13/01/2017

heartbeat: capítulo 17 (maratona 2/2)


Arrasada

Demi sofria mais um acesso de tosse. Seus olhos seguiram Alex, que a pôs no táxi, bateu a porta e contornou o veículo. O fato de que Joseph fosse estar lá esta noite era irrelevante no momento. Ela se sentia péssima e o corpo doía da cabeça aos pés. Não conseguia acreditar que deixara Alex convencê-la a ir à festa, mas algo em sua persistência implacável e no tom intolerante não admitira discussão. Já embriagado, ele se jogou de qualquer jeito no banco de trás e informou o destino ao motorista.
Depois de procurar a carteira nos bolsos da calça, ele olhou para Demi.
– Ah, qual é, gata? Não é possível que você ainda não esteja melhor.
Entre o cheiro de álcool no hálito dele e o enjoo causado pelos medicamentos, Demi tinha certeza de que iria vomitar ali mesmo.
– Não, Alex, eu não estou melhor. – Demi suspirou e encostou a cabeça na janela. Um bar lotado de gente era o último lugar onde queria estar. – Não acho que haveria qualquer problema se eu não fosse.
Balançando a cabeça, ele chegou mais perto e passou um dos braços pelo ombro dela.
– É aniversário do Trevor. É importante.
– Já falei com ele mais cedo. Disse que estou doente e que não poderia ir. – depois de mais um acesso de tosse, ela acrescentou: – Ele não se importou nem um pouco.
– Não se esqueça de que viajo para a Flórida amanhã de manhã e que vou passar alguns dias fora. – Alex a puxou para si, repousando as pernas dela em seu colo. – Você não está a fim de me fazer companhia antes de eu viajar?
– Você sabe que não é nada disso – respondeu ela, tossindo. – A gente podia ter ficado em casa, juntos. Além do mais, não consigo entender por que você insiste em sair hoje se tem um voo tão cedo amanhã.
Ele se inclinou e enfiou a mão por debaixo da saia dela, os dedos fazendo pequenos círculos sobre a renda da calcinha.
– Eu aguento um voo super cedo, gata. E espero que você consiga me aguentar quando a gente voltar para o meu apartamento.
Tomada pelo choque, Demi tentou afastar a mão dele.
– Você não está pensando que vai transar comigo esta noite, está?
Ela se afastou, espantada por Alex cogitar essa possibilidade. Estava doente e ele sabia disso.
Com um movimento fluido, ele a puxou pelo braço para trazê-la de volta. Ancorou uma das pernas sobre as dela.
– Eu sei que vou transar com você esta noite, Demi. – ele deslizou a língua pelo seu pescoço enquanto enfiava a mão debaixo da saia de novo. – Vou passar uns dias fora. Preciso de alguma coisa para aguentar até a volta.
– Alex, me largue. Você já está bêbado!
Ela se afastou, tentando ignorar o motorista, que os espiava pelo retrovisor. Para garantir que Alex não se aproximaria outra vez, tossiu forte na direção dele, esperando que os germes microscópicos fizessem um caminho direto para dentro de suas narinas.
Infelizmente, aquilo não o impediu de tentar de novo. Para a sorte de Demi, o celular dele tocou, dando a ela uma trégua da tentativa embriagada de ser comida ali mesmo no táxi. Lançando-lhe um olhar frio, Alex pegou o telefone no bolso. Demi deslizou pelo assento, enfiando o casaco e a bolsa entre eles.
Suspirando, tentou ignorar a conversa. O que não podia ignorar era a ansiedade crescente que pulsava dentro dela, sabendo que estava prestes a passar a noite na presença de Joseph. Após o último encontro, as semanas tinham sido nada menos do que...complicadas. Embora tivesse mergulhado de cabeça no novo emprego como professora, na caça a um apartamento para morar com Alex e nos preparativos do casamento, Joseph permanecia em seus pensamentos como uma sombra, linda e persistente que nunca a abandonava, simplesmente pairava por ali o tempo todo.
