11/01/2017

heartbeat: capítulo 15


Fora da minha cabeça

As palavras eram simples, o design, elegante e discreto. O escritório de Joseph estava em silêncio, a não ser pelas constantes e ritmadas batidas do cartão tipografado na mesa. Perdera a conta de quantas vezes o lera ao longo do dia.

Diante de nós, a estrada se estende... um futuro repleto de amor atemporal...
Demetria D. Lovato & Alex R. Pettyfer
Convidam para celebrar seu noivado
Sábado, 23 de setembro de 2016, às 18h
The Diamond Room
30 West 59th Street
Oferecido por Lee e Richard Parker
RSVP 212-981-1275 até 15 de setembro

Embora não parecesse, além do som do convite batendo contra a mesa de Joseph, havia outros ruídos na sala, mas era preciso estar muito perto dele para ouvi-los. Eram a aniquilação de seu coração e sua respiração ofegante. Joseph não estava surpreso. Mas o convite era a prova de que Demi iria em frente com aquela história.
Joseph tinha ficado sabendo da notícia alguns dias antes. Alex se mostrara muito empolgado ao anunciar o noivado, suas palavras eliminando tanto a esperança de Joseph quanto o ar de seus pulmões. Durante a breve conversa com Alex, Joseph se sentira ao mesmo tempo o Médico e o Monstro, afinal tinha que agir como se estivesse feliz pelos dois. Sabendo que seu tom precisava conter algum traço de animação, representara melhor do que havia esperado ao parabenizar o amigo. Depois de desligar o telefone, precisou de todo o seu autocontrole para não atirar o aparelho contra a parede. Mas não importava. A espada já fora cravada em seu coração, mutilando-o.
Joseph estava tão concentrado no convite que quase não notou quando Kevin entrou em seu escritório. Erguendo os olhos do anúncio torturante, espiou o irmão. Kevin sabia o que estava acontecendo e tinha uma expressão preocupada. Joseph sabia o que ele iria dizer e, merda, não queria ouvi-lo.
– É assim mesmo, rapazinho. Você precisa tirá...
– Cala essa merda dessa boca, Kevin – sibilou ele. – Você não tem a menor ideia do que está se passando pela minha cabeça neste exato momento.
O choque no rosto de Kevin foi visível e as sobrancelhas se arquearam sobre os olhos verdes.
– Então vá atrás dela, Joseph. Quando a gente quer uma coisa tanto assim, não desiste com facilidade. Em vez disso, luta até não poder mais. Está no sangue dos Jonas, então devia ser fácil para você. Além do mais, nunca conheci um filho da puta mais teimoso que você.
Joseph quase engasgou numa risada amarga, embora tenha ponderado brevemente sobre a proposta do irmão. Sabia que podia invadir a vida de Demi e tentar minar as defesas dela.
A ideia de mantê-la prisioneira em seu apartamento, em seus braços, em sua cama, até fazê- la ceder e jurar ser só dele se tornava mais atraente a cada segundo. Sabia que ela escondia o que sentia por ele e compreendia seu medo de se libertar. O risco era enorme para ambos. Depois que confessassem a necessidade de estar juntos, o julgamento dos outros seria complicado, mas eles poderiam suportá-lo juntos.
Mas de que adiantava ir atrás dela? A ideia de passar algum tempo com Demi e talvez não, com certeza se apaixonar só para no fim ela decidir que não queria estar ao lado dele queimava o seu coração. Joseph teria que ser um perfeito idiota para ao menos cogitar isso. Mas, meu Deus, ele não podia fazer nada além de fechar os olhos e pensar nela. A incapacidade de fazer alguma coisa o consumia.
– Você perdeu a cabeça? Lutar por ela? Eles vão se casar!
– Você está me perguntando se eu perdi a cabeça? – indagou Kevin, incrédulo, sentando-se diante de Joseph. – Irmão, você não só aceitou o convite para a festa de noivado como também aceitou ser um dos padrinhos de Alex. Quem foi que perdeu a cabeça aqui?
– Porra, como eu poderia recusar? – grunhiu Joseph. – Lembre-se de que tenho que agir de forma mais ou menos normal perto dele.
