10/02/2019

33. a time together


O que você está fazendo aqui? — perguntou Demi ao abrir a porta de casa e me encontrar
ali segurando uma porta novinha em folha e um kit de ferramentas.
— Não pude deixar de notar, nas poucas vezes que estive aqui, que sua casa precisa de
alguns reparos.
— Do que você está falando? — ela sorriu. — Esta casa é a definição da perfeição.
Arqueei uma sobrancelha, andei até o parapeito da varanda e o puxei para cima,
arrancando-o. Não havia nada que o prendesse com firmeza aos degraus.
Ela riu.
— Ok, ela não é perfeita, mas também não é tarefa sua consertá-la. Você está usando um
cinto para ferramentas?
— Com certeza. Ou seja, é minha tarefa consertá-la sim. Então, por favor, dê um passo
para o lado e me deixe colocar uma porta no seu banheiro. Isso seria ótimo.
Passei as seis horas seguintes consertando coisas na casa de Demi, e ela me ajudou em
alguns momentos. Minha última tarefa foi subir no telhado e tentar consertar alguns pontos
de infiltração.
— Você sabe o que está fazendo? — gritou Demi para mim. Ela se recusou a subir até lá,
porque, ao contrário do letreiro, ali não havia corrimão de proteção.
— Claro que sei — respondi.
— Como assim?
Eu me virei para ela e dei um sorriso malicioso.
— Vi um documentário sobre telhados.
Os olhos de Demi se arregalaram, e ela começou a acenar freneticamente.
— Não. Não. Desça, Joseph Adam Jonas. Agora! Assistir a um documentário não faz
de você um profissional.
— Não, mas o cinto para ferramentas faz!
— Joseph.
— Demi.
— Desça agora. Venha beber um pouco de água. Eu só... eu vou contratar alguém para
arrumar o telhado, tá? Assim você não precisa consertá-lo.
Eu ri e comecei a descer a escada.
— Que bom, porque eu não tinha ideia do que eu estava fazendo.
Assim que meus pés tocaram o chão, ela me deu um empurrão.
— Nunca mais aja como um idiota. Tá?
— Tá.
— Promete? — perguntou Demi, estendendo o mindinho na minha direção.
Meu dedo mindinho envolveu o dela e puxei-a para perto de mim. Meu coração acelerou
com o toque de seu corpo, e meus olhos se fixaram em seus lábios.
— Prometo.
Ficamos parados ali, mas, de alguma forma, nos sentimos mais próximos. Os lábios de
Demi tocarem os meus de leve, mas não nos beijamos. Estávamos apenas nos tornando um
só, sentindo a respiração um do outro.
— Joseph? — sussurrou ela, seu hálito tocando minha pele.
— Sim?
— Não deveríamos ficar tão perto um do outro.
— Tá.
Demi deu um passo para trás.
— Tudo bem. — ela passou os dedos pelo cabelo e me deu um sorriso sem graça. — Você
deveria beber um pouco de água. Trabalhou como um louco. Eu vou para o meu quarto
descansar uns minutinhos.
Concordei e fui até a cozinha para pegar um copo d’água. Eu me perguntei se ela sentia
por mim o mesmo que eu sentia por ela quando estávamos juntos. Eu me perguntei se ela
lutava contra a saudade tanto quanto eu.
Fiz uma pausa ao abrir a geladeira. Havia muitos alimentos frescos.
— Você fez compras? — gritei na direção do quarto dela.
— Sim, ontem.
Olhei para os legumes e a linguiça, e minha cabeça começou a trabalhar. Abri os armários,
procurando alguns ingredientes.
— Você se importa se eu fizer algo rápido?
— Não. Vá em frente. Pode pegar o que quiser.
Ótimo.
Peguei panelas e frigideiras. Em poucos minutos, o caldo de galinha estava no fogo, e eu
comecei a picar o alho e a cortar cogumelos frescos.
