24/07/2017

for you: capítulo 22 (Maratona 1/3)


Sem você

Encaro-a, aturdido. A dor é diferente da que eu tive antes. Inconscientemente eu sabia que ela estaria ali, perto. Que eu poderia tê-la a qualquer momento. Essa nova realidade me deixa sem chão.
— Para onde ela foi?
— Entre — ela caminha pela casa em direção ao sofá, com uma desenvoltura surpreendente,
parece conhecer o local de cada móvel.
— Para onde ela foi? — é indisfarçável a ansiedade em minha voz.
— Não tenho permissão para dizer isso.
— Jenny — sento-me ao lado dela, seguro suas mãos trêmulas e frias — Demi foi embora
levando meu filho. Eu tenho o direito de saber onde estão.
— Você ainda não sabe — sussurra ela baixinho, mas não suficiente para que me escape.
— O que eu não sei?
— Olha — diz ela, apreensiva — Eu já me intrometi mais do que eu devia. O que fez não foi
justo. Eu não deveria dizer isso, mas ela ama você. John só apareceu para criar confusões e extorqui-la de alguma forma. Há mais de dois anos que não se veem, e ela morreria antes de voltar para ele.
— Ouça Jenny — digo, fervorosamente — Eu sei que fui um grande babaca, mas eu sou louco por aquela garota. Por favor, me diga para onde ela foi.
— Eu queria ajudá-lo — murmura ela — Só que eu não posso. Tudo o que sei é que foi para
Carolina do Norte visitar o Harry.
— Harry?
Quem é Harry? Levanto-me e caminho pela sala, desvairado. Minha estupidez a havia jogado nos os braços de outro homem?
— Harry é como um pai para Demi — Jenny diz, apressadamente — Não tire conclusões
precipitadas.
— Demi não deixou o endereço?
— Não, a única coisa que sei, é que foi para a Carolina do Norte — ela enruga a testa e tira um celular do bolso da calça jeans — Demi deixou o celular dela comigo. Prometeu ligar em dois dias.
— Entendi — murmuro, desanimado — Não quer falar comigo.
Nada poderia ser mais direto que isso. Eu posso lidar com a raiva, a mágoa, a dor, mas a rejeição rasga o peito, sem piedade.
— Gostaria de poder ajudar. Acredito que ela só precise de tempo, Joseph. Dê isso a ela. Eu
tenho certeza que as coisas irão se resolver.
— Talvez você tenha razão — solto um suspiro profundo — Ligarei todos os dias para ter
notícias.
— Eu sinto muito — ouço-a dizer antes de sair.
Eu vou para praia, é o único lugar onde encontro um pouco de paz. Mas também está arregrado de memórias, há memórias em qualquer lugar que eu olhe. Eu fodi toda a minha vida, e me apavora saber que talvez a tenha perdido.
Algo toca meus pés descalços na areia. Uma bola amarela balança em frente a mim. Um garotinho loiro corre para pegar a bola e abraça-a sem desviar os olhos de mim.
— Oi.
— Olá.
— Você está triste? — pergunta o garoto, sentando-se ao meu lado — Minha mãe sempre compra sorvete quando estou triste.
Um breve sorriso ameaça em meu rosto. O garoto é inteligente. Tento calcular sua idade. Não sou muito bom com isso. Acho que tenha uns cinco anos, talvez menos.
— Você quer um sorvete?
— Você quer? — ele pergunta esperançoso.
— Qual o seu nome?
— Billy.
— Onde está sua mãe, Billy?
Ele arregala os grandes olhos castanhos em direção ao outro lado da praia.
— Eu não sei — vejo seus lábios pequenos tremerem e tento não entrar em pânico. Nunca estive tão perto de uma criança antes, muito menos com uma prestes a entrar em crise.
— Olhe, há um carrinho de sorvete ali na frente, podemos comprar um e depois procuraremos sua mãe. Tudo bem?
— Tá bom — ele segura minha mão com firmeza — Eu quero de morango. Você gosta de
morango?
Em questão de minutos, o medo do garoto por estar perdido é substituído por tagarelar sem fim, sobre seus sorvetes favoritos e variedades.
Enquanto caminhávamos pela orla, tentei manter a raiva dentro de mim sobre controle. Que tipo de mãe deixa o filho a própria sorte?
— Olha minha mãe ali — Billy solta minha mão e corre em direção a uma mulher que conversa com dois guardas.
Ao ver o menino, ela corre em direção a ele, aos prantos. A cena é comovente a qualquer um, e somente isso me impede de dizer algumas verdades a ela.
— Obrigada — diz ela, ao se aproximar de mim, as lágrimas ainda rolando pelo rosto — Me
distraí por um minuto, apenas.
— Tenha mais cuidado da próxima vez. Ele poderia ter encontrado uma pessoa sem escrúpulos — alerto-a duramente — Talvez nunca mais voltasse a vê-lo de novo.
— Eu tenho feito o que posso, senhor — diz ela, erguendo o queixo. A jovem solta um soluço e aperta o garoto contra o peito — Estou sozinha nisso, nem sempre eu acerto.
Essa informação me deixa mais irritado que antes. Homens como o pai de Billy deveriam ser
estéreis. São tão infelizes que não enxergam a preciosidade diante deles.
Despeço-me deles e volto para o meu carro, com uma certeza em mente. Nada vai me afastar de Demi e do meu filho. Nem ela mesma. Eu não vou permitir isso.