Kevin deu de ombros.
– Diga que está doente.
Joseph deu uma risada forçada.
– Pode acreditar, é bem capaz de eu marcar uma viagem para fora do país até lá. –
levantando-se da cadeira, ele pegou o paletó e vestiu-o. – Estou precisando de uma merda de um drinque.
– Estou inclinado a concordar.
– Você vem ou não vem?
– Claro, se eu puder escolher o lugar.
– Pode escolher.
Vinte minutos depois, estavam diante de um bar no East Village. Joseph ficou impressionado com o bairro e com a escolha de Kevin. Uma verdadeira meca para artistas, músicos, estudantes e escritores, o St. Mark’s Place era um agito só durante o happy hour. O objetivo de Joseph era simples: ficar chapado para se livrar das imagens de Demi que não saíam de seus pensamentos.
Tinha quase certeza de que uma quantidade decente de bourbon ajudaria no exorcismo.
Chapado.
Isso aí. Ele queria ficar completamente chapado.
Quando iam saindo do carro de Joseph, Kevin fez uma parada brusca.
– Ora, mas eis aí algo que talvez arranque Demi da sua cabeça. – ele indicou uma mulher que estava tendo problemas com o carro.
Joseph a estudou enquanto ela tirava a cabeça de debaixo do capô. Com o celular ao ouvido, parecia estressada e agitada, e os olhos cor de caramelo encontraram os de Joseph. Lindos cabelos longos da mesma cor dos olhos, chicoteavam ao vento, assim como a saia na altura dos joelhos.
Vacilante sobre os saltos, atirou a alça da bolsa no ombro enquanto fechava o capô.
Kevin deu um cutucão no braço de Joseph.
– Vá lá dar uma forcinha.
– Ela está no telefone. Tenho certeza de que já tem alguém a caminho para ajudá-la.
Foi só Joseph acabar de falar que a mulher se aproximou deles, chorando.
– Lamento incomodar, mas será que um dos dois cavalheiros teria um celular que eu pudesse usar? O meu acabou de ficar sem bateria.
– É claro, sem problema – respondeu Joseph, vasculhando o bolso e lhe entregando o telefone.
– Obrigada. – ela fungou e aceitou o aparelho. Apressada, digitou uns números e se afastou um pouco.
Joseph olhou para o irmão.
– Vá pegar um lenço de papel ou algo assim. Fico aqui esperando com ela.
Kevin lhe lançou um sorrisinho insolente que o fez revirar os olhos. Quando abriu a porta do bar, os sons de um conjunto de jazz que tocava ao vivo foram despejados sobre as ruas barulhentas da cidade.
A mulher voltou para onde Joseph se encontrava.
– Muito, muito obrigada. Meu irmão tem uma empresa de reboques e logo estará aqui.
– Sem problema – disse ele, enfiando o celular de volta no bolso. – Pelo visto, a junta do cabeçote queimou.
Ela fungou de novo. Olhou para o carro e outra vez para Joseph.
– Você consegue saber sem nem olhar?
– É que tem uma fumaça branca saindo pelo escapamento. Isso costuma ser um sinal bastante certeiro.
– Ah, você é mecânico?
Joseph sorriu.
– Não, só gosto de carros. – envergonhada, ela retribuiu o sorriso. – Mandei meu irmão buscar um lenço para você.
– Obrigada. Eu me sinto boba chorando desse jeito. Mas as últimas semanas foram meio difíceis.
Apesar de se sentir mal pela mulher, ele não tinha mesmo a menor ideia do que dizer. Por isso ficou aliviado quando Kevin retornou.
Entregando-lhe o lenço de papel, perguntou:
– Conseguiu chamar alguém?
Ela assentiu e disse que estava esperando sua carona chegar.
– Enquanto espera, por que não entra comigo e com o meu irmãozinho? – perguntou Kevin, lançando para Joseph um sorriso torto. – Por nossa conta, é claro.
Joseph controlou o desejo súbito de atirá-lo do outro lado da rua.
Após uma breve hesitação, a mulher aceitou:
– Na verdade, parece ser uma boa ideia. Um drinque cairia bem.
