Palm Beach
Flórida, 18:50 P.M
Nicholas bateu na porta poucos minutos antes das sete, e Demi disse-lhe para entrar.
— Estou quase pronta - avisou, espiando pela porta do quarto de vestir.
Ele vestira um terno cinza de risca-de-giz, camisa branca e gravata listrada de vermelho e cinza. Demi achou que estava muito bonito e elegante, mas não tinha certeza se seria apropriado comentar a aparência dele, na situação em que se encontravam.
— É melhor deixar a porta aberta, para que ninguém tenha uma ideia errada e vá correndo nos delatar à sua alteza - acrescentou.
Parada na frente do espelho de corpo inteiro no quarto de vestir, Demi comparou sua aparência com a foto Polaroid. A saia de seda azul era acima dos joelhos e justa, com uma fenda, e a blusa combinando tinha uma gola larga tipo xale que, de acordo com a foto, deveria ser usada por cima dos ombros. Ela sentiu-se um pouco estranha com os ombros à mostra, mas quando tentou cobri-los com a gola, a seda macia escorregou novamente para baixo, portanto acabou deixando como estava.
Olhou outra vez para a foto e ajeitou o cinto do mesmo tecido da saia em torno da cintura. Depois, calçou as sandálias prateadas que o instantâneo indicava. Colocou os brincos e o bracelete de prata que deveria usar, e também a gargantilha prateada que estava na foto. Sentia-se enfeitada demais com todas aquelas jóias mas, enfim, era uma amadora em matéria de moda, enquanto Sara e Dianna eram as especialistas, e por isso achou melhor seguir seus conselhos ilustrados.
A reação de Nicholas à sua aparência foi tão lisonjeira que, no mesmo instante, Demi ficou contente por ter obedecido as instruções da foto.
— Você está linda - ele disse, com um sorriso de puro apreço masculino. — Qual é o nome desta cor?
— Não sei. Por quê?
— Porque é a mesma cor dos seus olhos.
— Neste caso, vou chamá-la de azul - Demi falou, com um sorriso sincero.
Ao pé da escadaria uma criada uniformizada os aguardava para guiá-los até a sala de estar, onde coquetéis e aperitivos estavam sendo servidos ao grupo que incluía os três integrantes da família e um homem que conversava com Selena, de costas para a porta.
O pai de Demi ergueu os olhos assim que eles entraram, e deixou o copo na mesa de centro. — Chegaram na hora exata - disse, com um sorriso de boas-vindas.
Apresentou-lhes o convidado como Joseph Jonas. A primeira reação de Demi foi de surpresa por terem incluído um estranho numa reunião de família tão singular, mas quando Joseph Jonas virou-se e olhou-a, ela sentiu-se como uma adolescente deslumbrada.
Alto, bronzeado, com os cabelos escuros, ele tinha um sorriso capaz de aquecer um salão, os olhos da cor de aço, e uma voz refinada de barítono que produzia o mesmo efeito que uma linda peça musical. Sua aparência era tão cheia de contrastes, ele era tão sexy e tão fantástico naquele impecável terno escuro e gravata listrada, que Demi perdeu toda concentração quando aproximou-se para cumprimentá-la.
— Sem dúvida as mulheres bonitas são um privilégio desta família - ele falou, os olhos acinzentados aquecendo-se de admiração quando fitaram diretamente os dela.
— Como vai? - Demi conseguiu dizer. — Obrigada - acrescentou, um tanto desajeitada, e rapidamente afastou os olhos dos dele e retirou a mão que ele apertava. Era o ”Homem Perfeito” de Sara, em carne e osso.
Quando encaminhavam-se para a sala de jantar, seu pai confidenciou-lhe em voz baixa:
— Selena e Joseph estão praticamente noivos.
— Eles formam um lindo casal - Demi falou com toda sinceridade, observando a irmã andando ao lado de Joseph.
Sentiu uma certa tristeza pela oportunidade perdida de sua amiga Sara, mas assim que a refeição começou viu-se enfrentando problemas bem maiores, pois ela e Nicholas logo se tornaram o principal foco das atenções.
— Esta é uma ocasião muito importante para toda nossa família - Patrick Lovato entoou com um olhar abrangendo todos na mesa, incluindo Joseph Jonas, que estava sentado na frente de Demi. — Demi, conte-nos tudo a seu respeito.
— Não há muito o que contar - ela respondeu, tentando não reparar que toda a atenção de Joseph Jonas focalizava-se nela, agora. — Por onde quer que eu comece?