Estava magoada e confusa, e as pequenas coisas a faziam pensar nele. Ficava paralisada ao ouvir certas canções de que ele gostava. Distraía-se pensando nele, perguntando-se sempre o que ele estaria fazendo. Ela se transformava num ser muito pouco produtivo quando ele lhe anuviava a mente. De modo geral, Demi se encontrava tensa demais. Joseph lhe estimulava as emoções, os nervos e todos os sentidos. Ela podia até desejá-lo, mas sabia que não devia ter sentimentos tão imprudentes em relação a ele, sobretudo a um mês de se casar. Odiava o fato de se sentir tão impotente na presença de Joseph. Odiava o fato de ele ter ressuscitado sentimentos que precisavam ficar enterrados. Joseph a fazia querer se arriscar com ele, por eles. Fazia com que ela questionasse o noivado com o único amor que já conhecera, com o único homem que se mostrara presente para ela. Joseph fizera isso com ela. Ela fizera isso consigo mesma. O destino fizera isso com eles. Não sabia a quem ou ao que culpar, mas tinha consciência de que a situação a estava deixando em frangalhos.
Parando diante de um bar para amantes de esportes em Tribeca, Demi respirou fundo e
saltou em meio ao ar frio e seco de final de outubro. Seria mentira dizer que não estava ansiosa.
Joseph viu Demi assim que ela entrou. Era impossível não vê-la. Até mesmo em meio à multidão mais alvoroçada, ela brilhava com intensidade, como uma estrela ardente, iluminando um céu melancólico. O seu céu melancólico.
O fio invisível em torno do pescoço dele ficou mais apertado, deixando-o praticamente sem fôlego. Ela estava impressionante: de saia preta, botas sensuais que iam até os joelhos e um suéter verde justo que realçava cada curva que Deus lhe dera. Joseph nunca conhecera uma mulher tão linda. Nas últimas semanas, ele se afundara no trabalho tentando não pensar nela. A intenção era bloqueá-la por completo de sua mente, só que quanto mais tentava, mais raízes ela criava.
Não era para ela estar ali esta noite, pelo menos fora isso que Trevor lhe dissera. Agora, enquanto a observava percorrendo o mar de corpos, Joseph achava que seu coração iria saltar do peito. O corpo pulsava com energia, fazendo vibrar seu desejo e a necessidade de tê-la. A conexão e a atração que Demi provocava desde a primeira vez em que pusera os olhos nela ainda o impressionavam. Nos segundos antes de ela e Alex se aproximarem, Joseph ouviu a voz da razão, que o mandava deixar essa história para lá e abrir mão de tudo. No entanto, por mais que ele quisesse obedecer, a cabeça já estava a toda. Era Demi a destinatária de todas as suas emoções represadas, pois ela, e mais ninguém, alimentava todo o fogo de sua vida. Demi não era menos do que torturamente viciante. Os olhos de Joseph encontraram os dela, que desviou o olhar, ignorando a existência dele. Depois de apertar a mão de Alex, Joseph a observou se aproximar de Trevor.
– Você veio – comemorou Trevor, se inclinando para abraçá-la. – Está se sentindo melhor?
Afastando-se com um sorriso frágil nos lábios e uma tossidinha, ela respondeu:
– Não. Não estou melhor, então talvez você não queira me abraçar.
Apesar do aviso, Trevor a puxou para si. Ela ergueu o rosto para fitá-lo:
– Trevor, estou falando sério. Nesse momento minha capacidade de contágio está no nível máximo.
Ele a apertou com mais força ainda e riu.
– Demi, tem álcool suficiente circulando dentro de mim para matar qualquer porra de germe que você possa espalhar.
Dando um jeito de rir, ela retribuiu o abraço.
– Está certo, então, mas a culpa é toda sua. – Trevor sorriu para ela. – Feliz aniversário, cara. Qual é o número da noite, o grande três-ponto-zero?
– Não exatamente. A idade jovem, porém madura, dos 29 anos – respondeu ele, passando o braço pela cintura de Fallon. – E este vai ser um belo ano.
Fallon ergueu a cabeça para beijá-lo e olhou para Demi.
– Sou uma menina de sorte.
– Você é mesmo uma menina de sorte, e ele é um homem de sorte também. Não se esqueçam disso. Adorei a cor nova.
Fallon jogou os cabelos escarlate para o lado.
– Gostou mesmo? Não estou acostumada com uma cor só de cada vez.
– Gostei, sim. Fica muito bem em você. – Demi olhou ao redor. – Onde estão Selena e Justin?
