensão — Está sendo filmada.
— Engraçadinho — belisco sua cintura, disfarçadamente — Acho que vou fazer xixi.
A risada dele é tão contagiante e espontânea que todos nos olham curiosos em saber o motivo de tanta alegria.
— Demi... — ele tosse para controlar o riso — É a única mulher capaz de me fazer rir em um
evento tão chato como esse.
— Fico agradecida de ser a palhaça da festa.
Não tenho a chance de ouvir sua resposta, pois uma mulher com um microfone se coloca a nossa frente.
— Boa noite Sr. Jonas — cumprimenta ela cheia de olhares para ele — Quem é essa linda
jovem?
— Minha noiva — ele sorri para a câmera — Demi Lovato.
— Interessante — ela vira o microfone para mim — Como se sente, sendo noiva de um dos
homens mais disputados da noite?
— Bem, eu acho — respondo, com sorriso forçado.
— Com licença, mas temos que entrar — Joseph me livra dessa situação embaraçosa.
— Bem, Nova Iorque, parece que os grandes partidos dessa cidade nunca ficam sozinhos por
muito tempo, se vocês se lembram...
Somos conduzidos a nossa mesa e não ouvimos o que a jovem estava dizendo.
Kevin, já está sentado em uma cadeira ao lado da minha e me lança um olhar dissimulado. Ao seu lado está a esposa muito bonita em um vestido branco. Danielle, me lança um sorriso amigável, que eu devolvo com sinceridade. Em frente a nós, há duas cadeiras vazias, na qual uma delas imagino ser da Sra. Jonas. Nesse momento, ela sobe ao palco para os agradecimentos.
Não há dúvida que seja uma mulher bonita e elegante. Os filhos tiveram a quem puxar. A
desenvoltura e elegância com que ela fala também é impressionante, sua sagacidade e inteligência são notáveis.
— Preparada? — diz Joseph, em um tom divertido.
— Rufem os tambores.
Antes de iniciar o jantar, ouvimos os agradecimentos dos diretores do hospital, segundo eles, a noite havia arrecadado mais de um milhão de dólares em doações. Eu fico feliz que os exibicionistas aqui, tenham gasto um pouco de seu dinheiro com a caridade. Já que se reunirmos todas as joias reluzentes nessa sala, poderíamos obter o triplo disso.
Quinze minutos depois, ao som dos aplausos, ela caminha entre as mesas e eu noto uma loira acompanhando-a. Não acredito que aquela descarada tenha tido a cara de pau de aparecer aqui. As duas sentam em frente a nós à mesa. A mãe de Joseph cumprimenta a todos, exceto eu, em uma clara declaração de guerra. Retiro o que eu disse. Não há elegância nela, apenas uma amargura irritante e falta de educação. Sua pupila ou animalzinho de circo, repete a atitude mal educada.
— O salão está muito lindo — digo a ela — Não é mesmo querido?
— Sim. Minha mãe sempre nos surpreende. Não é mesmo mamãe?
Tome essa, velha nojenta. Quero ver se irá ignorar o filho como faz comigo?
— Apenas me cerco de pessoas importantes, que tem algo a oferecer — alfineta ela — E se há
alguém que merece todos os elogios é Sophie. Fez tudo praticamente sozinha, sabe como anda minha saúde meu filho. Com tantas preocupações e desilusões da vida.
Caramba, essa mulher é osso duro de roer. E a oxigenada, se desmancha para Joseph como
sorvete em dia de verão. Se ele fosse mesmo meu noivo, eu desmancharia o sorriso idiota dela, com dois tapas certeiros. Vagabunda sem noção!
Após algumas alfinetadas daqui e ali, o prato principal é servido e eu entro em pânico. Que tipo de comida precisa de uma pinça ou algo parecido?
— O que é isso? — sussurro, para ele.
— Escargot — responde Joseph, com naturalidade.
Blah. Lesma, droga eu já vi esse filme. Em, Uma linda mulher, Julia Roberts arremessa longe um negócio redondo e nojento parecido com esse.
— Eu não sei comer isso — sussurro, novamente — Na verdade não sei nem se quero comer.
— Relaxe e apenas me imite — diz ele, alisando minha perna por debaixo da mesa. O gesto foi apenas para me acalmar, mas teve o efeito contrário. Um calor enorme sobe pelo meu corpo.
— Algum problema, querida? — pergunta a mãe dele, com gentileza fingida. Fica claro para mim, que o que ela quer é me ridicularizar, na frente de todos.
— Não senhora — sorrio falsamente para ela.
