05/07/2017

for you: capítulo 17


Dubai

Beijo-a pela última vez antes de pegar a mala esquecida aos pés da cama. Adoro seus lábios
carnudos, eles são sexys, desejo devorá-los a cada segundo. Cubro-a com o lençol antes de sair do quarto. Gosto de vê-la ali, em minha cama. Meu desejo é que Demi permanecesse sempre ali, todos os dias da semana, esperando por mim, que acordasse e dormisse em meus braços. Que minha última visão ao sair de casa fosse essa, seus lindos cabelos negros contrastando com o cetim branco do lençol e em seus lábios, esse meio sorriso de satisfação. Sorriso de mulher amada, satisfeita.
Outro vez, confessei a ela que a amo e de novo. Demi estava com a mente longe daqui. A filha da mãe sabe como me provocar, mesmo que inconscientemente. Eu sou louco por ela, em todos os sentidos.
— Ainda está aqui? — encaro Kevin com desgosto.
Será que ouviu os gritos e gemidos vindos o quarto? Isso é algo que me deixa extremamente
irritado. Os momentos de paixão de Demi pertencem a mim e a mais ninguém, nem mesmo a um espectador, principalmente esse. Ela é minha e não divido-a.
— Achei que precisaria de carona, vamos no mesmo voo não faz sentido irmos em carros
separados, além disso, precisamos discutir alguns assuntos pelo caminho.
Cruzo a sala até o bar e sirvo de uma dose de vodka. Nesse momento eu quero partir a cara dele.
— Deve ter muitas coisas nessa mala — diz ele ao olhar para pequena mala em minhas mãos — Ou, havia distrações demais.
— Isso não é da sua conta — sibilo para ele com raiva — Pare de se intrometer em minha vida.
Essa insistência já está ficando irritante e ridícula, não sou mais um adolescente em busca de conselhos e orientações do irmão mais velho.
— Certo — Kevin deposita o copo em cima do balcão do bar — A vida é sua, faça como
quiser.
Eu não sei exatamente em qual momento passamos de irmãos para dois estranhos. Quando
crianças, éramos unidos e nos divertíamos muito juntos. Eu não sei até que ponto, o comportamento  desleal e egoísta do meu pai lançou-o nessa imensa concha impenetrável que ele se abriga hoje. Para Kevin, e minha mãe, meu pai havia destruído o mundo perfeito em que eles viviam. É irônico que o irmão a qual cresci admirando, tenha se tornado tão distante. Será por isso, que Demi havia se tornado tão essencial para mim? Porque com ela eu me sinto em casa.
— Vamos? — inquire Kevin, da porta.
— Vamos.
***

A situação em torno do complexo hoteleiro está um pouco mais complicada do que imaginei. Os investigadores no caso ainda não sabem se o desmoronamento em um conjunto de lojas no centro do complexo havia sido acidental ou criminoso. Está havendo alguns protestos contra obra, incitados por um grupo extremista contra a implantação da obra e ao que eles chamam “invasão estrangeira”.
Como ainda não há provas suficientes, não temos como responsabilizar o grupo que além de atrasar outras obras, haviam desperdiçado uma pequena fortuna em dólares.
No entanto, esse é um dos menores problemas, sabíamos dos riscos causados pelos extremistas que poderão ser controlados, minha preocupação é que o acidente tenha sido provocado por negligência interna, por uso indevido de matérias ou incompetência por parte da equipe de engenheiros envolvidos no projeto, isso seria inaceitável.
— Essa foi a área mais prejudicada — explica o empreiteiro responsável pela ala norte a qual
estamos no momento — O teto terá que ser refeito.
— Foi acidente ou criminal? — pergunto, analisando a destruição do local — O que acha
Martinez?
— Olha — ele levanta o capacete protetor para coçar a testa — A equipe é uma das melhores, e os equipamentos são os melhores do mercado. Se foi um acidente é inexplicável.
Concordo com ele, só trabalho com excelentes profissionais e em um projeto tão inovador como esse, eu não admitiria material de baixa qualidade. O desabamento só pode ser considerado criminoso, isso me leva a crer, que há alguém infiltrado entre os operários e que teremos que redobrar a segurança até que isso seja solucionado.
— Não chegue tão perto, doutor — alerta-me Martinez ao ver-me aproximar do enorme buraco no teto — Isso vai desmoronar a qualquer momento.
— A situação não está tão ruim na ala sul — diz Kevin, ao entrar — Mas não deixa de ser
preocupante.
— Vou conversar com a segurança novamente — murmuro — Se esses protestantes têm algo a ver com isso, eu vou descobrir.
— Sugiro que resolva isso logo Joseph — sentencia Kevin — Não quero o nome da
construtora e da família envolvidos em escândalos.
— Se isso é problema Kevin, ainda posso desvinculá-los do projeto — respondo irritado.
Ele não responde a isso, o complexo é uma galinha de ovos de ouro para ele, a construtora e todos os envolvidos. Sair do projeto independente do que aconteça durante o percurso é como dar um tiro no próprio pé, Kevin sabe disso.
— Eu vou para o hotel — diz ele, como se eu não o tivesse ameaçado — Ponha-me a par das
notícias depois.
Ignorando-o e volto a conversar com o empreiteiro sobre quais procedimentos a seguir e o quanto da obra poderia ser recuperado.
A conversa com a segurança não foi muito esclarecedora, embora a informação de um funcionário, sobre alguns membros rebeldes andarem circulando aos redores, tenha sido útil para dar um novo direcionamento nas investigações. Minha estadia ali será mais demorada do que eu gostaria, isso deixa-me frustrado.