– Pelo visto, você não é a única pessoa em Manhattan que está doente – respondeu Trevor. – Justin não estava se sentindo bem, então Selena o levou para casa.
Demi assentiu e se acomodou num banquinho ao lado de Alex. Ele já estava pedindo algumas doses, rumo a um porre ainda maior.
– Se me derem licença – continuou Trevor –, vou suar um pouco com minha namorada gostosa.
Demi observou Trevor e Fallon sumirem em meio à pista de dança. Na meia hora que se seguiu, Demi e Joseph não trocaram mais do que um olhar ocasional e apreensivo.
Ela ficou escutando enquanto ele e Alex conversavam sobre beisebol. Os Yankees tinham chegado à final e o terceiro jogo estava sendo televisionado em vários aparelhos de tela plana espalhados pelo bar. Os rivais, imaginem só eram os Baltimore Orioles. Demi teve que sorrir diante disso.
Sem poder controlar a ansiedade que sentia com álcool por causa dos remédios, ela aguentou a situação da melhor maneira possível, sem prestar a menor atenção a nenhum dos dois. Ao aceitar um copo de água gelada das mãos do barman, o celular iluminando-se dentro da bolsa chamou sua atenção.
Pegando-o, leu uma mensagem de texto de um número desconhecido: Devo admitir que você joga esse jogo muito bem...
Franzindo as sobrancelhas e sem ter a menor ideia de quem se tratava, escreveu de volta:
Quem é?
Após alguns segundos, a resposta chegou: No entanto... os passarinhos dos Orioles não têm a menor noção de como jogar... então dá no mesmo...
Erguendo a cabeça de súbito para Joseph, seu coração deu um salto. Embora estivesse empoleirado do outro lado de Alex, ele permanecia no campo de visão de Demi. E a fitava com um sorriso largo e desinibido. Ela olhou para o noivo, que não prestava a menor atenção nela ou em Joseph, ainda mais bêbado do que quando haviam chegado. Estava entretido numa conversa sobre o jogo com outro cliente do bar enquanto riam e bebiam juntos.
Mais uma mensagem de texto fez o telefone vibrar: Dá só uma olhada no placar...
Nervosa, ela voltou a olhar para Joseph.
Sorrindo, ele apontou para um dos televisores com a garrafa de cerveja.
Desviando os olhos para a tela, que mostrava os Yankees na frente por cinco pontos, Demi deixou escapar a respiração que vinha prendendo. 
Olhou para ele outra vez. Escreveu de volta: Como conseguiu meu telefone? 
Vamos, admita que os passarinhos não têm a menor chance contra os Yankees... talvez assim eu responda...
Tossindo, ela ergueu uma das sobrancelhas e olhou para Joseph. Ele deu de ombros displicentemente.
– Que audácia – murmurou Demi, enquanto escrevia de volta: Não vou fazer isso...
Seus olhos voltaram aos dele. A perplexidade se estampou no rosto de Joseph e ela percebeu que ele corria os dedos de modo ágil pela tela do telefone.
Então você vai ficar com sua percepção original da minha personalidade... Sou um stalker e você é minha linda presa.
Balançando a cabeça ao constatar como ele era espertinho, ela acabou cedendo à curiosidade: Está bem, os passarinhos não estão jogando muito bem esta noite...
Ouviu Joseph soltar uma gargalhada rouca.
Ele respondeu: Vou simplificar as coisas... Seu time é uma DROGA. E já que você não admitiu que seus passarinhos não têm a menor chance contra os meus amados Yankees, senti um súbito desejo de fazer você... implorar. Pura perversão, não é? Aguardo sua resposta...
Tomando um gole d’água, ela zombou:
– Ele perdeu o juízo.
Então viu um sorriso superior surgir no rosto de Joseph.
Começou a lhe escrever de volta, avisando que não iria implorar por uma resposta, mas ele mandou outra mensagem: Estou generoso, já que meu time está acabando com o adversário.Não precisa implorar... embora eu saiba que você iria fazer isso... Mande de volta a palavrinha mágica e liberarei a informação que você tanto deseja. Uma dica... Começa com por...
Ela revirou os olhos e escreveu: Por favor...
A resposta foi rápida: Sabia que conseguiria fazer você implorar... Molly.
