03/12/2016

heartbeat: capítulo 3


Respirando fundo

No decorrer dos dias, Demi desempacotou o restante de seus pertences com relutância. Um contratempo na empresa de transportes atrasara a entrega. Mas naquela noite terminaria de guardar as últimas coisas, mesmo que aquilo a matasse. Selena a ajudou a peneirar anos de recordações, que eram tudo o que ainda restava a Demi. Ela se agarrava às lembranças como se fossem os últimos batimentos de seu coração. O último objeto, na última caixa, a deixou sem fôlego, com o peito apertado e as emoções girando num redemoinho descontrolado. Com um suspiro, Demi desabou na cama e abraçou uma foto que exibia o sorriso orgulhoso da mãe em sua formatura do ensino médio. A barreira que Demi tanto lutara para construir nos últimos meses ruiu e as lágrimas começaram a cair. A realidade do que havia acontecido o fato imutável de que nunca mais veria a mãe  a atingiu com força.
A tristeza tomou os olhos de Selena, que via a amiga desmoronar.
– Não sei o que dizer, Demi. Gostaria de poder acabar com a sua dor.
Demi estendeu a mão para Selena, grata por ela estar ali. As duas ficaram alguns minutos em silêncio, sabendo que não havia mais nada a ser dito. Pondo-se de pé, Demi secou as lágrimas, tanto as suas quanto as da amiga. Deu um abraço em Selena e foi até o banheiro.
Estava exausta, mental e fisicamente. Havia trabalhado em turno dobrado nos últimos três dias, e o cansaço a pegara de jeito. Ela ansiava por uma noite relaxante no sofá com Alex. Entrando no chuveiro, afastou da cabeça qualquer pensamento que tivesse a ver com a mãe. Assim que saiu, vestiu um pijama confortável e se instalou no sofá com uma muito necessária taça de vinho.
Depois de um tempo, Selena entrou na sala de estar usando um vestido de verão vermelho, os cabelos presos e uma clutch na mão. Olhou para Selena, esperançosa.
– Saia comigo e com Tina esta noite. Vai ajudar a levantar seu astral.
Sorrindo para Selena, Demi pensou na nova namorada da amiga, Tina Reed, que tinha 24 anos e estava se formando pela Universidade Colúmbia. Depois de ser magoada por homens de mais, Selena havia jurado não querer mais nada com eles, concluindo então que as mulheres talvez fossem mais a sua praia.
Suspirando, Demi passou as mãos pelos cabelos.
– Hoje eu só quero mesmo relaxar. – ergueu a garrafa de vinho tinto e sorriu. – E estou planejando acabar com isto também.
Selena lhe deu um beijinho no topo da cabeça.
– Está bem, mas se por algum motivo você mudar de ideia, é só ligar para o meu celular.
Demi assentiu e Selena foi embora.
Olhando para o relógio, Demi viu que eram dez e quinze. Alex já devia ter chegado.
Será que estava preso em mais alguma reunião até tarde da noite? Não precisou pensar muito mais, pois meia hora depois o telefone tocou. Era Alex, para avisar que estava numa boate no SoHo, comemorando uma conta nova. Insistiu em que ela fosse encontrá-lo. Demi tentou argumentar que estava exausta e pronta para dormir, mas ele não deu o braço a torcer. Sua insatisfação ficou clara ao telefone. Com um suspiro, Demi acabou cedendo: se arrastou até o quarto e se arrumou para sair, apesar de seu estado emocional e físico.


***

Não pode ser ela, pensou Joseph. Passou a mão no rosto, olhando para o outro lado da boate mal iluminada, em sua direção. Mas era. Molly a garçonete que nunca lhe telefonara e que despertava todos os seus sentidos, filamentos e instintos masculinos. Molly  a garçonete que agora lhe parecia ainda mais estonteante do que ele tinha imaginado. Joseph ficou observando enquanto ela se deslocava em meio aquele mar de corpos espremidos ali.
Seus olhos se banquetearam com os cabelos castanho-avermelhados que caíam sobre os ombros e por cima de um vestido preto justo logo acima dos joelhos. O decote perfeito e a curvatura do pescoço lhe entorpeceram a mente, despertando nele o desejo inegável e primitivo de possuí-la.
