Taste your love
— Demi, é você?
Deixo o celular deslizar de meus ouvidos e prendo-o junto ao peito. Por que o estar apaixonado tem que ser tão difícil? Amar é tão fácil e esquecer parece impossível.
A porta do elevador abre. Parece que estou colada ao chão. Um grupo de homens me encaram com olhar interrogativo. Eu continuo contra a parede, estática, sem saber ao certo o que devo fazer. Minha cabeça é um completo vazio, enquanto minhas pernas mal me sustentam. Pareço patética.
— Sobe moça? — um deles pergunta-me, com um sorriso atrevido desenhando seu rosto.
— Não, com licença — sussurro, forço-me a caminhar e dou um passo à frente, abrindo caminho entre eles.
Olho para o celular em minhas mãos e vejo que ele ainda está na linha. Desligo-o. Eu não estou pronta para falar com ele. Ou quem sabe eu tenha medo. Medo de fraquejar, de confiar novamente e sair ainda mais ferida.
Saio do prédio e sou recebida pelo ar abafado da cidade, alguns fios de cabelos escapam de meu coque frouxo e emaranham-se em meu rosto. Eu não vou chorar, digo a mim mesma, não vou. Chega de lágrimas e autopiedade, essa não sou eu.
O trânsito é lento como sempre e a calçada está apinhada de gente, indo e vindo em todas ás
direções. Deixo-me levar pela maré de pessoas, caminhando sem um lugar certo para ir.
Destino ou coincidência? Eu não sei qual dos dois me colocou de frente a fachada dourada e
elegante. Estou dividida entre entrar ou não. Seco as mãos suadas no jeans e entro.
Havia voltado com intenção de mudar minha vida e diante de mim há a solução perfeita.
— Pois não senhorita? — a recepcionista, interpela meu caminho.
— Gostaria de falar com ele — aponto o jovem alto e magro, inclinado sobre uma senhora de
meia idade, manuseando pinceis de maquiagem com eximia eficiência.
— Tem hora marcada? — pergunta ela, com voz simpática, mas não disfarçou o olhar desconfiado para minhas roupas.
— Não — replico — É realmente importante, não irei tomar muito do tempo dele.
— Bem, Drew termina essa cliente em alguns minutos — diz ela — E próxima virá daqui a meia hora. Sente-se, vou dizer a ele que está aqui. Qual o seu nome?
— Demi Lovato — respondo e caminho até o sofá elegante ao lado dela.
Espero por cerca de dez minutos e me pergunto se tomei a decisão certa. Drew havia me dito que eu tinha um rosto marcante e belas pernas. Na época imaginei que estivesse apenas sendo simpático comigo. Será que havia mesmo sido sincero?
— Demi Lovato — Drew aproxima-se de mim com um sorriso — O que a traz aqui?
— Lembra-se de mim? — pergunto, meio sem jeito.
— Querida, eu jamais esqueço um lindo rosto.
Tenho vergonha de dizer que eu havia jogado no lixo, o cartão que ele bondosamente havia me dado antes. Na época, eu imaginei que aquilo era uma grande bobagem, agora desejo fervorosamente que ele possa estar certo.
— Eu não tenho mais o seu cartão — resolvo ser honesta — Quando eu me vi lá fora, imaginei... — respiro fundo e disparo — Sobre aquela sua proposta, o trabalho de modelo? Estava falando sério?
Drew segura meu queixo e analisa-o detalhadamente, em seguida se afasta de mim e anda ao meu redor, medindo-me de cima a baixo, batendo o dedo no próprio queixo, vez ou outra.
— Você tem uma pele muito boa — murmura, tocando meu rosto novamente. Sinto-me como um pedaço de carne na vitrine — e esses cabelos, divinos. O rosto eu não preciso falar, você não é cega.
— Acha que eu tenho alguma chance? — murmuro, receosa — Quero dizer, não para ser uma
super modelo, mas quem sabe consegui alguns trabalhos?
— Olha, eu não posso lhe garantir isso — ele diz, sincero — Mas eu sei quem pode.
Ele caminha até a mesa de recepção e pega um cartão dentro de uma gaveta.
— Essa pessoa pode ajudar você — ele estende o cartão a mim — Diga que eu a enviei. Vitor e
eu trocamos informações às vezes, além de outras coisas.
— Obrigada, Drew — abraço-o apertado e dou um estalado beijo em seu rosto — Eu realmente preciso disso.
— Quando for rica e famosa eu espero que seja seu maquiador preferido — ele sorri.
— Combinado — sorrio de volta — Vou deixar que você volte ao seu trabalho. Muito obrigada.
***
Ainda tenho dois grandes problemas a minha frente, o apartamento onde vivo e os cinquenta mil dólares em minha conta. Não posso continuar ali, já que Joseph quem faz os pagamentos. Quanto ao dinheiro, se eu devolvesse a quantia no banco, não teria dinheiro nem para um cachorro quente. Necessidades ou orgulho? Quem viria primeiro?