Sinto-me como em guerra de titãs. Eu vou comer essa lesma nojenta, nem que depois eu passe a noite toda vomitando. De jeito nenhum eu vou dar o gostinho a essas duas de me ver em pânico. Pego a maldita pinça e tento seguir os gestos de Joseph, com cuidado. Apesar de escorregadia, e minhas mãos estarem trêmulas, eu consigo comer sem passar vergonha. O gosto também não é ruim, apesar da aparência gosmenta.
A cada prato, há uma comida refinada ou exótica. Coisas que nunca havia visto na vida. Minha sogra quer provar a Joseph, para mim e, todos os presentes, que eu não me encaixo em seu mundo perfeito, com pessoas perfeitas.
Diana é uma verdadeira bruxa, como havia imaginado, talvez pior. Em outro momento eu a
colocaria em seu devido lugar, mas não posso fazer isso com Joseph. Além disso, não sou mal educada, apenas sincera e às vezes impulsiva, mas mal educada, jamais.
Com certeza, Kevin contou o aconteceu na casa dele, e a megera está me provocando. Testando meus limites para saber até aonde eu vou. Pois está redondamente enganada se pensa que vou me curvar às suas armações. Mostrarei a todos quem é a verdadeira dama aqui. E as duas víboras não estão incluídas no quesito dama.
Após o jantar, fomos para um salão onde haverá um baile. Aos poucos, alguns casais vão para a pista de dança enquanto outras pessoas fazem grupos de conversa.
Caminhamos por alguns até que Danielle nos vê e, exige nossa presença. Por educação, não temos como evitá-la.
— Joseph querido... — Sophie agarra o braço dele como se eu não estivesse do outro lado —
Estava lembrando à sua mãe, a última festa na casa do governador...
— Como poderia esquecer — a mãe dele sorri para ele me ignorando, de novo — Toda
sociedade esteve presente. Pessoas de classe e elegância.
— Não me lembro — Joseph se desvencilha de Sophie e me abraça — Deve ter sido muito
aborrecida. Mas se você estivesse lá teria sido perfeita.
E ele ainda seria noivo, não tenho como não me atentar-me a esse detalhe. Será que teríamos sentindo a mesma atração da primeira vez que nos vimos? Ele toca meus lábios com delicadeza e sinto-me nas nuvens.
Os olhares de ódio em minha direção são tão intensos, que penso em fazer um banho aromático assim que chegar a minha casa. A situação está mais para ridícula do que tensa.
— Joseph eu acho que o senador Baker está chamando — diz Diana, apontando outro grupo
próximo ao bar — Deve ser algo importante.
— Não acredito, e hoje não é uma noite para falar de negócios mamãe — responde ele de forma sarcástica, mas os olhos fixos em mim. Os dedos fazendo uma leve carícia em eu pescoço, deixando-me zonza — Afinal, é uma festa para caridade ou me enganei?
— Querido, a ocasião faz o ladrão, não concorda Srta. Lovato? — ela olha para mim, com
inocência fingida — E Kevin me disse que há um problema com a prefeitura em um dos projetos no centro da cidade, talvez o senador possa ajudar. Não se preocupe que cuidaremos de sua amiga.
— Noiva... — ele replica.
— Pode ir querido — interrompo-o, alisando sua gravata — Ficarei bem.
Ele me encara com dúvida. Joseph sabe o que a mãe pretende, e teme em me deixar nas mãos dos tubarões. Derreto-me com sua preocupação comigo.
— Tem certeza?
O que elas poderiam fazer contra mim, na frente de tantas pessoas? Na verdade, a pergunta
deveria ser o que eu posso fazer contra elas.
— Não se preocupe — sussurro para ele — Não há uma piscina aqui.
— Deus nos proteja — ele brinca, antes de ir.
Assim que ele sai, acompanhado do irmão esnobe, eu encaro os dois pares de olhos devoradores.
— Então você... — Diana me encara de cima a baixo, com olhar enojado — É a fulana que
enfeitiçou meu filho? Um rapaz que sempre foi muito sensato.
— Eu não diria enfeitiçar, mas é uma boa definição do que o amor faz com as pessoas. Quanto à insensatez, todos precisamos de uma dose de loucura de vez em quando. Não concorda, Sophie?
Ela faz cara feia e desvia o olhar de mim. Engulam essa, najas. Como é provar do próprio
veneno?
Aproveito que um garçom passa por ali e pego uma taça de champanhe. Preciso ter algo em
minhas mãos... para controlar a vontade de enfiar a mão na cara delas.
