Meu olhar estava focado em Demi enquanto ela andava pelo restaurante, atendendo os
clientes. Eu me sentei em um canto nos fundos do salão, um lugar onde dificilmente ela
conseguiria me ver. Eu não deveria estar aqui. Minha mente conhecia todos os motivos pelos
quais eu não deveria ter vindo ao restaurante, mas meu coração parecia atraído por Demi.
Ela ainda tinha o mesmo sorriso. Isso me deixou feliz e triste ao mesmo tempo. Quantos
sorrisos eu perdi? Para quem ela sorria agora?
— Aqui está sua omelete — disse a garçonete, colocando o prato na minha frente. Seu
rosto estava um pouco pálido, e o suor escorria por sua testa. Ela deu um sorriso forçado. —
Deseja mais alguma coisa?
— Suco de laranja seria ótimo.
Ela assentiu e saiu.
Peguei o saleiro e comecei a colocar sal na omelete. Uma risada alta soou ao longe, e eu
respirei fundo. A risada de Demi. Ainda era a mesma. Fechei os olhos e senti um aperto no
peito. As recordações me atingiram como um furacão, e minha mente foi invadida por todas
as vezes que me deitei ao seu lado, ouvindo sua risada atravessar minha alma.
— Se você queria um prato de sal com omelete, e não o contrário, poderia ter pedido —
disse uma voz, trazendo meus pensamentos de volta. Olhei para a comida. Havia me
descuidado e passado os últimos cinco minutos colocando sal nela.
— Desculpe — murmurei, pousando o saleiro na mesa.
— Não precisa se desculpar. Todos temos nossas preferências. Bem, a equipe de garçons
está bastante atarefada, Jenny foi para casa porque está com gripe, e fui designada para trazer seu suco de laranja.
Ergui os olhos para a garota. Ela tinha lábios carnudos, com batom rosa, e seus olhos castanhos eram mais do que familiares para mim, eram a única coisa que aquela cidade tinha de extraordinário. Aqueles olhos podiam sorrir por conta própria. O cabelo loiro agora era liso, e a franja caía sobre as sobrancelhas.
Nós permanecemos em silêncio.
Ela ficou me encarando.
Eu não desviei o olhar.
Demi.
Meu maior vício.
Ela estava linda, mas isso não me surpreendia. Não havia um dia em que eu não me
lembrasse do quanto ela era bonita. Mesmo quando eu estava tão mal que não conseguia nem abrir os olhos, me lembrava da beleza de suas palavras suaves me implorando para voltar para ela, para continuar a respirar.
— Joseph — sussurrou Demi, colocando o copo de suco na mesa.
Eu me levantei da cadeira, e ela deu um passo na minha direção. No começo, achei que iria
me abraçar, me perdoar por eu ser desse jeito e por nunca ter retornado suas ligações. Mas ela não iria me abraçar. A palma de sua mão estava aberta, e soube naquele momento que ela iria me dar um tapa. Com força. Sempre que Demi fazia algo, era com força total. Ela nunca fazia nada meia-boca.
Seu braço se ergueu e veio na minha direção rapidamente. Eu estava pronto para o
merecido tapa na cara. Fechei os olhos, mas não senti seu toque. Meu Deus, como eu queria
sentir seu toque. Abri os olhos e encontrei a mão trêmula pairando no ar a centímetros do
meu rosto. Nossos olhos se encontraram, e eu vi lágrimas brotando dos seus. Vi também sua
mente confusa, o coração ferido.
— Oi, Demi.
Ela se retraiu e fechou os olhos. Sua mão continuou pairando no ar, e eu ergui a minha
para levar seus dedos ao meu rosto. Um pequeno gemido de dor escapou de seus lábios
quando ela tocou minha pele. Eu a puxei para perto e a abracei. E parecia que tudo tinha
acontecido ontem. Sua pele estava fria como sempre, e meu corpo aqueceu o dela. Demi
passou os braços em torno do meu pescoço, abraçando-me como se me perdoasse por todas as ligações não atendidas e pelo meu silêncio.
Seus dedos me agarraram, quase se enterrando em minha pele, como se eu fosse uma
miragem prestes a desaparecer. Eu não a culpava e eu já tinha feito isso antes.
Cheirei seu cabelo.
Pêssegos.
Cara, eu odiava pêssegos até aquele dia.
Ela tinha o perfume do fim do verão. Suave, doce, perfeito.
Porra, meu maior vício.
— Senti sua falta... — disse ela no meu ouvido.
— Eu sei.
