Devíamos ter parado naquela noite. Devíamos ter pensado que era horrível nos lembrar de Zachary e Ashley dessa forma, usando um ao outro. Éramos como bombas-relógios, prestes a explodir.
Mas não nos importamos.
Quase todos os dias, ela me beijava.
Quase todos os dias, eu retribuía o seu beijo.
Ela me contou a cor favorita dele. Verde.
Contei qual era o prato favorito de Ashley. Massa.
Algumas noites, eu saía pela janela do meu quarto e ia para o dela. Em outras, era ela que escapulia para minha cama. Quando eu entrava no quarto, ela nem afastava os lençóis. Quase nunca me deixava deitar do lado dele na cama. Eu entendia aquilo muito mais do que qualquer pessoa poderia imaginar.
Ela se despia e fazia amor com seu passado.
Eu a penetrava e fazia amor com meus fantasmas.
Não era certo, mas mesmo assim fazia sentido.
A alma dela estava ferida, e a minha, devastada.
Mas quando estávamos juntos, doía menos. Quando estávamos juntos, o passado não parecia tão doloroso. Junto dela, nunca me senti, nem por um momento, sozinho.
***
Tinha dias em que eu estava bem. E muitos dias em que eu sentia a dor escondida dentro de
mim, sem se manifestar. E havia os dias das grandes recordações. Era aniversário de Ashley, e eu
sofri muito naquela noite.
Os demônios do passado, que ficavam enterrados no fundo da minha alma, estavam sendo
exorcizados. Demi foi ao meu quarto. Eu devia tê-la mandado embora. Devia ter deixado a
escuridão me engolir. Mas eu não podia deixá-la sozinha.
O corpo dela estava embaixo do meu, e trocávamos carícias. Os olhos de Demi sempre me deixavam maravilhado. Assim como seu cabelo esparramado pelo meu travesseiro.
— Você é deslumbrante — sussurrei, antes de erguer seu queixo para que sua boca encontrasse meus lábios.
Naquela noite, ela era minha droga. Minha alucinação.
Eu adorava o gosto de morango do gloss em seus lábios.
Adorava seu corpo nu, que se arqueava quando meus lábios exploravam seu pescoço.
— Você tem ideia do quanto seus olhos são lindos? — perguntei, sentando-me e prendendo-a embaixo de mim.
Ela sorriu novamente. Isso também é lindo. Passei os dedos pelas curvas de seu corpo.
— São só castanhos — respondeu ela, passando a mão pelo cabelo.
Ela estava errada. Eles eram muito mais que castanhos, e a cada noite eu percebia mais um detalhe enquanto a tinha em meus braços. De perto, dava para perceber o tom dourado em torno das íris.
— São lindos.
Não havia nada nela que não fosse lindo.
Passei a língua por seus mamilos rijos, e ela gemeu. Demi parecia derreter em minhas mãos, suplicando que eu explorasse seus medos mais profundos e seus sabores mais doces. Coloquei as mãos em suas costas e a levantei, e nós dois nos vimos sentados no quarto escuro. Fiquei admirando a beleza de seus olhos enquanto abria suas pernas. Demi assentiu, permitindo que eu desse a ela exatamente o que ela veio buscar no meu quarto. Peguei uma camisinha no criado-mudo e a coloquei.
— Como você quer? — perguntei.
— Como assim?
Meus lábios repousaram nos dela, e sussurrei:
— Posso ser agressivo. Ou gentil. Posso fazer você chorar ou gritar. Posso foder com tanta força que você nem vai conseguir se mexer. Ou posso ir tão devagar que você vai pensar que estou apaixonado. Então, você decide. Você que manda. — acariciei a base de suas costas. Eu precisava que ela mandasse em mim. Precisava que ela tomasse a decisão, porque eu já estava perdendo a noção da realidade.
— Nossa, que cavalheiro — respondeu ela, nervosa.
Ergui a sobrancelha.
Suspirando, ela evitou olhar para mim.
— Gentil e devagar... como se você me amasse — sussurrou, tentando não soar tão desesperada.
Não falei nada, mas era exatamente disso que eu precisava.
Era exatamente assim que eu faria amor com Ashley em seu aniversário.
Meu Deus, minha cabeça estava uma zona.
Os pensamentos de Demi eram como cópias exatas dos meus. E isso me dava medo.
Como duas pessoas tão imperfeitas e tão devastadas conseguiram estabelecer uma ligação? No início, penetrei Demi bem devagar, observando as reações de seu corpo ao meu. Os olhos dela se fecharam quando fui mais fundo, os lábios se abriram, gemendo. Pensei que estava numa plantação de morangos quando passei novamente a língua por seu lábio inferior.
Minhas mãos tremiam, mas controlei meu nervosismo e me concentrei em Demi. Ela respirou fundo e apoiou a mão no meu peito. Abriu os olhos e fixou-os nos meus, como se nunca mais fôssemos nos ver. Ambos estávamos morrendo de medo de nos perdermos naquele pequeno momento de consolo.
Será que ela o via quando olhava para mim? Será que ela lembrava dos olhos dele?
Eu sentia o coração dela bater tão rápido quanto o meu, tão intenso.
— Posso passar a noite aqui? — sussurrou ela ao apoiar as costas na cabeceira da cama.
— Claro — suspirei, passando minha língua em seus ouvidos, massageando seus seios. Ela não deveria passar a noite aqui. Mas eu queria. Estava tão apavorado com a ideia de ficar sozinho com meus pensamentos que a resposta escapou da minha boca, suplicante. — Podemos brincar de faz de conta até de manhã.