***

Foram os piores e fodidos dias da minha vida. Mergulhar no trabalho não ajudou. Participei de uma reunião sem o mínimo interesse. Todos os dias falei com Jenny e ela me garantiu que ela estava bem. Eu não posso dizer o mesmo sobre mim. Para piorar, minhas noites eram marcadas por sonhos eróticos. Meu corpo sente falta dela na minha cama, tanto quanto sinto falta dela em meu coração.
Olho para folha de papel a minha frente e noto que rabisquei o nome dela repetidas vezes em um contrato importante. Inferno! Já está virando um caso de sanidade mental.
— Joseph? — minha mãe cruza a porta — Por acaso esqueceu-se que tem mãe?
— Iria vê-la essa noite — declaro — Não há motivo para drama, mamãe.
Olho para jovem morena ao lado dela e não tenho um bom pressentimento.
— Meu filhinho quase morre e acha que não deveria estar preocupada?
— Não exagere mamãe.
— Ingrato — retruca, fulminando-me com os olhos — Essa jovem, é Lori Landis. Sua nova
estagiária. Lori é filha de Garret, lembra-se dele não é, um velho amigo de seu pai?
— Eu não sabia que procurava uma estagiária?
Encaro a jovem morena a minha frente. Eu não diria que é uma cópia, pois apesar da jovem ser bonita, nem se compara com a exuberância de Demi, além disso, seus olhos são castanhos. Lori tem a boca delicada. Demi tem lábios grossos e uma boca atrevida. E a tentativa da minha mãe soa-me patética. O quão manipulável ela acredita que eu seja?
— Foi um pedido especial feito a nós — murmura ela — Mas é claro, Lori se dedicará bastante, não é querida?
— Sim senhora — A jovem responde sem graça. Parece-me desconfortável com a situação —
Não terá do que reclamar Sr. Jonas, eu prometo.
— Chame-o de Joseph, querida — minha mãe sorri para ela de forma encantadora — Não há por que mantermos as formalidades, você é quase da família — continua ela — Lori é nova na cidade e eu disse ao pai dela, que você poderia mostrar Nova York, boates, restaurantes e todos os lugares que vocês jovens, adoram.
— Desculpe, Srta. Landis — viro-me para garota muda ao lado dela — Não é nada pessoal. Você poderia dar-nos um minuto a sós, por favor?
— Claro.
— O que está tramando, mamãe? Desde quando se interessa pelos funcionários dessa empresa?
— Só quis ajudar a filha de um amigo — murmura ela — Que mal há nisso? Lori está sozinha na cidade. Poderia levá-la para jantar e quem sabe se tornem bons amigos.
— Eu vou ser claro e direto com você — digo entre dentes — Agora mais do que nunca, irei me casar com a Demi, você gostando ou não.
— Eu já sei de tudo sobre ela, Joseph — diz ela, ofegante — Kevin me contou. Achei
desrespeitoso nos enganar assim. Sua própria mãe. De qualquer forma, eu sempre soube que aquela garota não servia para você.
— A forma como isso começou não importa. Eu a amo, mamãe, não consegue entender isso?
— Está apenas enfeitiçado — ela afirma, com desprezo — Só Deus sabe o que essas mulheres
são capazes de fazer para segurar um bom partido...
— Mamãe! Chega!
—Eu não aceitarei essa fulana em nossa família! — diz ela, com a voz exaltada — Não tem nome!
Classe! E educação! Não irá envergonhar nossa família assim, Joseph. Queria nos dar uma lição e entendi isso, agora chega, há milhares de garotas em nosso meio dignas de você, moças respeitáveis e não uma vaga...
— Não se atreva! — o soco que dei em minha mesa foi suficiente para silenciá-la — Pela
primeira vez na minha vida, eu estou realmente apaixonado, mamãe. É tão difícil entender isso? Vou me casar com ela, espero que esteja presente nesse dia e que faça parte de nossas vidas, que veja seus netos crescerem.
— Não serão meus netos! — seus olhos piscam, irados — Renego-os.
Eu recuo como se tivesse sido esbofeteado.
— Se é o que deseja — murmuro, com raiva e decepção — Não há nada mais o que fazer aqui.
— Veja o que está fazendo comigo. Se algo acontecer você nunca irá se perdoar.
— Chantagem não irá me convencer. E se não quiser fazer parte da minha vida, não há
nada que eu possa fazer.
— Odeio aquela garota. Irá se arrepender, Joseph. Causará minha morte com isso.