Seleciono o andar de meu apartamento com pensamento longe. Talvez eu tenha sido infantil em desligar o telefone. Como sempre, a minha péssima mania de agir antes de pensar havia sido mais forte.
Merda! Sentado contra a porta de meu apartamento, está o homem que ocupa meus pensamentos a cada segundo do meu dia.
— Joseph? — sussurro, incrédula e abalada.
Ele ergue a cabeça, que estivera apoiada contra os joelhos e intensos olhos encaram os
meus. O sorriso torto e lindo que eu adoro, brilha em seu rosto. Eu me desmancho por completo. Droga, eu o amo. Não há menor dúvida sobre isso.
Ele caminha até mim, passos calculados, elegantes, felinos. Há um brilho intenso em seus olhos. Eu caminho até ele, como se puxada por um imã. Ele alisa meu rosto com os dedos. Eu fecho os olhos. O polegar acaricia meus lábios e eles tremem, assim como todo o resto de meu corpo.
— Desculpe por ser um grande idiota — diz ele, suavemente, a tristeza residindo em sua voz.
Permaneço quieta por alguns segundos, desfrutando de seu toque. Eu não consigo suportar isso. É uma guerra perdida. Munindo-se do que resta de força em mim afasto-me, vacilante. Preciso de espaço. Passo por ele e abro a porta com a mão trêmula. Ele me agarra por trás e prende minhas costas contra o seu peito, meu coração bate furiosamente.
— Perdoe-me — sussurra em meu ouvido, o rosto colado contra a curva de meu pescoço. Minha respiração acelera como se tivesse acabado de sair de uma maratona. O meu coração dá piruetas e instantaneamente eu fico languida. Minha sorte é ter seus braços me amparando. Como é difícil resistir a isso.
Ele desliza as mãos vagarosamente pelos meus ombros. Em um movimento sensual e confiante. Joseph vira-me de frente a ele, tremo, quando os olhos fixavam nos meus, com uma ansiedade que não consegue esconder. Somente com ele eu tenho essa espécie de comunicação silenciosa.
— Por favor... — sussurro vibrando, prendo a respiração e tento lutar contra o que estou sentindo. Sei que devo afastá-lo, mas não tenho forças suficiente para fazê-lo.
— Por favor, o quê? — Joseph murmura, baixinho. A voz rouca enfeitiçando-me, os olhos verdes, ardentes e brilhantes, como se deles saíssem intensos raios de sol — Quer que eu a beije?
— Quero! — gemo, antes de morder meus os lábios — Eu quero, muito.
Ele sorri e meu coração pula em plena alegria. Seus dedos longos acariciam meu queixo e,
instintivamente, colo meu corpo ao seu, derretendo de desejo. Joseph roça os lábios nos meus, com sensualidade, o toque suave como o de uma mariposa. A ponta da língua desenha meus lábios, ele assopra dentro de minha boca entreaberta antes de mergulhar dentro dela. Então, em seguida, curva-se, deslizando as mãos até minha cintura, erguendo-me, encaixando minhas pernas em sua cintura, enquanto suas mãos seguram minha bunda, apertando-me contra ele. O desejo corre forte pelo meu corpo. Ofego quando ele senta-se no sofá, e esfrega-me contra ele, sinto seu membro rijo contra minha pélvis. Incapaz de resistir, entrelaço os dedos nos cabelos dele. Puxando-o para mim, ávida de desejo de ser possuída Joseph toma minha boca com fúria e sensualidade provocante.
— Demi! — urra ele, brigando com os botões da minha calça jeans. Suas mãos passeiam pelas minhas coxas através do brim.
Volta a me beijar profundamente, e eu tremo violentamente. Ele remove o botão e desliza o zíper da calça com a graça de um predador. Seus dedos deslizam até meu clitóris, brincando com ele. Eu salto em seu colo. Deus! Isso é bom.
— Joseph — sussurro, trêmula, sentindo um prazer tão intenso que me assusta.
Mergulho nas profundezas dos olhos verdes, que me queimam. Uma mão voa até meu seio, tocando o mamilo com um sorriso sensual. Ele curva a cabeça e suga meu mamilo intumescido sob a camiseta, arrancando-me gemidos de prazer. A marca de sua boca deixa um círculo úmido no tecido e os mamilos visíveis. Ele agarra-o com os dedos e depois pressiona meu seio, um, depois o outro.
Repetindo até que eu esteja literalmente chorando por ele.
— Jesus... como eu quero você — geme ele — Nunca quis tanto alguém como eu a quero.
As palavras foram como um balde de água fria ecoando por minha cabeça, e as lembranças de um dia que desejo esquecer, me invadem, despertando-me desse momento sensual.