Ela não deveria passar a noite aqui. O que você está fazendo?
Mais forte. Nós dois queríamos mais e mais, nossos olhos fixos um no outro o tempo todo. Nossos quadris se movendo em harmonia.
— Isso, assim... — ela estava ofegante. As batidas dos nossos corações se tornaram mais rápidas enquanto eu a penetrava, e ela arquejou, pedindo mais. Por um breve momento, deixamos nossos corpos se tornarem um só.
— Zachary… — sussurrou ela, mas eu não liguei.
— Ashley… — murmurei, e ela não se importou.
Nós éramos completamente loucos.
Mais fundo. Puxei os cabelos dela, e seus dedos envolveram os meus. Aos poucos fui me tornando mais agressivo, mais incontrolável.
— Porra — eu adorava estar entre as pernas dela, amava o suor que escorria por seu corpo. Era bom demais estar dentro de Demi, era seguro.
Mais rápido. Queria senti-la por inteiro. Queria me enterrar fundo nela, para que ela nunca se esquecesse de que eu era o cara que a fazia fugir da realidade. Queria trepar com ela como se ela fosse minha amante, e eu, o dela.
Levantei sua perna esquerda e a apoiei em meu ombro. Quando ela pediu que fizéssemos amor com mais força, permiti que ela sentisse cada centímetro meu. Será que ela se deu conta do que disse? Ela falou mesmo fazer amor? Sei que foi isso que combinamos, mas ouvir essas palavras da sua boca fizeram com que eu perdesse o foco por um momento.
Eu não era Zachary.
Ela não era Ashley.
Mas, meu Deus, era tão bom mentir para nós mesmos.
Ela estava ofegante, e eu gostava da maneira como a cabeça dela se inclinava para trás na cabeceira. E também de suas unhas cravadas na minha pele, como se nunca mais quisesse se afastar. Depois, ela piscou, e vi que tentava conter as lágrimas. Seu esforço para não derramá-las buscava uma válvula de escape. Em vez de dar vazão a elas, Demi apenas respirou fundo.
Mais devagar. Demi perguntou mais uma vez se podia realmente passar a noite comigo. Provavelmente estava com medo de que eu a mandasse embora logo depois, o que a forçaria a encarar a solidão. E eu estava só. O temor da rejeição marejava seus olhos. Mas prometi que sim e não iria voltar atrás. Eu via naqueles olhos castanhos que ela odiava ficar sozinha com seus pensamentos.
Tínhamos isso em comum.
Mais gentil.
Tínhamos muitas coisas em comum.
Deitei-a na cama e permaneci dentro dela, mas me movi devagar, com cuidado.
— Posso parar — eu disse, vendo as lágrimas caírem de seus olhos.
— Por favor, não pare — suplicou ela, balançando a cabeça. Cravou novamente as unhas nas minhas costas, como estivesse se agarrando a algo que, na verdade, não existia mais.
Isso é apenas um sonho.
— Estamos sonhando, Demi. Estamos sonhando. Não é real.
Ela levantou o quadril.
— Não, continue.
Enxuguei suas lágrimas e parei.
Era errado.
Ela estava destroçada.
Eu também. Saí de dentro dela e me sentei na beirada da cama, minhas mãos agarrando o colchão. Os lençóis amassados. Ela se sentou do outro lado. Estávamos de costas um para o outro, mas ainda assim eu podia jurar que sentia seu coração bater.
— O que há de errado com a gente? — sussurrou.
Passei os dedos pela testa e, suspirando, disse:
— Tudo.
— Hoje era dia de ter uma daquelas grandes recordações? — ela quis saber.
Assenti, mesmo sabendo que ela não iria ver.
— Aniversário da Ashley.
Ela riu. Eu me virei e vi que ela enxugava as lágrimas.
— Foi o que pensei. Ela se levantou e vestiu a calcinha e o sutiã.
— Como você sabia?
Ela veio até mim e ficou de pé entre minhas pernas. Seus olhos me estudando, passando a mão nos meus cabelos. Colocou a mão no meu peito, sentindo as batidas rápidas do meu coração. Aproximou seus lábios dos meus, sem me beijar, apenas para sentir minha respiração.
— Percebi o quanto você precisava dela. Vi nos seus olhos sombrios que estava desapontado por eu não ser a Ashley.
— Demi... — falei, sentindo-me culpado.
Ela balançou a cabeça e se afastou.
— Tudo bem — pegou a camiseta e a vestiu no corpo mignon. Colocou o short do pijama e foi até a janela para sair. — Acho que você também percebeu o quão desapontada eu estava por você não ser ele.
— Talvez seja melhor pararmos com isso.
Demi fez um rabo de cavalo e sorriu.
— Sim. Talvez — ela subiu na janela. — Mas acho que, provavelmente, não vamos parar. Nós dois estamos viciados no passado. Até mais.
Eu caí na cama e soltei um gemido, sabendo que ela estava certa.
Oi gente, resolvi fazer a maratona hoje...como eu disse será de três capítulo e espero que vocês gostem e aproveitem!
Os horários serão agora ás 13:00, o segundo ás 15:00 e o terceiro ás 17:00 ok?
O que acharam do capítulo? Eles se entregaram, e não vão parar por aí
O que acharam do capítulo? Eles se entregaram, e não vão parar por aí
Me contem aqui nos comentários o que acharam
Aproveitem a maratona, fiz especial para vocês
um beijo lindonas <3
respostas aqui
Aproveitem a maratona, fiz especial para vocês
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