14/04/2017

heartbeat: capítulo 38


Restaurada

Demi abriu a porta da Starbucks, sendo engolfada pelo ar refrigerado muito bem-vindo naquele calor de verão. Imediatamente, avistou Selena, que se levantou da cadeira com um pulo como se ela estivesse pegando fogo. Demi se espremeu pelo aglomerado da hora do almoço, animada em ver a amiga. As últimas semanas tinham sido caóticas, logo elas praticamente não puderam ficar juntas. Como faltava pouco mais de um mês para dar à luz, a agenda de Demi girava em torno de visitas semanais ao médico, aulas sobre o método Lamaze e compras de qualquer artigo de última hora para o bebê.
Sorrindo, Demi se aproximou de Selena e atirou a bolsa em cima da mesa. Fez menção de abraçá-la, mas então notou que a amiga parecia estranha.
– O que foi? – Demi viu a preocupação estampada nos olhos de Selena.
A amiga hesitou, contraindo o rosto.
– Preciso conversar com você.
– Tudo bem – disse Demi, alongando as sílabas, os nervos à flor da pele.
Nunca tinha visto Selena tomada pelo pânico. Puxando uma cadeira, sentou-se e começou a imaginar a notícia ruim que a amiga poderia lhe dar.
Selena deslizou uma bebida pela mesa.
– Pedi um chai latte para você. Achei que ajudaria a acalmar os seus nervos depois que eu contasse o que descobri.
O coração de Demi acelerou.
– Sel, que diabos está acontecendo?
Selena roeu a unha do polegar.
– Só me prometa que não vai ficar zangada comigo.
– Como assim? – com os olhos arregalados, Demi balançou a cabeça. – Quer que eu não fique zangada com você? O que foi que você fez?
– Demi, só prometa que não vai ficar irritada.
Demi cruzou os braços, o estômago dando um nó.
– Está bem, Selena. Embora você não tenha dito com o que você não quer que eu fique irritada, prometo que vou tentar não ficar. Está bom para você?
Selena assentiu lentamente e suspirou.
– Eu... – ela olhou ao redor e passou a mão pelos cabelos. – Eu liguei para o programa do Maury Povich e...
– Você fez o quê? – Demi ofegou, arregalando os olhos ainda mais. – Eu falei para você não ligar, Selena. Como pôde fazer uma coisa dessas comigo? Como se não fosse vergonhoso o bastante não saber quem é o pai, você quer que eu coloque essa merda toda no ar, em rede nacional? – Demi ficou de pé e pegou a bolsa com violência. – Não vai rolar.
– Demi, espere! – Selena se levantou de um salto, seguindo Demi em direção à saída. Agarrou o braço de Demi e a girou. – Me escute. Tem mais.
– Mais? O quê, você contou a eles minhas posições sexuais preferidas? Ou talvez tenha dito que beijei a Candice Weathers na festa de formatura quando estava bêbada? – sem esperar por uma resposta, Demi se desvencilhou e continuou a andar em direção à saída.
– Demi! – chamou Selena. – Existe outro tipo de exame de paternidade disponível, e não é invasivo.
Demi parou subitamente. Chocada, ela se virou.
– É sério – continuou Selena. – É um exame de sangue simples. Nem precisa ir ao programa e vocês podem ter o resultado em menos de dez dias.
Demi engoliu em seco, o coração batendo mais rápido. Selena voltou à mesa e ela a seguiu, ainda abalada. Puxou uma cadeira e olhou fixo para a amiga.
– Me conte o que você sabe – sussurrou, tentando se acalmar.
– Desculpe ter ligado para o programa. Era para ser uma brincadeira. Eu nem iria dar o nome verdadeiro de vocês. Tinha inventado Olivia Palito para você, Popeye para o Joseph e Norman Bates para o Babapica. Pensei em colocar as entradas num cartão, já que você não me deixou dar um chá de bebê.
