— Não posso acreditar que Patrick Lovato é o seu pai! - Sara exclamou excitada, no instante em que as pesadas portas da prefeitura fecharam-se atrás delas. — Não consigo acreditar! - repetiu, pensando em todas as notas que lera a respeito dele na ”Coluna Social de Palm Beach” do jornal de domingo de Bell Harbor.
— Acho que eu também nunca consegui acreditar - Demi falou, irônica. — Na verdade, nunca tive motivo algum para acreditar nisso - acrescentou enquanto cruzavam o estacionamento na direção de seu carro.
Sara mal ouvia o que ela dizia; seus pensamentos percorriam uma outra trilha:
— Quando nós eramos crianças, você me contou que seus pais se divorciaram quando você ainda era um bebê, mas se esqueceu de mencionar que seu pai é... é... Patrick Lovato! - ela disse, erguendo os braços para o alto, com as palmas das mãos abertas, como se estivesse se dirigindo aos céus. Meu Deus, só o nome dele me faz pensar em iates, Rolls-Royces, bancos e... dinheiro. Montanhas e montanhas de maravilhoso dinheiro! — Como pôde guardar um segredo como este de mim, por tantos anos?
Demi ainda não tivera um momento a sós para pensar sobre o telefonema, mas a exuberante admiração de Sara apenas reafirmava sua própria determinação de não ser afetada pela doença de Patrick Lovato, pela sua tentativa tardia de conhecê-la e, especialmente, pelo seu dinheiro.
— Ele não é meu pai, exceto num sentido biológico. Em todos estes anos, jamais recebi dele um cartão de aniversário ou de Natal que fosse, e nem mesmo um telefonema.
— Mas ele ligou para você hoje, não foi? O que ele queria?
— Queria que eu fosse visitá-lo em Palm Beach, para que nos conhecêssemos. Eu disse que não. Absolutamente não - Sloan respondeu, esperando eliminar quaisquer argumentos da parte de Sara.
— É tarde demais para que ele tente bancar o pai - acrescentou enquanto inseria a chave na porta de seu carro.
Sara era intensamente leal a Demi e, em circunstâncias normais, teria sido a primeira a se solidarizar com a decisão da amiga de rejeitar um pai que a rejeitara desde a mais tenra infância. Entretanto, do ponto de vista de Sara, não havia nada de ”normal” acerca de Demi ser a filha de um homem que poderia transformá-la em sua herdeira.
— Acho que você não devia ser tão precipitada - disse, tentando desesperadamente pensar numa desculpa que pudesse oferecer para o imperdoável. Verbalizou a primeira, e pouco convincente, possibilidade que lhe ocorreu: — Não creio que os homens tenham tanta necessidade de ficar perto dos filhos quanto as mulheres - ponderou. — É como se lhes faltasse algum tipo de cromossomo paterno, ou algo assim.
— Sinto muito - Demi retrucou, enfática. — Mas você não pode atribuir o absoluto desinteresse dele por mim a um defeito genético. A julgar por tudo o que já li, não há dúvida de que ele é louco pela minha irmã. Eles jogam tênis e golfe juntos, esquiam juntos. Formam um time, e um time vencedor. Já perdi a conta de quantos troféus já os vi segurando.
— Sua irmã! É mesmo! Meu Deus, você tem uma irmã, também! - Sara exclamou, parecendo atônita. — Não posso acreditar... nós duas brincamos de casinha juntas, fizemos as tarefas de escola juntas, até tivemos catapora ao mesmo tempo, e só agora descubro que você não apenas tem um pai rico e da alta sociedade, mas também uma irmã de quem nunca me falou.
— Já lhe contei quase tudo o que sei sobre ela, que é somente o que tenho visto nos jornais. À exceção disso, sei apenas que o nome dela é Selena, e que é um ano mais velha que eu. Também nunca tive notícias dela.
— Mas como tudo isso aconteceu?
Demi olhou no relógio.
— Tenho apenas uma hora para comer e mudar de roupa, depois ficarei de plantão até as nove. Se realmente está querendo conversar sobre este assunto, podemos ir para minha casa? Sara estava quase tão flexível quanto fascinada.
— Eu quero mesmo conversar sobre isso - disse, já se afastando na direção de seu Toyota vermelho, estacionado duas vagas adiante. — A gente se encontra na sua casa.
