17/05/2016

sussurros na noite: capítulo 27


Nicholas certificou-se de que os iates de Jonas estivessem bem seguros e guardados para passar a noite, antes de encaminhar-se cansadamente para seu carro alugado. Ligou o rádio para ouvir o noticiário das dez da noite, enquanto saía da marina. ”Este foi um dia traumático para duas das mais respeitáveis famílias de Palm Beach”, o locutor dizia. ”Nesta tarde, Demi Lovato, filha do famoso banqueiro Patrick Lovato, foi presa pelo assassinato de sua bisavó, Marie Lovato
Praguejando baixinho, Nicholas fez a volta pela rua, pisou firme no acelerador e dirigiu a toda pressa para a delegacia de polícia.
Em sua cela na delegacia, Demi ouvia o mesmo noticiário, mas foi a segunda parte da reportagem que a fez levantar-se num salto, tomada pela agonia e incredulidade: 
”Poucas horas depois, o FBI, em colaboração com a Guarda Costeira e uma equipe do Departamento de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo, apreenderam e ocuparam dois iates pertencentes ao milionário Joseph Jonas. Nossas fontes próximas à investigação relataram que o FBI tinha motivos para acreditar que Jonas utilizava seus iates para transportar armas ilegais”.
O exterior da delegacia de polícia era moderno e bem cuidado; o interior era bem iluminado, mas os oficiais que estavam de plantão ou fazendo seus relatórios pareciam estar tendo uma noite tranquila. 
— Quem é o encarregado? - Nicholas perguntou a um policial que estava bebendo água no corredor.
— O sargento Babcock. Ele está logo ali, conversando com o despachante.
— Você é Babcock? - disse Nicholas, interrompendo a conversa entre os dois homens sobre a apreensão dos iates de Jonas. 
O sargento endireitou-se. 
— Sou, sim, e você quem... - Antes que ele completasse a pergunta, uma credencial do FBI foi aberta diante de seus olhos. — Em que podemos ajudá-lo, Sr. Parker?
— Vocês detiveram uma das minhas agentes. Quero que seja liberada. Agora. 
A cadeia na delegacia estava vazia, exceto por um adolescente embriagado que aguardava a chegada do pai para ir para casa, e Demi Lovato, cuja prisão havia deixado o capitão Hocklin tão famoso e eufórico naquele dia. 
— Sobre quem está falando? - o sargento perguntou.
— Demi Lovato.
O sargento Babcock empalideceu, o despachante arregalou os olhos e os oficiais pararam de escrever seus relatórios e viraram-se, sem disfarçar o interesse pela conversa.
— Você está me dizendo que Demi Lovato trabalha para o FBI? 
— Foi o que eu disse. Vocês estão ou não detendo-a aqui?  
— Sim, mas... Bem, eu não tenho autoridade para... 
— Quem tem? 
— A ordem de soltura só poderia ser dada pelo próprio capitão Hocklin. Mas ele foi dormir cedo, porque ficou acordado a noite inteira ontem e... 
Nicholas pegou o telefone na mesa do despachante e passou o aparelho para as mãos do sargento. 
— Pois trate de acordá-lo - disparou. 
Babcock hesitou, olhou bem para a expressão no rosto do agente do FBI, e fez o que ele lhe ordenava.