— Comece pelo seu trabalho - Patrick encorajou. — Qual é a sua profissão?
— Sou uma designer de interiores.
— Parece que mulheres com dons artísticos também são um privilégio da família - ele observou, sorrindo para Selena.
— Eu não tenho dons artísticos - Marie salientou com rispidez, de seu lugar na ponta da mesa. — Você frequentou a faculdade? - inquiriu, dirigindo-se para Demi.
— Sim.
— E o que foi que estudou?
Chegara a hora de retratar-se como a mulher frívola e não muito inteligente que Nicholas Parker queria que ela fosse.
— Ah, estudei uma porção de coisas - Demi respondeu, mantendo-se o mais próximo da verdade quanto possível, para não correr o risco de contradizer-se mais tarde. — Não conseguia me decidir sobre o que fazer na vida, por isso estava sempre trocando de cursos. - Fez uma pausa e tomou uma colher da sopa que fora servida.
Mas a bisavó não via necessidade de comer.
— Como eram suas notas?
— Boas.
— E você é uma boa decoradora de interiores? -Demi sentiu um pequeno prazer em corrigi-la: — Designer de interiores.
Nicholas Parker intercedeu, naquele momento. Com um sorriso carinhoso para Demi, disse:
— Eu acho que ela é excelente.
Marie Lovato recusava-se a ser convencida.
— Todos os decoradores de quem já ouvi falar são homossexuais - anunciou. — Nesta época em que estamos, eu esperaria que mulheres jovens como Selena e você escolhessem profissões mais úteis para suas vidas.
Demi olhou de relance para Selena, tentando ver como a silenciosa irmã reagia a esta crítica não muito sutil que incluía a ambas, mas se Selena estava sentindo qualquer coisa, não demonstrou. Usando um vestido vermelho tipo sarongue com uma gola chinesa, os cabelos escuros presos no alto da cabeça, ela estava linda, exótica e elegante.
— Que tipo de profissão a senhora escolheria? - Demi perguntou à velha senhora.
— Acho que gostaria de ser uma contadora, especializada em imposto de renda - Marie declarou. — Sei que conseguiria fazer um trabalho muito melhor e descobrir mais deduções do que os meus contadores.
— Infelizmente Demi não tem boa cabeça para números - Nicholas comentou com um ar orgulhoso e deu uma palmadinha na mão de Demi.
— E quanto aos esportes? - Patrick quis saber. — Você joga golfe?
— Não.
— Tênis?
Demi jogava tênis, mas sabia que estava muito distante do nível deles.
— Um pouco. Bem pouco.
Ele voltou-se para Nicholas.
— E você joga, Nicholas?
— Um pouco.
— Vamos nos reunir amanhã, às nove horas. Selena e eu poderemos ajudá-los a melhorar suas jogadas. Você também deveria ter algumas aulas de golfe, enquanto estiver aqui. Selena é uma excelente golfista. - Ele olhou para Selena. — Você pode levar Demi ao clube amanhã à tarde, e certificar-se de que ela tenha todo o material de que precisar, está bem?
— Sim, é claro - Selena respondeu imediatamente, enviando um sorriso rápido e gentil para
Demi .
— Na verdade, não gosto muito de golfe... - Demi começou.
— Isso é porque você não joga - Patrick argumentou. E quanto aos seus hobbies? O que gosta de fazer em seu tempo livre?
Demi estava começando a se sentir um tanto acuada.
— Eu gosto de ler.
— O que costuma ler? - ele perguntou, com um leve tom de desapontamento.
— Revistas - Demi respondeu, com a intenção de deixá-lo ainda mais desapontado. — Adoro Casa e Jardim. Você não, Selena?
Sua irmã parecia surpresa por ter sido incluída na conversa, e Demi teve certeza de que mentia quando respondeu:
— Sim, gosto muito.
— E pelo que mais você se interessa?
O interrogatório já estava indo longe demais, Demi decidiu. Estava com fome e partiu um pedaço do pãozinho.
— O que o senhor quer dizer?
— Interessa-se por assuntos da atualidade, por exemplo? - ele pressionou.
Baixando os olhos para ocultar o riso, Demi passou manteiga no pãozinho.