– Selena, não estou preocupada com o programa. – ela suspirou, já acostumada à amiga maluca e destrambelhada. – Só me conte o que você sabe.
– O nome é teste de paternidade pré-natal não invasivo. A mulher do programa falou que uma empresa, a DNA Diagnostics Center, faz o exame em laboratórios por todos os Estados Unidos. Precisam de uma amostra do sangue da mãe e de uma amostra de sangue dos pais em potencial. – Selena deu de ombros. – E só.
Demi balançou a cabeça, sem conseguir acreditar no que ouvia.
– Como pode isso? Na internet, diziam que era necessário o líquido amniótico para se fazer um exame do DNA antes do parto.
Selena tomou um gole do frappuccino gelado e se recostou na cadeira.
– Eu mesma não entendo. Ela disse alguma coisa sobre as células do feto na corrente sanguínea da mãe. É só, Demi. Dez dias depois de o laboratório receber as amostras, você entra no site da DDC e pega o resultado.
Dez dias. Rápido e simples.
Demi levou a mão à boca.
– Meu Deus, por que meu médico não me falou disso há meses? Esse tempo todo a gente já podia estar sabendo.
O coração dela endureceu. O pesadelo deles não precisava ter se estendido tanto. Diabos, àquela altura, Demi estava se sentindo idiota por ter confiado no médico em vez de ter feito mais pesquisas.
– É um exame relativamente novo e, vamos ser sinceras, seu médico é meio velho. O consultório dele é uma relíquia da década de 1970. Porra, ele próprio ainda faz os ultrassons. – Selena chegou a cadeira para mais perto de Demi e colocou a mão no ombro dela. – Talvez ele não conhecesse o exame. De qualquer forma, agora você sabe.
Demi engoliu em seco, tentando digerir o que acabava de ser atirado no seu colo. Havia um fundo de verdade no que dizia Selena. Agora Demi sabia e, logo, Joseph também saberia. Não podiam ter de volta as noites insones dos últimos meses. Não podiam apagar a espera angustiante que tinham suportado. Não podiam desfazer os sete meses e meio em que ela e Joseph não sabiam se passariam o resto da vida ligados a Alex. Armada dessa nova informação, Demi não estava disposta a permitir que mais um perverso minuto de ignorância se passasse. Colocando-se de pé, pegou a bolsa, deu um beijo na cabeça de Selena e, com o coração apertado, foi contar para Joseph.
Só rezava para que o resultado fosse o que eles queriam ouvir tão desesperadamente.
Com os nervos num confuso emaranhado, Demi saiu do elevador e entrou na Jonas Industries.
Radiante, a secretária de Joseph se levantou da mesa.
– Oi, Demi! – trinou ela, abraçando-a. Deu um passo atrás e observou Demi dos pés à cabeça, o sorriso ainda maior. – Já não falta muito.
– É. Nem um pouco mesmo. – Demi se mexeu, inquieta, sobre os saltos, perguntando-se por que os usava. Àquela altura, a barriga proeminente não era nada perto dos pés inchados. – Já estou pronta para o fim desta gravidez.
– Aposto que sim. As últimas semanas podem ser brutais, mas, pensando bem, tudo vale muito a pena. Antes que você se dê conta, vai ter uma vidinha nos seus braços. Vai esquecer cada segundo de desconforto. Você e o Sr. Jonas não vão conseguir conter a excitação. – Demi deu um sorriso débil. Natalie fazia parte da longa lista de pessoas que não conhecia a história verdadeira. Com hesitação nos olhos castanhos, ela inclinou a cabeça. – Posso... sentir?
– É claro. – Demi tomou-lhe a mão e a colocou sobre a barriga. – Ele está muito ativo esta tarde.
E estava mesmo. Demi jurava que seu homenzinho estava dando cambalhotas. Por baixo da seda do vestido de verão, a barriga ondulava com as contorções.
– Meu Deus, eu me lembro disso. – Natalie suspirou. – Bem, curta muito. Vai chegar um momento da vida em que você vai se dar conta de que esta foi uma das melhores partes.