— O que você quer Joseph? — pergunto, amarga.
— Você! — ele geme em meu pescoço — Apenas você.
Empurro-o e me afasto. Há um curto silêncio.
— Mentiroso — minha voz elevasse ligeiramente — Não deseja só a mim.
— Demi... — Joseph levanta-se e volta a se aproximar de mim — Sobre o bebê. Eu...
— Não refiro-me a ele. E não precisa mais se preocupar com isso — solto com a voz trêmula — Ele não existe mais.
Suas mãos agarram os meus braços, puxando-me para ele.
— O que quer dizer com isso? — ele pergunta, tenso — Foi por isso que foi embora? Fez isso? — o olhar é horrorizado e de dor — Tirou o meu filho!
— É eu tirei! — murmuro, magoada. Meus olhos soltando faíscas — Como sempre, você pensa o pior de mim — solto a ar devagar e dou as cotas a ele —Não vê? Isso nunca dará certo.
— Você perdeu? — diz ele atrás de mim. Está tão perto que sinto sua respiração em meu pescoço. Está tão abalado quanto eu. Consigo sentir — É isso? A culpa foi minha?
Um grande golpe apunhala meu peito, castigando-me. A culpa não é dele, apesar de tudo, não posso permitir que carregue isso.
— Não há bebê, porque nunca houve! — a emoção bate fundo em meu peito quando viro-me para ele — Nunca houve — murmuro com a voz falha — Foi apenas meu corpo e minha mente debochando de mim. Apenas um desejo idiota de ter aquilo que eu nunca tive. Uma família.
— Eu sinto muito — sussurra.
— Isso não é suficiente — minha voz soa carregada — Não basta.
— Demi, não sabe como esses dias tem sido um tormento para mim. De como senti sua falta e tudo o que estou deixando para trás por nós. Você é a bússola que me guia até a felicidade, e sem você eu fico perdido. Se eu soubesse, se ao menos imaginasse...
É quase impossível ter que ouvir todas essas coisas e permanecer firme, mas eu preciso.
— Sinto falta do seu sorriso, da sua voz, até mesmo de quando fica brava comigo — ele tenta
tocar meu braço, mas eu me afasto — Sinto sua falta na minha cama e principalmente na minha vida.
Não há nada e ninguém que eu deseje mais.
Há alguns dias atrás era tudo o que eu precisava ouvir. Hoje, eu preciso de mais, preciso de
confiança, me sentir segura.
— Não foi o que pareceu da última vez — murmuro — Não esperou um segundo para cair nos braços dela. Eu precisei de você e não estava lá. Cada vez que eu lembrar que esteve com ela, justo com ela. Poderia ser qualquer uma, mas não ela. A dor que esse pensamento me traz é quase física.
— Do que você está falando?
— Sophie! Você! Os dois juntos.
— De onde tirou esse absurdo? — ele me encara incrédulo. Parece tão real, tão verdadeiro —
Escute-me...
— Vá embora! — caminho até a porta e abro para ele — Eu preciso pensar. Não consigo fazer
isso com você perto de mim.
— Deixe-me explicar, Demi.
— Por que eu deveria? —pergunto enfurecida — Nunca me deixou esclarecer nada. O seu
problema, Joseph, foi achar que sempre estaria aqui... Disponível para você.
— Não é assim — agora ele parece tão irritado quanto eu — Sabe que não é. Ouça-me.
— Vá! — digo, enérgica — Vá embora!
— Eu não vou desistir, Demi — seus lábios tocam os meus de forma inesperada — Eu volto. O que eu sinto por você impede que eu me afaste.
Ele sai da minha casa, mas não da minha vida. Dentro de mim, ele ficará por muito tempo.
Provavelmente enquanto eu viver.
Apoio-me contra a porta fechada e deslizo até o chão. Como você pode amar e odiar alguém com a mesma intensidade? Não, eu não o odeio, mas há tanta mágoa dentro de mim e um ciúme incontrolável.
O dia seguinte é sempre uma droga, não é? Não porque você tenha passado praticamente a noite em claro. Ou por que tenha chorado ao ponto de sentir a cabeça doer, mas, porque você terá um novo e longo dia para lidar com a dor da saudade e todos os outros sentimentos fodidos dentro de você.
Mas a vida deve continuar, você ferida ou não. Ligo para o número no cartão e marco um horário com Vitor para daqui a duas horas.
— Você tem um book Srta. Lovato?
— Não.
— Vamos ter que providenciar um — Vitor informa — Geralmente as modelos começam muito nova.
— Quer dizer que não tenho chances?
— Não digo que se tornará uma super modelo, do dia para noite, mas tem um rosto expressivo, conseguirá alguns trabalhos.
— Fico aliviada.
— Está disposta a tudo?
— Nudez não — minha voz soa firme — E nada ilegal ou imoral.