***

Observo o mar a minha frente, alguns meses atrás esse era o meu refúgio perfeito. Hoje,
assemelhasse como uma joia rara na vitrine, bonita mas fria. Permaneci olhando para o horizonte. Deveria sentir-me como um rei, mas não é como me sinto. De que adianta lugares perfeitos como esse, se não há com quem dividir? É o segundo dia no hotel e tudo caminha a passos de tartaruga.
Não tenho a menor perspectiva em voltar, muito menos quando poderei ver a Demi novamente.
— Alô?
— Demi? — olho novamente para o número no celular para me certificar de que havia discado certo. A foto dela no dia que passamos na praia confirma que sim.
— Não, é a Jenny — responde a jovem — É o Joseph?
— Sim, Demi está aí?
— Ela está no banho — diz ela, suavemente — Quer deixar recado?
—Não — murmuro, com tom decepcionado — Eu ligo depois.
Isso não foi possível, outro protesto em frente aos portões deixaram-me quase quatro horas entre o fogo cruzado e negociações. Tentamos conversar com o líder irredutível sobre as imensas vantagens que o complexo traria para cidade e pessoas da região. Eu notei, que a guerra é muito mais política do que ambiental, então temos que agir com tato e esperteza.
Volto para o quarto exausto. É tarde demais para ligar para ela, então, tomo um banho rápido e desabo na cama.
***

No dia seguinte, há mais confusões, dois seguranças foram feridos ao serem atingidos por uma bomba caseira. A polícia local foi acionada para conter os arruaceiros. Houve uma reunião com o representante da cidade, que se comprometeu em manter a ordem e segurança. Estar apaixonado por alguém sempre faz com que você se comporte como bobo? A única coisa que penso em fazer ao atravessar a porta do quarto de hotel é correr para o telefone e ligar para ela.
Se a porcaria da bateria do celular não tivesse acabado a uma hora, eu já teria feito isso. Preciso ouvi-la, sentir sua presença de alguma forma.
— Joseph — a voz sexy soa do outro lado.
— Oi linda — um sorriso desenha meus lábios quando a imagem dela me vem à cabeça — Como está?
— Com saudades — confessa Demi. Sinto uma pontada no peito. É estranho, ao mesmo tempo que é bom, machuca também. A sensação que tenho é que me falta algo.
— Eu...
— Joseph!
Encaro Kevin com certa irritação ao vê-lo entrar intempestivamente em meu quarto. A falta de noção dele com espaço e privacidade deixam-me com desejos assassinos. Tapo o bocal do telefone disposto a dizer alguns desaforos a ele, mas a expressão preocupada em seu rosto freia-me por alguns segundos.
— Houve outro ataque! — diz ele, seriamente — Venha.
— Tenho que desligar — informo a Demi.
— Mas...
— Eu ligo depois — sussurro, antes de desligar.
Kevin já está a caminho dos elevadores quando encontro-o.
— O que houve?
— Alguns ataques perto do shopping — murmura ele — Parece que há alguns feridos.
— Nossos ou deles?
— A polícia atirou em dois agitadores, parece que o estado é crítico.
Inferno! Publicidade ruim é a última coisa que precisamos. Passei praticamente o dia inteiro
garantindo a bancos e investidores que esses acontecimentos não prejudicariam o projeto, mas a cada dia as coisas ficam mais tensas.
— Vamos até lá então.
O clima é tenso. Há policiais de um lado e cerca de uns vinte arruaceiros do outro. Um homem baixo e rechonchudo parece ser o líder do grupo. Há crianças entre eles e isso deixa-me ainda mais irado.
Uma bomba caseira vem em nossa direção. Um dos seguranças arremessa de volta para o grupo.
Vejo um garoto por volta de uns oito anos, correr em direção onde ela cai.
— Ei garoto! — eu corro em direção a ele, gritando para que se afaste — Saia! Saia!
Em meio a pedradas de um lado e gás lacrimogênio do outro, tudo parece um verdadeiro caos. O local parece mais um campo de guerrilha. Há um grande clarão e é a última coisa que vejo.