Dessa vez, ela não pôde deixar de rir. Sua mensagem foi um pouco mais exigente desta
vez: Demi para você, “stalker”. Você não conseguiu me fazer implorar por coisa alguma. Só quero a informação.
O sorriso de Joseph oscilava entre a obscenidade e a travessura quando olhou de novo para ela.
Ele respondeu: Você implorou, sim, boneca, e tenho quase certeza... não, tenho certeza absoluta... de que conseguiria fazê-la implorar por um bocado de coisas se me fosse dada a oportunidade. Várias. Mas em resposta à sua pergunta, Selena me deu o seu telefone. Imagino que a fonte não seja um choque...
Ela suspirou.
Discordo com a parte da súplica. Chamo isso de ser educada. Não sei como responder à sua segunda declaração, a não ser dizendo que você é um filho da puta arrogante. Não, não me choca o fato de Selena ser sua cúmplice... Vocês dois são loucos de pedra...
Consumida pelos textos que escrevia para Joseph e pelo rugido dos torcedores dos Yankees, Demi não percebeu que Alex havia desaparecido. No entanto, não pôde deixar de notar que Joseph a encarava agora que só um banco de bar os separava. A respiração dela ficou presa na garganta quando ele diminuiu a distância, passando para o assento ao lado do dela. Plantou o cotovelo no balcão, o sorriso não menos convencido do que antes.
– E então, começou o “filho da puta arrogante” – disse ele, virando-se para encará-la –, ainda vai negar que eu a fiz implorar?
A familiaridade daquela voz, cheia de humor, lhe causava arrepios na espinha. Com um sorriso torto, ela deixou escapar um suspiro exasperado.
– Você é implacável.
– Sempre – respondeu ele, calmo. Tomou um longo gole da cerveja, sem tirar os olhos dos dela. – Achei que seria uma boa forma de aliviar a tensão.
– Você tem um jeito engraçado de aliviar a tensão, Joseph.
– Por que diz isso?
– Vamos ver... tentando me fazer admitir que eu estava implorando. – ela cruzou as pernas e acrescentou: – Coisa que eu não estava.
– Implorou, sim, boneca, mas vou deixar para lá.
Rindo, ela balançou a cabeça.
– Eu desisto. Você venceu.
Ele sorriu, e por um minuto permitiu afogar-se nela, perdendo-se na lembrança do seu toque.
– Sério, achei que as mensagens de texto pudessem funcionar. – seus olhos brilhavam com algo semelhante a um pedido de desculpas. – Pelo menos, espero que tenham funcionado.
Joseph tinha razão. A tensão dentro dela parecia ter se dissipado. Respirando fundo,
Demi assentiu.
– É, funcionou, sim.
Ele deslizou uma tampinha de garrafa na direção dela e sorriu.
– Trégua?
Baixando a vista para o balcão envernizado, ela pegou a tampinha e a rolou entre os dedos, com um sorriso débil nos lábios. Não sabia como iria suportar, mas precisava estar bem com ele. Demi sabia que o destino não estava jogando limpo com o coração de nenhum dos dois. O destino havia quebrado todas as regras, criando um jogo perverso e ilimitado que os vinha destruindo por dentro.
Mas ela não permitiria que arruinasse mais suas vidas. Respirando fundo mais uma vez, fitou os olhos de Joseph e meneou a cabeça numa resposta positiva.
– Está certo, Joseph... trégua.
Tomado de alívio, Joseph estudou o rosto dela, esperando gravar sua imagem na memória.
Parecia haver uma eternidade desde que a vira pela última vez.
– Então, como tem passado?
– Bem. E você?
– É, bem – mentiu ele, rezando para que ela não notasse.
Demi lhe lançou um sorriso débil que o fez duvidar de sua habilidade como ator.
– Então... Selena me disse que, como Alex viaja a negócios amanhã, ela vai ser sua acompanhante oficial no evento de captação de recursos da minha mãe neste fim de semana.
– É verdade. Justin vai viajar para a casa dos pais, no Texas, então vamos aproveitar para fazer uma noite só de mulheres.
– Legal. – ele sorriu e se recostou na cadeira. – Tenho certeza de que você vai se divertir bastante.
Ela tossiu.
– Bem, estou ansiosa.