— Você foi embora...
— Eu sei.
— Como você se atreve...
— Eu sei.
O corpo de Demi se retesou, e ela se afastou de mim. A tristeza em seus olhos tinha
desaparecido. Só a raiva permaneceu.
Aquilo parecia certo.
— Você sabe? — sussurrou ela.
Demi estava de pé, mas ainda assim parecia tão pequena. De braços cruzados, ela mordia
o lábio inferior. Surgiram pequenas rugas nos cantos de seus olhos, e ficou claro para mim
que ela não era a mesma garota que eu deixei para trás há alguns anos. Era uma mulher
adulta agora, e uma chama ardia bem no fundo de sua alma.
— Eu te liguei — continuou ela.
— Eu sei.
Sua testa franziu.
— Não, você não sabe. Eu te liguei, Joseph. Deixei mais de quinhentas mensagens.
Mil e noventa mensagens.
Não quis corrigi-la.
— Você desapareceu. Você me deixou. Você nos deixou. Deixou Nicholas. Deixou todos nós.
Eu entendo que precisava de um tempo, mas você simplesmente foi embora. Depois do que
passamos, do que aconteceu, você me deixou sozinha para lidar com tudo aquilo.
— Eu fui me tratar. Estava tentando lidar com os problemas da minha mãe, com o que
aconteceu com você, e sim, eu estava mal, mas só precisava de tempo.
— Eu te dei um tempo, e mesmo assim você sumiu.
— Você me ligou todos os dias, Demi. Isso não é dar um tempo.
— Nicholas e eu salvamos sua vida e achamos que você iria voltar. Eu te liguei todos os dias
para que você soubesse que eu estava aqui, te esperando. Achei que iria voltar para mim. Para nós.
— Você não pode salvar a vida das pessoas e não pode esperar que elas voltem, Demi.
Você deveria saber disso depois do que aconteceu com...
Eu me interrompi, mas não podia voltar atrás em minhas palavras. Demi sabia o que eu
iria dizer. Você deveria saber disso depois do que aconteceu com seu pai.
— Isso foi cruel.
— Eu não disse nada.
— Para alguém que não disse nada, você com certeza foi bastante claro. — a voz dela
falhou. — Mais de quinhentas mensagens, e nenhuma resposta.
Mil e noventa mensagens.
Não a corrigi.
— Eu não tinha nada a dizer a você — menti.
Eu estava construindo uma muralha em torno de mim, sabia que precisava fazer isso ao
voltar para True Falls. Precisava manter a cabeça no lugar e as emoções sob controle para não entrar na vida de Demi novamente. Da última vez que fiz isso, eu a arruinei. Então, eu tinha que ser frio e cruel.
Porque ela merecia mais do que ficar esperando por um telefonema de alguém como eu.
— Nada? — Demi recuou, espantada. — Nem uma palavra? Nem mesmo um oi?
— Sempre fui melhor em despedidas.
— Uau...
Ela respirou fundo.
Tudo que eu sentia por ela estava voltando, mais forte do que nunca. Senti raiva de mim
mesmo por não ter retornado as ligações, estava triste, feliz, confuso, apaixonado. Eu sentia
todas as emoções que Demi sempre despertava em mim.
Minha cabeça estava a segundos de explodir.
— Sabe de uma coisa? — ela pigarreou e me deu um sorriso tenso. — Não vamos fazer
isso.
— Fazer o quê?
— Brigar. Discutir. Porque, se fizermos isso, significa que temos algum tipo de
relacionamento, o que não é verdade. Você se tornou um estranho no momento em que
desapareceu nos campos de milho de Iowa.
Fiz menção de dizer algo, mas Demi se virou e saiu para atender outra mesa. Ela tinha
um falso sorriso no rosto ao falar com os clientes e batia o pé sem parar no chão
quadriculado.
Seus olhos me encaravam.
— Acho que vou querer os ovos mais moles e... — dizia um cliente, mas se deteve quando
Demi se voltou como um furacão para mim. — Bacon...
— Por acaso Nicholas sabe que você está aqui? Ou você também vai atacá-lo de surpresa no
trabalho?
Ela levou as mãos aos quadris e ergueu uma sobrancelha.
Franzi o cenho.
— Sim. É por causa dele que estou aqui. Para o casamento.
— O quê? — perguntou Demi, confusa.
— O casamento... você sabe, meu irmão vai se casar com a sua irmã.
— Mas... — ela fez uma pausa, ficando irritada. — O casamento é só daqui a um mês. Você
voltou um mês antes para ajudar nos preparativos?