A casa de estuque que Demi comprara dois anos atrás localizava-se numa esquina, bem na frente da praia, uma casinha de dois quartos erguida num terreno estreito, num bairro onde todas as casas eram pequenas e construídas há cerca de quarenta anos. A proximidade do bairro antigo com a praia, combinada com o tamanho diminuto das casas, as tornara extremamente atraentes para os jovens compradores, com energia e determinação para reformá-las, mas sem muito dinheiro para isso. Como resultado da imaginação e dedicação destes proprietários de primeira viagem, o bairro inteiro adquirira uma aparência graciosa e eclética, com casas revestidas de lambris em estilo avant-garde convivendo em feliz harmonia com chalés de estuque e tijolos que pareciam saídos de livros de histórias.
Demi havia investido todas as suas economias e todo o tempo livre na sua casa própria, e a transformara num pitoresco chalé de estuque com janelas brancas e luminosos batentes brancos, que enfeitavam a cor cinzenta e neutra do cimento. Logo que comprou a casa, a faixa de praia que ficava bem na frente era de uso quase exclusivo dos residentes da tranquila vizinhança. Naquela época, as ruas eram calmas e os moradores eram acalentados por um silêncio ondulante que se aprofundava e diminuía a cada vez que uma nova onda atirava-se na praia e recuava para o mar.
A explosão demográfica de Bell Harbor acabara com tudo isso quando famílias com filhos pequenos começaram a procurar outras praias, que não tivessem o barulho e a confusão das multidões de universitários, e descobriram a praia de Demi. Agora, quando Demi dobrou a esquina para a sua rua estreita, às quatro horas da tarde de domingo, havia uma enorme fileira de veículos estacionados, alguns deles parados bem diante das placas de ”Proibido Estacionar”, e outros bloqueando parcialmente as entradas de garagem das residências. E, embora Demi soubesse que a arrebentação das ondas continuava subindo e descendo, já não conseguia mais ouvi-la acima dos gritinhos deliciados das crianças e da música dos rádios portáteis de seus pais.
Sara entrou na única vaga à vista, e Demi disfarçou um sorrisinho quando a viu obrigando um Ford sedan azul-escuro a recuar, para que pudesse tomar posse do espaço. O motorista aceitou a expulsão sem reclamar.
— Vocês precisam dar um jeito nestes carros - Sara decretou enquanto apressava-se na direção da casa de Demi, esfregando uma manchinha na perna da calça. — Estão estacionando tão perto um do outro que tive de espremer meu carro entre o da frente e o de trás, e acabei sujando minha calça.
— Já considero uma grande sorte quando não estacionam diante da minha garagem - Demi brincou, destrancando a porta da frente.
O interior da casa era alegre e iluminado, mobiliado com descontraídos moveis de rotim, cujas almofadas eram estampadas de folhas de palmeiras e hibiscos amarelos num fundo branco.
— Pois eu vou me considerar com muita sorte se você contar-me tudo sobre Patrick Lovato. Como ele soube onde encontrá-la, hoje?
— Ele disse que ligou para minha mãe.
— Então os dois mantiveram contato, durante estes anos?
— Não.
— Uau... - Sara suspirou.— Imagino o que ela deve ter pensado sobre este súbito interesse dele por você.
Demi era capaz de apostar um bom dinheiro na provável reação de sua mãe, mas em vez de responder fez um gesto de cabeça na direção da secretária eletrônica, onde a luzinha vermelha piscava freneticamente e o indicador de chamadas informava que havia três novos recados. Suprimindo um sorriso, foi até o aparelho e pressionou o botão para ouvir os recados. A voz de sua mãe irrompeu com o tom exato de alegria juvenil que Demi esperava ouvir.
— Demi, querida, é a mamãe. Você terá uma surpresa maravilhosa hoje, mas não quero estragá-la porque desejo que fique tão surpresa quanto eu fiquei. Mas eis aqui uma pista: em algum momento, ainda hoje, você receberá um telefonema de um homem que é muito importante para você. Ligue para minha casa à tarde, antes de sair para seu plantão de hoje à noite.
O segundo recado foi gravado dois minutos depois do primeiro, e também era de Dianna: - Querida, eu estava tão agitada quando deixei o último recado que nem pensei direito. Não estarei em casa antes das nove da noite, porque estamos promovendo uma liquidação dos produtos Escada e estaremos muito atarefadas na loja. Por isso, eu disse a Lydia que ficaria para ajudá-la até a hora de fechar. E você não pode me ligar na loja, pois Lydia fica irritada demais quando as funcionárias usam o telefone, e você sabe como a úlcera dela vai mal. Não quero lhe dar motivos para mais um ataque. Não vou aguentar o suspense, então, por favor, deixe um recado na minha secretária eletrônica. Não esqueça...