— Devo confessar que quando você falou que iria fazer algo rápido, pensei que se referia a
um Hot Pocket.
— Desculpe — eu disse, em frente ao fogão, dourando a linguiça em uma panela. — Jacob
me ofereceu um emprego no restaurante, mas quer que eu aperfeiçoe três pratos antes de me contratar. E está sendo um completo idiota, reclamando de todos os pratos que eu preparo para ele. Então, pensei em testar alguns com você, se não se opor.
Os olhos dela se arregalaram com deleite.
— Meu Deus, não como uma refeição feita por você há séculos. Serei sua cobaia com
prazer. O que estamos fazendo?
— Risoto.
— Isso não leva algum tempo?
— Sim.
Ela sorriu, sem notar que eu a fitava com o canto do olho. Sorri também.
Falamos sobre várias coisas enquanto eu mexia o arroz na panela.
— Você está pensando em abrir um piano-bar?
— Sim, bem, tenho pensado seriamente no assunto. Lembra quando éramos mais novos e
conversávamos sobre isso?
— JoDemi?
DemiJo — corrigiu Demi. — Bem, eu não iria dar esse nome, já que isso era meio que uma
coisa nossa, mas não sei. É apenas um sonho. Só isso.
— Um sonho bom, que você deve tornar realidade.
Ela deu de ombros, cruzou os braços sobre a mesa e apoiou a cabeça neles.
— Talvez. Vamos ver. Meu amigo Dan me mostrou algumas propriedades que podem
servir ao meu propósito. Sei que é cedo para procurar imóveis, mas é divertido. Visitar
possíveis lugares para o piano-bar faz com que o sonho pareça estar um pouco mais perto de
se concretizar.
Quando o risoto ficou pronto, servi-o no prato e o coloquei diante de Demi. Ela abriu um
sorriso de orelha a orelha, batendo palmas feito louca.
— Meu Deus, isso está acontecendo! Senti sua falta, Joseph, mas acho que senti ainda mais
falta da sua comida.
— Justo. Agora, aqui. — Dei-lhe um garfo. — Coma.
Demi encheu o garfo e o levou à boca. Quando começou a mastigar, franziu a testa.
— O quê? O que foi? — perguntei, o tom de voz elevado.
— Nada, só não está... incrível.
— O quê? Não tem nada de errado com esse prato.
— Tem, sim.
— Não. Não tem. Veja. A linguiça foi cozida à perfeição. Os cogumelos, assados
perfeitamente. A mistura perfeita de temperos é notável. Esse é um prato incrivelmente
perfeito.
Ela deu de ombros.
— Quero dizer, é bom. Para um risoto.
Eu bufei. Para um risoto? Demi tinha muita coragem.
— Não tem nada de errado com esse prato.
— Tem, sim.
— Não, não tem.
— É... — ela gesticulou com as mãos e deu de ombros mais uma vez. — Insípido.
Insípido?!
— Insípido.
Respirei fundo.
— Você acabou de chamar a minha comida de sem graça?
— Chamei. Porque é.
Apoiei as mãos na beirada da mesa e me inclinei para ela, extremamente irritado.
— Eu cozinho desde criança. Cozinhei este prato durante três anos seguidos na faculdade
de gastronomia. Eu poderia fazer esse risoto de olhos fechados, e seria uma refeição digna de um presidente. Minha comida não é sem graça. É saborosa, deliciosa. Você está maluca! — gritei.
— Por que você está gritando? — sussurrou Demi.
— Eu não sei!
Ela riu, o que me fez querer beijá-la.
— Joseph... experimente a comida.
Peguei o garfo da mão de Demi. Mergulhei-o no prato e levei o risoto ainda quente à
boca. No instante em que ele tocou minha língua, cuspi-o de volta no prato.
— Cara, está horrível.
— Quando eu disse que era sem graça, estava sendo educada.
Fiquei arrasado.
— Como foi que eu comecei a cozinhar mal? Essa era a única coisa que eu sabia fazer...