Seus olhos devoraram aquelas pernas elegantes, longas e bem torneadas, que se apoiavam em sapatos pretos de salto alto. Passando as mãos pelos cabelos, Joseph não conseguiu acalmar seu coração acelerado enquanto ela se aproximava. Estava prestes a caminhar até ela, cumprimentá-la e inalar seu perfume, porém uma discreta tossida de Alex fez com que ele desviasse o olhar.
– Percebi que está olhando para ela, Jonas, só que essa já é minha – observou Alex com
um sorriso maroto.
Joseph abriu a boca como se fosse falar, mas não disse nem uma palavra. Os olhos esverdeados retornaram à linda mulher que tinha invadido seu mundo havia alguns dias e depois se voltaram para Alex.
– Espere aí, essa é a... Demi? – perguntou Joseph, a confusão estampada em seu rosto.
– É, cara. Eu falei que ela era bonita pra caralho.
Alex fez um sinal para que Demi andasse mais rápido. Ela estava paralisada, como se houvesse criado raízes, e Joseph sabia por quê.
Ele tomou um longo gole de sua cerveja, um nó se formando na garganta enquanto se encostava no balcão. Sem conseguir desviar o olhar, continuou encarando a mulher que o amigo acabara de declarar sua.
Mordendo o lábio, Demi tentou controlar o pânico que a invadiu ao ver o Sr. moreno, gostoso e bonitão com Alex. O ar ficou pesado. O equilíbrio se tornava mais difícil a cada passo.
Não é possível que os dois se conheçam. Pelo amor de Deus, estamos em Manhattan, pensou Demi.
Quanto mais perto ela chegava, mais seu coração martelava. Um sorriso curioso, porém infantil, se formou nos lábios de Joseph, e uma covinha suave formou uma pequena fenda na bochecha dele.
Os olhos penetrantes mostraram-se intensos e não piscaram. O olhar de Demi desceu até o peito dele. Os músculos estavam marcados sob a camisa. Ele ficava ainda mais bonito à vontade se é que isso era possível, usando uma camiseta informal de gola em V e jeans que pendiam perfeitamente da cintura. Os olhos dele pareciam se cravar nela, sugando todo o oxigênio de seus pulmões. Respirando fundo, Demi se aproximou dos dois homens, tentando se concentrar apenas em Alex.
O namorado a puxou pela cintura e tascou-lhe um beijo exagerado nos lábios. Depois de pedir um drinque para ela, posicionou Demi diante de si, com as costas coladas em seu peito. Ela tinha uma visão desimpedida do estranho quando Alex disse:
– Joseph, esta é minha namorada, Demi Lovato. Demi, este é Joseph Jonas.
Incapaz de desviar os olhos, Joseph pegou a mão dela e a levou aos lábios. Deu um beijo suave e hesitou, quase absorvendo o calor que irradiava da pele de Demi. Por fim a soltou com relutância.
– Definitivamente, é um prazer conhecê-la, Demi.
Maravilhada com a sensação causada pela barba por fazer de Joseph contra os nós de seus dedos, ela deu um breve meneio de cabeça.
– Ela é linda, não é? – perguntou Alex.
Desviando o olhar para o chão, Demi corou, envergonhada pelo comentário. Ainda assim, ofereceu um sorriso largo, tentando recuperar a compostura em meio ao choque que lhe percorria o corpo.
O olhar de Joseph passeou pela boca de Demi, os lábios vermelho-rubi fascinando cada centímetro de seu corpo. Depois encontrou os olhos dela. Linda, pensou. Mordiscando o lábio com força, Joseph falou:
– Você é um homem de muita sorte, Alex.
O outro assentiu, engolindo o resto do uísque com gelo de seu copo.
– Vamos dançar, gata. – ele pegou Demi pelos quadris e a arrastou para a pista de dança.
Mesmo sabendo que não devia, Demi lançou um olhar para Joseph enquanto se afastavam.
Joseph tentou se manter impassível quando ela o espiou por cima do ombro. Tinha visto como Alex  a abraçara e o modo carinhoso como ela reagira. Observara o jeito como ela tinha fitado Alex, olhos nos olhos, lhe dando toda atenção. Pedindo outra cerveja, Joseph lutou contra o desejo de ir até a pista de dança para nocautear o amigo e tomar Demi em seus braços.
Sem conseguir registrar mais ninguém, Joseph dispensou diversas mulheres que se aproximaram.
Sabia que estava em território desconhecido e seus pensamentos eram irracionais, considerando que Alex era um amigo íntimo, mas tinha a sensação de que Demi exercia uma influência doentia sobre ele. A situação colocava seu corpo e sua razão em conflito. 