Sara estava atônita, e com razão.
— Dianna está completamente enlouquecida com o telefonema dele.
— É claro - Demi falou, balançando a cabeça com uma divertida incredulidade diante daquele ingênuo otimismo, tão típico de sua mãe. De acordo com a certidão de nascimento de Demi, Dianna Hart De La Garza era a sua mãe mas, na verdade, fora Demi quem criara Dianna, e não o contrário.
— Por que está tão surpresa?
— Não sei. Acho que pensei que Dianna pudesse nutrir algum tipo de ressentimento.
Demi revirou os olhos.
— Será que estamos falando sobre a minha mãe, a mesma doçura de mulher que não consegue recusar nada a ninguém porque tem medo de parecer rude e ferir os sentimentos alheios? A mesma mulher que acabou de permitir que Lydia a convencesse a trabalhar seis horas extras, mas que não se atreve a usar o telefone da loja porque se preocupa que aquela bruxa insuportável possa ter um ataque de úlcera se ela o fizer? A mesma mulher que trabalha muito e ganha pouco, que cuida da loja de Lydia há quinze anos e que consegue mais clientes para ela do que todo o restante das vendedoras juntas?
Sara, que amava Dianna quase tanto quanto Demi, começou a rir assim que a amiga terminou o cômico discurso.
— Não acredito que você realmente pensou que a mesma mulher que praticamente a criou seria capaz de nutrir algum ressentimento contra Patrick Lovato, simplesmente porque ele a abandonou há trinta anos, destruiu seu coração e nunca olhou para trás e nem tornou a procurá-la.
Fingindo um ar grave, Sara ergueu as mãos.
— Você tem toda razão. Devo ter tido um ataque de demência temporária, para sugerir uma coisa dessas.
Satisfeita com isso, Demi pressionou novamente o botão de recados. A mensagem número três também era de Dianna, e fora gravada apenas quinze minutos antes que Demi e Sara entrassem em casa.
— Querida, é a mamãe. Estou num telefone público na farmácia, no meu intervalo para o café. Liguei para a delegacia e Jess me disse que você já recebeu o telefonema interurbano de seu pai, portanto não estou estragando sua surpresa ao deixar este recado. Estive pensando em que você deveria levar para Palm Beach. Sei que tem usado cada centavo que ganha nas reformas da sua casa, mas teremos de começar a comprar um guarda-roupa completo para você. Não se preocupe, querida, pois quando chegar a hora de partir para Palm Beach, você terá um montão de roupas lindas.
Sara suprimiu um risinho enquanto Demi apagava os recados e rebobinava a fita do gravador.
Demi pegou o telefone, discou o número da casa de sua mãe e deixou um recado na secretária, exatamente como Dianna lhe pedira:
- Oi, mamãe, aqui é Demi. Falei com Patrick Lovato, mas não vou para Palm Beach. Não tenho a menor vontade de conhecer aquele lado da família, e foi o que disse a ele. Um beijo. Tchau. - Com isso feito, desligou o telefone e voltou-se para Sara. — Estou faminta - anunciou, como se o assunto Patrick Lovato estivesse morto e enterrado. — Acho que vou fazer um sanduíche de atum. Você também quer?
Em silêncio, Sara virou-se e observou a amiga encaminhar-se para a cozinha e começar a abrir os armários. Agora que o choque inicial da descoberta diminuíra, Sara sentia-se tão magoada quanto desconcertada, ao dar-se conta de que Demi e Dianna haviam lhe ocultado aquele enorme segredo. Elas eram a sua família, mais próximas dela do que seus próprios parentes.
A mãe de Sara fora uma alcoólatra que não se importava, e nem sequer percebia, que sua filha de quatro anos passava cada vez mais tempo na casa vizinha, com Dianna e Demi. Sentada ao lado de Demi na velha mesa da cozinha revestida de formica branca com pés de aço inoxidável, Sara aprendera a desenhar com giz de cera no livrinho de colorir que Demi sempre se dispunha a dividir com ela, e era Dianna quem elogiava calorosamente os seus esforços. No ano seguinte, quando as duas meninas saíram para o primeiro dia de aula no jardim de infância, estavam de mãos dadas para criar coragem e usando mochilas idênticas, com o desenho do Snoopy, que Dianna comprara para elas.