— Nicholas me disse que era este fim de semana.
— Bem, isso com certeza seria novidade para mim. Mas, com tudo que está acontecendo,
eu não ficaria chocada.
— O que você quer dizer? O que está acontecendo?
Demi abriu a boca, mas as palavras não saíram. Tentou novamente, mordendo o lábio
inferior.
— Você está usando drogas, Joseph?
— O quê? — perguntei, na defensiva. — Como assim?
— Você sabe o que eu quero dizer. Eu só... — ela começou a tremer, nervosa. — Preciso
saber se você não está chapado. Se está usando alguma coisa.
— Isso não é da sua conta. Se falássemos sobre esse assunto, isso significaria que temos
algum tipo de relacionamento, e, como você disse, nós...
— Joe — sussurrou ela.
O apelido me fez repensar minha indignação e minha atitude defensiva.
Os olhos dela.
Os lábios dela.
Demi.
Meu maior vício.
— Diga — sussurrei de volta.
— Você está usando alguma coisa?
— Não.
— Nem maconha?
— Só maconha — respondi. Um suspiro escapou dos lábios dela. — Qual é, Demi, dá um
tempo. Maconha é permitida em alguns estados.
— Não em Iowa.
Ela começava a parecer preocupada, o que significava que ainda se importava um pouco
comigo, que ainda restava uma esperança. Por que eu estava pensando em ter esperança? Eu
precisava deixar Demi do lado de fora da muralha que não pretendia derrubá-la tão cedo. Se o casamento não fosse naquele fim de semana, eu pegaria o próximo trem para dar o fora
dali.
— Só maconha? — perguntou ela.
— Só maconha.
— Jura?
— Juro.
Ela deu um passo para trás antes de dar dois para a frente e estendeu o dedo mindinho em
minha direção.
— Mesmo?
Olhei para o seu dedo mindinho por um tempo, lembrando-me de todas as promessas que
fazíamos dessa forma quando éramos jovens.
Meu dedo mindinho envolveu o dela. Tudo que eu sentia era aquele toque.
— Mesmo.
Quando soltamos os dedos, ela hesitou antes de estender as mãos na minha direção, e, sem
pensar, eu a puxei para junto de mim. Seus braços me envolveram. Ela me abraçou tão forte
que minha intuição logo me disse que havia alguma coisa errada.
— Demi, o que houve?
Ela me abraçou ainda mais forte, e eu me recusei a soltá-la. Seus lábios moveram-se
próximos ao meu ouvido, sua respiração quente dançou em minha pele.
— Nada. Não foi nada.
Quando nos afastamos, ela uniu as mãos como se fizesse uma oração e pressionou-as
contra os lábios.
— Joe..
Passei os dedos pelo cabelo e assenti.
— Demi...
— Bem-vindo de volta ao lar.
— Aqui não é meu lar. Logo eu irei embora de novo.
Demi deu de ombros.
— Lar é sempre lar, mesmo quando você não quer que seja... E, Joseph? — disse ela,
balançando-se para a frente e para trás sobre os calcanhares.
— Sim?
Ela não disse mais nada, mas ouvi sua voz em alto e bom som.
Também senti sua falta, Demi.
amores, me desculpem pela a demora mas a minha vida esta bem corrida agora.
finalmente o reencontro dos dois e o que será que vai acontecer agora?
será que o Joseph irá voltar para Iowa ou ficar na cidade?
eu estou muito triste pela o que aconteceu com a Demi, we love you Demi <3
o importante agora é a sua recuperação e sua saúde sempre em primeiro lugar.
o que acharam do capítulo? eu espero muito que vocês tenham gostado amores.
deixem suas opiniões também aqui sobre o caso da Demi.
resposta do capítulo anterior aqui.
Muito lindooooo! Quero um Joe melhor, hein? Hum 🤔😤
ResponderExcluirContinua, meu amor. ❤
Ele irá melhorar as poucos.
ExcluirVou postar mais hoje amor.
Beijos, Jessie.
Acredito que agora ela precisa se recuperar. Ficar bem, sabe?
ResponderExcluirWilmer ta ajudando e eu espero que eles fiquem juntos. Vejo que ele faz bem a ela. Vai ficar tudo bem e eu confio em Deus. 💜
Sim, ela irá ficar bem e o que importa agora é a sua recuperação.
ExcluirNoticias dizem que ela já saiu do hospital e que foi para a reabilitação.
Logo ela estará de volta iluminando a todos com a sua voz e o seu sorriso <3