– Você não parece bem – comentou ele, pondo o dorso da mão na testa dela. Demi se encolheu.
– Está febril.
– Dá para saber só sentindo minha testa, é? – ela levou a mão à própria testa e começou a vasculhar a bolsa à procura de Tylenol. – Agora, além de magnata dos negócios e babá, seu currículo também inclui médico?
Ele riu e deu de ombros.
– A parte da babá tem a ver com a parte médica. Tomei conta de Timothy e de Alena algumas vezes quando estavam doentes. – ele bebericou um gole de cerveja. – Você não devia ter saído nesse estado.
Ela suspirou.
– É, eu sei.
Joseph olhou para ela sem entender. Enfiando o comprimido na boca, Demi bebeu um pouco de água e disse:
– É uma longa história.
Embora tivesse uma boa noção de quem a arrastara para sair, Joseph não fez mais perguntas.
Olhando para ele, Demi foi vencida pela curiosidade e ela se perguntou por que ele estava sozinho.
– Então, é... o que aconteceu com a garota que você levou à minha festa de noivado?
Ela não era você...
– Ela se mudou para a Costa Oeste para ficar mais perto da família – respondeu ele, a mentira saindo de sua boca sem o menor esforço.
– Ah, sinto muito.
– Imagine, não era nada de mais.
Trevor e Fallon foram se aproximando dos dois, ambos suados de tanto dançar.
– Caipirinha – Fallon respirava com dificuldade, enxugando a nuca –, venha comigo ao banheiro. Preciso retocar a maquiagem. Estou certa de que deve estar toda manchada.
– Claro – disse Demi, levantando-se do banco. Ela olhou para Joseph. – Dá uma olhada na minha bolsa?
Ele assentiu, mas Trevor a pegou de cima do balcão e a cruzou no corpo.
– Deixe que eu olho. Jonas pode roubar alguma lembrancinha bizarra sua.
Todos riram e as duas mulheres seguiram em direção aos toaletes. Enquanto serpenteava pelos infindáveis torcedores que comemoravam a vitória dos Yankees, Demi viu Alex jogando uma partida de sinuca. Estava com um grupo de homens e de mulheres do outro lado do bar. Ao se preparar para uma jogada, dava para perceber que reunia todas as suas forças para se manter de pé enquanto o corpo balançava. Risadas eclodiram quando ele encaçapou a bola oito.
– Pelo visto ele não faz mais questão da minha companhia – murmurou ela.
Fallon abriu a porta do banheiro com um puxão e as duas entraram.
– Sei que não conheço bem o Alex, Caipirinha, mas suponho que ele tenha feito você vir esta noite.
– Bem, eu poderia ter dito não – respondeu ela, olhando-se no espelho.
Fallon pegou uma toalha de papel, umedeceu-a um pouco e se pôs a limpar o suor do rosto e dos braços. O canto da boca se curvou num sorriso malicioso
– Certo, só que não foi o que você fez.
Demi deu de ombros.
– Eu me senti mal por não vir. Adoro o Trevor.
Fallon atirou a toalha de papel no lixo e olhou para Demi, os olhos cinzentos brilhando de preocupação.
– E o Trevor também a adora, mas você precisa ser mais firme com seu noivo. Colocá-lo no devido lugar quando for preciso.
Demi a estudou por um segundo, sentindo-se um pouco confusa.
– Acho que o coloco no lugar dele, Fallon.
Inclinando a cabeça, Fallon pôs a mão no ombro da amiga.
– Não estou tentando arranjar confusão com você, Caipirinha. Só acho que poderia ser um pouco mais dura com ele, só isso.
Um leve sorriso surgiu nos lábios de Demi, mas ela não respondeu. Fallon pegou a mão dela e as duas saíram. Deram de cara com um enorme grupo que se formara diante da porta, dificultando a passagem das duas pela multidão.
– Merda – resmungou Fallon. – Acho que acabei de menstruar. Vai voltando para o bar. Vou em seguida. – Demi assentiu e tentou abrir caminho pela aglomeração.
– Pelo visto, você está presa aqui. – um homem ao seu lado berrou mais alto que a música estridente. Demi percebeu a altura intimidadora do cara, que passava a mão pelos fios rentes ao couro cabeludo. – Eu poderia levantá-la e carregá-la até onde tiver que ir.