Demi deu outro sorriso débil e olhou em direção à sala de Joseph.
– Ele está livre?
– Está. Acabou de terminar uma reunião, então você o pegou em boa hora.
– Obrigada, Natalie. Falo com você de novo quando sair.
– Que bom – disse ela, voltando à cadeira, a atenção concentrada no telefone que tocava.
Com os nervos à flor da pele, Demi se dirigiu à sala de Joseph. Com uma rápida batida, ela abriu a porta. O coração ficou apertado no instante em que seus olhos pousaram sobre o rosto sorridente de Joseph. Mal sabia que Demi estava prestes a virar o dia dele de cabeça para baixo. Com o telefone em uma das mãos, fez sinal com a outra para que ela esperasse. Demi suspirou, observando a postura relaxada do namorado. Sem o paletó e com a gravata folgada em torno do pescoço, Joseph se balançava preguiçosamente na cadeira de couro, discutindo negócios. Deixando a bolsa cair sobre a mesa dele, Demi se acomodou em seu colo, esperando não o estar esmagando. Ele passou o braço ao redor da sua cintura, massageando-lhe a barriga. Tentando acalmar a ansiedade, Demi afagou os cabelos macios e negros dele. Meu Deus, como amava aquele homem, embora se sentisse como o capeta prestes a dar más notícias.
– É exatamente o que eu quero ouvir, Bruce. Vamos manter contato, ok? – ele desligou e abriu um sorriso contagiante. – Uma surpresa de meio-dia. – roçou os lábios no queixo dela. – Você veio se apresentar como almoço para mim?
Demi respirou fundo, determinada a dizer logo o que tinha de falar. Nada de rodeios. Nada de hesitação. Passando os braços ao redor dos ombros de Joseph, encostou a testa na dele, fitando os hipnotizantes olhos verdes.
– Existe um exame de sangue para revelar a paternidade. Não apresenta riscos e podemos ter o resultado daqui a dez dias. Eu sei que já estamos na reta final, mas daria para descobrir algumas semanas mais cedo. E acabar de vez com esta... espera.
Demi observou-o empalidecer. Viu aqueles lindos olhos nublarem, a desolação substituindo o divertimento de um minuto antes. Ela sentiu o corpo forte e rijo desmontar.
A mão dele pendeu da barriga dela e Joseph desviou o olhar... Então, suas palavras sussurradas a partiram ao meio.
– Eu sei desse exame há uns dois meses.
Ele a encarou. A frase deu voltas na cabeça de Demi. Olhou fixamente para o rosto dele, que traía algo parecido à vergonha. Tentou engolir. Sentiu-se tonta ao ficar de pé, colocando a mão sobre a mesa para se equilibrar.
– Você sabia? – sussurrou ela, os olhos cheios de lágrimas e confusão. – Você sabia e não me disse nada?
Joseph se levantou e levou a mão ao rosto dela, mas Demi se afastou do toque. Por um segundo, sua voz ficou presa na garganta, seu coração afundou no peito. Soubera que a mentira que vinha guardando a deixaria triste, mas a reação dela o destroçava. 
Ele assentiu, dando um passo atrás.
– Sabia.
– Há quanto tempo? – indagou ela, a voz falhando.
– Desde que a gente descobriu que era menino.
Joseph olhou para o chão, recordando o dia em que não conseguiu impedir os dedos curiosos de saírem clicando pela internet. Um menino. Seu provável filho havia servido de combustível para uma necessidade tão profunda de tentar encontrar outras opções que achou que tinha enlouquecido. Passou metade do dia on-line. Assim que descobriu que podiam ter a resposta com grande rapidez, o medo o atingiu em cheio. Paralisado diante do computador, Joseph se deu conta de que a resposta talvez não fosse a que ele gostaria de ouvir, a que ele precisava ouvir. E veio à tona uma série de emoções esquisitas que não estava preparado para encarar. Na maior parte do tempo, tinha a sensação de que Demi estava carregando um filho seu, mas, enquanto fitava a tela, a certeza desapareceu.