Abrindo a porta, Kevin mandou mais um sorriso malicioso para Joseph.
– Conheço um monte de gente que está precisando de um drinque hoje.
Joseph balançou a cabeça e seguiu os dois para dentro As melodiosas notas de uma mulher cantando “Use me up” enchiam o ambiente. E, como a letra se encaixava com o que ele sentia por Demi, aquela fora uma das canções que imaginara dançar com ela, os corpos grudados, o dela firmemente aninhado em seus braços. A ilusão que criara de ambos juntos já não podia estar mais longe da realidade. Como um fogo ardendo, o desejo que sentia por ela e a necessidade por mais do que algumas doses de bourbon se embrenhavam em seus pensamentos.
Depois de encontrarem uma mesa perto da pista, a mulher, que se apresentara como Stephanie, foi até o banheiro para retocar a maquiagem e disfarçar a aparência chorosa. Pedindo de pronto três doses de bourbon e uma cerveja, Joseph se jogou àquilo que se transformaria no entorpecimento que tanto buscava. Segundos depois de o garçom entregar as bebidas, Joseph virou duas das doses e olhou de cara feia para o irmão.
– Nem comece.
Sorrindo, Kevin se recostou confortavelmente na poltrona.
– Eu não disse nada.
– Nem precisa. – a voz de Joseph era um aviso contundente. – Sua cara diz tudo e, sério, não estou com o menor saco no momento.
Com um arquear apropriado da sobrancelha, Kevin riu.
– Então, deixe-me ver, você está escolhendo o caminho que inevitavelmente o fará chafurdar na autopiedade?
– Você não tem noção mesmo, não é?
– Pelo contrário, irmão, eu tenho, sim. Como lhe disse antes, ou você luta ou abre mão dela.
Balançando a cabeça, Joseph virou a terceira dose.
– Não preciso dos seus conselhos, Kevin.
– Sei que não, rapazinho. No entanto, pode beber o quanto quiser para esquecer a Demi, ou pode se aproveitar da linda donzela em apuros que deve estar limpando o rímel dos belos olhinhos lá no banheiro agora mesmo.
– Então agora você quer que eu me aproveite das mulheres, é? – bufou Joseph, ofendido, enquanto abria a cerveja. – Você não só está me irritando, como é uma contradição ambulante.
Kevin riu.
– Você entendeu o que eu quis dizer. Arrisque-se com alguma coisa mais palpável do que aquilo que vem perseguindo.
A observação displicente atingiu-o em cheio, mas a aproximação de Stephanie poupou Kevin de levar um fora. Ela sentou-se em frente a Joseph e sorriu.
– Desculpem a demora.
– Sem problemas – replicou Joseph. – O que vai beber?
– Vou querer uma Absolut com cranberry e um toque de limão-galego.
Joseph fez sinal para o garçom e lhe passou o pedido. Olhando mais detidamente, viu que a mulher era tão linda quanto Kevin observara. Os cabelos, de um rico castanho avermelhado, eram brilhantes, apesar de um pouco despenteados, e os olhos claros e amendoados, contornados por cílios espessos, em geral o deixariam com uma cantada ou duas na ponta da língua mas não aquela noite. Sem se deixar perturbar ou afetar, Joseph manteve a conversa com ela casual e se concentrou na batalha interna que travava por Demi. Kevin, por sua vez, se encarregou de entreter Stephanie, fazendo um ou outro comentário divertido à custa de Joseph.
Com o passar da noite, Joseph notou que Stephanie o fitava com mais interesse. Querendo se crucificar por não estar dando a mínima para ela, pediu outra rodada de drinques e tentou lhe dar um pouco mais de atenção. Descobriu que ela estudava jornalismo e que se formaria em maio do ano seguinte. Tinha crescido em Lindenhurst, uma cidade de médio porte, em Long Island, com um irmão mais velho e um mais novo. Gostava de belas- artes, de música, de viajar, de comer bem, da família, dos amigos e de dias preguiçosos de verão.
Ainda assim, com todos os belos atributos que ela sem dúvida possuía, Joseph não conseguia parar de compará-la ao que mais queria, ao que mais desejava e àquilo de que mais precisava.