— Trabalharia em feiras ou coisas do tipo?
— Como assim?
— Algumas empresas contratam modelos para ser, vamos dizer, recepcionistas — ele explica — Sexta-feira haverá inauguração de uma grande joalheria europeia, a modelo que contratamos teve um problema.
— Quer que eu seja acompanhante de luxo? — pergunto indignada. Eu não vou cair nessa merda de novo — Desculpe não é o que procuro.
— Senhorita, sente-se — ele ri — Eu entendo sua preocupação, mas não faço esse tipo de
trabalho. É extremamente profissional. Ficará na festa exibindo algumas joias por algumas horas, e só.
— Não vou precisar ter que entreter nenhum homem rico?
— Não, apenas sorria e exiba as joias para as dondocas na loja — ele me entrega uma folha com os honorários e extras do dia — O valor parece interessante?
Teria que ficar na festa por quatro horas, caso houvesse necessidade, seria pago um valor bem significativo em extra. Não se compara exatamente com o que Joseph havia me pago, mas era uma quantia muito interessante.
— Eu realmente não vou...
— Não!
— Então eu aceito — sorrio, sem graça — Mas eu não tenho experiência, não sei o que terei que fazer.
— Não se preocupe — ele sorri de volta — Iremos prepará-la.
***
— Está tudo bem?
— Nós terminamos — ela sussurra — Acabou.
— E resolveu fazer faxina — brinco, apontando a pilha de roupas. Recolho a mão ao me lembrar que ela não pode me ver.
— Sabe quando disse que iria embora? — pergunta — Acho que você tem razão. Nova York não tem mais nada a oferecer a nós duas.
— Mas, e sua operação?
— Isso não importa — diz ela, desanimada — Nem sabemos se dará certo.
— Está com medo? — pressiono-a— É isso? Que não dê certo?
— Isso não me preocupa Demi. Não posso ficar com ele e colocar a vida dele em
risco. Se tivesse ouvido o que Anne me falou.
— Quer ir embora por causa dela? Isso é um absurdo!
— Eu vou embora para que eles não sofram ainda mais — ela choraminga — Anne jamais dará o divórcio a ele. E eu acredito que ela seja capaz de qualquer coisa. Eu não vou permitir que a filha dele sofra, para que eu seja feliz.
— Converse com ele, Jenny. Vocês dois podem resolver isso.
— Resolveu as coisas com Joseph?
Caramba! Foi golpe baixo isso.
— Eu imagino que não — ela murmura — Qual é o seu problema? Não queria ir embora? Vamos embora então.
— Eu tenho um novo emprego agora.
— Outro noivo de mentira?
— Não precisa ser cínica, Jenny — respondo, magoada — Não é a única pessoa a sofrer no
universo. Que droga!
— Desculpe — ela parece arrependida — Que emprego é esse?
Explico a ela o que aconteceu no dia anterior, sobre minha conversa com Drew e meu novo
trabalho.
— Então você fica. Quando puder e se quiser, você me encontra.
— Não vai mudar de ideia?
— Não.
Passei o resto da noite tentando convencê-la, mas foi totalmente inútil. Nunca vi pessoa tão
cabeça dura. Está certo, eu não sou a melhor pessoa para dizer a ela que deve enfrentar as coisas de frente, mas Jenny está completamente errada.
Meu telefone toca e reviro a cama para encontrá-lo. Como sempre, acordei em um emaranhado de roupas, lençóis e cobertas. Engraçado, é que as únicas vezes que passo a noite tranquila, é quando estou com Joseph. Também, nem uma agulha conseguira passar pelos seus braços possessivos em volta de mim. Sinto falta disso.
— O que você quer? — sussurro, mal humorada.
— Quero falar com você, Demi — a voz de Neil ecoa do outro lado da linha.
—A única coisa que quero dizer para você, é que vá para o inferno — esbravejo e desligo.
Homens e suas cagadas! O telefone volta a tocar insistentemente.
— Não desligue — ele ameaça com tom ríspido — Quero falar com você e não aceito um não
como resposta.
— Está bem — concordo com má vontade — Mas não se atreva a vir aqui.
— Eu não vou — ele esclarece — Olhe, há um restaurante próximo ao escritório, me encontre lá ao meio dia.
— Eu não sei... — sussurro. Havia prometido a Jenny que não me intrometeria nesse assunto.
— Jennifer está bem? — ele pergunta.
— O que significa bem para você? — revido sem paciência. Ouço seu suspiro e decido dar uma chance a ele — Espere! Vou pegar uma caneta para anotar o endereço...
— Não será preciso — Neil me interrompe — Dylan irá buscar você em torno de meio dia e
meio.
— Tudo bem, tenho que ir agora — desligo antes que eu me arrependa.