– Hum, não, obrigada. Consigo passar. – Demi suspirou enquanto continuava sua tentativa de se espremer em meio aos outros clientes.
– Eric – disse ele, estendendo a mão e tentando ele próprio se esquivar da massa de gente.
Ela aceitou o cumprimento.
– Demi. É um prazer.
– Bem, Demi, estou aqui com alguns amigos se você quiser vir à nossa mesa beber alguma coisa. Estão bem ali – disse ele, indicando um reservado a alguns metros de distância. – Se é que vamos conseguir chegar até lá. Não está parecendo que iremos muito longe no meio dessa gente toda.
– Obrigada pelo convite, mas estou aqui com meu noivo.
– Vai se casar? Que legal. Quando é o grande dia? Não vai ser um casamento com temática de Dia das Bruxas, vai?
– Não, mas teria sido uma boa ideia. – ela ficou na ponta dos pés na tentativa de
enxergar por cima da multidão. – Vai ser no dia 24 de novembro.
– Que incrível – disse ele. – Posso ver a aliança?
Demi achou aquele pedido estranho, mas, pensando bem, pensou que poderia usá-lo a seu favor.
– Que tal uma troca, Eric? Eu deixo você ver minha aliança se abrir esta multidão igual ao mar Vermelho para eu poder voltar até onde meus amigos estão.
– É melhor do que nada – brincou ele, com um sorriso largo. Demi levantou a mão e ele a pegou.
Ficou boquiaberto e de olhos arregalados. – Caramba, isso é que é diamante! Bem, parabéns para você e para seu noivo. Desejo a vocês...
– Demi – interrompeu Alex, com a voz raivosa. Ele a paralisou com um olhar severo e ela estremeceu. Puxando a mão, ela iria começar a dizer alguma coisa, mas Alex voltou a atenção para Eric: – Por que diabos você está segurando a mão da minha noiva, hein?
– Alex – começou Demi, tensa –, ele só estava...
– Cale a boca, Demi – rosnou ele. – Responda à porra da minha pergunta, cara. Por que estava com as mãos em cima dela?
Eric estreitou os olhos.
– Relaxe, amigo. Só perguntei se podia ver o anel de noivado.
Sem mais nenhuma palavra, a cabeça de Eric foi jogada para trás quando Alex lhe acertou um soco no nariz. O sangue voou no suéter de Demi. Contendo um grito, ela sentiu a velocidade do coração triplicar enquanto observava o corpo de Eric se chocar contra a parede. Cambaleando para se levantar, ele esfregou o nariz por um segundo e começou a tentar atingir Alex descontroladamente.
Fallon saiu do banheiro com os olhos arregalados de choque.
– Puta merda!
– Alex – gritou Demi enquanto ele partia para cima de Eric, arremessando o corpo do outro de encontro à parede com uma força brutal.
– Eu vou chamar o Trevor e o Joseph! – gritou Fallon, abrindo caminho em meio ao turbilhão que formava uma roda em torno dos dois homens.
Demi chorava, gritando o nome de Alex, em choque, enquanto os homens continuavam aquele massacre horroroso. Enquanto clientes sedentos de sangue assistiam à briga, rugindo feito animais enjaulados, o corpo de Demi ia sendo empurrado e puxado para todas as direções durante aquela histeria. Em poucos segundos, dois seguranças monstruosos surgiram com cara de que estavam prontos para uma boa briga. Sem muito esforço, um dos seguranças ergueu Alex pelos braços, puxando-o de cima de Eric, que era puxado para longe pelo outro. Gritaram para que todos esvaziassem a área senão também seriam expulsos. Diante do aviso, o grupo recuou de volta para o balcão, ainda empolgado co
aquela loucura.
Conforme a multidão se diluía, Fallon, Trevor e Joseph apareceram, os dois rapazes com expressão de fúria, e Fallon completamente chocada.
– Meu Deus, Alex, você está sangrando – gritou Demi.
Joseph olhou para Alex e perguntou em tom áspero:
– Caralho, o que aconteceu aqui?
– Foi ela, porra! Vá buscar suas coisas, Demi!
Algo luziu nos olhos de Alex, algo que Demi não se atreveu a questionar naquele momento.
