13/01/2017

heartbeat: capítulo 16 (maratona 1/2)


Confissões de todos os tipos

Demi se convencera de que estava pronta, mas não poderia ter estado mais enganada.
Enquanto ela e Alex cumprimentavam os convidados na noite da festa de noivado, flagrou-se tonta de medo. Olhando para o relógio, uma série frenética de emoções a invadiu, pois sabia que em breve estaria frente a frente com Joseph. O peso daquela situação lhe dava a sensação de que seus nervos se desfiavam como uma corda, uma fibra de cada vez. Seus pensamentos desaceleraram ao sentir o suave toque de Alex em seu braço. Esta noite precisava se concentrar nele e só nele, por mais difícil que fosse.
– Você está bem? – perguntou Alex, abraçando-a. Beijou seus lábios e afastou os cabelos de seus ombros.
– Estou bem, sim – respondeu ela, deslizando as mãos pelas lapelas do terno preto.
– Você está linda – sussurrou ele. – É bem possível que eu queira você de sobremesa quando isso tudo terminar.
– Eu ouvi isso, Alex. – A voz de Dallas cortou o ar, as sobrancelhas arqueadas sobre os olhos castanhos-esverdeados. – Por favor, não se refira à minha irmãzinha como sobremesa.
Alex sorriu e puxou Demi para mais perto.
– Mas ela é tão... tão apetitosa, Dallas. Quero dizer, sério, não tem como enjoar.
Demi balançou a cabeça e riu.
– Sério, eu não preciso saber quanto ela é apetitosa. – Dallas deu um leve puxão no braço de Demi, libertando-a de Alex. – Queria falar com a minha irmã em particular por um segundo se você não se importa.
– Ela é toda sua – respondeu ele, dando um último beijo em Demi.
Pegando a mão da irmã, Dallas a conduziu pelo grupo de convidados que se dirigia ao salão de baile. Demi seguiu sorrindo e retribuindo cumprimentos pelo caminho.
Enquanto as duas percorriam a festa, Demi notou que os pais de Alex não haviam feito nenhuma economia. O restaurante estava realmente lindo. Havia um balcão de mogno no canto do salão, ao lado de uma imensa janela com vista para o porto de Nova York. Havia sofás e poltronas de couro vermelho-escuro espalhados por toda parte. Arandelas ornamentadas enfeitavam as paredes, e um lustre requintado deixava o salão à meia-luz. Ao lado de um piano de cauda que fornecia a música ambiente havia uma lareira crepitante, que dava à noite um clima romântico.
Virando num corredor vazio, elas foram até uma sala desocupada e Dallas fechou a porta.
Colocou as mãos nos ombros de Demi, os olhos se suavizando, preocupados.
– Dá para perceber que você está uma pilha de nervos.
Demi passou uma das mãos pelos cabelos e um sorriso muito fraco se abriu em seu rosto.
– É tão óbvio assim?
– Não para os outros, mas conheço você melhor do que ninguém – disse Dallas, tomando a mão de Demi com carinho. – Ele já chegou?
– Não. Pode acreditar, quando chegar, você vai saber – respondeu ela com uma risada nervosa.
Mordendo o lábio, fez uma pausa, o rosto se suavizando e a voz ficando mais baixa: – 
– Queria que mamãe estivesse aqui, Dallas.
– Ah, querida, eu também – sussurrou a irmã, aproximando-se para abraçá-la.
Demi a apertou com força, e o calor de seu corpo a fez se lembrar da mulher cuja perda ainda choravam. Demi sentiu no peito a dor de uma ferida recente.
– Demi, se mamãe estivesse aqui, iria lhe dizer para fazer o que seu coração está mandando. Não iria facilitar sua decisão nem um pouco. Eu só preciso saber, exatamente como mamãe faria, que é isso que você quer.
Com uma levíssima hesitação, Demi respondeu:
– Sim, é o que quero.
– Está certo, então vamos curtir sua festa. – Dallas pegou Demi pela mão e começou a voltar para a sala de jantar principal.