Por volta do meio dia, eu passo no quarto de Jenny para ver se está bem e ouço-a soluçar
baixinho. Isso corta meu coração e me revolta ao mesmo tempo. Dez minutos depois, eu desço, o carro está estacionado, esperando-me. Estou mais do que furiosa, estou fervilhando de raiva.
O restaurante, apesar de elegante é mais intimista e acolhedor. O maître me guia até a mesa. Neil está concentrado na carta de vinho.
— Eu avisei você! — agarro o copo de água em cima da mesa, encarando-o, com os olhos
chispando fogo.
— Você não se atreveria a fazer isso — ele me diz com olhar ameaçador.
Bem, ele verá que sou capaz de fazer muitas coisas.
Eu deixei-o furioso. Arremessar um copo d’água no rosto de alguém como Neil, é no mínimo
burrice. O olhar letal que ele direcionou a mim fez com que toda minha altivez ruísse. Estou entre envergonhada e arrependida. Um garçom se aproxima dele com um guardanapo.
— Está tudo bem — ele pega o guardanapo de linho branco, enxuga o rosto e dispensa o garçom com um aceno de mão.
Volta a me olhar com um olhar ameaçador e eu reconheço que não deveria ter ido tão longe.
— Você está louca? — diz ele, num tom ríspido — Sente-se! Agora!
Apesar de irritada com seu tom autoritário, eu obedeço. Sou o centro das atenções no restaurante e isso me incomoda. Fixo o olhar na mesa, ainda envergonhada por minha atitude. Sei que minhas bochechas estão vermelhas e tenho vontade de enfiar minha cabeça em um buraco, no chão. Tenho raiva de mim, de Joseph, Jenny e Neil. Nos amamos, isso é incontestável, então, por que simplesmente não simplificamos as coisas?
— Gostaria de saber o que aconteceu a cinco minutos? — diz ele, a voz calma, contradizendo com o brilho intenso em seus olhos.
Encaro-o por alguns segundos e volto a fitar a mesa. Meu jeito impulsivo, sempre me coloca em encrencas.
— Demi! — exige ele, em um tom de voz ameaçador.
— Você prometeu que não iria machucá-la, Neil — respiro fundo — No entanto, passei as últimas horas vendo minha amiga chorar desoladamente.
— Sinto muito — diz ele — Mas, foi ela que terminou comigo.
Sério? Eu tenho vontade de rir da cara de garoto perdido que ele fez. Onde está o homem
autoritário e cheio de si que eu conheço?
— Isso não muda as coisas — digo frustrada — Por que você não deu espaço a ela? Por que não resolveu sua vida antes de mergulhar nessa relação e arrastá-la para o sofrimento com você?
Despejo sobre ele tudo o que penso, enquanto ele me escuta com paciência. Misturo minhas
frustrações com as frustrações de Jenny em um daqueles monólogos incoerentes que os homens odeiam ouvir.
— Eu a amo — diz ele, quando eu finalmente me dou por satisfeita. Isso me desarma. Droga, ele não deveria ser fofo.
Eu deveria estar com raiva, deveria quebrar o prato de porcelana na cabeça dele. Mas eu só
consigo sentir pena.
— Eu sei — encaro-o, resignada — O pior, é que Jenny ama você também. Então me diz, o que vocês dois estão fazendo com suas vidas?
— Jennifer precisa de um tempo — as palavras saem amargas de seus lábios. Eu vejo o quanto é difícil para ele acatar isso. Ele a respeita e principalmente respeita o espaço que ela necessita. Isso não quer dizer que não sofra.
— Então você vai dar o fora? Fugir igual um cachorrinho? — estalo os dedos ao pronunciar as últimas palavras. Preciso que ele reaja. Esse é um momento para agir como um troglodita — Esperava mais de você.
Seus olhos brilham, ameaçadores, mas eu não ligo.
— Pareço alguém que está fugindo? — retruca com rispidez — Não estaria aqui se estivesse
fazendo isso. Minha vontade é de ir até lá e arrastá-la até meu quarto e nunca mais deixá-la sair de perto de mim, mas eu não posso. Não contra sua vontade.
— Sabia, que ela colocou na cabeça que vai embora? — murmuro, com voz chorosa.
— Ela não vai! — diz ele — Não vou permitir isso.
Um garçom se aproxima para anotar os pedidos.
— O mesmo — devolvo o menu sem olhar — Bem, como pretende fazer isso? Tentei convencê-la do contrário, mas foi em vão, Jennifer parece determinada.
— Eu tenho uma cabana em Vermont, há umas cinco horas daqui. Jennifer pode ficar lá por um tempo, ou até que eu conserte as coisas.
Não é engraçado como os homens vivem tendo que consertar as coisas? Primeiro eles roubam seu coração de forma avassaladora, depois fazem uma loucura com sua vida, para em seguida ter que colar os cacos caídos pelo caminho.