***

Abro os olhos por alguns minutos. A luz é muito forte, incomodando-me o suficiente para que eu volte a fechá-los. Estou deitado em alguma coisa e pareço em movimento. Ouço vozes em volta de mim, mas não consigo compreender o que estão falando, parecem agitados. Meus lábios estão secos e sinto um gosto esquisito na boca, algo metálico, salgado. Minha cabeça dói, martela como uma britadeira. Eu volto a dormir.
Pela primeira vez na vida, eu vejo Kevin em um estado caótico, desalinhado e com uma
expressão angustiada. A gravata está desfeita, os cabelos desalinhados e camisa chamuscada de sangue.
— Você está bem?
Olho em volta sentindo-me um pouco desorientado. O quarto é branco como a maioria dos quartos de hospitais. Há um sofá e uma mesa de canto. Uma TV desligada no suporte da parede. Os últimos acontecimentos vêm a minha cabeça.
— Como está o menino? — murmuro, apesar da garganta árida.
— Está bem — murmura Kevin com um sorriso fraco — Se assustou com seus gritos, ele correu para o outro lado, então, teve ferimentos leves.
— O que estou fazendo aqui?
— A bomba era um pouco mais potente do que parecia. Foi atingido por alguns fragmentos e bateu a cabeça muito forte no chão, foi uma queda forte. Teve um corte profundo na cabeça quando atingiu uma pedra, mas o pior foi que perdeu muito sangue. Sua sorte é que eu estava aqui... — ele pigarra emocionado — Então fizeram uma transfusão de emergência. Você me assustou bastante.
— Salvou minha vida? — não posso dizer que estou surpreso com o que ele diz, afinal somos
irmãos e apesar de todos os pesares, eu faria o mesmo, mas o gesto não deixa de me emocionar.
— Eu sei que não tenho sido muito afetuoso nos últimos anos Joseph — diz ele envergonhado — Eu realmente penso em sua felicidade. Não sou o monstro que você pensa.
— Eu nunca disse isso — murmuro, seco — Mas as suas atitudes e as da nossa mãe, são
intoleráveis.
— Mamãe não é autoritária apenas com você — ele ri — Apenas evite os conflitos e está tudo
resolvido.
— Eu não quero mais participar desse jogo Kevin — murmuro, contrariado. A dor em minha
cabeça volta com força total, obrigando-me a fechar os olhos. Não é possível que até em momentos como esse, quando ele parece agir de forma emocional, temos que acabar em discussão — Sou adulto e tenho o direito as minhas escolhas sendo-as boas para vocês ou não.
— Está certo — murmura ele — Já disse que não vou mais me intrometer nesse assunto. Apenas tenha cuidado. Algumas mulheres fazem de tudo para subir na vida. Espero que esteja se cuidando e que não faça como nosso pai e caia no truque da barriga.
Tenho vontade de rir e chorar ao mesmo tempo. Se ele conhecesse a verdadeira história entre eu e Demi. Não a que estamos vivendo agora, mas a do início de nossa relação. Quando o que tudo o que me importava era enlouquecer minha família, vingar-me de Sophie e me divertir. Em poucas semanas a vida seguiu para outro curso. Como é possível que ela tenha se enraizado em minha vida dessa maneira? Que eu tenha me aberto como fiz, quando nem mesmo com Sophie a qual fui noivo por anos e ou família haviam conseguido isso? É possível amar alguém assim em tão pouco tempo? A pergunta certa é, conseguirei seguir minha vida sem ela ao meu lado?
— Demi não é assim — respiro fundo — Sente-se, eu quero lhe contar uma coisa.
Eu conto a ele o que aconteceu desde nosso primeiro encontro na boate. Desde que a olhei pela primeira vez. De como senti-me atraído por seu corpo e como mergulhei na imensidão de seus olhos.
De como eu não consegui pensar em mais nada após nossa primeira noite juntos. A surpresa por ela não ser uma garota de programa e finalmente de como me senti perdido, ao descobrir-me apaixonado por ela.
Não foi difícil explicar como me sinto feliz ao lado dela. A facilidade com que ela me faz sorrir e ficar zangado, mas principalmente o quanto me faz feliz e completo.
— Eu jamais teria imaginado isso — diz ele — Pelo visto está apaixonado por ela.
— Sim — confesso sem qualquer tipo de pudor.
— Espero sinceramente que tenha razão sobre ela e que o sentimento seja recíproco, apenas tenha cuidado antes de tomar qualquer iniciativa maluca.
— Quando conhecê-la melhor entenderá o que digo.
—Tomara que sim.
— Quero que faça uma coisa por mim — encaro-o, firmemente — Preciso vê-la. Eu preciso da
Demi aqui.
Não sei se são os remédios ou a condição em si que me faz parecer ansioso e dependente, mas quero tê-la em meus braços. Eu poderia ter morrido sem ter tido a oportunidade de olhar em seus olhos e dizer que a amo. Eu não vou mais perder tempo com isso.
— Ok — Kevin sorri — Eu vou providenciar isso.
— Verdade? — pergunto, com certa desconfiança.
— Palavra de escoteiro.
— Obrigado — murmuro — Peça a uma enfermeira que traga remédios também.
Toco minha cabeça onde há uma faixa, não tinha noção da gravidade do ferimento, mas pelo
batuque em minha cabeça, eu faço uma ligeira ideia. Contanto que a criança esteja bem, isso não me importa. A enfermeira entra alguns minutos depois, entrega-me um remédio com gosto amargo.
Sinto sono novamente, mas obrigo-me a esperar por Kevin. Desejo fervorosamente que ele faça o que me prometeu.
— Tudo certo — informa Kevin, meia hora depois — Um jatinho estará esperando-a no JK
daqui às duas horas.
— Onde está meu telefone? — sento-me na cama com certa dificuldade, a dor na cabeça me faz sentir tontura e náuseas.
— Aqui — Kevin entrega-me o aparelho todo arranhado e com o visor quebrado — Por sorte
não foi destruído completamente.
Aperto o número na discagem rápida, ela atende no terceiro toque.
— Quero que venha me ver — respiro fundo. O pedido parece autoritário, mas está bem longe disso — Preciso de você aqui.
— Quando?
— Agora! — respondo com ansiedade — Há um jatinho esperando-a no aeroporto.
O telefone fica mudo por um momento, longo de mais para meu gosto. O que está acontecendo?
— Eu não posso — sussurro ela, baixinho.
Ela não quer vir? Por que está sussurrando? Quem está com ela? O ciúme agarra-se a mim como uma praga. Será que Kevin tinha razão o tempo todo e eu só vi o que eu quis acreditar?
— Entendo — desligo em seguida, com o desapontamento queimando em meu peito.
—Ela não virá? — pergunta Kevin, lendo a decepção em meus olhos.
— Não — respondo, evasivo e sem conseguir encará-lo.
— Sinto muito.
Ele sente muito! Durante todo esse tempo Kevin desejou nos separar e agora, ironicamente a
única vez que não interferiu em minha vida, vejo que suas suspeitas estavam certas, não que ela queira apenas o meu dinheiro, apenas não está interessada em mim como desejei. Não precisa de mim como eu preciso dela. Sonhei acordado demais e ao acordar vi que a realidade é outra. Essa merda machuca.