E Joseph não gostava nem um pouco disso.
Por fim, ele foi até Alex quando Demi se afastou para ir ao banheiro. Alex recostou-
se no balcão, com um sorriso irreverente.
– Está desejando ser eu, amigo?
Joseph não conseguiu evitar uma pontada de inveja, embora não estivesse disposto a confessar.
– Só estava me perguntando como você conseguiu.
Não foi uma pergunta, mas uma declaração. Alex costumava sair com multidões de mulheres bem mais desregradas do que Demi parecia ser.
Alex jogou a cabeça para trás, rindo, e pediu uma dose de tequila.
– Você parece se achar o único deus da cidade.
– Não sou nenhum deus, Alex, e você certamente também não – observou Joseph, apoiando o braço na beirada do balcão. – Mas sei que é preciso cuidar bem de uma mulher como essa.
Alex fez um movimento sexual com os quadris.
– Ora, mas eu estou cuidando. Ela não tem a menor queixa nesse departamento.
– Não é disso que estou falando – rebateu Joseph, tentando afastar aquela imagem da cabeça. Ele abrandou o tom de voz: – Seja bom com ela, sério. 
Inclinando a cabeça de lado, Alex franziu as sobrancelhas – Desde quando você se preocupa com o jeito como trato as mulheres, hein, Sr. eu-não-me-envolvo-com-ninguém? Você trepa com qualquer coisa que se atire em cima de você, e elas têm muita sorte se ganharem um telefonema no dia seguinte.
– Não estamos falando de mim. Como eu disse, cuide bem dela.
– Joseph Jonas está tentando me ensinar a tratar bem uma mulher. Isso é hilário. – Alex virou o drinque e bateu o copo no balcão. – Vou me casar com Demi. Você vai ver. E, só para torturá-lo, você vai ser um dos padrinhos. – Alex balançou a cabeça e riu, mas logo se recompôs, a expressão se tornando dura. – Como eu disse mais cedo, ela é minha. Você tem conquistas suficientes aonde quer que vá.
Antes que Joseph pudesse reagir, Demi chegou. Alex lhe entregou uma cerveja e ela
sorriu.
– Obrigada. E então, do que estão falando?
Joseph resolveu fazer um joguinho, já que Alex estava zombando dele. Seus olhos se focaram na curva do queixo de Demi antes de grudarem nos olhos dela.
– Só estava me perguntando como meu amigo conseguiu uma mulher tão linda. Está claro que você é muita areia para o caminhãozinho dele.
Demi sentia como Joseph a observava. Seus olhos se cravavam nela, fazendo-a querer desnudar todos os seus segredos e emoções.
Que talento perigoso para os olhos de um homem, pensou.
Demi começou a falar, mas a voz de Alex se fez ouvir acima da música ensurdecedora:
– Foda-se você e seu comentário. Muita areia para o meu caminhão, é?
Joseph afundou num banco junto ao balcão, sem a menor cerimônia.
– Isso mesmo! Ela é areia de mais para o seu caminhão.
– Se falar esse tipo de coisa deixa você mais tranquilo, beleza, cara. Mas é comigo que ela vai embora. – Alex verificou uma mensagem de texto que tinha acabado de receber e se virou para Demi, paralisada diante da conversa dos dois. – Trevor está a caminho, gata. Preciso ir ao banheiro, mas não deixe que esse palhaço mexa com você enquanto eu estiver fora. Ele é um galinha. – deu um beijinho no rosto dela e se afastou.
Joseph avaliou Demi com cuidado, o silêncio se estendendo entre os dois enquanto ela bebericava a cerveja. Ele sentia os olhos dela em si, olhadelas nervosas que cutucavam o que restava de razão.
Toda vez que seus olhos se cruzavam, ele desejava se apossar deles e morar ali para sempre.
Perguntou-se se Demi teria sentido a conexão que havia entre eles quando beijara sua mão. Joseph tomou um longo gole de cerveja, tentando aliviar a secura na boca.
– E, então, Molly, está gostando de Nova York?
Já sabendo o que a aguardava, Demi riu.
– Na verdade, estou, sim, Sr. stalker. Obrigada por perguntar.
– Não sou nem stalker, nem galinha, sério – disse ele, rindo do apelido.
– A parte sobre ser stalker pode ser questionável, mas, para ser sincera, já ouvi muita gente dizer que é galinha.