— Uma cabana em Vermont? — pergunto — Como pretende que ela vá para lá?
— Aí que você entra em cena — ele dá um sorriso charmoso.
— O quê? — pergunto atônita.
O garçom volta com a garrafa de vinho e serve nossas taças. Viro o copo em um só gole. Meu
peito arde e meus olhos lacrimejam e em seguida. Seco a boca com as costas da mão de forma brusca, e volto a encará-lo. Ele só pode estar maluco. Como imagina que eu consiga arrastá-la até lá?
— Eu vou sugerir que ela vá. Você só tem que me ajudar a convencê-la.
— Como você pretende que eu faça isso? — volto a encher a taça com vinho — Jenny quer ficar a quilômetros de distância de você e, sua casa é o último lugar que ela iria.
— Cuidado com o vinho — Neil sugere, ao me ver virar outro copo.
— Não enche — reviro os olhos — Preciso de incentivo.
— Fique apenas do meu lado — continua ele, enquanto olha sua taça ainda intacta.
— Mas estarei traindo-a — sussurro.
— Para onde ela vai Demi? Sem dinheiro, família e amigos?
Medito sobre o que ele me diz. Eu não havia pensado sobre isso. Sobre os riscos que ela corre, andando por aí sozinha. Embora Jenny seja independente e dona de si mesma, corre riscos como qualquer mulher entregue à própria sorte, independentemente de sua cegueira.
— Está bem — suspiro — Isso resolve metade do problema. Como ela vai ficar sozinha num
local isolado? E se alguma coisa acontecer?
— Terão seguranças vigiando a casa. Estarão prontos para socorrê-la a qualquer momento. Farão relatórios a mim todos os dias.
— Uau! — aponto o dedo — Caramba, você pensou em tudo. Jenny não vai gostar disso.
— Os fins justificam os meios, não é o que dizem? Além disso, você pode ir junto.
A ideia me parece boa. Depois do evento no sábado, eu teria que esperar o meu book ficar pronto e aguardar outras oportunidades de trabalho. E Vermont, fica apenas algumas horas de distância.
— Eu tenho meu trabalho — alerto-o.
— Trabalho? — Neil ergue a sobrancelha de forma irônica — Eu posso pagar o que esse homem paga a você.
Eu não sei o quão honesta Jenny foi com ele, mas eu não gostei da ironia em sua voz. Meu
relacionamento com Joseph, só diz respeito a nós dois. Quem é ele para fazer julgamentos quando ainda está preso à outra mulher?
— Eu não sou uma prostituta, Sr. Durant! — elevo a voz.
Algumas pessoas nas outras mesas nos encaram, curiosas.
— Fale baixo — ele ordena com raiva — Eu não disse isso. Olhe Demi, me preocupo com você e com Jennifer também. Você pode estar lidando com gente perigosa.
Volto a ficar envergonhada ao me lembrar o quanto perigoso Joseph pode ser. Bem, entre quatro paredes, ou mesmo fora, ele é fatal.
— Sei me cuidar, não se preocupe — suspiro — Posso ir por alguns dias. Não precisa me pagar por isso. Jenny é minha amiga, farei qualquer coisa por ela. E como vamos resolver isso?
— Seu namorado? — ele pergunta, parece que seus pensamentos estão muito longe daqui.
— Jenny! — volto a revirar os meus olhos — Como você vai dizer a ela? Desculpe, mas ela
prefere morrer a falar com você.
— Você tem que repetir isso a cada cinco minutos? — murmura, angustiado.
Gosto de provocá-lo. É divertido.
Durante o almoço, ele me coloca a par do plano ao que me parece perfeito, apenas para ele.
— Um encontro casual? — digo com descaso — Acha mesmo possível?
— Eu acho. Já nos encontramos casualmente uma vez. Podemos agora nos encontrar casualmente de novo — retruca, remexendo a comida — Previamente, marcamos o dia, no caso, esse sábado e o local e horário.
— Você estava nos seguindo aquele dia na lanchonete? — aponto a faca em sua direção — Confesse!
— Demi, eu estava com minha filha.
— É verdade — dou de ombros, voltando a me concentrar na comida — Agora me lembro. Mas Jenny é inteligente e não vai acreditar nisso.
— Não importa, apenas garanta que ela esteja lá no sábado. O resto, você deixa comigo.
— Sim senhor — ergo a taça de forma irônica — Acho bom que esse seu plano dê certo. Eu não quero a raiva dela direcionada a mim. Você ficaria surpreso com o que ela é capaz de fazer.
***
— Parece que estão procurando uma jovem para representar as lojas aqui no país — Vitor me informa, antes de descermos do carro alugado — Impressione-o e você terá o mundo aos seus pés.
Solto uma risada nervosa e tento me portar da forma que nós havíamos ensaiado durante a semana. Falar pouco, sorrir até que minha boca doa e acima de tudo, nunca perder o controle.