***

Volto a me concentrar na pilha de papéis em minha mesa, ignorando-a completamente. A batida estrondosa da porta avisa-me o momento que ela foi embora. Eu realmente não gostaria que fosse assim. Que eu tivesse que escolher entre as duas. Apesar de tudo, ela é minha mãe. Eu a amo também, mas a escolha foi dela.
— Tudo bem?
— O que você quer Kevin? — pergunto, sem paciência — Se veio envenenar-me contra a Demi também, perdeu o seu tempo.
— Eu não vim fazer isso. O que aconteceu entre você e a nossa mãe?
— Por que contou a ela sobre o que eu disse sobre a Demi? Sobre fingir ser minha noiva?
— Apenas esclareci que as coisas entre vocês dois eram mais sérias do que imaginamos. Quando voltei de Dubai, imaginei que correriam para primeira igreja que vissem. Quis que nossa mãe ficasse preparada.
— Ah, ela se preparou, muito bem por sinal. Inclusive arrumou uma estagiária que eu não preciso. Você sabe muito bem quais as intenções dela.
— Olha, fiz isso por Garrett — murmura ele — Não foi nada relacionado a você, e eu nem
conhecia a jovem. Ela pode trabalhar comigo se para você for um problema.
— Faça isso.
— Vou conversar com ela, mas vim aqui por outro motivo. Há um sheik interessado em um novo negócio.
— Agora não — levanto-me e pego o paletó em minha cadeira — Passe as informações a minha secretária.
— Certo — diz ele — Tire o resto do dia de folga.
— Kevin, eu vou repetir o que disse a minha mãe — digo com impaciência — Pode fazer parte
da minha vida ou se afastar dela. Eu não me importo.
Saio sem encará-lo. Com boas ou más intenções, estou cheio dele se intrometendo em minha vida. Se tiver que cortar os laços com todos eles, eu farei isso. Eu pego o celular e disco automaticamente. Gostaria apenas de poder ouvir a voz dela, por um minuto apenas.
— Alo?
— Demi? — pergunto, eufórico — Demi é você?

resolvi começar a postar a maratona, vou postar um capítulo por dia durante três dias ou seja postarei capítulo hoje, amanhã e na quarta-feira, espero que aproveitem.
sobre o capítulo, o Joseph com o Billy muito fofo.
essa mãe dele já venho infernizar a vida do Joseph, uma cobra mesmo.
será que a Demi irá atender a ligação dele?
espero que tenham gostado.
até logo, bjs amores <3
respostas do capítulo anterior aqui

2 comentários:

  1. ansiosa pela maratona, vc nao sabe a ansiedade q eu passo por ter q esperar de 2 em 2 dias.

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