Demi mordeu o lábio ao se dar conta de quanto aquelas últimas palavras deviam ter soado ofensivas. Ainda assim, eram verdadeiras. Selena lhe contara histórias sobre Joseph, o amigo rico de Alex, que fazia enorme sucesso com as mulheres. Ela também lhe prevenira de que, quando o conhecesse, teria que fazer de tudo para não arrancar a camisa dele e olhar os botões se espalharem pelo chão com todas as suas inibições sexuais.
Certo, completamente gostoso.
Remexendo-se no assento, Joseph deu um sorriso.
– E de quem foi que ouviu isso?
– Selena Gomez.
– Hum, então você não deve conhecê-la tão bem assim – rebateu ele, fazendo sinal para que o barman lhes trouxesse mais uma rodada.
– Vejamos. Ela foi minha colega de quarto na faculdade e agora dividimos um apartamento. Eu a considero uma fonte bastante confiável, mas cada um sabe de si, não é?
– Perdoe-me pela minha péssima memória. Tem razão. Seu nome é Demi, não Molly. –
ele deu um sorrisinho cínico, passando a mão pelos cabelos. – É claro que conhece Selena.
Ela sorriu com deboche.
– Sim, meu nome verdadeiro é Demi. Já sabemos disso, mas por que tenho a sensação de que você nunca vai me deixar esquecer?
Um sorriso delicioso se formou nos lábios dele.
– Ah, talvez eu deixe, talvez não. Mas isso você vai ter que descobrir. – os dois riram, relaxando um pouco. – E então, o que Selena disse a meu respeito?
– Ah, isso você vai ter que descobrir.
Divertindo-se com o raciocínio rápido dela, Joseph baixou a cabeça e riu. Seus traços se suavizaram assim que ele voltou a encará-la.
– Mas, em minha defesa, essa história toda de ser galinha é uma interpretação deturpada dos fatos. Só não encontrei a mulher certa ainda.
– Bem, parece-me que tem um monte de mulheres tentando chamar sua atenção agora mesmo. – Com um gesto amplo, Demi indicou um grupo de mulheres que se encontrava na ponta do balcão, todas olhando para Joseph. – Se quer saber minha opinião, é uma seleção bastante decente.
Embora se esforçasse, ele não conseguia afastar os olhos dela.
Joseph continuava a fitar Demi, querendo mais uma vez que ela soubesse que a única mulher que ele desejava já era comprometida.
– Infelizmente, a maioria delas só está interessada em uma coisa.
A confusão a fez franzir o cenho.
– Não é o mesmo que os homens querem, afinal?
– Não exatamente, mas gosto do seu modo de pensar. – ele analisou o jeito nervoso como ela prendeu os cabelos atrás da orelha. Gostou daquilo mais do que deveria. – Não, falando sério, não quero parecer um babaca convencido, mas existe um limite muito tênue entre mim e o meu dinheiro.
O comentário teve um efeito estranho sobre Demi. Ela sabia que ele tinha dinheiro a cidade inteira sabia. No entanto, partir do princípio de que as mulheres estavam atrás dele só por causa disso era indicativo de algum tipo de insegurança.
– Ah, então aos seus olhos toda mulher é interesseira? – observou ela, levando a garrafa à boca enquanto se encostava, descontraída, no assento.
Joseph tentou se concentrar nos olhos dela em vez de nos lábios.
– Não é nada disso. Soou errado. Me desculpe. – ele pôs o copo vazio no balcão. – Mas é difícil saber quem é de verdade e quem não é. Quero uma mulher que goste de mim com ou sem dinheiro. – Joseph deu um sorriso amarelo. – E, por algum motivo, pareço atrair as bonitas e burras também.
– Ah. – Demi se remexeu no banco, desconfortável com sua pressuposição. Tentou amenizar o efeito do que dissera. – Pelo visto você anda frequentando os lugares errados.
O barman pôs as novas bebidas diante deles. Joseph riu, gostando muito da sinceridade dela.
– Pelo visto, ando. Onde você disse que tem andado além do Bella Lucina?
– No apartamento de Alex, mas obrigada por tentar outra vez – zombou Demi. Ela inclinou o bico da garrafa sobre os lábios, permitindo-se olhá-lo nos olhos por um pouco mais de tempo. – Talvez você deva procurar mulheres na biblioteca. Isso resolveria o problema de atrair as burras.