A quantidade de convidados havia dobrado a maioria era da família de Alex, seus colegas de trabalho e seus amigos. É claro que Demi conhecera alguns deles ao longo do último ano, mas grande parte não era mais que um borrão distante de tios e primos que ela encontrara brevemente em eventos de família. As pessoas que Demi conhecia poderiam se acomodar numa única mesa.
O salão estava abarrotado de gente naquele momento, mas ela sentia-se estranhamente solitária, até que seus olhos encontraram os de Joseph. Para Demi, o mundo pareceu parar. A música sussurrou em segundo plano e as vozes emudeceram. Mais uma vez, a inegável atração entre os dois se fez evidente através do espaço, mesmo passando despercebida por qualquer outra pessoa. Lá estava: inabalável e implacável. Achou difícil respirar enquanto o maremoto esmagador de emoções tomava conta dela e a correnteza a arrastava, golpeando e rugindo com uma força suprema.
Seus olhos o percorreram por inteiro. Usava um terno cor de carvão que ocultava o corpo malhado, porém esbelto. Por baixo, vestia uma camisa de colarinho branco e gravata listrada em preto e cinza. Os lustrosos cabelos escuros estavam sensualmente despenteados, como se ele não tivesse se dado ao trabalho de arrumá-los depois do banho. Sua presença imponente emanava poder e refinamento, uma graciosidade discreta e o mais inflexível grau de exigência. Era uma força que ela não tinha como deixar de notar. Embora Joseph estivesse abraçado a uma das mulheres mais lindas que Demi acreditava já ter visto, os olhos permaneciam firmes e focados nela. Lançou-lhe um sorriso que teve o poder de desarmá-la, afundando-a num mar de desejo e necessidade, lutando para voltar à tona.
Apertando a mão suada de Demi, os olhos castanho-esverdeados brilhando de curiosidade, Dallas perguntou:
– É ele?
Demi assentiu e um nó se formou em sua garganta enquanto observava Alex fazer um gesto chamando Joseph. Lambendo os lábios secos, ela apertou a mão de Dallas e, ansiosa, atravessou o salão. 
Deus, como ela é linda, pensou Joseph, observando Demi vencer a distância entre eles. O corpo se movimentava com elegância sob um vestido de noite em seda verde-esmeralda. Seus olhos seguiram as pernas esguias até um par de sandálias de tiras e salto agulha prateadas que adornavam seus pés.
Ele tentou impedir os olhos de viajarem de volta pelas curvas sutis de seu corpo e pelos cachos longos e castanho-avermelhados. Lutou para afastar a dor já familiar, mas o corpo continuou a reagir enquanto ela se aproximava. Sentiu as pupilas se dilatarem quando ela passou a língua pelos lábios, incitando o corpo dele a bombear o sangue com força brutal em direção às partes baixas.
Desejava cada centímetro dela: o cheiro do hálito adocicado em seus lábios famintos, o sabor da língua, a maciez da pele e o som da voz rouca sussurrando em seus ouvidos. Ela atacava seus sentidos, era uma sede constante a ser saciada. Joseph tivera uma provinha, mas para seu temor restara apenas o instinto de desejá-la mais e mais, a necessidade de senti-la vezes sem fim. Com tudo isso, o que mais o cativava eram os olhos: tinha a sensação de que aqueles poços profundos do verde mais sedutor lhe perfuravam a alma. Ele até apertou mais a cintura de Stephanie, mas em sua mente, as mãos estavam sobre Demi.
Quando Demi e Dallas se aproximaram, Alex estendeu a mão para ela, puxando-a de encontro ao peito:
– Gata, esta é a acompanhante de Joseph, Stephanie.
Com um sorriso, Demi respirou lenta e instavelmente.
– É um prazer conhecê-la, Stephanie.
– O prazer é meu – respondeu a outra, prendendo algumas mechas do cabelo cor de caramelo atrás da orelha. Os traços de porcelana enfatizavam os enormes olhos cor de uísque. – Parabéns pelo noivado.
– Obrigada.
Os olhos de Joseph capturaram os de Demi.
– Sim... parabéns.