Nunca o vira tão soturno e sedento de vingança. Com o corpo tremendo, ela assistiu a um dos seguranças escoltá-lo pelo cotovelo para fora do bar. Ainda chorando, Demi parou, levou a mão à boca num movimento rápido e começou a olhar ao redor, frenética.
– Minha bolsa! Quem está com a minha bolsa?
– Eu – disse Fallon, entregando-a a ela.
Ao saírem do bar, Demi encontrou Alex andando de um lado para outro no estacionamento, agarrando os próprios cabelos.
– Alex – gritou Joseph, aproximando-se dele. – Que merda foi aquela lá dentro?
Sem responder, Alex caminhou com passos duros até Demi e a agarrou pelo braço. Ela tentou recuar, mas ele a segurava com força. Pegou-a pelo queixo e ergueu sua cabeça à força.
– Você acabou de deixar que um cara qualquer pusesse as mãos em você! O que você é? Uma puta, porra?
Os olhos de Joseph ficaram injetados de raiva.
Os pelos de seus braços se arrepiaram. Com um músculo latejando na mandíbula, os ombros contraídos de um jeito hostil e o verde dos olhos ardendo como carvão em brasa, ele desferiu um golpe súbito e brutal no queixo de Alex, jogando a cabeça dele para trás. Alex caiu no asfalto com um baque nauseante, o corpo imóvel indo a nocaute.
Com o impacto, Demi cambaleou para trás e caiu no chão. Escorregando sobre pedacinhos minúsculos de cascalho, sentiu as palmas das mãos e os punhos serem ralados.
Sem prestar a menor atenção no amigo desmaiado, os olhos de Joseph voaram para Demi.
Seu coração se apertou. Com um movimento elegante e fluido, ele a levantou do chão e fitou seu rosto, preocupado.
– Meu Deus, Demi, me diga que eu não a atingi sem querer. – ele correu os dedos pelas bochechas dela, acariciando-as através dos cabelos. Com o corpo tremendo, ele a encarou, a voz num sussurro: – Meu Deus, por favor, me diga que não machuquei você.
Ela engoliu com dificuldade, o choque se instalando em todo seu corpo.
– Não, você não me acertou – respondeu, engasgando, as lágrimas escorrendo.
Pela segunda vez naquela noite, o alívio tomou Joseph.
– Vou levá-la de volta para o seu apartamento – sussurrou ele, deslizando as mãos pelos braços de Demi.
– Eu... eu não posso deixá-lo aqui, Joseph – gaguejou ela, enxugando os olhos.
– Pode, sim. E é o que vai fazer – respondeu ele, com cuidado. Olhou para Trevor. – Leve Alex para a sua casa.
Trevor agachou-se ao lado de Alex, examinou a pulsação dele e depois ergueu a cabeça e assentiu.
– Está bem, mas você vai me ajudar a colocá-lo no carro.
Embora tivesse precisado de cada grama de autocontrole para não jogar Alex no porta-
malas de Trevor e afundá-lo em algum lugar do Atlântico, Joseph concordou, relutante.
Depois que um Alex muito bêbado e inconsciente foi atirado dentro do carro de Trevor, Joseph levou Demi para casa. Durante todo o percurso, o estômago dele se contorcia de dor ao ouvi-la chorar enquanto explicava o que havia acontecido. A expressão dela era de vulnerabilidade, e a necessidade por respostas girava em seus olhos.
Depois que entraram no apartamento, Joseph a fez se sentar no sofá enquanto ia ao banheiro pegar uma toalha e curativos. Foi à cozinha e encheu uma tigela de água fria. 
Quando voltou, a encontrou balançando o corpo para a frente e para trás, segurando o rosto. Seu peito ficou pesado, como se houvesse um tijolo no lugar do coração. Era quase impossível resistir ao desejo de tomá-la nos braços e protegê-la da dor.
Sentado no chão diante dela, Joseph mergulhou a toalha na água e pegou um de seus pulsos. Ela se encolheu de dor quando ele encostou a toalha na pele. E então Joseph sentiu a raiva dominá-lo, pois Alex tinha causado tudo aquilo. Joseph rangia os dentes enquanto torcia o excesso de água da toalha, notando que o tecido branco estava tingido de rosa por causa do sangue de Demi. O sangue daquela linda mulher estava sendo derramado por causa de um babaca que não merecia o sorriso, o toque, nem o amor dela.