– Isso foi há meses, Joseph. – Demi enxugou as lágrimas, chocada por ele já
saber há tanto tempo. – Eu não entendo. Por que você escondeu uma coisa dessas de mim?
Chegando mais perto, Joseph passou a mão pelos cabelos. Tudo o que queria era tocá-la, consolá-la, mas ela havia levantado a guarda, então ele iria com calma.
– Eu estava ganhando tempo – falou baixinho, e olhou para Demi, que ficava cada vez mais confusa. – É isso. Eu estava ganhando tempo.
– Ganhando tempo? Ganhando tempo para quê? Não podemos deter o inevitável. Mas poderíamos ter impedido que o Alex fosse às consultas.
Joseph balançou a cabeça, despejando seus temores:
– Não, não podíamos. Ele é o pai. Não eu.
Demi prendeu a respiração diante da admissão dele. As pernas ficaram bambas. Joseph estava revelando algo que ocultara naturalmente, sem esforço, no decorrer dos meses passados. Ela não sabia se gritava ou se chorava. Entretanto, sabia que ele fizera aquilo por ela. Não podia negar seu instinto natural, sempre protegendo os sentimentos dela. Joseph a resguardara, ocultando seus medos. Enquanto o observava desmoronar, resolveu revelar algo que começara a sentir nos últimos meses, mas que não reconhecera até agora. Uma sensação tão acalentadora que poderia derretê-la.
– Você é o pai deste bebê, Joseph Jonas. Está me ouvindo?
Joseph a encarou por um longo momento, a mente tomada por pensamentos amargos. Queria acreditar nela, mas não conseguia.
– Não sou, não, Demi – sussurrou. – Ele é o pai.
Com o coração estilhaçado, Demi chegou mais perto e buscou as mãos dele. Segurou-as contra a barriga enquanto o bebê tentava sair chutando. Olhou fundo nos olhos cansados de Joseph e ergueu as mãos para tomar o rosto dele.
– Você é o pai. Deixe-me dizer como eu sei – disse Demi aos prantos, e o beijou. – Eu sei porque sinto cada parte de você correndo pelas minhas veias. Seu sangue, seu coração, sua alma. Dá para sentir. Eu sinto o amor dele por você. Cada vez que você fala, ele se mexe. Cada vez que você ri, eu juro que ele vibra como se estivesse compartilhando uma piada com você. – enlaçando o pescoço de Joseph, segurou os cabelos dele e enterrou o rosto em seu peito. – Eu sei que você consegue senti-lo se mexer, Joseph, e ele sabe que as mãos do pai estão na minha barriga. Ele sabe.
Joseph dissera que as mãos de Demi tremiam a cada vez que ela o tocava. Naquele momento, ele é que não conseguia firmar as mãos. Alisou a barriga protuberante de Demi, sentindo a vida que poderia ser dos dois se remexer dentro do corpo dela.
Com lágrimas escorrendo pelo rosto, Demi encarou Joseph.
– Preciso da sua fé em tudo aquilo que estamos destinados a ser. – ela respirou, trêmula. – Preciso que você seja mais forte do que os seus temores e medos. Não ouse desistir de nós, Joseph. Não desista dele. Por favor.
– Não vou desistir – sussurrou, puxando-a para seus braços. – Juro por Deus que não vou.
De pé em seu escritório com a mulher que lhe mostrara o que era ter a fé restaurada com o simples toque, Joseph já não temia mais não ser o pai daquela criança. Entregou-se à certeza de que Demi acreditava que ele fosse e amava cada um de seus medos. E à certeza de que outra vida já o amava.

e a selena ligou mesmo para o programa né? hahhaa
será que a demi, o alex o e Joseph irão fazer o exame?
aguardem pelos o próximos capítulos para ver hahaha
gostaram? comentem e até o próximo.
bjs amores <3
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