Demi assinou o documento de retirada de seus pertences, que eram apenas a bolsa e o relógio, e acompanhou Nicholas até o carro no estacionamento, mergulhada num silêncio tenso. 
— Vamos passar a noite num motel - ele avisou. — Lamento muito, Demi. Eu não fazia ideia de que você tinha sido detida, até a hora em que ouvi a notícia no rádio. 
Num tom de voz estranho, suave, ela falou: 
— Tenho certeza de que você esteve muito ocupado, do contrário teria vindo antes. 
Nicholas enviou-lhe um olhar hesitante, e decidiu esperar até que ela estivesse acomodada num quarto, antes de lhe contar exatamente o motivo de seu atraso. 
Parou num motel de aparência decente, pediu dois quartos próximos um do outro, e levou-a até a porta. 
— Preciso dar um telefonema - avisou-a. — Depois nós conversamos. 
Demi não disse nada, mas destrancou a porta, entrou e deixou-a entreaberta. 
Dentro do quarto, ligou o aparelho de tv e sintonizou o canal CNN. Estavam exibindo novamente as imagens dos agentes federais invadindo as embarcações de Joseph. Da maneira como descreviam o ocorrido, era como se Joseph fosse um criminoso que fizera sua fortuna transportando e vendendo armas ilegais. Demi reconheceu Nicholas entre os agentes, numa rápida tomada da câmera.
Quando Nicholas entrou no quarto, ela estava parada aos pés da cama, ainda assistindo ao resumo das notícias sobre a apreensão dos iates. 
— Sei como você deve estar se sentindo - ele começou, em voz baixa.
Demi deixou cair os braços ao longo do corpo, e virou-se para encará-lo firmemente, seu rosto tomado por emoções que ele não conseguiu reconhecer.
— Vocês encontraram alguma coisa? - ela indagou, num tom estranho. 
— Não, ainda não - Nicholas admitiu. Com um suspiro resignado, acrescentou: — Escute, sei que está querendo brigar comigo por causa disso e, se for para você sentir-se melhor, vá em frente.
— Brigar com você não fará com que eu me sinta melhor, Nicholas, mas isso, sim. - O punho direito de Demi bateu com toda força no queixo dele, atirou-lhe a cabeça para trás e o fez cambalear.
Apoiando-se na parede com uma das mãos, Nicholas levou a outra ao rosto. Para alguém tão pequena e delicada, Demi tinha um soco danado de bom, pensou. Ela deu um passo à frente, em sua direção. Apanhado num misto de dor, admiração e irritação, Nicholas ergueu a mão e disse, em tom de aviso:
— Já chega! Já chega. Vou deixar este passar, mas não haverá outro. 
Privada daquela válvula de escape para sua raiva, Demi pareceu esvaziar-se bem diante dos olhos dele. Sentou pesadamente na beirada da cama, passou os braços em torno da cintura e começou a balançar-se devagar, como se estivesse tentando manter-se fisicamente inteira. Seus cabelos caíram pelo rosto, ocultando-o parcialmente, e os ombros sacudiram-se. 
Aquele pranto silencioso e angustiado foi mais difícil para Nicholas suportar do que o soco de direita. 
— Vou tentar acertar tudo, Demi. 
Ela parou de balançar-se e ergueu o rosto coberto de lágrimas para ele.
— Acertar tudo com quem? - perguntou, a voz sufocada pelo choro. — Com Joseph? Antes de saber o que você estava fazendo hoje, ele tentou mover céus e terras para me proteger e impedir que eu fosse presa. Uma hora depois, odiava-me tanto que desligou o telefone na minha cara e me deixou na cadeia!
— Não pude evitar, Demi.  
Furiosa, ela gritou: — Não pôde evitar o quê? Não pôde evitar o sofrimento de Selena, ao ver que manchei o nome da família nos noticiários do mundo inteiro? Pode evitar que ela se lembre de que fui arrastada da casa dela algemada pela polícia? Ela estava gritando, quando me levaram. Você ouviu bem? - Demi concluiu, histérica. — Ela estava gritando
Selena era uma atriz digna de um Oscar, na opinião de Nicholas, mas sabia que de nada adiantaria dizer isso agora, ou tentar fazer com que Demi acreditasse que a única coisa que Selena poderia estar sentindo era alívio por ver a irmã ser presa por um crime que ela própria cometera. Ele não sabia se Selena pretendia fazer o papel da irmã ingênua, doce e protetora, agora que Demi era suspeita de assassinato, ou se decidiria que não precisava mais se incomodar. Esperava, para o bem de Demi, que Selena se decidisse pela primeira opção. Tornaria tudo mais fácil para Demi se lhe permitissem que voltasse para a casa da família. Indicou o telefone ao lado da cama e disse: 
— Ligue para ela. Se Selena ficou realmente tão abalada com tudo o que lhe aconteceu, talvez queira que você vá direto para casa. 
A chama de esperança que reluziu nos olhos de Demi, a maneira hesitante com que ela pegou o telefone, fez com que Nicholas se sentisse tão mal quanto se sentira no momento em que percebera que Selena seria a assassina.
O telefonema foi extremamente breve, e quando Demi desligou já não havia mais nenhuma esperança em seus olhos. Virou-se para Nicholas, dizendo, num murmúrio cansado:
— Gary Dishler atendeu. Disse que Selena lhe deu instruções para me dizer que nem ela nem Patrick querem tornar a me ver ou a falar comigo. Ele vai deixar nossa bagagem na varanda, agora mesmo. Se não formos buscá-la em meia hora, será levada juntamente com o lixo, amanhã cedo. 
— Vou buscá-la - Nicholas falou, sentindo um súbito impulso de colocar as mãos no pescoço esguio e ”frágil” de Selena e esganá-la até a morte.
Demi assentiu e pegou o telefone, com gestos lentos e exaustos. 
— Vou ligar para mamãe e Sara. Elas devem estar loucas de preocupação, se ficaram sabendo de tudo isso. 