Com a voz tão tranquila e impassível, Demi não conseguiu evitar se perguntar se seria a única ali com os nervos à flor da pele. Sorrindo, apenas assentiu em sinal de agradecimento. Sentiu o estômago revirar, pois podia jurar ter visto um lampejo de divertimento nos olhos de Joseph diante de sua reação.
– É só uma suposição – continuou Joseph, virando-se para Dallas. – Mas deve haver algum tipo de parentesco entre você e Demi. São bem parecidas.
– Tem razão – respondeu ela. – Somos irmãs.
– Hum, mais nova ou mais velha?
– Ah, como ele é encantador. – Dallas riu, olhando para Demi. – Sou dez anos mais velha, mas obrigada pelo elogio.
– Ele é encantador, sim – disse Demi, séria, apoiando-se em Alex.
Joseph deu um sorriso breve, mas permaneceu em silêncio.
– Prefiro não comentar nada em relação a isso – cortou Alex, com um sorriso torto. Joseph balançou a cabeça. – Agora preciso de outra bebida. Gata, você quer mais uma taça de vinho?
Só havia um jeito de ela sobreviver ao restante da noite. Demi sorriu.
– Acho que vou querer uma dose de algo mais forte.
Alex assentiu e se afastou.
Joseph lançou a Demi mais um olhar de puro divertimento. Ela sabia que ele a sentia
naufragar e isso a irritava. Antes que o desejo de dar um golpe certeiro na cabeça dele se acentuasse, Trevor e Fallon apareceram. Demi sorriu para eles, feliz por estarem dando certo. Realmente curtiam estar juntos e pareciam uma combinação perfeita de fogo e gelo. Imaginava que Alex discordaria, pois tinha rido ao ficar sabendo do namoro. Demi, no entanto, estava animadíssima, ciente de que ele não teria escolha senão aceitar Fallon como sua amiga. Ela escolheu Fallon como uma de suas madrinhas.
Stephanie e Fallon foram apresentadas antes de Trevor perguntar se poderia roubar Demi para uma dança. Ela aceitou, segurando o braço dele, que a guiou até a pista. Com os pianistas tocando “Summer Wind”, de Frank Sinatra, começaram a dançar.
Olhando para ele, Demi disse:
– Eu não sabia que você gostava de dançar juntinho.
Ele riu.
– Para falar a verdade, não gosto mesmo. Aliás, detesto. – Demi o fitou, confusa. – Só queria conversar com você sobre o que falei da última vez em que nos encontramos. 
Demi sabia que ele estava se referindo à confusão entre ela e Joseph. Tinha ficado surpresa quando Trevor lhe telefonara para dizer como se sentia sobre a situação. Ele não fora grosseiro, mas era possível dizer que sua abordagem tinha sido, no mínimo, pouco compreensiva.
– Ah... – ela assentiu. – Bem, você explicou que a coisa toda o deixava numa posição ruim.
Entendo isso, mas, para ser sincera, não existe mais nada entre nós.
A expressão dele se abrandou.
– Eu a considero como uma irmã adotiva e queria lhe pedir desculpas pelas coisas que falei. Bem, principalmente pelo modo como falei. Eu só quero que saiba que, se você e Joseph decidirem continuar o que quer que role entre vocês, eu não tenho nada a ver com isso. Os dois são adultos e a vida é sua. Seria uma situação estranha para mim porque sou amigo do Alex? Claro que sim. Mas eu iria ter que aprender a lidar com isso.
Arregalando os olhos, ela inclinou a cabeça para o lado.
– Trevor, eu estou noiva agora e, como falei, não tem mais nada acontecendo. – o sorriso inconsequente que ele deu iluminou seus traços demonstrando sua diversão com o comentário. – Por que está com esta cara?
– Eu posso usar óculos, Demi, mas não sou cego.
– O que quer dizer com isso? – questionou ela, recuando o corpo ligeiramente. Com carinho, ele a puxou de volta.
– Em primeiro lugar, conheço o Joseph desde que era criança e, para ele, nunca foi problema perseverar quando queria alguma coisa. E, em segundo, embora eu não a conheça há tanto tempo assim, fica estampado na sua cara quando você olha para ele.