— Eu adoro atualidades. Assisto o canal entertainment na tevê a cabo o tempo todo, só para saber quem está saindo com quem. - Afetando uma confusão inocente, ergueu os olhos e captou uma expressão de espantada decepção no rosto de Joseph Jonas, antes que ele tivesse a chance de disfarçar. Ele acabara de descartá-la como uma completa idiota, pensou, sentindo uma surpreendente pontada de tristeza.
Evidentemente, seu pai achou melhor não envergonhá-la ainda mais ou deixar seu convidado ainda mais constrangido.
— O que pensa que vai acontecer no mercado? - perguntou, voltando-se para Joseph.
Demi lembrou que sempre que Sara comentava sobre o ”mercado”, estava se referindo à introdução semestral de novos produtos nos centros de design e decoração em Dallas e Nova York.
— No mercado de Dallas, os tons de rosa e dourado estão realmente ”por dentro”, este ano - intrometeu-se com uma falsa animação, embora soubesse muito bem que Carter pretendia conversar sobre o mercado de ações. — E no de Nova York, eu vi algumas estampas com motivos de peles de animais que são simplesmente divinas.
— Você e Selena terão muito o que conversar, mais tarde - Patrick falou.
Com um misto de alívio, divertimento e humilhação, Demi considerou aquilo como um educado pedido para que se calasse. Estava um tanto apreensiva com a possibilidade de ter levado a farsa um pouco longe demais, porem, quando relançou os olhos para Nicholas, o largo sorriso que ele lhe enviou informou-a de que havia se saído melhor do que o esperado. Satisfeita por não precisar mais preocupar-se com aquele problema, Demi fingiu se concentrar na refeição de oito pratos, enquanto escutava a conversa animada entre seu pai e Joseph Jonas sobre a economia mundial. Os dois homens divergiam radicalmente em vários pontos, mas ambos eram tão bem informados que Demi estava fascinada, e um tanto surpresa.
Além da contribuição que fazia ao seu fundo de pensão do departamento de polícia, Demi depositava uma porcentagem de todos os seus salários numa poupança de aposentadoria particular, e insistira para que sua mãe fizesse o mesmo. No momento em que os pratos de sobremesa começaram a ser tirados da mesa, ela estava tão impressionada com o raciocínio exposto por Joseph Jonas que decidira mudar toda sua estratégia de investimentos.
Marie Lovato pegou a bengala e levantou-se com esforço, quando o último prato foi retirado da mesa coberta por uma toalha de linho.
— Está na hora de me recolher - anunciou.
Nicholas e Joseph puseram-se de pé ao mesmo tempo para ajudá-la, mas ela os dispensou com um gesto.
— Não preciso que me tratem como uma inválida - informou bruscamente. — Sou tão saudável quanto vocês dois!
Apesar de tal afirmação categórica, Demi viu a desconfortável rigidez dos movimentos dela quando apoiou-se pesadamente na bengala, e percebeu que foi uma absoluta força de vontade, e não a força física, que impulsionou a idosa senhora até o lado oposto da enorme sala.
Ao chegar à soleira da porta, ela parou e voltou-se para o grupo reunido em torno da gigantesca mesa de jantar em estilo barroco, sob um lustre espetacular. Demi imaginou que a matriarca de cabelos brancos lhes desse algum tipo de despedida formal, desejando-lhes boa noite. Porem, em vez disso ela cacarejou:
— Não se esqueçam de apagar as luzes!
E Demi teve de baixar a cabeça rapidamente, a fim de esconder o riso.
A saída de Marie parecia ser o sinal para o encerramento imediato do jantar.
— Se os jovens me derem licença - Patrick anunciou, levantando-se -, — Ainda preciso trabalhar um pouco.
— Acho que eu gostaria de dar uma volta - disse Nicholas, já puxando a pesada cadeira de Demi. - Quer me acompanhar, Demi?
— Eu adoraria - ela respondeu, louca para sair dali. Nicholas não tinha como evitar um convite para que o outro casal os acompanhasse, mas quando os dois recusaram, Demi exalou um suspiro de alívio.
Lá fora, Demi esperou até que estivessem quase no meio do gramado e bem longe dos ouvidos de qualquer um da casa, antes de começar a falar. Virou-se para Nicholas e olhou-o, incapaz de prender o riso por mais tempo.
— Não acredito que sou mesmo parente destas pessoas - confidenciou.
— Nem eu - ele admitiu, rindo.
— Minha bisavó deve ser descendente direta de Gengis Khan!
— Pelo bem das aparências, eu deveria segurar sua mão ou passar o braço pelos seus ombros, caso alguém esteja nos observando. Você tem alguma preferência?