— Está linda — Vitor estende o braço para que eu me apoie — Esse vestido vermelho combina com seu tom de pele e a maquiagem está perfeita. Se eu não jogasse no mesmo time que você, estaria encantado.
— Obrigada.
— Pronta?
— Sim — respiro fundo e deixo-me ser conduzida por ele. Na entrada, há muitos fotógrafos, mas estão mais concentrados em uma nova celebridade que havia acabado de chegar. Pousamos para algumas fotos e Vitor me leva para os fundos da loja onde colocarei as joias para essa noite.
— Oh, Jesus Cristo! — encaro o estojo com um enorme e lindo colar de diamantes — Eu não
posso usar isso.
— Pode, como usará — Vitor ri da minha expressão horrorizada. A peça gelada arrepia minha pele inteira — Apenas tenha cuidado, está carregando, 429 diamantes brilhantes redondos, no total 20,25 quilates com definição em platina. Há mais de cinquenta mil dólares em seu pescoço querida.
— Não está me ajudando, Vitor — brinco tentando controlar o pânico.
Coloco os brincos combinando e saímos. O ambiente aos poucos começa a ficar lotado. Uma hora depois, já estou cansada de sorrir para todas as jovens e senhoras deslumbradas ali. Tudo o que querem saber, é qual a joia mais cara, e como farão para que os maridos as compre. A história sobre a lapidação ou o que inspirou o artista não fazem diferença alguma. O que interessa, é ter uma joia cara para impressionar as amigas ou inimigas, ainda não me decidi sobre isso.
— Esse colar foi desenhado por Pierre Chevalier — eu explico a uma jovem inclinada contra o mostruário — Ele chama de “O pecado da deusa”. Foi inspirada na caixa de Pandora e...
— Não é um dos mais caros — ela empina o nariz desgostosa.
Eu tenho vontade de fazer essa nojenta engolir a placa de preço. O colar vale nada menos que dezoito mil. Ao invés disso, eu sorrio e faço uma cara de idiota, enquanto ela caminha até outra peça que despertou sua atenção.
— Levando-se em conta que a caixa de Pandora liberou todos os males do mundo, eu acredito que essa joia seja um perigo para os homens.
Viro-me em direção a voz masculina e sorriso devastador.
— Oi.
— Olá.
A minha frente, está um homem alto, loiro e de beleza máscula impactante. Imaculado num terno cinza grafite, uma chamativa gravata de seda listrada vinho e cinza.
— Você parece entender muito sobre joias — diz ele, seus dedos deslizam pelas mechas loiras
que caem sobre a testa. O gesto parece impaciente, mas charmoso ao mesmo tempo — O que me diz sobre esse anel?
Aproximo-me do mostruário que ele indica, tento me lembrar do que havia aprendido sobre a joia.
Não foi difícil, particularmente, a peça havia chamado a minha atenção, e eu tenho um catálogo para consulta, caso esqueça alguma coisa.
— Ah, é muito bonito, não é? Foi inspirado em Hércules. As esmeraldas em volta representam os doze trabalhos dele: O leão da Neméia, Hidra de Lerna... — inicio um discurso empolgado, apontando cada pedra em volta do diamante — Cada esmeralda cravejada representa um desafio, se você observar o desenho verá que...
Paro de falar ciente do intenso olhar fixo em mim. Há um meio sorriso na curva de seus lábios.
Ela está se divertindo. A pergunta é: Comigo? Ou de mim?
— Bem — murmuro, envergonhada — Acho que me empolguei um pouco. Você deve querer saber sobre os valores.
— Não necessariamente — ele sorri — Gosta de mitologia grega?
— Quem não gosta? — respondo sem jeito — Não que eu seja uma especialista, mas faz parte do meu trabalho.
— Trabalho? — ele enruga a testa — Está trabalhando aqui?
— Sim — indico a joia em meu pescoço — Manequim vivo. Eles dizem demonstradora.
Ele vagueia o olhar de meu rosto até o colo e fixa-se em meus seios por um tempo, longo demais para o meu gosto. Não chega ser ofensivo, mas é constrangedor de certa forma. Seu olhar apreciativo é indisfarçável.
— Está apreciando a noite Sr. Rouva? — Vitor surge ao meu lado e agradeço internamente pela interrupção. O clima estava ficando estranho.
— Agora eu estou — murmura ele, sem desviar os olhos de mim — A noite ficou muito mais
interessante, sem dúvidas.
— Pelo jeito, já conheceu Alexandros Rouva? — Vitor pisca para mim, discretamente.
Rouva? Mas isso é impossível. O homem que vi nas fotos era bem mais velho, embora, também fosse muito atraente. Pensando bem, eles são muito parecidos. Seriam parentes?
— O pai dele não pôde comparecer está noite, então, Alexandros veio em seu lugar — Vitor
finaliza.