— Não sonhe com sinos e marchas nupciais Srta. Lovato, pois logo esse disparate terá um fim — diz Diana, lançando-me um olhar de ódio — Eu não permitirei...
— Isso é engraçado — interrompo-a e tomo um gole do líquido borbulhante. — Não me lembro de termos pedido autorização alguma?
— Petulante!
— Vou aceitar como um elogio — ergo a taça para ela.
— Queridas, eu vou até a varanda — diz ela para Sophie e uma Danille que assiste tudo, com uma expressão incrédula — O ar aqui está um tanto pútrido.
— Logo me unirei a você — diz Sophie, com calma.
Se há uma coisa que devo aprender com elas é não perder a pose. Se a naja um, pretende me
provocar um pouco mais, depois que a dois sair, ela vai ver o que a espera. Ah! Ela que tente.
— Olhe Demi, já que vai se casar com Joseph, quero que sejamos amigas — diz Danielle, com
certo nervosismo — Eu não tenho nada a ver com isso e...
Ainda não sei se ela está sendo sincera ou se faz parte de algum jogo. Estudo-a sem conseguir chegar a alguma conclusão.
— Não seja ridícula, Danielle! — diz Sophie, com a voz um tanto elevada — Não vai querer
manchar sua reputação ao lado dessa prostituta. Fique sabendo que ela trabalha em um clube de stripper, com certeza Joseph paga para tê-la embaixo dos lençóis. Isso é óbvio. Ele está apenas nos provocando com esse noivado absurdo. Não vai demorar muito para ela sair de nossas vidas. Tão rápido como entrou.
— Poderia até ser paga para ir para cama com ele, felizmente, não é o caso. Se sou uma prostituta em qual classificação se enquadraria? Pega na cama com outro, como uma cadela no cio — olho-a com desprezo — Tem visto seu amante, Sophie? Espero que sim, pois eu não tenho a menor pretensão de ir embora. Ao contrário de você, eu sei manter um homem como Joseph entre os lençóis.
Com essas palavras eu deixo-a, muda e atônita. Ela almejou ao me atacar, que eu fizesse um
escândalo, para assim, poder me ridicularizar na frente de todas as pessoas. Não vou cair em sua pilha e dar esse gostinho a ela, eu sei como agir, e no momento certo. Agora, eu vou ficar ao lado do homem mais lindo dessa festa. E me exibir para que todas vejam que ele é meu. Inclusive, a cascavel que se contorce nos braços de Danielle. A guerra tinha começado e a vitória tinha sido minha. Viva, viva!
— Tudo bem? — pergunta ele, apreensivo.
O olhar caloroso com que ele me recebeu e a forma como me prendeu em seus braços, foi o
suficiente para afastar toda tensão anterior e trazer um sorriso em meu rosto.
— Tudo ótimo — tranquilizo-o.
— Senador, eu quero que conheça minha noiva — diz Joseph, com enorme sorriso — A Srta.
Lovato.
O homem me olha com certa curiosidade e sorri. David Barker é um homem por volta dos
quarenta e poucos anos. Cabelos negros, com fios platinados, olhos castanhos e, bonito. Havia feito uma campanha memorável e apesar de jovem e solteiro para o cargo de senador, venceu seu maior concorrente em larga vantagem.
— Desculpe minha indiscrição, mas não era uma loira?
— Não deu certo... — Joseph dá de ombros — As coisas mudam.
— É um prazer conhecê-lo senador — murmuro, para livrar Joseph do constrangimento inicial
— Eu gostei muito de sua plataforma de campanha. Fiquei muito feliz quando foi eleito. Suas ideias para geração de emprego e incentivo estudantil me cativaram bastante.
Não estou mentindo para impressioná-lo. As ideias e projetos dele são interessantes ao meu ver.
— Bonita e inteligente — diz David, batendo nos ombros de Joseph — Fez uma ótima troca Jonas. Segure-a Joseph.
David pisca um olho para mim.
— Mulheres como essa, não ficam soltas por muito tempo. Você é um homem de sorte.
— Eu sei disso — Joseph me prende ainda mais contra seu corpo e alisa meus ombros.
A conversa seguiu por mais alguns minutos. Dancei com o senador, já que a acompanhante dele havia faltado se é que havia uma.
— Vamos embora? — pergunta Joseph, ao finalizarmos outra dança, após inúmeras da noite — Deve estar cansada. Não sei como ainda não está reclamando dos saltos como todas as mulheres fazem.