Demi...
Nenhum arrepio percorria sua espinha quando Stephanie falava. Nada acendia dentro dele quando ela ria. Nem mesmo o leve toque dela em seu braço vez por outra lhe provocava alguma reação.
Nada.
Por isso sentia-se um completo babaca por sequer estar batendo papo com ela, que estava claramente interessada nele.
E, para Joseph, estava mais claro ainda que ele não correspondia.
Ainda assim fosse porque o álcool cumprira seu objetivo ou pelo fato de ele ter se convencido, por fim, que ter Demi em sua vida era má ideia ao final da noite, Joseph se viu trocando números de telefone com Stephanie.

***

– Ela tinha mesmo que vir com a gente? – perguntou Selena, o rosto retorcido de repulsa.
– Você acha que eu a quero aqui? – cochichou Demi, espiando para fora da sala de provas, para onde a mãe de Alex vasculhava uma infinidade de vestidos de noiva com uma das consultoras. – Ela queria vir e eu não estava a fim de discutir. Além do mais, tem algum evento beneficente às sete, então ela não vai ficar muito mais tempo.
Estalando a língua, Selena revirou os olhos.
– A mulher é uma porra de uma praga: sai destruindo tudo o que vê pela frente. Eu nunca a suportei.
Demi respirou fundo e se voltou para Selena. Ela estudou o vestido de noiva Reem Acra que vestia. Dando voltinhas, perguntou:
– Que tal este?
Selena enrolou uma mecha dos cabelos num dedo.
– Quer sinceridade ou puxa-saquismo?
– Qual é, Selena? – disse ela, pondo as mãos nos quadris.
– Está parecendo uma merda de uma sereia.
Demi balançou a cabeça.
– Você perguntou, amiga, e eu escolhi a sinceridade. – como se uma lâmpada tivesse se acendido em sua cabeça, Selena acrescentou: – Ah, tenho uma ideia. Que tal se você escolher seu vestido de noiva, já que o casamento é seu? Juro por Deus, se a vaca da peste entrar aqui com mais uma porra de um vestido e insistir para você provar, vou derrubá-la aqui mesmo no chão desta boutique e enchê-la de porrada.
– Dá para você se acalmar, por favor?
– Não, Demi, não vou me acalmar. Nesse momento, você deu um nó tão fodido na minha cabeça com essa história de casamento que eu nem sei o que pensar.
Pressionando as têmporas com os dedos, Demi fechou os olhos.
– O que quer que eu diga?
– Quero que me diga, mais uma vez, por que está indo em frente com isso. Ainda não processei direito. Mas tenho que ser sincera: preciso dar os parabéns ao cabeça de bagre por azucrinar você atrás de uma reposta depois de dizer que lhe daria tempo. Sério, Demi... novembro? Já estamos na primeira semana de setembro, caramba.
– Eu já disse, Selena. Alex é o último neto a se casar e eles acham que a avó dele não vai sobreviver mais do que seis meses. Ela está muito doente – respondeu Demi, fazendo sinal para que Selena ajudasse a desabotoá-la. – A família quer que ela o veja se casar.
Selena se levantou e caminhou até Demi.
– Claro, porque você deve basear seu futuro nessa avó dele, anciã e fossilizada, que talvez bata as botas uma hora depois do casamento.
– Esse não é o único motivo, e você sabe muito bem disso. Quer saber de quanto tempo é a espera para uma recepção no Waldorf Astoria? Três anos, Selena. Os pais de Alex têm contatos lá e houve um cancelamento. Essa era a data disponível, então ficamos com ela.
Selena a ajudou a sair do vestido.
– Vou lhe dizer mais duas coisas, quer você goste ou não.
– Como eu esperava que você faria – suspirou Demi, estendendo a mão em direção a um esvoaçante vestido evasê, em chiffon que ela própria escolhera.