Querendo lhe dizer como a trataria melhor, como cuidaria de cada necessidade dela de todas as formas possíveis, Joseph fez calar a voz de seu desejo, para evitar chateá-la ainda mais.
– Sinto muito por ter causado isso, Joseph, Sinto muito – sussurrou ela enquanto as lágrimas escorriam.
Com a testa franzida e a cabeça inclinada, Joseph colou o último curativo. Ergueu os olhos e tentou compreender por que Demi estava dizendo aquilo.
– Você acha que foi culpa sua?
– Acho. Alex tem razão. Se eu não tivesse deixado aquele cara me tocar, nada disso teria acontecido.
– Demi... – ele fez uma pausa, erguendo a mão para lhe acariciar o queixo. – Você não é responsável pelo que aconteceu. Está me entendendo?
Fungando, ela balançou a cabeça, inflexível, e olhou no fundo dos olhos dele.
– Não, Joseph. A responsabilidade é minha, sim. Eu não tinha o direito de ficar de papo com aquele cara, para começo de conversa. – ela soluçava, incontrolavelmente. – Você e Alex eram amigos e não voltarão a ser depois disso. Não consigo acreditar no que causei.
Ele podia ver o misto de confusão e dor no rosto dela, o que só fez aumentar a raiva que sentia.
Mas que droga, Alex. Ele tinha um controle muito maior sobre Demi do que Joseph imaginava.
– Ele faz com que você acredite que a culpa é sua, Demi. – as palavras dele foram ditas em voz baixa, porém firme. – Não estou preocupado com a amizade dele neste momento. Acho que nunca estive. Estou preocupado com você... com você, Demi, não com ele.
Balançando a cabeça, ela continuou a chorar, mal conseguindo respirar. Joseph ficou de pé e se acomodou no sofá, ao lado dela. Colocando uma almofada no colo, ele fez com que Demi deitasse a cabeça ali, com todo cuidado. Não se surpreendeu por ela não resistir. A mulher que ele conhecera estava em pedaços, dilacerada por um homem que enxergava sua fragilidade e que a usava contra ela sempre que tinha uma oportunidade. Talvez tenham ficado ali por segundos, minutos ou talvez horas Joseph não soube dizer, mas durante todo o tempo ele lhe acariciou os cabelos, até Demi pegar no sono. Com olhos injetados, Joseph ficou olhando o peito dela subir e descer pacificamente.
À medida que cada um daqueles segundos iam se passando, Joseph se dava conta e não pelo que desejava para si, mas só pelo bem de Demi de que precisava afastá-la de Alex.

esse Alex é um insensível, obrigado a Demi ir para festa mesmo doente.
E essas mensagens dos dois? aw
essa briga por motivos idiotas igual a ele, adorei o soco que o Joseph deu nele hahaha ele cuidando dela, demi é uma burra de ficar com o Alex.
então a maratona foi isso, espero que tenham gostando e desculpem por não ter postado mais, como eu disse anda tudo muito corrido, trabalho, curso e muita coisas estão acontecendo na minha vida. Espero que tenham gostado amores.
segunda volto com mais um capítulo.
bjs <3

4 comentários:

  1. Amei!!! Eles se declarando então!!! Achei que ia rolar alguma coisa no noivado pena que o maudito do Alex apareceu. A Selena como sempre é a melhor!!! Adorando a Fallon tbém, mais uma pra tentar abrir os olhos da Demi. Agora que ódio desse Alex forçar ela sair doente, tentar forçar a barra dentro do taxi e depois essa briga ridícula do Alex. Mas muito é culpa da Demi tbém pq ela aceita coisa demais, se sente culpada por tudo. Graças a Deus o Joe esta com ela e Graças a Deus o infeliz do Alex vai viajar. Um soco só do Joe foi pouco naquele cara de pau. Continua....

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    1. Demi está sendo idiota por estar com ele, o Alex vai viajar e umas coisinhas irão acontecer hahaha
      O próximo capítulo promete kkkkkkk
      Selena e Fallon vão abrir os olhos da Demi pra muita coisa, espero que a Demi pare de ser burra.
      Vou postar hoje, bjs lindona <3

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  2. Amei a maratona!! Posta logo! Beijinhos

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