14/08/2018

19. sisters


— Você sabia que Joseph estava na cidade antes de me ligar? Se essa fosse uma questão de
múltipla escolha, qual seria a resposta certa? A opção “a” seria “não fazia ideia”, a opção “b”,
“eu sabia, mas esqueci de contar”, e a opção “c”, “eu sabia e odeio secretamente a minha
irmã”? — perguntei a Dallas por telefone, fazendo malabarismos com as chaves para tentar
entrar em casa. Fiquei muito abalada depois do encontro com Joseph no restaurante. Não
conseguia pensar direito. Sentia náuseas, raiva... alívio?
Uma parte de mim às vezes duvidava de que Joseph ainda estivesse vivo, embora Nicholas
sempre, me desse notícias dele.
— Acredite em mim, eu não fazia ideia — assegurou Dallas.
Finalmente consegui abrir a porta e me atirei no sofá.
— Acho que Nicholas pediu para ele vir. É uma confusão. Parece que ele vai ficar um tempo
com a gente.
— Um tempo? — perguntei, me animando. — Quanto tempo? Ele está aí agora?
Pensei em ir até a casa de Dallas só para ver o rosto dele novamente. Só para ter certeza de
que ele era real.
— Demi — repreendeu Dallas, sua voz soando um pouco como a da nossa mãe quando nos
dava bronca na infância. — De novo, não.
— Não o quê?
— Não faça isso. Joseph Jonas está fora da sua vida. E é melhor que continue assim.
Como ele ficaria fora da minha vida se estava a poucos metros de distância, hospedado na casa da minha irmã?
— Só estava curiosa, Dallas. Sério.
Fiz uma pausa, ouvindo os sons ao fundo. Ela estava mudando a disposição dos móveis na
casa, eu tinha certeza disso. Sempre que Dallas ficava nervosa ou chateada, mudava as coisas de lugar ou acidentalmente quebrava alguma louça e corria até uma loja para substituí-la. Era uma característica estranha da personalidade dela, mas eu sou a pessoa que passou cinco anos deixando uma mensagem por dia para um cara. Todo mundo era estranho de alguma forma.
— Uau, ele realmente deve ter te deixado irada — eu disse, pegando um batom e
passando nos lábios. — Estou ouvindo você mudar as coisas de lugar.
— E você pode me culpar? É como se o destino dissesse: “Ah, você está estressada? Bem,
vou deixar sua vida um pouco mais difícil.”
— Quebrou quantos pratos até agora?
— Só um, felizmente. — Dallas suspirou. — Mas eu tenho pratos extras no armário. — é
claro que sim. Ela estava sempre pronta para qualquer tipo de incidente. — Ele fumou e
deixou as cinzas no meu pires, Demi! Quem faz isso?
Eu ri.
— Melhor do que na mesinha de centro de quinhentos dólares.
— Você acha isso engraçado?
Um pouco.
— Não, não é engraçado. Desculpa. Olha, tenho certeza de que depois de alguns dias as
coisas vão voltar ao normal. Provavelmente você nem vai se dar conta da presença dele.
— Você acha que ele ainda está usando drogas? — sussurrou ela ao telefone. — Nicholas
disse que não, mas eu não sei. Acho uma péssima ideia deixar Joseph ficar aqui, péssima
mesmo. O momento não poderia ser pior.
— Ele parecia bem — respondi, indo até o banheiro e olhando meus lábios pintados de
vermelho no espelho. Peguei um lenço umedecido e comecei a limpar o batom. Pensei nos
olhos de Joseph, que me lembraram tanto do passado. — Ele realmente parecia bem.
Saudável.
— Mas você não tem medo de que ele tenha uma recaída? Pode não ser bom para Joseph
voltar ao lugar onde ele teve tantos problemas.
— Acho que não devemos pensar muito nisso. Um dia de cada vez. Um prato quebrado
por vez, Dallas.
Ela riu.
— Tem certeza de que não quer vir para o jantar? Nossa mãe estará aqui para receber
Joseph.
Ah, não. Pobre Joseph.
Minha mãe estava longe de gostar dele. E o último encontro dos dois tinha sido um
completo desastre.
— Eu adoraria fazer parte dessa catástrofe, mas acho que vou recusar o convite. — ver
Joseph me deixou tonta. Eu não sabia se conseguiria olhar para ele novamente. Mesmo que
uma parte de mim quisesse fazer isso, só para ter certeza de que ele estava ali, de verdade. —
Bom, divirta-se esta noite e me mande mensagem de texto com todos os detalhes desastrosos.
— Pode deixar. E, Demi?
— Sim?
— Não se envolva com Joseph de novo. Nada de bom pode vir disso.
— Ok. E Dallas?
— Sim?
— Não quebre mais nada.
— Combinado.

***

Peguei a caixa.

A caixa que deveria ter sido destruída há anos. A caixa da qual Dallas pensou que eu tivesse
me livrado quando desisti de Joseph depois das milhares de mensagens de voz sem resposta.
Mas ela estava escondida embaixo da minha cama e continha todas as nossas recordações.
Tirei a tampa e olhei todas as fotos que tiramos juntos quando éramos mais novos. Peguei
a margarida amassada que estava atrás da minha orelha quando ele me beijou. O urso de
pelúcia que ele roubou do parque de diversões quando o dono da barraca mentiu dizendo
que eu não tinha ganhado o prêmio principal.
Os canhotos de ingressos de quando fomos ao cinema.
Os cartões de aniversário que ele sempre fazia para mim.
O isqueiro.
— Por que você fez isso comigo? — perguntei num sussurro, erguendo o moletom
vermelho que ele me deu na primeira vez que saímos. Aproximei-o do meu rosto e quase
pude sentir o cheiro da fumaça do cigarro dele no tecido. — Por que você voltou?
No fundo da caixa havia um garfo de prata.
Fechei os olhos ao segurá-lo.
Fiquei ali com aquela pilha de recordações por um tempo, até que coloquei tudo de volta
na caixa e guardei-a novamente embaixo da cama.
Um dia eu me livraria dela, tinha certeza disso.
Mas não seria hoje.

amores estou de volta e o que acharam do capítulo, gostaram?
Dallas sempre neurótica mas ela é uma boa pessoa hahaha.
como será o próximo encontro de Jemi, não vai ser nada bem. 
pelo visto não vai ser nada fácil esquecer o Joseph e ainda mais com a volta dele.
eu espero muito que vocês tenham gostado amores, volto em breve.
respostas do capítulo anterior aqui.

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