Quando voltaram para casa, ambas traziam orgulhosamente seus desenhos, enfeitados com grandes estrelas que a professora ali colocara. Dianna logo pregou o desenho de Demi na porta da geladeira, mas quando as meninas correram para a casa ao lado a fim de presentear a mãe de Sara com o seu desenho, a sra. Gibbon atirou-o sobre a mesa atulhada, onde foi cair em cima de uma das muitas das manchas úmidas deixadas pelos copos de uísque. Quando Demi tentou explicar sobre a estrela que Sara havia recebido, a sra. Gibbon gritou para que ela calasse a boca, o que humilhou e amedrontou Sara até as lágrimas. Mas Denu não prorrompeu em lágrimas nem mostrou-se amedrontada. Em vez disso, pegou o desenho e levou Sara pela mão até a sua própria casa.
— A mãe de Sara não tem um lugar muito bom para pregar o desenho dela - Demi explicara para Dianna num tom de voz trémulo e intenso, que soava estranho aos ouvidos de Sara.
— Por isso, vamos deixá-lo aqui mesmo, não é, mamãe? - decretou enquanto pressionava a mãozinha sobre a fita adesiva, certificando-se de que estava bem firme.
Sara havia prendido o fôlego, temendo que a sra. Garza não quisesse desperdiçar um espaço tão precioso como a porta da geladeira com um desenho que sua própria mãe desprezara, mas Dianna abraçara as duas meninas, dizendo que fora uma ideia muito boa. A lembrança ficou gravada para sempre na memória de Sara, porque desde então nunca mais se sentira completamente sozinha. Aquela não foi a última vez que a mãe de Sara lhe causou infelicidade, nem a última vez que Demi intercedia por ela, ou por outra pessoa, enquanto lutava contra as lágrimas e o medo. Não foi a última vez que Dianna as consolou, abraçou-as, e nem a última vez que comprou as duas meninas artigos escolares iguais, algo que mal podia se dar ao luxo de fazer. Porem, foi a última vez que ela se sentiu como uma estranha indefesa num mundo cruel e assustador onde todos, exceto ela, tinham alguém com quem contar, e em quem confiar.
Nos anos que se seguiram, os desenhos infantis foram substituídos pelos relatórios escolares, pelos cartazes de cartolina com seus nomes sublinhados em vermelho. Os lápis de cera e os livros de colorir que atulhavam a mesa da cozinha deram lugar aos livros de álgebra e aos resumos de pesquisas; os assuntos das conversas mudaram das professoras que eram mais bravas para os meninos que eram mais bonitos, e depois para dinheiro, que nunca parecia ser o bastante. Quando chegaram à adolescência, Demi e Sara perceberam que Dianna simplesmente não conseguia lidar com dinheiro, e foi Demi quem passou a encarregar-se do orçamento da casa; mas este não foi o único papel invertido entre mãe e filha. No entanto, uma coisa permaneceu constante, e até aprofundou-se e cresceu: Sara sabia que era uma parte essencial e valorizada da família.
Por tudo isso, era compreensível que se sentisse tão abalada ao descobrir a existência daquele enorme segredo familiar, que nunca fora compartilhado com ela.
Sara sentou à mesa da cozinha e pensou em quantas vezes já havia ficado em mesas de cozinhas com Demi e Dianna. Centenas de vezes.
Demi olhou para a amiga.
— Gostaria de um sanduíche? - repetiu.
— Eu sei que nada disso é da minha conta - Sara falou, sentindo-se um pouco como uma intrusa, pela primeira vez desde que conhecera Demi e Dianna. — Mas será que você poderia ao menos me dizer por que manteve toda esta história sobre seu pai totalmente escondida de mim? Demi virou-se, espantada com o tom de mágoa na voz da amiga.
— Mas nem era um segredo assim tão grande - disse. — Quando eramos crianças, conversamos sobre os nossos pais e eu lhe contei sobre o meu. Mamãe ganhou um concurso de beleza quando tinha dezoito anos, e o primeiro prêmio numa viagem com uma semana de estada no melhor hotel de Fort Lauderdale. Patrick Lovato estava hospedado neste mesmo hotel. Ele era sete anos mais velho do que ela, incrivelmente bonito, e mil vezes mais sofisticado. Mamãe acreditou que era amor à primeira vista, e que iriam se casar e viver felizes para sempre. Mas, na verdade, ele não tinha a menor intenção de casar com ela, nem mesmo de tornar a vê-la, até que descobriu que ela estava grávida. Então, a revoltada com família dele não lhe deu nenhuma escolha e expulsou-o de casa. Pelos dois anos seguintes, moraram num bairro perto de Coral Gables, tentando sobreviver com o pouco que ele conseguia ganhar, e mamãe teve outro bebê.