Ao que parecia, o departamento de polícia continuava encarregado da segurança dos Lovatos, enquanto os investigadores terminavam as buscas na cena do crime, pois havia dois carros de patrulha estacionados na entrada da casa, embora a equipe já tivesse se retirado pelo período da noite. E o mesmo acontecia com os repórteres, Nicholas reparou com alívio quando Gary Dishler respondeu seu chamado nos portões.
Nicholas pegou as malas na varanda e guardou-as no carro. Depois, caminhou até a porta e tocou a campainha. Dishler atendeu, a expressão dura como pedra. 
— Conforme informei a Demi Lovato poucos minutos atrás, ela não é mais bem-vinda nesta casa. O mesmo se aplica a você. 
Começou a fechar a porta, mas Nicholas segurou-a com a mão direita e removeu suas credenciais do bolso com a esquerda. Nicholas sabia muito bem que agora Dishler já tinha conhecimento de que ele era um agente do FBI, mas mostrar as credenciais era uma formalidade necessária antes que impusesse sua autoridade. Manteve a credencial aberta no nível dos olhos do assistente. 
— Encerradas as formalidades - Nicholas disparou, com firmeza. — Quero ver Selena Lovato imediatamente. 
— O FBI não tem nenhuma autoridade, aqui.
— Um crime foi cometido, envolvendo uma pessoa que trabalha para o FBI. Agora, você quer chamar Selena, ou prefere que eu vá até meu carro, pegue o telefone e encha esta casa de agentes dentro de uma hora?  
— Espere aqui - Dishler falou rapidamente, e fechou a porta com força. 
Quando tornou a abri-la, Selena estava parada na soleira, vestida num longo robe de brocado, o rosto mais parecendo uma máscara fria e bela. 
— Você já não causou danos suficientes a todo mundo? - ela perguntou. 
Imperturbável, Nicholas entregou-lhe um cartão com o número do seu telefone celular anotado na parte de trás.
— Ligue neste número se decidir que quer conversar.  
Selena empinou o queixo perfeito, encarando-o. 
— Conversar sobre o quê? 
— Sobre o motivo que a levou a matar sua bisavó. 
Pela segunda vez naquela noite, Nicholas foi apanhado de surpresa por uma mulher. A mão espalmada de Selena bateu com força em sua face e, depois, a porta foi fechada com um estrondo. 


E aí gente gostaram? Ainda bem que o Nicholas tirou a Demi da cadeia. E ele desconfiando da Selena? Comentem amores, bjs <3

4 comentários:

  1. mano quem matou a Marie? a teoria do nick faz sentido mas não sei... sera que foi Patrick? eu quero saber como o Joe vai ficar com a demi
    posta logo amor, bjs

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    1. A história já esta quase chegando ao fim :( então não vai demorar muito para saberem que matou a Marie
      A demi e o Joe vão se acertar mas vai demorar um pouquinho, espero que esteja gostando amor!!!
      Já postei lindona, bjs <3

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  2. Eu não acredito que tenha sido a Selena, o Patrick talvez.... mas eu ainda acho que teremos um elemento surpresa.... continua...

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    1. Uma pessoa que nunca imaginaríamos que mataria a Marie ~suspense~
      Espero que esteja gostando amor!!!
      Já postei lindona, bjs <3

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