Isso explica tudo. Pai e filho.
— É um grande prazer conhecê-lo, Sr. Rouva — estendo a mão a ele. Ele segura minha mão com firmeza e leva aos seus lábios — A festa está linda e as joias são magníficas.
Merda! Ele lambeu mesmo a minha mão? Que atrevimento!
— Para você, apenas Alexandros — outra vez o sorriso sedutor — Demi.
Ele disse meu nome com a sensualidade de quem degusta de um manjar dos deuses. Não consigo evitar o toque de rubor em meu rosto. Meu Deus, todos os gregos são tão diretos e intensos como este a minha frente, ou essa é uma característica dele?
— Querida, você pode fazer quinze minutos de descanso — Vitor me informa — Pode ficar no
escritório.
— Certo — murmuro — Com licença, senhores.
Os dois conversam baixinho enquanto eu me afasto. Algumas mulheres com quem falei no
decorrer da noite, pedem algumas informações e disponho-me em ajudá-las. Ao entrar no escritório, a primeira coisa que faço, é livrar-me dos sapatos de salto alto. São dois números menores do que uso, e estão me matando. Desabo sobre a cadeira e apoio os pés em cima da mesa. Estou exausta, e ainda teria mais três horas pela frente. Definitivamente essa vida não é para mim. Eu gosto de agitação, manter minha mente ocupada, o corpo em movimento. Ficar parada e sorrindo como uma idiota é martim quase insuportável. Mas eu preciso, tenho que manter isso em mente.
Fecho os olhos e as mensagens no celular enviadas por Joseph, durante a semana, me veem a cabeça: Perdoe-me. Sinto a sua falta. Jante comigo hoje. Estou indo até aí.
Me pergunto, qual foi a reação dele quando não me encontrou em casa na noite anterior. Eu havia fugido descaradamente, passei a noite toda na casa noturna que eu Paul frequentávamos. Na verdade, desejei que me pegasse em seus braços, me levasse para casa, onde faríamos amor loucamente. Por quanto tempo eu ainda conseguirei ignorar meus sentimentos por ele?
Com esses pensamentos em mente, volto para meu posto na festa. Sorrir, falar, sorrir falar. Isso está ficando muito chato.
— Champanhe?
— Obrigada — pego a taça oferecida por Alexandros e viro em um gole só. Ele ri e eu ignoro.
Estou cansada, tensa e com vontade de ir embora. Nem mesmo esse lindo e charmoso homem consegue levantar meu ânimo.
— Conte-me o que sabe sobre a mitologia grega — diz ele, pondo-se ao meu lado.
— Falar sobre mitologia a um grego? — reviro os olhos — Seria suicídio.
— Gosto do seu senso de humor — diz ele, sedutor — É uma qualidade rara nas mulheres.
Nas mulheres, ou nas mulheres que ele sai? Bem, olhando em volta, eu não duvido do que ele fala.
Claro que há mulheres interessantes e inteligentes aqui, mas parece que em sua maioria estão todas avoadas e deslumbradas com as joias ao redor.
Eu falo o que aprendi na escola e as demais coisas que as joias haviam me ensinado. Em pouco tempo, estamos presos em uma conversa animada sobre deuses, semideuses e todo esse mundo mitológico fascinante.
— Linda e inteligente — Alexandros aproxima-se um pouco mais de mim e sua mão pousa na
curva de minha cintura — Uma mistura fascinante.
— Tire as mãos dela! — ouço uma grave e irritada voz atrás de mim — Agora!
Joseph encara-o com olhar mordaz, desafiando-o.
— E se eu não quiser? — Alexandros provoca — Acho que a decisão é dela.
Joseph me encara com olhos gelados, puxa-me para ele e lança um olhar raivoso em direção a Alexandros. Os dois se encaram como dois leões marcando território.
— Joseph — coloco minha mão em seu peito ao vê-lo dar alguns passos em direção ao grego.
Seus punhos estão cerrados e a boca em uma linha fina, tensa. — Por favor.
Droga! Que merda é essa? Parece que estou presa em um filme de faroeste e que irão sacar suas espingardas. Enquanto Alexandro encara Joseph com um olhar debochado, Joseph parece querer matá-lo a qualquer momento. Eu nunca vi meu menino tão raivoso assim. Eu confesso, tenho muito medo do que ele venha a fazer. O que eu vou fazer agora?
e esse beijo entre os dois? Demi tentando resistir.
Jenny e o Neil tem que se acertarem logo, será o que o plano dele e da Demi irá dar certo?
esse Alexandros irá arrumar ainda muita confusão, o que será que vai acontecer?
espero que tenham gostado.
Rapaz que capítulo foi esse!!��������
ResponderExcluirque bom que gostou amor, vou postar o último da maratona hoje :(
Excluirespero que goste, bjs <3