Joseph me levou até o galpão.
Eu havia passado muito tempo imaginando o que ele fazia lá dentro. Depois de destrancar as portas, ele as abriu. Estava escuro, quase não dava para enxergar nada, até que Joseph acendeu uma lâmpada. O lugar se iluminou, e ele me conduziu para dentro.
— Charlie… — murmurou ele, os olhos percorrendo o lugar, que mais parecia uma pequena biblioteca. As prateleiras estavam repletas de livros infantis e clássicos como O sol é para todos, além de uma coleção imensa de títulos do Stephen King. As estantes eram artesanais, e eu sabia que Joseph as havia feito.
Uma delas estava repleta de brinquedos, dinossauros, soldadinhos, carrinhos.
Mas não foram os brinquedos e as prateleiras que me deixaram mais impressionada. Olhei para as paredes e estudei cada palavra esculpida na madeira. Ele encheu as paredes com bilhetes, lembranças e pedidos de desculpas.
— Sempre que sentia falta dele... sempre que pensava nele, eu deixava algo registrado na madeira — explicou Joseph enquanto meus dedos contornavam cada palavra que ele escrevera e nunca mostrara a ninguém... até agora.
Me perdoe por ter deixado você.
Me perdoe por não ter ido com vocês.
Me perdoe por não ter deixado você ler alguns livros.
Me perdoe por não ter levado você para pescar.
Me perdoe porque você nunca vai se apaixonar.
Queria poder esquecer.
Sinto tanta saudade...
— Além disso — sussurrou ele. — Ashley sempre pediu que eu construísse uma biblioteca para ela, e eu sempre ficava enrolando. Pensei que teria tempo, mas às vezes o amanhã nunca chega e você acaba sozinho com as memórias do passado.
Quando olhei para ele, vi que estava piscando para conter as lágrimas. Dava para sentir a dor constante em sua mente, em seu coração. Fui até ele.
— Não foi culpa sua, Joseph.
Ele balançou a cabeça.
— Foi sim. Se não estivesse correndo atrás da minha carreira idiota, eu estaria com eles. Cuidaria deles, estariam vivos.
— O que aconteceu com eles?
Ele abaixou a cabeça.
— Não consigo. Não consigo falar daquele dia.
Ergui o rosto para encontrar seu olhar.
— Tudo bem, eu entendo. Mas eu queria que você soubesse que não foi sua culpa, Joseph. Preciso que você entenda isso. Você foi o melhor pai e o melhor marido que pôde — os olhos de Joseph diziam que não acreditava em mim. — Depois da morte deles, qual foi o pior momento? Qual foi o momento de maior fraqueza?
Ele hesitou por um instante.
— Na véspera do enterro, eu tentei me matar — sussurrou ele. — Sentei no banheiro dos meus pais e tentei acabar com minha vida.
Ah, Joseph…
— Lembro que olhei no espelho e soube naquele momento que meu coração tinha morrido com eles. Soube que estava morto, entende? E eu me sentia bem com isso. Eu me sentia bem em ser indiferente e ruim, porque estava convencido de que não merecia a atenção de outras pessoas. Eu me afastei dos meus pais porque eu era meu fantasma. Queria muito morrer, achei que seria melhor, mais fácil. Mas conheci você e me lembrei de como era existir. — seus lábios se aproximaram dos meus, e meu coração disparou. A voz dele me provocava um arrepio. — Demi?
— Sim?
— Com você é mais fácil.
— O que é mais fácil?
Ele levou a mão às minhas costas. Nós nos abraçamos, aos poucos, nossos corpos se tornaram um só. Seus dedos percorreram meu pescoço, e fechei os olhos enquanto ele falava com minha alma.
— Estar vivo.
Respirei fundo.
— Você é bom, Joseph. Você é muito bom. Mesmo nos dias em que você se sente desprezível.
— Posso ver sua alma agora? — perguntou ele. Concordei, apreensiva, e o conduzi até a minha casa.
— Cartas de amor? — perguntou ele, sentado no meu sofá enquanto eu abria a caixa de alumínio em formato de coração.
— Sim.
— Do Zachary pra você?
Balancei a cabeça.
— Minha mãe escrevia para o meu pai, e ele para ela, quase todos os dias, desde que se conheceram. Depois que ele morreu, passei a ler as cartas. Era uma maneira de me lembrar dele. Mas, um dia, mamãe jogou tudo no lixo. Eu as encontrei... e ainda as leio sempre.
Joseph pegou uma delas e leu.
— “Você está dormindo ao meu lado e, a cada segundo, te amo um pouco mais. DL.”
Esta sempre me fazia sorrir.
— Eles não eram felizes o tempo todo. Descobri coisas que nem imaginava quando comecei a ler as cartas — procurei uma específica no fundo da caixa. — Como esta daqui. “Sei que se sente menos mulher. Sei que culpa seu corpo pela perda. Sei que não se sente completa por causa do que os médicos disseram. Mas está errada. Você é forte, sábia e indestrutível. Você é tudo de mais belo no mundo. E sou um homem de sorte por ter você como minha deusa. PL.” Eu não sabia que eles tinham perdido um filho antes de mim. Não sabia... — sorri para Joseph, que absorvia tudo. — Enfim, foi através dos meus pais que vi o que era um amor verdadeiro. Só queria que nós também tivéssemos trocado cartas. Teria sido tão bom.