– Você é bastante engraçadinha, Demi – observou ele, virando o corpo para ficar de frente para ela. – Eu realmente estou começando a me ressentir por Alex ter colocado as mãos em você primeiro.
Diante dessa declaração, o coração de Demi afundou no peito. Antes que pudesse responder, sentiu a mão quente de alguém em seu ombro e pensou que fosse Alex.
Virou-se e deu de cara com Trevor e seu enorme sorriso, os cabelos louros e fartos caindo sobre a testa.
– Cheguei! Hora de começar a festa! – brincou ele, dando um tapinha no ombro de Joseph. Deu um abraço em Demi e se meteu entre os dois para pedir uma bebida. – Esta noite vai ser um porre só.
Demi sorriu, feliz em ver Trevor. Ficara muito próxima dele nos últimos meses. Além de ser irmão de Selena, era um cara bacana. Mesmo antes de ela se mudar para Nova York, ele telefonara para saber se estava bem.
Trevor olhou pela boate por trás dos óculos.
– Cadê o Alex? – perguntou, aceitando o drinque das mãos do barman.
– Deve ter se afogado na privada. – Joseph deu um sorriso irônico, fazendo um gesto em direção ao banheiro.
– Parece mesmo algo do feitio dele, ainda mais se estiver bêbado – brincou Trevor. – E você, como tem andado, cara? Parece que a gente não se vê há séculos.
– Bem. Tive que fazer umas viagens. Sabe como é. Mas devo passar a maior parte do verão na cidade.
– Vai dar sua festa anual do Dia da Independência na casa nos Hamptons, não vai?
– Com certeza – respondeu Joseph. – Na verdade, vou para lá esta semana, para dar uma geral na casa.
Trevor se virou para Demi, que não estava prestando atenção na conversa. Os olhos castanhos risonhos dele estavam arregalados de animação.
– Ei, Demi. Você vai, não vai?
Ela se mostrou confusa enquanto percorria a boate com os olhos, sabendo que Alex já tinha sumido havia um tempinho.
– Vou aonde? – A voz dela foi sumindo, desviando os olhos de Trevor.
– À festa do Joseph nos Hamptons, no Dia da Independência. Alex comentou com você, não foi?
Ela deu de ombros, voltando a atenção para Trevor.
– Ainda não mencionou, não, mas me parece divertido. Estou certa de que iremos.
A voz de Alex interrompeu a conversa:
– Iremos aonde?
Ele se inclinou para beijar o pescoço de Demi.
– Acho bom que esses caras não tenham dado em cima de você enquanto estive longe.
Girando para ficar de frente para ele, Demi sorriu.
– Não se preocupe, eles estavam me entretendo. Você demorou. Está tudo bem?
– Tive que dar um telefonema rápido.
Um sorriso maroto se formou nos lábios de Joseph.
– Achamos que você tivesse caído na privada e estávamos prestes a juntar um grupo de busca. Mas não comece a se achar importante, pois não íamos procurar por muito tempo.
– Nossa, vocês dois são cruéis – disse Demi, rindo.
Trevor tomou um gole de cerveja.
– Você ainda não viu nada, Demi. Eles só estão esquentando.
Alex balançou a cabeça e olhou para Joseph.
– Uma vez espertinho, sempre espertinho, Jonas. É sempre assim.
Joseph deixou a cabeça pender e riu. Bebeu um gole demorado da cerveja, olhou para
Demi e depois, com relutância, para Alex.
– E aí? Vocês dois vão à minha festa?
– Esqueci completamente – respondeu Alex. – Mas é claro que estaremos lá.
Trevor inclinou a cabeça para o lado.
– Como assim, você esqueceu? Cara, faz dois anos que você vai.
Alex puxou Demi, ancorando o corpo dela na frente do dele. Passou os braços pelos ombros dela.
– Tenho andado distraído por causa da patroa, aqui. Parece que não tenho conseguido pensar em mais nada.
Demi notou uma loura muito bem-arrumada se aproximando. Ela passou os braços pela cintura de Joseph e lhe deu um beijo no cantinho da boca.
– Achei mesmo que fosse você, Joseph. – a loura pediu um drinque e avisou ao barman para colocar na conta de Joseph. – Onde tem se escondido? – as palavras dela saíram arrastadas enquanto o agarrava com mais força, tentando manter o equilíbrio.
– Obviamente não longe o bastante – resmungou Trevor baixinho.