Demi fez uma pausa, antes de prosseguir:
— Mamãe acreditava que eram imensamente felizes, até o dia em que a mãe dele apareceu na casa numa limusine e ofereceu-lhe a chance de voltar para o seio da família, que ele agarrou sem pensar duas vezes. Enquanto mamãe mergulhava em lágrimas e choque, convenceram-na de que seria muito egoísmo de sua parte tentar prender um homem que desejava a liberdade, ou tentar manter as duas filhas longe dele. Eles a persuadiram a deixar que levassem Selena para San Francisco, para o que mamãe julgou que fosse apenas uma visita. Então, obrigaram-na a assinar um documento concordando com o divórcio. Mas ela não sabia que, nas letrinhas miúdas do documento, ficava estabelecido que abria mão de todos os seus direitos sobre Selena. Partiram na limusine apenas três horas após a mãe dele ter chegado. Fim da história.
Sara a encarava, com os olhos cheios de lágrimas de compaixão e ultraje pelo que Kim havia passado.
— Você realmente me contou esta história tempos atrás disse, mas eu era jovem demais para entender a... crueldade do que fizeram e o sofrimento que causaram.
Demi imediatamente aproveitou-se das palavras de Sara para reforçar a sua posição.
— Então, agora que você entende, será que gostaria de admitir que tem algum parentesco com um homem como ele, ou com a sua família, se estivesse em meu lugar? Não iria querer esquecer tudo isso?
— Eu iria querer matar o patife - Sara falou, mas começou a rir.
— Uma reação bastante saudável e uma descrição bem digna daquele homem - Demi aprovou, enquanto levava dois sanduíches de atum para a mesa. — Mas, desde que matá-lo não era uma opção para minha mãe, e desde que eu era jovem demais para fazê-lo por ela - concluiu vivamente — E desde que falar sobre ele ou minha irmã, ou com qualquer coisa relacionada àquele dia costumava deixá-la incrivelmente triste, eu a convenci, quando tinha sete ou oito anos, de que deveríamos fingir que nenhum deles jamais havia existido. Afinal, tínhamos uma a outra, e depois tínhamos você. Eu achava que formávamos uma família sensacional.
— E éramos mesmo. E somos - Sara confirmou, enfática, mas não conseguiu sorrir. — Não havia nada que Dianna pudesse fazer para reaver Selena?
Demi balançou a cabeça em negativa.
— Mamãe conversou com um advogado local e ele disse que custaria uma fortuna contratar o tipo de ajuda legal que ela precisaria para enfrentá-los num tribunal, e nem mesmo assim haveria garantias de que ganhasse a causa. Mamãe sempre tentou se convencer de que, estando com a família Lovato, Selena teria uma vida maravilhosa, com vantagens e oportunidades que ela jamais poderia lhe dar.
Apesar do seu tom objetivo, Demi sentia-se assoberbada pela raiva. No passado, suas emoções mais fortes haviam sido a indignação pelo que sua mãe sofrera, e desprezo pelo seu pai. Agora, quando relembrava a história como uma mulher adulta, o que sentia pela mãe era muito mais intenso do que a indignação; era uma empatia e compaixão tão profundas que faziam o seu peito doer. Quanto ao seu pai - aquele homem insensível, egoísta, um destruidor cruel da inocência e dos sonhos -, o que sentia por ele não era simplesmente desprezo, era abominação, e tal sentimento crescia cada vez que se lembrava do presunçoso telefonema de horas antes. Depois de décadas de negligência, ele realmente acreditava que bastaria dar um telefonema e sua esposa abandonada e a filha que nunca vira iriam dar pulos de alegria pela chance de encontrá-lo. Ela não devia ter-se limitado a rejeitá-lo friamente pelo telefone. Devia ter dito que preferia passar uma semana num ninho de cobras a qualquer lugar ao lado dele. Devia ter dito que ele era um canalha.
gente o Nicholas Parker e o Joseph Jonas irão aparecer logo, já está chegando. Bom, quero esclarecer que na história Demi tem 30 anos, a Selena 31 e o Joseph 33.
espero que estejam gostando da história, bjs lindonas <3
amei o capítulo, estou amando sua fanfic.
ResponderExcluirPosta logo, bjs! <3
Obrigada lindona!!!
ExcluirJá postei o capítulo novo, um beijo <3