Demi parou de se mexer ao som da música, mas Trevor os manteve em movimento.
– Não quero falar sobre isso – disse ela com um sorriso, tentando se mostrar imperturbável no salão lotado.
– Por mim, tudo bem. Só queria que soubesse como eu me sinto.
– Bem, eu lhe agradeço por me dar sua bênção, mas ela não é necessária nesse caso, papai. – ele riu. – Agora vamos passar ao próximo assunto, pode ser?
– Claro. Então, como você se sente a respeito de Alex ter que passar alguns dias fora em outubro?
– Ele vai viajar? Não me falou nada.
– É, nós dois vamos. A firma vai nos mandar para a Flórida para fisgarmos a conta de um magnata japonês, Takatsuki Yamamoto. – ele lutou para pronunciar o nome corretamente.
Demi franziu as sobrancelhas.
– Espere aí, Alex falou que já tinha conseguido essa conta.
– Não, ainda não. – ele balançou a cabeça. – Você deve estar confundindo. Estamos tentando consegui-la agora.
Vasculhando a memória, Demi tinha quase certeza de que esse havia sido o motivo de Alex ter cancelado o encontro do Central Park. Lembrou-se de que ele dissera estar em Nova Jersey. No entanto, com tudo o que acontecera desde então, Demi começou a se questionar.
– Posso interromper? – perguntou Alex, olhando para Trevor.
Curvando-se graciosamente, Trevor riu.
– É toda sua. Falo com vocês daqui a pouco.
Trevor voltou para junto de Fallon, Stephanie e Joseph. Selena e Justin também haviam se reunido ao grupo.
Sorrindo, Alex passou uma das mãos em torno da cintura de Demi.
– Você está se divertindo? – perguntou num sussurro, a mão livre acariciando o braço dela.
– Estou achando tudo um pouco intenso demais. Mas sim, estou me divertindo. – ele sorriu e a puxou para si. – Posso lhe perguntar uma coisa, Alex?
– Se for sobre as posições em que estou pensando em colocar você assim que arrancar este vestido no fim da noite, com certeza.
Demi deixou escapar um suspiro.
– Eu estou falando sério, Alex.
– Tudo bem. O que está acontecendo?
– Por que você me disse que estava em Nova Jersey na manhã em que marcamos nosso encontro no Central Park?
Ele inclinou a cabeça, apertando mais a cintura dela.
– Porque eu estava em Nova Jersey. Isso foi há semanas. Por que está me perguntando isso agora?
– Por que você vai para a Flórida em outubro?
Alex parou de repente, os olhos se estreitando.
– Por que está respondendo à minha pergunta com outra pergunta?
– Porque você não está respondendo à minha – devolveu ela, sem pestanejar.
Ele deixou as mãos caírem dos lados do corpo.
– Demi, vá direto ao ponto, porra.
Surpresa, ela estudou a reação dele por um segundo.
– Você me disse que estava em Nova Jersey, naquela manhã, porque um cara do Japão voou até aqui para se encontrar com você pessoalmente, certo?
– Isso mesmo, Demi, ele queria se encontrar comigo. Eu me encontrei com ele e consegui a conta dele para a empresa. Vá logo ao que interessa. 
Ainda chocada com a forma como ele estava agindo sob seu escrutínio, ela respirou fundo.
– O que interessa, Alex, é que Trevor acaba de me dizer que vocês dois vão viajar a negócios daqui a duas semanas para se reunirem com esse mesmo japonês cuja conta você disse já ter conseguido.
Demi observou os olhos dele varrerem o salão, como se estivesse se perguntando o que deveria dizer. À espera da resposta, ela cruzou os braços, impaciente.
Apertando o alto do nariz, entre os olhos, ele voltou a encará-la.
– Está certo, eu menti.
– O quê? – perguntou ela, sem fôlego, sentindo a bile percorrendo depressa o caminho de volta até o fundo da garganta. – Onde você estava?
Embora ela tivesse se afastado, ele a abraçou e a puxou para perto outra vez.