A mulher não ouviu o comentário, mas nem precisou. A expressão dele dizia tudo.
Alex semicerrou os olhos para espiar a loura.
Joseph sabia quem ela era e tentava se fazer de impassível. Deu um sorriso tranquilo enquanto passava o braço em torno da cintura dela, tentando mantê-la em pé.
– Estive viajando. Como você está?
– Ah, estou ótima. Obrigada por perguntar – respondeu ela, apoiando-se nele. – Quem temos aqui? Acho que ainda não nos conhecemos. Você é tão bonitinha. É um dos novos brinquedinhos do Joseph?
Demi abriu a boca, mas não disse nada, pois não queria ser grossa. Achou o comentário ridículo, afinal Alex estava abraçado a ela.
Joseph lançou um sorriso irônico para Demi.
– Não, ela é namorada do Alex. Estou louco para conquistar uma garota chamada Molly, mas infelizmente ela já tem dono.
Demi mordeu o lábio, tensa, e então desviou o olhar.
A loura olhou para Alex com severidade, a expressão simpática abandonando seu rosto.
– É mesmo? Não sabia que estava namorando, Alex.
Joseph se levantou e pegou a loura pelo braço.
– Vamos, boneca. Temos muito papo para botar em dia. Vamos dar uma volta. – ele a conduziu para fora da boate e Demi ficou observando a forma como a mulher a encarava
enquanto tentava se desvencilhar de Joseph.
– Quem era ela? – perguntou Demi, virando-se para Alex.
– Ninguém – respondeu ele, de olhos arregalados. Passou a mãos pelos cabelos. – Só uma garota que fez faculdade com Joseph.
– Uma das ex-namoradas dele? – insistiu Demi.
Trevor olhou para Alex, mas não disse nada.
– É, só uma garota que ele pegava – respondeu Alex e pediu mais algumas doses ao barman. – Vamos tomar um porre, gata.
Joseph foi abrindo caminho por entre os corpos suarentos. Conduzindo a mulher para fora da boate, imprensou-a contra a parede. Baixando o olhar para ela, encarou-a com uma expressão dura.
– O que você está fazendo, Monica?
Ela empinou o queixo em desafio e os olhos cor de mel ficaram vidrados.
– Como assim, Joseph? – ela passou as mãos pelos cabelos. – Ele acha que pode me comer, dar o fora e começar a comer outra depressa assim?
Joseph deu um suspiro e um músculo latejou em sua mandíbula.
– O que você e Alex tiveram foi exatamente isso, nada mais. Uma trepada sem compromisso.
Esquece.
Monica semicerrou os olhos.
– Não, Joseph. Se eu quisesse só isso, teria dormido com você. – ela percorreu o peito dele com um dos dedos. – Quer me levar para casa? Posso acrescentar mais um nome à sua lista de conquistas.
– Você sabe muito bem que não tem a menor chance de isso acontecer – disse ele, agarrando o punho dela. – Você dois já terminaram há um tempão, então pare com essa merda.
– Que piada! A gente nunca parou de transar! – vociferou ela. – Eu estava de sacanagem com o Alex lá em cima agorinha mesmo.
Baixando mais a cabeça, Joseph a obrigou a encará-lo.
– Lá em cima, é?
– É, talvez você devesse contar para aquela santinha que está com ele – rebateu ela, tentando se desvencilhar.
– Nem pense nisso – rosnou Joseph. – Que Deus me ajude se eu descobrir que você chegou a dois passos dela.
Arregalando os olhos, a voz de Monica ficou mais aguda e um sorriso curioso se abriu em seus lábios:
– O que é? Você está a fim dela? – ela fez uma breve pausa e, como ele não respondeu, prosseguiu: – Está, não está? Grande amigo que você é, Joseph Jonas. – ela riu, passando as mãos pelos cabelos mais uma vez. – Todos esses meninos ricos do seu grupinho são um  bando de babacas de cabeça fodida! Eu só lamento pelos nossos pais serem amigos!
Rangendo os dentes, Joseph a fitou por um segundo. Fez sinal para o segurança.
– Tome 100 pratas. Chame um táxi e tire esta mulher daqui... agora.
– Sem problema, Sr. Jonas.
Ele estendeu a mão para pegar o dinheiro e segurar Monica. Ela lutou contra o homem troncudo, causando uma comoção ainda maior enquanto xingava Joseph de todos os palavrões possíveis. Por fim, foi colocada num táxi e mandada para casa.