– Primeira: não vejo problema em esperar três anos para conseguir o Waldorf se fosse esse o tempo de que você precisasse para pensar no assunto. – Demi ia dizer mais alguma coisa, porém foi silenciada por Selena, que pressionou um dos dedos nos lábios da amiga. Ela colocou as mãos sobre os ombros de Demi e olhou fundo nos olhos que haviam parado de piscar. – E segunda: você não mencionou o fato de amar Alex como um de seus motivos, amiga.
Demi retribuiu o olhar por um momento, se virou e, em silêncio, deu um passo para dentro do vestido que não a faria parecer uma sereia, puxando-o para cima.
– Você sabe que eu o amo.
Selena fechou o zíper para a amiga. Elas se olharam pelo espelho.
– Eu também sei o que aconteceu entre você e...
– Não – Demi a interrompeu, sentindo o já familiar golpe no estômago.
Ainda de pé atrás de Demi, Selena se aproximou do ouvido dela e sussurrou:
– Ele está arrasado, Demi. Trevor me contou que nunca o viu tão fora do ar.
O coração de Demi  ficou apertado diante da ideia de que Joseph pudesse estar sofrendo, mas não podia fraquejar dessa forma: não agora, nem por causa dele. Não era certo.
– Não quero falar sobre isso, Selena – sussurrou, descendo da plataforma onde estava.
– E você também está infeliz, Demi. Dá para perceber. Desde aquela noite, não é mais a mesma.
– Eu não estou infeliz. – ela respirou, tentando abrir o zíper. – Eu estava bêbada e tive uma atitude ruim. A história toda foi péssima.
– Precisa de ajuda com isso aí? – perguntou Selena, com muito cuidado.
Claramente alvoroçada, Demi bufou.
– Sim, por favor.
Selena a ajudou a abrir o vestido.
– Às vezes, escolhas infelizes nos levam às pessoas certas, Demi – disse em voz baixa.
Aquelas palavras fizeram Demi se arrepiar dos pés à cabeça, e ela enterrou as unhas nas palmas das mãos. Joseph gerava um maremoto de emoções dentro dela, maior e bem mais perigoso do que qualquer coisa que já conhecera. Confusão, mágoa, dor e um medo horrível dele e de si mesma navegavam em meio à tempestade que se formava em sua cabeça. Tudo isso passou por sua mente naqueles segundos, mas, antes que o tormento a derrubasse, outro apareceu metido num terno Valentino, o lenço Hermès de seda balançando a cada passo dado sobre os saltos agulha.
– Donna – disse Lee para a consultora. – Pode deixar que eu assumo daqui em diante.
A mulher de meia-idade olhou para Demi.
– Eu estou bem, Donna. Obrigada pela ajuda.
– De nada, Srta. Lovato. Se precisar de alguma coisa, é só me avisar – disse ela, deixando a sala.
– Ah, Demi, você não está mesmo pensando em usar evasê, está? – perguntou Lee, com um suspiro. – É tão sem-graça. Além do mais, você tem um corpo mignon e violão, mais apropriado para este Elie Saab. – ela ergueu um vestido que fez Demi querer vomitar o almoço.
Selena deixou escapar uma risada melodramática:
– Isso é alguma piada? Eu não a deixaria nem ser enterrada neste troço, quanto mais andar até o altar. Vai ficar parecendo uma porra de uma cacatua.
Lee lhe lançou um olhar venenoso.
– Você nunca foi capaz de segurar essa sua língua muito bem, não é, Selena?
A garota sorriu, embora não houvesse o menor sinal de humor em sua voz quando falou:
– Mas que surpresa!
– Lee... – Demi estendeu a mão em direção ao vestido. Lee desviou o olhar de Selena. – Eu amo a Elie Saab, só não gosto deste modelo em especial. – Demi pendurou o amontoado de plumas e pegou um Monique Lhuillier que experimentara mais cedo. – Acho que vou ficar com este daqui. Adoro o aplique de renda e o decote canoa. E as mangas compridas são perfeitas para um casamento no inverno.
Lee bufou.
– Mas este deixou seus quadril três vezes maior.
Demi ficou boquiaberta e de olhos arregalados.
– Puta merda – vociferou Selena, franzindo as sobrancelhas. – Demi, para começar, você é miúda demais. Seus quadris nunca vão parecer largos. – ela lançou um olhar assassino para
Lee e se virou outra vez para a amiga. – E, depois, estou bem perto de armar um barraco. –
ela tirou os brincos de pressão e arregaçou as mangas.