– Isso foi de manhã... – Alex hesitou por um segundo. – Fui buscar sua aliança de noivado. – Demi entreabriu os lábios para falar, mas ele continuou: – Só que houve um problema com a armação e fiquei preso lá. Quase tive um ataque, achando que teria que ir comprá-la em outro lugar.
Antes que Demi pudesse questioná-lo, Lee veio deslizando até os dois, os cabelos louros presos num coque apertado, o que acentuava ainda mais as maçãs do rosto proeminentes.
– Alex, tio Bruce e tia Mary acabam de chegar. Eles não estão se sentindo bem por causa do enfisema. Malditos fumantes. De qualquer forma, querem cumprimentar você e Demi. Faça o favor de ir falar com eles. – com um movimento breve do punho, ela apontou para o casal sentado confortavelmente a uma mesa do outro lado do salão. Cada um tinha a seu lado o próprio ventilador pulmonar.
Alex tomou a mão de Demi.
– Claro, estaremos lá em um segundo.
– Antes tenho que ir ao toalete – disse Demi, se afastando. – Encontro vocês daqui a uns minutinhos e então iremos falar com eles.
Passando as mãos pelos cabelos, Alex olhou para ela e assentiu. Enquanto ele atravessava o salão com a mãe, Demi suspirou. Na verdade, não precisava usar o toalete. Só tinha que desanuviar os pensamentos. A confusão fazia sua mente girar. Não entendia por que, mesmo ela dizendo que sabia sobre a viagem que ele faria em breve, Alex continuava mentindo para ela. Compreendia que ele não poderia ter lhe falado onde estivera naquela manhã, ainda mais se estivesse mesmo comprando a aliança... Mas, agora, por que não dizer a verdade?
Quando um dos garçons se aproximou com champanhe, ela pegou duas taças na
bandeja, virou uma e lhe agradeceu. Com isso, se voltou para o terraço, apenas para dar de cara com Joseph observando-a. Ignorando-o, deixou o salão.
Joseph se remexeu desconfortavelmente na cadeira, tentando afastar os olhos de Demi enquanto ela saía do restaurante. Parecia uma princesa: tão linda que fazia seu peito doer com o desejo de tocá-la. Mesmo com as risadas e a conversa entre Stephanie, Fallon e Justin zumbindo à volta, ele não conseguiu resistir à tentação de achar um pretexto para segui-la até lá fora. Teve sua chance quando Trevor se aproximou do grupo.
– Alguém precisa de uma bebida? – perguntou Trevor. – Estou indo para o bar.
– Traga um Alabama Slammer para mim e um para o Justin – pediu Selena, ajustando as alças do vestido prateado.
Trevor assentiu.
Colocando-se de pé, Joseph sorriu.
– Eu preciso de mais um, então vou dar uma volta com você. – ele se virou para Stephanie. – Quer alguma coisa?
– Não, obrigada. Estou bem.
Sentindo-se uma cobra por deixar Stephanie ali, Joseph inspecionou a multidão na tentativa de localizar Alex. Encontrou-o entretido em uma conversa com um grupo de homens que deviam ser da mesma faixa etária que ele. Joseph imaginou que fossem amigos de escola ou de faculdade.
Enquanto ele e Trevor se aproximavam do bar, ficou evidente para Joseph, pela expressão dos olhos de Trevor, que o amigo sabia que ele estava aprontando alguma.
Trevor fez o pedido para o barman e se virou para Joseph:
– Você não quer bebida nenhuma, não é?
– Não – admitiu Joseph, os olhos varrendo o salão. – Quero falar com Demi um instante. Fique de olho no Alex para mim.
O barman deslizou os copos na direção de Trevor.
– E a Stephanie?
– Peça a Selena para mantê-la ocupada. Ela vai ficar bem.
Balançando a cabeça, Trevor ergueu sua bebida e tomou um gole.
– Você está brincando com fogo, cara.
– Apenas faça o que eu pedi.