— Convido todas as mulheres a dançarem de salto alto, seis dias por semana, para ver se haverá alguma queixa.
— Não foi fácil, não é? — ele me encara com carinho — Sua vida. O clube.
— Não foi — murmuro, enquanto ele me embala ao som de outra música — Mas me sustentou por um longo tempo.
— Deve se orgulhar disso, Demi — leva minhas mãos aos seus lábios — Eu me orgulho. Você é forte, corajosa, linda.
A sinceridade em suas palavras me comove. Eu não havia crescido em um berço de ouro como a maioria das mulheres presentes. E nem tive uma vida fácil, mas nada disso me torna inferior, pelo contrário. Sou uma lutadora e fico emocionada que ele enxergue isso em mim.
— Vamos?
— Sim. Deixe-me apenas aproveitar essa música um pouco mais.
A forma como ele me prende em seus braços e deslizamos pela pista de dança, me faz sentir em outra dimensão. Há só nós dois ao som da música suave, enquanto nossos corpos se encaixam perfeitamente. Nada pode ser mais perfeito que isso. É o meu baile, meu dia de princesa. Afinal, todas as garotas merecem um dia assim, ao lado de seu príncipe, não é? Por hoje eu fingirei que isso é real e guardei essa noite perfeita na memória, como as outras.

***

— Joseph?
— Oi, Liam — os dois se abraçam e ele olha ao redor — Peter e Adam também vieram?
— Não — responde Liam, com olhar interessado em mim — Sabe como eles amam sua mãe e o sentimento é recíproco.
Pela forma que ele fala, os tais amigos detestam a Diana e só por isso eu já os adoro.
— Eu só vim por causa do hospital e vejo que estou muito atrasado. Mas quem é essa jovem
linda?
— Demi, é minha noiva — Joseph nos apresenta, sinto algo como orgulho em sua voz — Demi,
esse é Liam, um grande amigo.
— Prazer — estendo a mão a ele, que leva aos lábios, em um galanteio.
— O prazer é meu, pode acreditar.
— Como está Nicole, sua noiva? — Joseph me puxa para ele.
— Marcando território hem? — ele sorri — Nicole está em Milão.
— Se eu fosse você, pararia de paquerar a noiva dos outros e cuidaria da sua, solta por aí.
— Joseph! — olho feio para ele.
É um ator maravilhoso, quem visse acharia que está mesmo com ciúmes de mim.
— Golpe baixo, Jonas — sorri Liam — Vou pensar sobre isso. Até logo Demi, minha noite não será tão interessante sem sua presença.
Ele se afasta e Joseph prende-me a ele.
— Minha noite não será tão interessante sem sua presença — Joseph imita-o de forma
engraçada — Idiota. Vamos.
O caminho de volta não houve o clima cheio de tensão como na ida. Também não há o clima cheio de desejo como das outras vezes. É claro, que nossa pele arde por um toque, um beijo, mas há uma certa magia que transforma essa noite em nada menos que perfeita. Estamos em um encantamento.
— Não quer subir? — pergunto, após digitar o código de segurança — Jenny não está em casa. Quer dizer... Está no trabalho e você não precisa...
— Acho melhor não — diz ele, com dificuldade — Eu quero agir de forma correta, dessa vez.
Maldita hora em que eu havia colocado aquela regra idiota sobre sexo! Eu morri pela minha
própria boca. Mas tanta coisa havia mudado desde que tive essa ideia absurda. Começando por essa criança que pode estar crescendo em meu ventre.
— Nós precisamos conversar, Joseph — digo a ele.
Ele encosta-me contra a parede e esfrega o corpo no meu. A ponta do nariz desliza pelo meu
pescoço, seu membro me cutuca e eu gemo.
— Não me tente Demi — afasta-se de mim com um gemido frustrado.
— Mas eu...
— Posso sequestrá-la amanhã? — pergunta ele, meio tímido.
— Outro trabalho? — não me lembro de termos combinado algo para o dia seguinte.
— Se eu disser apenas nós dois? — pergunta ele.
— Um encontro? — sussurro, com o coração disparado.
Ele me encara por alguns segundos e coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
— Sim. O que me diz?

Demi rachando a cara da Sophie, adorei hahaha
essa mãe do Joseph é muito chata af
finalmente eles irão ter um encontro decente, eles já estão apaixonados <3
 demi está grávida? será que ela vai contar ao Joseph? só nos próximos capítulos saberão hahaha
o que acharam? espero que tenham gostado.
até logo, bjs amores <3
respostas do capítulo anterior aqui

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