— Não, tanto faz - Demi respondeu, tão preocupada com seus assuntos que mal percebeu quando ele tomou-lhe a mão.
— E, depois, há a minha irmã! Ela é tão sem vida! Não é de admirar que as pessoas a consideram fria e arrogante.
— Você também pensa assim?
— Ainda não sei.
— O que achou de seu pai?
— Tenho uma opinião, mas ainda não está completamente formada. Pelo menos, acho que agora compreendo o que minha mãe viu nele. Mamãe tinha apenas dezoito anos naquela época, e ele é muito charmoso, muito refinado e muito atraente. Posso entender como ela deve ter ficado deslumbrada com tudo isso.
— E quanto a Jonas, o que achou dele?
A pergunta pegou-a de surpresa, pois ele não fazia parte da família e não tinha o menor interesse profissional, para nenhum deles.
— Bonitão - admitiu, relutante.
— Não há dúvida de que ele achou-a muito bonita. Não tirava os olhos de você, no início.
— Quer dizer, até a hora do jantar, quando descobriu que na verdade sou uma completa idiota? - ela lastimou.
Num gesto espontâneo, Nicholas soltou a mão de Demi e passou o braço em torno dos seus ombros, dando-lhe um leve abraço.
— Você foi absolutamente perfeita.
Espantada com a ríspida sinceridade na voz dele, Demi observou seu perfil sob a luz do luar. — Obrigada - disse e, pela primeira vez, sentiu que realmente tinha algum valor para ele, como parceira naquela missão.
— Você não deixou sua insignia, nem a sua arma, onde alguém pudesse encontrá-las, não é? — Não, estão bem escondidas no meu quarto.
— Acho que podemos dar a noite por encerrada. Sei que está ansiosa para voltar ao seu livro. Demi virou de frente para a casa e, já que ele parecia estar com um humor mais ameno, decidiu pressioná-lo para obter mais algumas informações.
— Gostaria de saber o que, especificamente, vocês estão procurando aqui- começou.
— Se eu tivesse uma resposta específica para isso - ele disse -, teria meios de convencer um juiz a assinar um mandado de busca. E, neste caso, não precisaria que você me colocasse aqui dentro. - Num tom mais brando, acrescentou. — Mas não importa o que aconteça, o tempo que passarmos aqui não será completamente desperdiçado. Fiquei sabendo de coisas muito interessantes no jantar, quando Jonas e seu pai conversavam sobre a economia mundial.
— Como o quê, por exemplo?
Ele riu da expressão atenta no rosto dela.
— Como o fato de que preciso mudar minha estratégia de investimentos em ações. Não é interessante como as opiniões deles são tão diferentes? Seu pai controla um banco com filiais espalhadas no mundo inteiro, e Jonas tem investimentos em escala mundial. Ambos têm interesses comuns e uma perspectiva global. Seria de se esperar que tivessem uma filosofia razoavelmente semelhante.
— Pensei a mesma coisa - Demi falou. — Basicamente, pareceu-me que os dois acreditam que as mesmas coisas possam acontecer, mas discordam quanto aos seus efeitos e consequências. Reparei que os dois fazem muitos investimentos em outros países.
Nicholas lançou-lhe um sorriso enigmático.
— É, também reparei nisso.
Nicholas acompanhou-a até a porta do quarto, mas em vez de despedir-se no corredor seguiu-a para dentro e fechou a porta. Depois ficou parado, esperando.
— O que está fazendo? - Demi perguntou, já no meio do quarto e tirando os brincos.
— Dando-lhe um beijo de boa noite.
Quando ele saiu, Demi decidiu escrever uma carta para Sara, enquanto todos os acontecimentos da noite ainda estavam frescos em sua memória. Havia um televisor escondido num armário, de frente para a cama, e ela sintonizou a CNN. Então, foi escrever a carta.
Finalmente a Demi e o Joseph se conheceram, aguardem que muitas coisas irão por vim. Comentem, bjs!!!
Não desista, a história é ótimaaaa!!! A Demi esta se saindo bem, quero ver o que vai acontecer pra mudar a impressão que o Joe ficou dela... vai ter Nelena? Continua....
ResponderExcluirNão vou desistir lindona, bom você terá que ver nos próximos capítulo mas o Joseph irá ficar fascinado pela a Demi. Bom, ainda estou pensando se vai ter Nelena mas provavelmente sim, um beijo.
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