Sem dizer mais nada, Joseph atravessou aquele labirinto de vestidos de festa e ternos bem-cortados. Ao despontar no terraço, encontrou Demi de costas para ele, os cabelos castanho-avermelhados esvoaçando ao ar frio de final de setembro. Sem saber que ele a observava, era como se o corpo dela o chamasse. Ele tentara Deus sabia que sim se manter afastado. As últimas semanas tinham sido um inferno e Joseph tentara salvá-los não indo ao local de trabalho dela ou evitando aparecer em seu apartamento quando sabia que Alex não estava. No entanto, vê-la, estar ali com ela, absorvendo sua presença, lhe dava a sensação de que sua mente fora possuída. Todos os neurônios disparavam uma tempestade de faíscas e Joseph não acreditava que seu corpo fosse capaz de contê-las. Ele estava surpreso por não explodir em um milhão de pedacinhos brilhantes. Não importava a situação, naquele momento, naquele lugar, precisava ir até Demi.
Deu um passo e, como se tivesse sentido sua presença, ela se virou de súbito, uma mecha dos cabelos sedosos grudando na boca.
– O que você está fazendo aqui? – perguntou, a voz baixa e trêmula.
Joseph foi até Demi. ficando a apenas alguns metros de distância.
– Preciso falar com você.
– Não temos nada para conversar – rebateu ela, dando-lhe as costas novamente.
– Temos muito o que conversar e você vai se virar para mim, Demi. – o sussurro áspero saiu com a mais clássica dominância masculina enquanto ele se aproximava.
O tom de voz chamou a atenção dela, o coração parando antes de começar a martelar outra vez.
Ela se virou e o encarou. Ele a fitava como se tentasse ler sua mente e Demi sentiu-se nua sob aquele olhar. Joseph era tão sexy, tão perigoso e autoconfiante que quase a enojava.
Por mais arrogante que fosse seu pedido, ainda assim ele conseguiu sugá-la para dentro de um vórtice de desejo. Como uma adolescente rebelde, muito irritada com um dos pais, ela cruzou os braços e esperou que ele falasse.
– Você sente minha presença quando não estou com você, Demi?
Com o choque cintilando em seus olhos, ela riu, nervosa.
– Que tipo de pergunta é essa?
– A que eu estou lhe fazendo – rosnou ele. – Porque eu consigo sentir você quando não está comigo. Agora responda.
– Estamos de volta a isso, é?
– Estamos. Agora, mexa esses lábios bonitos e responda à pergunta – exigiu ele, aproximando-se mais.
A mulher de vidro que vivia por baixo de sua pele se quebrou sob o peso da paixão, da luxúria e do desejo. Os estilhaços de si mesma se dispersaram e voltaram a se recompor na forma do homem parado bem à sua frente. Aquele era seu ponto de ruptura. Demi não iria mais negar para ele ou para si mesma o que sentia. Joseph a levara ao limite e não havia como recuar. Seu estômago deu um nó diante da consciência do que estava prestes a confessar.
– Você quer me ouvir dizer? – sibilou ela.
Ah, como ele a sentia agora.
Com intuito flagrante, Joseph fez a única coisa que sabia ser capaz de irritá-la profundamente: mordeu o lábio inferior enquanto os olhos a atravessavam.
– Sim, quero ouvir.
– Tudo bem! Quero transar com você tanto quanto você quer transar comigo, Joseph. Quero isso desde que pus os olhos em você pela primeira vez. Sonho com você. Sinto você quando não está comigo. Até me masturbo com uma imagem clara sua em meus pensamentos. Pronto, está feliz agora?
Mas que inferno! Já tinha perdido a conta das vezes que tinha gozado pensando nela, mas não era isso que o estava levando à loucura. O rosto dele se enrugou com um misto de choque, raiva e dor diante daquela confissão.
– Não, eu não estou feliz. Acha que só quero comer você?
Ela riu outra vez.
– Ora, dê um tempo. E o que mais seria? Sei que sou ingênua em relação a determinadas coisas, mas não sou burra, Joseph.