— Lamento muito — disse ele.
Concordei, porque eu também lamentava.
Fechei a caixa e sentei mais perto de Joseph no sofá.
— Como sua mãe enfrentou a morte dele? — perguntou.
— Ela não enfrentou. Usou outros homens para esquecer. Ela está completamente perdida desde o dia em que meu pai morreu. É muito triste, porque também sinto saudades dela.
— Sinto saudades dos meus pais. Depois que Ashley e Charlie morreram, eu fugi, porque eles queriam me consolar e eu não merecia o amor deles.
— Talvez você devesse ligar pra eles.
— Não sei... — sussurrou Joseph. — Ainda acho que não mereço ser consolado.
— Em breve, então.
— Sim. Talvez, em breve... — e mudou de assunto: — Qual foi a pior parte daquela semana pra você? Seu pior momento?
— Contar a Elizabeth. Não fiz isso na hora. Na primeira noite, deitei com ela na cama, e ela perguntou onde estava o papai, que horas ele iria chegar. Eu me acabei de tanto chorar, e foi aí que percebi a verdade: minha vida nunca seria mais a mesma — Joseph passou os dedos pelos meus olhos, secando as lágrimas que nem percebi que estavam caindo. — Tudo bem, estou bem.
Ele balançou a cabeça.
— Não está.
— Estou. Estou bem. Estou bem.
— Você não precisa estar bem o tempo todo. É normal sentir a dor de vez em quando. É normal se sentir perdida, como se estivesse andando no escuro. São os dias ruins que tornam os bons ainda melhores.
Passei as mãos em seus cabelos e encostei meus lábios nos dele.
— Me beija — sussurrei, sentindo as batidas do coração de Joseph ao tocar seu peitoral.
Ele hesitou.
— Se eu te beijar agora, não poderemos voltar atrás. Se eu te beijar... nunca mais vou querer parar.
Passei a língua pelo seu lábio, usando-a para abrir sua boca.
— Me beija — sussurrei.
As mãos de Joseph deslizavam pelas minhas costas, fazendo movimentos circulares, e ele me trouxe para perto de si. Estávamos tão próximos que era difícil dizer se éramos duas pessoas ou uma só alma à procura de sua chama interior.
— Tem certeza? — perguntou.
— Me beija.
— Demis…
Dei um leve sorriso e pousei um dedo nos lábios dele.
— Vou pedir pela última vez, Joseph. Me be...
Não precisei terminar a frase e, mais tarde, mal consegui me lembrar de quando Joseph me carregou para o quarto.
***
Apoiei minhas costas na cômoda, com Joseph pressionando meu corpo. Suas mãos seguravam minha cintura com firmeza, e nossos lábios se encontraram. Sua boca explorou cada pedacinho da minha, tornando nossa ligação ainda mais intensa, e seus dedos deslizaram pela minha coluna, fazendo-me sentir calafrios. A língua de Joseph abriu caminho pela minha boca, encontrando a minha língua, as duas dançando juntas. Seus braços me envolveram com força, e eu cravei as unhas nas costas dele, agarrando-me a ele como se fosse a melhor coisa do mundo. Ele é a melhor coisa do mundo. Inclinei a cabeça para o lado enquanto minhas mãos subiam, meus dedos se enroscando em seus cabelos, forçando-o a me beijar com mais intensidade, com mais força, mais rápido...
— Joseph... — gemi, e ele grunhiu. Passei a mão por cima da camisa dele e senti aquele corpo musculoso, escondido. Estou adorando me apaixonar por ele.
Não imaginava que isso fosse possível. Não sabia que um coração, mesmo aos pedaços, ainda poderia bater por amor.
Joseph me ergueu e me colocou na beirada da cama. Sua respiração estava ofegante. Seu desejo, nítido.
— Quero tanto você, Demis. — ele suspirou, passando a língua pela minha orelha, descendo e beijando meu queixo, parando em meus lábios. Ele movia a língua como se tentasse descobrir cada pedacinho de mim, e cada movimento me fazia gemer. Sua mão deslizou por baixo do meu vestido, e eu o vi tirar minha calcinha e jogar num canto do quarto. Em seguida, abriu minhas pernas, permitindo que eu sentisse sua ereção. O desejo em seus olhos me fez sorrir. Eu soube, naquele momento, que ele sempre me faria sorrir.
Joseph agarrou meu vestido e começou a tirá-lo bem devagar, admirando cada parte do meu corpo, cada curva.
— Os braços — ordenou ele com uma voz rouca, e eu os ergui para que Joseph terminasse de tirar a peça, jogando-a perto da calcinha. — Linda — murmurou antes de se inclinar e beijar meu pescoço. Cada vez que seus lábios tocavam minha pele eu sentia meu coração acelerar. Sua língua passou pela curva do meu sutiã, ele desabotoou o colchete e jogou-o junto da pilha de roupas. Meu corpo estremeceu quando seus dedos circularam meus mamilos duros. Comecei a tirar a camisa dele, revelando seu abdômen definido.