— Você não cozinha mal. Provavelmente só perdeu a paixão. Não se preocupe, podemos
reencontrá-la. Se você voltar amanhã, vou ajudá-lo a preparar outro prato. Vamos continuar
tentando até termos três pratos perfeitos que Jacob jamais poderá criticar.
— Você faria isso por mim?
— Claro.
Passamos aquela noite comendo o risoto nojento e nos lembrando de como éramos felizes
na companhia um do outro. Durante as duas semanas seguintes, fui até a casa de Demi e
cozinhamos até criarmos três pratos divinos. Era bom estar perto dela, eu me sentia livre.
Conversamos, rimos e nos divertimos, o que me fez lembrar daqueles anos em que tudo o
que fazíamos era rir com o outro. Demi me treinou e me fez aperfeiçoar cada um de meus
pratos, e eu fiquei muito grato por ela ter feito isso.
Coloquei o bolo de chocolate diante dela, que fez “hum” antes mesmo de provar.
— Você está gemendo por causa do meu bolo de chocolate antes mesmo de prová-lo? —
perguntei.
— Com certeza eu estou gemendo por causa do seu bolo antes mesmo de prová-lo.
Ela abriu a boca, e eu peguei um garfo, cortei um pedaço de bolo e levei-o até ela. Quando
Demi começou a mastigar, ela gemeu mais alto.
— Céus, Joseph.
Sorri com orgulho.
— Se eu ganhasse um dólar toda vez que ouço isso.
— Você teria zero dólares e zero centavos — zombou ela. — Não, sério, você tem que
provar isso. — em vez de me dar um garfo, ela enfiou a mão no bolo, pegou um pedaço
grande e o empurrou para dentro da minha boca. — Não é bom? — ela ria como uma criança
de cinco anos de idade enquanto eu limpava o chocolate dos meus olhos, do meu nariz e da
minha boca.
— Ah, sim. Muito bom. Aposto que você quer mais — falei.
Ela se preparou para correr, mas enlacei sua cintura e a puxei para perto de mim. Com a
mão livre, peguei um pedaço do bolo e empurrei para dentro de sua boca. Demi gritou.
— Joseph! Não posso acreditar que você fez isso. — ela riu e sujou meu queixo ao esfregar
o dela na minha barba por fazer. — Tenho bolo até no cabelo!
— E eu, no nariz! — respondi, limpando o rosto da melhor forma que podia.
Continuamos rindo por um tempo. Meus braços permaneciam em torno da cintura de
Demi e, quando as risadas cessaram, as batidas do nosso coração se fizeram ouvir.
Estou me apaixonando por você.
Minha mente estava tão focada na saudade que senti de Demi todos esses anos que quase
me esqueci do motivo pelo qual tive que me afastar dela. Porque me amar é perigoso. Mude de assunto.
Dei um passo para trás, soltando-a.
— Demi.
— Sim?
— Tem um violão no seu quarto. Você toca?
— Mais ou menos. Ela me ajuda a manter a criatividade. Toco direitinho, mas estou longe
de ser tão boa quanto no piano.
— Nicholas não está conseguindo tocar. As mãos dele tremem, às vezes ele esquece as cifras.
Isso está acabando com ele.
Ela franziu o cenho.
— Posso imaginar o que é isso. Ser incapaz de fazer o que você ama.
— Sim. Eu estava pensando... sei que você disse que não toca tão bem, mas será que pode
me ensinar? Se você me ensinar o que sabe, talvez eu possa tocar para Nicholas.
— Aí está ele outra vez.
Demi soltou um breve suspiro.
— Aí está o quê?
— O pequeno vislumbre do garoto que eu amei.

estou de volta, eu amei este capítulo e os dois juntos, tão fofos <3
os sentimentos estão vindo a tona de novo, quando eles irão perceber que se amam aw.
eu amo um casal demais.
espero que tenham gostado amores, volto em breve,
o que acharam? deixem seus comentários.
respostas do capítulo anterior aqui.