Algo nos olhos e na postura de Demi deixou Joseph cheio de calor. O leve traço de vulnerabilidade na voz dilacerou seu peito e, droga, acabou com ele. Mas associado à explosão de desafio e raiva, fez com que o desejo que ele sentia por ela o consumisse feito uma doença angustiante. Ele deu um passo adiante, passando o braço em torno da cintura dela, colando-a ao seu quadril, ao mesmo tempo que a guiava rapidamente para longe da vista dos outros. Até ali tiveram sorte, mas Joseph sabia que era apenas questão de tempo até a sorte acabar.
– O que você está fazendo? – bufou Demi, lutando contra ele, os calcanhares se chocando freneticamente contra o concreto.
A raiva dele explodiu, quente e profunda, ao encostá-la na parede. Joseph a encarou com olhos pensativos, a expressão dura como granito naquele espaço mal iluminado.
– Não quero apenas transar com você.
– Ah, não? – ela arfou e afastou os cabelos esvoaçantes do rosto.
– Não! E não vamos nos esquecer de que eu já poderia ter feito isso.
Plantando a mão na parede, acima dela, Joseph pressionou o corpo contra o de Demi. Ela levou as mãos até o peito dele e tentou afastá-lo, mas não foi páreo para sua força. Roçando os lábios na orelha dela, ele falou, num arquejo lento e quente:
– Eu poderia ter comido você uma vez.... e de novo... e de novo. E teria feito isso muito bem, mas parei porque não quero desse jeito.
Com o peito arfando, o coração acelerado e a calcinha úmida de desejo, Demi desviou o olhar.
– Então o que você quer de mim, Joseph? – perguntou ela, num sussurro irritado.
Ele a pegou pelo queixo para obrigá-la a encará-lo. Seus olhos selvagem incendiaram os dela.
– Droga, Demi, eu quero nós dois juntos! Você pertence a mim, não a ele. – Joseph meio que rosnou a declaração. – Cada pedacinho de você foi feito para mim. Seus lábios foram feitos para beijar os meus, seus olhos foram feitos para se abrirem para mim de manhã e encontrarem os meus a admirando, na minha cama, todos os dias, e sua maldita língua foi feita para dizer meu nome. Tenho mais certeza sobre nós do que do fato de que preciso de oxigênio para respirar.
As palavras quase deixaram Demi sem fôlego. Ela parecia estar à beira das lágrimas e iria falar alguma coisa quando Joseph ergueu a mão de repente e lhe tapou a boca. Ele balançou a cabeça brevemente. De início, Demi não entendeu o que ele estava fazendo, mas logo em seguida as vozes de Alex e de Trevor cortaram a respiração frenética de ambos. Com os olhos arregalados, o coração de Demi acelerou enquanto fitava Joseph.
– Bem, onde está ela? – perguntou Alex, o tom cheio de raiva e de preocupação. – E onde diabos está Joseph?
Alguns segundos se passaram antes de Trevor responder. Considerando a rapidez com que o coração de Demi batia, ela teve certeza de que Alex podia ouvi-lo. Bastava ele fazer a curva para encontrá-la nas sombras com Joseph.
– O salão estava muito barulhento e Joseph teve que atender uma ligação de trabalho. Subiu em busca de algum lugar tranquilo. – Trevor pigarreou algumas vezes. – Vamos entrar, vou pedir para Selena olhar nos banheiros outra vez.
Demi ouviu Alex soltar um suspiro pesado e, em seguida, os dois recuaram.
Enquanto o oxigênio voltava a encher os pulmões completamente vazios de Demi, Joseph foi liberando sua boca da mão que a cobria, bem devagar. Apesar do som distante de risadas e de conversas, um silêncio ensurdecedor se estabeleceu entre eles enquanto se olhavam.
Demi desencostou da parede e começou a se afastar, mas, assim que o fez, Joseph a chamou.
Ela se deteve, mas não se virou para encará-lo.
Ele chegou por trás dela, esfregando as mãos pelos seus braços, as palavras abafadas junto à curva de seu pescoço:
– Eu nunca a machucaria, Demi. Pare de lutar contra mim. Pare de lutar contra o que você já sabe.
Apesar do toque dele, arrebatador e inebriante, e do coração ribombando, ela não se virou. Não conseguia. Com as pernas trêmulas, fez o caminho de volta para a festa.