— Os braços — ordenei.
Joguei a camisa na pilha de roupas, que crescia a cada minuto. Ele não perdeu tempo, e sua língua percorreu meus seios. Seus beijos se tornaram mais intensos, chupando meus mamilos com força. Minha respiração começou a ficar pesada, faminta, desesperada pelo seu toque.
— Joseph... assim — murmurei, minha cabeça se inclinando para trás diante da forma como a língua dele controlava meu corpo.
— Deita — pediu ele. Obedeci e fechei os olhos, passando os dedos em seu peito. Eu estava nervosa, tentando antecipar seu próximo toque. A excitação tomava conta de mim. Quando ele iria me tocar? Onde?
Arqueei meu quadril quando senti sua língua molhada passar entre as minhas coxas.
— Quero provar você, Demis. Quero provar cada pedacinho seu.
Ele suspirou. Suas mãos agarraram minha bunda e ergueram meu quadril, e então senti sua língua dentro de mim. Seus movimentos começaram lentos, mas logo ele passou a usar a língua com mais força e entusiasmo, e meu corpo, que antes já estava trêmulo, agora implorava por mais. Joseph foi ainda mais fundo, e meus dedos agarraram seus cabelos novamente. Eu não queria nada além dele dentro de mim.
— Por favor, Joseph — supliquei, meu quadril se movendo quando ele colocou dois dedos dentro de mim e continuou a usar a língua. — Quero você...
Ele parou, levantou e começou a tirar os jeans.
— Me diz como você quer. Me diz como você me quer — ordenou, sem desviar os olhos de mim.
— Eu não quero que seja delicado — eu disse, quase sem fôlego. Meus olhos admiravam sua ereção enquanto ele tirava a calça. Meus dedos agarraram sua cueca boxer, e em segundos ele estava nu. — Quero ver as sombras que não te deixam dormir. Quero que me beije com toda a escuridão que há dentro de você.
Joseph me ergueu da cama e me colocou de frente para a cômoda, e eu apoiei as mãos nas gavetas. Ele foi até a calça no chão bem depressa, tirou a carteira do bolso e pegou uma camisinha, em seguida abriu-a, desesperado, e colocou-a. Em questão de segundos ele estava atrás de mim, seu corpo pressionando minha alma nua. Os dedos dele acariciaram minhas costas até chegarem na curva da minha bunda.
— Demis — disse ele, ofegante como eu. — Não vou te machucar — e ergueu minha perna esquerda, sustentando-a com seu braço.
Eu sei, Joseph. Eu sei.
De uma só vez ele entrou em mim, com força, me fazendo gemer alto. Enquanto segurava minha perna com um braço, sua outra mão acariciava meus seios.
Sua respiração era irregular.
— Você é tão gostosa, Demis… Tão gosto...
As palavras sumiam enquanto ele se movia dentro de mim. Estar tão perto de Joseph, não apenas fisicamente, mas compartilhando com ele nossas emoções mais sombrias, fez meus olhos se encherem de lágrimas. Ele era belo. Era assustador. Era real.
Isso não é um sonho. É real.
Ele saiu de dentro de mim e me virou para que eu pudesse olhar para ele.
Suas mãos me agarraram por trás, me forçando a enlaçar minhas pernas em sua cintura. O corpo dele era a única coisa que me impedia de cair. Ele encostou a testa na minha e entrou em mim novamente.
— Não feche os olhos — suplicou. Seu olhar estava cheio de desejo, de paixão, de... amor?
Ou talvez eu estivesse vendo apenas um reflexo dos meus sentimentos. De qualquer forma, eu gostava das emoções que ele despertava em mim. Joseph continuou entrando com força e saindo bem devagar. Eu tremia, meus olhos queriam se fechar, mas não conseguiam. Eu queria que eles ficassem abertos. Queria olhar para ele.
Eu estava a segundos de...
Eu estava a segundos de entregar meu corpo. A segundos de me perder e me encontrar em Joseph Jonas.
— Eu vou... — murmurei, meu corpo trêmulo, o orgasmo tomando conta de mim, as palavras se esvaindo. Meus olhos se fecharam, e senti a boca de Joseph na minha, meu corpo vibrando junto ao dele.
— Cara, como eu adoro isso, Demi. Adoro quando você se perde em mim — seu sorriso pairou sobre meus lábios, e eu gemi.
— Quero cada parte de você — supliquei. — Por favor.
— Eu sou seu.
Naquela noite dormimos nos braços um do outro. No meio da madrugada, acordamos e começamos tudo de novo, nos perdemos e nos encontramos, juntos. De manhã bem cedo, a mesma coisa. Cada vez que ele entrava em mim, era como se estivesse se desculpando por algo. Cada vez que me beijava, parecia que suplicava meu perdão. Cada vez que ele piscava, eu podia jurar que enxergava sua alma.
Que lindo esse capítulo, eles estão se apaixonando e agora não pensaram nem na Ashley e nem no Zachary
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bjs amores e até o próximo <3
bjs amores e até o próximo <3