Deixando escapar um suspiro pesado, Joseph voltou para a boate. Teria de contornar os
danos na manhã seguinte, já que Monica Lemay era, de fato, filha de um dos amigos mais íntimos de seu pai.
Abrindo caminho de volta até o bar, Joseph se perguntou até que ponto o que ela dissera poderia ser verdade. Não achava que Alex fosse incapaz daquilo. Era conhecido por ser infiel. Por outro lado, Joseph não rejeitava a hipótese de Monica mentir para ganhar Alex de volta. Não seria a primeira tentativa desesperada para tentar reatar com ele.
Alex viu que Joseph se aproximava. Disse a Demi que voltaria em breve e foi até ele, jogando o braço em volta do pescoço do amigo.– Já cuidou de tudo?
Cruzando os braços, Joseph deu um passo para trás.
– Sim. Ela já foi. O que você está aprontando, caralho? Ainda está comendo a Monica?
Alex deu de ombros com grande displicência.
– Estava, mas agora cansei. Ela não parava de ligar e me encher a paciência. Sabe como ela é.
Alex já ia se afastando, mas Joseph segurou seu braço.
– Cara, sério, você está com uma mulher superbacana agora. Qual é a porra do seu problema?
Alex puxou o braço.
– Lá vem você outra vez, todo preocupadinho com o que eu faço. Vai cuidar da sua vida.
Eu já disse que não tenho mais nada com aquela vaca. – ele tomou a bebida de um só gole. –
Vamos, não quero desperdiçar mais nada da minha noite com ela. – começou a se afastar, então se virou: – Ah, eu disse a Demi que quem comia ela era você.
Antes que Joseph pudesse falar qualquer coisa, Alex voltou para Demi, sorrindo enquanto a beijava. Joseph observava o amigo desempenhar com habilidade o papel de médico e monstro que conhecera ao longo dos anos. Ele não pôde deixar de notar a forma como Demi o fitava enquanto ele se sentava no banco.
– Você sabe mesmo escolher, Joseph – zombou Demi, inclinando a cerveja em direção à boca. – A biblioteca! Não se esqueça da biblioteca.
Joseph terminou a cerveja antes de lançar um olhar gélido para Alex. Então passou a examinar Demi enquanto refletia sobre as palavras dela.
– Pois é, acho que tive minha cota de mulheres complicadas. – fez sinal para que o barman lhe trouxesse mais uma. – Vou mesmo começar com a biblioteca conforme você sugeriu, Demi.
Durante as horas que se seguiram, Alex tomou um porre inconsequente. As muitas cervejas e doses de tequila acabaram por derrubá-lo. Ao final da noite, Trevor e Joseph tiveram que ajudá-lo a chegar à caminhonete de Trevor. Já tendo perdido toda a paciência, Joseph o jogou no banco traseiro e fechou a porta. Trevor apertou a mão de Joseph e entrou no carro.
Demi ficou de pé no estacionamento, envergonhada pelo porre de Alex.
– Sinto muito por isso. Ele perde um pouco a noção quando comemora uma conta nova.
Joseph encostou no carro, o olhar pousando nos lábios dela.
– Não tem a menor necessidade de se desculpar por ele. – os olhos subiram para encontrar os dela. – Eu o conheço há tempo suficiente para saber como ele fica.
Respirando fundo, Demi estendeu a mão. Tentou parecer tranquila, mas a voz soou
pouco natural e trêmula:
– Bem, foi bom conhecê-lo oficialmente, Joseph. Acho que vamos nos ver por aí.
Diminuindo a distância que os separava, ele estendeu a mão para ela. Sentiu-se paralisado por um momento enquanto fitava o fundo daqueles olhos lindos. Mas então simplesmente apertou a mão dela e sorriu.
– Também foi um prazer enfim conhecer você, Demi. Acho que nos veremos na festa do
Dia da Independência.
Acomodando-se no banco do carona, ela assentiu e sorriu.
– Dia da Independência.
Joseph ficou observando enquanto o carro desaparecia no tráfego pesado de Manhattan, ao mesmo tempo que era tomado pelo choque por descobrir quem Demi era, de fato.


esse Alex não vale nada, trai a Demi na maior cara de pau, logo logo a Demi irá descobrir. 
E o Joseph e a Demi estão numa atração louca hahaha
comentem sobre o que acharam amores.
bjs lindonas e até o próximo <3
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