Vasculhou o salão para se certificar de que Alex não estava por perto. Assim que percebeu que o caminho estava livre, foi se embrenhando entre os convidados, a cabeça a mil por hora, apavorada com a ideia de que Alex pudesse tê-los flagrado juntos. Seu corpo estremeceu com uma onda de adrenalina ao sentir a mão de alguém pegar seu cotovelo, mas a tensão em seus ombros desapareceu ao se virar e deparar com Selena.
– Venha comigo – disse a amiga depressa, conduzindo-a até a frente do restaurante. Elas saíram e Selena lhe entregou um frasco de aspirina.
– Diga a Alex que você estava com dor de cabeça e que pediu para o manobrista trazer o carro, pois precisava pegar isto no porta-luvas.
– Mas Alex está com o bilhete do estacionamento – sussurrou Demi.
Selena deu um sorriso.
– Não se preocupe com isso. Eu costumava sair com o manobrista. – ela apontou para o rapaz alto e magro que as observava.
Com um sorrisinho, Demi desviou os olhos do cara.
– O que foi? – esbravejou Selena. – Isso foi no período pré-mulheres e ele estava me devendo um favor. Já falei com ele, que disse que confirmará a história, se for preciso.
Demi assentiu.
– Tudo bem. Isso vai funcionar, não vai?
– Ah, seu noivo sem dúvida está puto da vida – respondeu ela, enrugando o nariz –, mas, sim, a desculpa vai funcionar.
Com isso, elas voltaram para a festa. Assim que entrou, o olhar de Demi encontrou o de Joseph.
Ele voltava do terraço e a encarava com a mesma intensidade. Caminhou até Stephanie, estendeu-lhe a mão e falou com ela por alguns minutos. Com Stephanie em seu braço, foi abrindo caminho pela multidão, indo na direção de Demi.
Selena riu.
– Bem, você tem que ver a graça nisso tudo, amiga.
Demi olhou para ela. Aquilo estava longe de ter graça. Era doloroso, confuso e desgastante, mas, antes que pudesse dizer qualquer uma dessas coisas a Selena, Joseph e Stephanie se aproximaram.
Ele sorria, mas Demi notava a dor evidente em seus olhos.
– Está ficando tarde, então nós vamos indo – disse ele, olhando para Demi. – Diga ao
Alex que falo com ele durante a semana.
Demi assentiu, querendo confortá-lo de alguma forma. Depois daquela noite, sentia que ambos talvez fossem dormir lambendo as próprias feridas pelo menos era o que ela faria.
– Pode deixar que digo a ele – respondeu Alex, num sussurro.
– Foi um prazer conhecê-la. – Stephanie sorriu. – Mais uma vez, parabéns para você e para o seu noivo.
– Obrigada – respondeu Demi.
Selena se inclinou para dar um abraço em Joseph. Quando ela o soltou, ele lançou um último olhar cansado para Demi e, sem pronunciar mais uma palavra, saiu do restaurante com Stephanie.
Embora não tivesse bebido quase nada alcoólico, Demi sentiu-se um tanto embriagada depois que ele se foi. Pelo restante da noite, dor e confusão continuaram a esmagar tudo que havia ao redor. Selena estava certa. Alex tinha acreditado na história da aspirina no porta- luvas do carro, mas isso não fez com que Demi se sentisse melhor. Enquanto conversava com os convidados, as palavras de Joseph ecoavam em sua cabeça, abrindo um buraco em seu coração e arrancando o último pedaço de alguma coisa dentro dela. Apenas alguns meses antes, Demi acreditara poder enxergar e desnudar algumas das muitas camadas dele.
No entanto, hoje, fora Joseph quem desnudara as dela.

e esse tensão dos dois na festa de noivado? Joseph explodiu todo o seu amor para a Demi e ela fez confissões também, fica com logo com ele hahaha
Selena sempre ajudando a Demi né? que amor
amores, vou fazer uma maratona de apenas dois capítulos ok? porque foi o que eu consegui adiantar e a minha vida anda corrida que não deu para fazer mais, vou postar os dois agora ok?
espero que gostem. 
respostas aqui

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