Os olhos de Lee ficaram implacáveis.
– Não – Demi intercedeu depressa, correndo em direção a Selena. – Sente-se aí, Selena.
Os olhos imploravam. Cruzando os braços, Selena afundou numa cadeira, olhando para Lee de cara feia.
– Está certo, Lee, eu experimento. Mas você não tem que ir embora daqui a pouco?
Os olhos de Lee verificaram o relógio de pulso e ela respirou ruidosamente.
– Meu Deus, tenho mesmo – disse, lacônica, pegando a bolsa. – Muito bem, então experimente o Elie Saab. Também mostrei a Donna um estilo trompete que ficaria fabuloso em você. Peça para ela trazer. – assentindo, Demi abriu um sorriso forçado. – Maravilha. Ligo para você mais tarde, então.
Lee partiu apressada, depois de ela e Selena trocarem olhares ameaçadores.
Selena se levantou na mesma hora.
– Você não está falando sério sobre...
– Experimentar esta coisa horrenda? – interrompeu Demi com uma gargalhada. Selena riu com ela. – Não se preocupe em não querer me ver nem enterrada com ele. Eu não permitiria isso.
Demi vestiu os jeans, o suéter vermelho que caía nos ombros e o All-Star preto. Pegou a bolsa na cadeira e foi até a recepção. Avisou a Donna que ia ficar com o Monique Lhuillier e deu à recepcionista o cartão de crédito de Alex para pagar o sinal. Depois de discutir e de
marcar algumas provas, também combinaram que a loja cuidaria das provas do vestido de
madrinha da irmã de Demi, que morava em outro estado. Sentindo-se assoberbada com a
grandiosidade daquilo tudo, Demi ficou mais do que satisfeita de sair dali.
– Estou morrendo de fome – disse Selena ao saírem para o ar frio da cidade. – Tem um sushi bar maneiro não muito longe daqui que serve uns rolls bem decentes. Quer conhecer?
– Quero.
Algumas quadras depois, chegaram ao restaurante japonês. Antes de entrar, Demi parou
e começou a vasculhar a bolsa.
Com a mão na porta, Selena perguntou:
– O que você está fazendo? – Demi a ignorou. – Ei, Demi, o que você está fazendo?
– Estou com uma dor de cabeça terrível. Sei que tenho um remédio aqui, em algum lugar – respondeu ela, as mãos trabalhando freneticamente em meio a uma confusão de recibos de cartão de crédito, óculos escuros e uma bolsinha de maquiagem abarrotada.
Com um sorriso, encontrou o que procurava e suspirou aliviada. Dirigiu-se à entrada e viu o rosto de Selena ganhar uma perceptível expressão de choque.
Demi inclinou a cabeça.
– O que foi?
– Hum, meia-volta, Demi.
Com as sobrancelhas franzidas, Demi encarou Selena com olhos inquisidores e se virou depressa.
Ai, Deus...
Ela perdeu o ar ao ver o BMW de Joseph parado em fila dupla, em frente ao restaurante.
Kevin estava no banco do motorista, balançando a cabeça enquanto Joseph cambaleava para fora, pelo lado do carona, não muito graciosamente.
– Vou pegando uma mesa – avisou Selena.
– Não, espere – sussurrou Demi, a testa suando mesmo com o ar quase frio. – Não se atreva a me deixar aqui.
Selena estreitou os olhos castanhos, mas manteve a voz calma:
– Você tem que falar com ele, amiga. – sem olhar para trás, abriu a porta e desapareceu dentro do restaurante.
Com o coração disparado, Demi tentou se recompor enquanto Joseph se aproximava.
– Você está bêbado – suspirou ela, percebendo como Joseph cambaleava.
Quando ele passou a mão pelos cabelos negros rebeldes, um sorriso repuxou-lhe os cantos dos lábios.
– E você está simplesmente divina.