deram para ver um pouco o motivo deles terem indo à dubai.
ele salvou o garoto e o Kevin pelo menos fez algo de bom na vida para salvar o Joseph.
será que o Kevin entendeu sobre o Joseph e a Demi? ou está se fazendo de sonso? 
só nos próximos capítulos saberão hahaha
Joseph achando que a Demi não quer ver ele.
o que acharam? espero que tenham gostado.
até o próximo, bjs amores <3
repostas do capítulo anterior aqui

5 comentários:

  1. Senti meu coração sair pela boca um minuto e depois voltar. Meu Deus! Tadinho do Joe,agora entendo o motivo do Joe querer ela por perto e como ele também não sabe os motivos dela, ficará esse clima ruim. Bom, tenho minhas suspeitas em relação ao Kevin, mas prefiro pensar que ele realmente está mudand. Cada capítulo realmente é um tombo novo e estou sentindo que virão muito mais kk, agora não sei se eu choro ou se eu surto. Cada dia amo mais essa fic. Posta logo, pelo amor de Deus kk, fico sempre ansiosa por um novo capítulo.

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    Respostas
    1. Sim e irão vim muitas coisas pela a frente, não posso contar kkkkk
      fico muito feliz que você esteja gostando da fanfic às vezes fico desanimada aqui.
      vou postar hoje, bjs amor <3

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  2. Cadêêêê, mulheeee?????

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