A voz arrastada quase a deixou estatelada no meio de Manhattan. Ainda tentando se orientar, Demi o encarou, a respiração presa na garganta. Por mais desgrenhado que estivesse sem o paletó, com a gravata afrouxada e as mangas arregaçadas de maneira displicente, ela nunca tinha conhecido um homem tão deslumbrante, em todos os sentidos. E não só fisicamente, embora Deus soubesse que ela o considerava o cara mais sexy do planeta, mas iria muito além disso.
Lento e vacilante, ele avançou em direção a Demi.
– Você está divina... e agora está noiva – disse ele, baixinho, tomando-lhe a mão esquerda.
Ele a ergueu e analisou a aliança. Embora desejasse fazê-lo, Demi não recolheu a mão.
Não conseguia se mexer, paralisada pelo toque dele.
– Hm, mesmo com todo o dinheiro que tenho, acho que não teria lhe dado algo tão espalhafatoso. Não para uma mãozinha tão linda como esta. Merece coisa melhor. Eu teria ido atrás de algo mais elegante.
Os passantes se esquivavam deles, que estavam parados na calçada. O estridente misto de buzinas, risadas e música vinda de um bar próximo ecoava ao redor, mas nenhum dos dois ouvia o barulho.
Estavam perdidos um no outro e, naquele momento, nada mais existia. Demi desviou os olhos dos dele e Joseph ergueu o queixo dela, fazendo-a fitar seus olhos. O único som que escapou dos lábios de Demi foi um suave arfar.
– Depois do nosso breve encontro, nunca pensei que Alex seria o sortudo que botaria uma aliança neste lindo dedo.
Ofegante, Demi engoliu em seco e continuou a olhar para Joseph. A determinação bruta, implacável e sexy dele eram fortes o bastante para fazer tremer o chão sob seus pés.
– Eu estava bêbada – sussurrou ela, sem tirar os olhos dos dele. – Eu... eu só precisava tirar você da cabeça.
Ainda segurando o queixo dela, Joseph deslizou lentamente o polegar, pelos lábios, a voz tão suave quanto a dela:
– Boneca, você não vai me tirar da cabeça, assim como não vou tirá-la da minha. É impossível.
Antes que Demi pudesse processar aquelas palavras, Joseph se abaixou e roçou a boca contra a dela, tomando seu lábio inferior entre os dentes e sugando com delicadeza. Ela se afastou um pouco, mas, na melhor das hipóteses, a tentativa foi breve. Deslizando a língua sobre os lábios, ele aumentou um pouco a força com que segurava o queixo dela, apenas o suficiente para que Demi não conseguisse se mover. Joseph soltou um gemido longo e deu um último e alucinante puxão no lábio dela com os dentes. Se não estivesse de olhos fechados, Demi teria visto o sorriso reverente que se abriu no rosto de Joseph. Ele se virou, de um jeito gracioso, e se afastou, deixando Demi lutando para respirar. Tateando em busca da porta do restaurante, ofegante, ela o viu entrar no carro pelo lado do carona e desaparecer no tráfego.
Assim que o nevoeiro de euforia e o choque deu uma trégua, Demi entrou no restaurante, atordoada, com a calcinha úmida e uma grande necessidade de tomar várias doses de saquê.

o que acharam dela ter aceitado o pedido de casamento? ela é muito burra hahaha
mãe do Alex é uma cobra e a Selena fala as coisas na cara dela mesmo, amo a Selena.
e esse encontro dos dois? assim a Demi vai ficar louca com o Joseph hahaha
gostaram? até o próximo. 
bjs amores <3
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2 comentários:

  1. Não creio que ela vai seguir adiante com isso.... Meu Deus.... Achei que ele fosse pedir pra ela não se casar, ele simplesmente virou as costas e foi embora!!! Essa mãe do Alex é um porre e a Selena é nota 1000. Ela precisa fazer a Demi ver a merda que esta fazendo!!! Ansiosa pra chegar sexta.... Adoro maratona!!! Continuaaaa...

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    1. Ela vai sim, ela não quer deixar o Alex e ao mesmo tempo está muito confusa.
      A mãe do Alex é uma nojenta, vou postar a maratona hoje de dois capítulos.
      bjs lindona <3

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