11/11/2016

breathe: capítulo 41


Estacionei na porta da loja do Sr. Henson e corri para dentro. Ele tinha me ligado no dia anterior e parecia bastante estressado, dizendo que a loja ia fechar por causa do idiota da cidade. Stephen provavelmente estava envolvido nisso, e o Sr. Henson não devia estar nada bem. Eu precisava fazer alguma coisa para ajudá-lo, afinal, ele foi a primeira pessoa a me estender a mão quando eu estava completamente perdido.
Quando entrei na Artigos de Utilidade, levei um susto ao ver que o Sr. Henson tinha encaixotado tudo. Toda a magia que havia naquele lugar parecia ter desaparecido. As prateleiras estavam vazias. Todas as misteriosas mercadorias foram guardadas.
— O que diabos está acontecendo? — perguntei, indo na direção do Sr. Henson.
— Stephen conseguiu. Vou fechar a loja.
— O quê? Achei que o senhor fosse me ligar antes de decidir qualquer coisa — passei os dedos pelo cabelo. — O senhor não pode fechar a loja. Ele convenceu as pessoas na reunião do conselho? Ele não pode fazer isso.
— Não importa mais, Joseph. Já vendi a loja.
— Pra quem? Vou desfazer esse negócio de qualquer jeito. Pra quem o senhor vendeu?
— Para o idiota da cidade.
— Stephen não pode ficar com a loja. O senhor não pode deixar ele ganhar.
— Eu não estava falando do Stephen.
— Então de quem está falando?
Ele virou, pegou minha mão e colocou um molho de chaves nela.
— De você.
— O quê?
— É sua, cada centímetro, cada metro quadrado — disse o Sr. Henson.
— O que o senhor está falando?
— Bem — ele se sentou sobre uma caixa. — Já vivi meu sonho. Já experimentei a magia que esse lugar pode oferecer. E agora quero passá-lo para alguém que precisa de um pouquinho de magia na vida. Alguém que precisa continuar sonhando.
— Não vou ficar com a loja.
— Ah, mas essa é a beleza da coisa. Você vai ficar com ela, sim. Já é sua. Já cuidei de toda a papelada. Tudo o que precisa fazer é rubricar alguns papéis.
— E o que eu vou fazer com isso? — perguntei.
— Você tem um sonho, Joseph. Sua loja de móveis artesanais. Sua e do seu pai. Aqui você vai ter uma clientela muito maior do que eu consegui com meus cristais e o tarô. Nunca deixe ninguém acabar com seu sonho, meu filho — ele se levantou da caixa, foi até o balcão, pegou seu chapéu, colocou-o na cabeça e seguiu na direção da porta.
— E o senhor? O que vai fazer? — perguntei ao vê-lo sair, o sininho tocando.
— Vou procurar um novo sonho, porque nunca somos velhos demais pra sonhar, pra descobrir um pouco de magia. Ouvi por aí que a cidade precisa de algumas reformas e tenho um dinheiro guardado. Nós nos falamos depois, nos veremos em breve.
Ele saiu, dando uma piscadela.
Corri até a porta e olhei para a rua, mas o Sr. Henson já tinha desaparecido.
Por um momento pensei que ele fosse fruto da minha imaginação, mas, quando vi as chaves na minha mão, percebi que era real.
— O que você está fazendo aqui?
Eu me virei e vi Demi atrás de mim, com os braços cruzados.
— Demis — murmurei, quase chocado por vê-la tão perto. — Oi.
— Oi? — ela bufou e entrou na loja. Eu a segui. — Oi? — repetiu, agora gritando. — Você desaparece durante meses, sem nem ao menos me dar uma chance de me explicar, e de repente volta e tudo que diz é “oi”? Você é... você é... um puto!
— Demis — falei, dando um passo na direção dela. Ela recuou.
— Não. Não chegue perto de mim.
— Por que não?
— Porque, sempre que você chega perto de mim, não consigo pensar direito, e, nesse momento, preciso dizer algumas coisinhas — ela fez uma pausa e olhou ao redor. — Meu Deus, onde estão as coisas? Por que esse monte de caixas?
Eu a observei por um instante. Seu cabelo estava mais comprido e mais claro. Ela não usava maquiagem, e seus olhos tinham o poder de me deixar apaixonado novamente.
—Você ficou com ela.
— O quê? — perguntou Demi, encostando no balcão.
Eu me aproximei dela, apoiando minhas mãos na bancada, cercando-a.
— Você ficou com Ashley.
Sua respiração tornou-se irregular, e ela olhou para os meus lábios. Fitei os dela.
— Joseph, não tenho ideia do que você está falando.
— No dia do acidente, minha mãe estava sozinha na sala de espera, porque eu e meu pai estávamos no avião, voltando de Detroit. Você a viu, a abraçou.
— Era sua mãe?
Assenti.
— E ela disse que, quando Ashley e Charlie saíram da cirurgia, você ficou com Ashley. Você segurou a mão dela — meus lábios pairavam sobre ela, e eu podia sentir sua respiração. — O que aconteceu quando você estava no quarto com Ashley?
Ela piscou algumas vezes antes de inclinar ligeiramente a cabeça para trás para fitar meu rosto.
— Eu me sentei ao lado dela, segurei sua mão e disse que ela não estava sozinha.
Passei a mão pela testa ao ouvir suas palavras.
— Ela não sofreu, Joseph — continuou ela. — Quando faleceu, os médicos disseram que ela não sentiu nenhuma dor.
— Obrigado — eu disse. Precisava saber disso.
Minha mão esquerda deslizou até a cintura de Demi.
— Joseph, não.
— Diga para eu não te beijar — supliquei. — Diga para eu não fazer isso.
Ela não disse nada, seu corpo trêmulo junto ao meu. Minha boca se aproximou da dela, e eu a beijei com intensidade, pedindo perdão por tudo que fiz, por todos os erros que cometi. Quando nossos lábios se separaram, ela ainda estava tremendo.
— Eu te amo — eu disse.
— Não. Você não me ama.
— Amo.
— Você me abandonou — gritou ela, afastando-se. Foi para o outro lado da loja, esfregando a boca com as costas da mão. — Você me abandonou sem me dar a chance de explicar.
— Não consegui lidar com tudo que estava acontecendo. Pelo amor de Deus, Demi, foi tudo muito rápido!
— E você acha que eu não sei disso? Eu estava passando pelos mesmos pesadelos que você e queria explicar o que aconteceu. Queria que as coisas entre nós dessem certo.
— Ainda quero que dê certo.
Ela riu com sarcasmo.
— Então foi por isso que você continuou deixando aqueles bilhetes? Era um sinal de que você queria que desse certo? Porque você acabou me confundindo ainda mais. Acabou me magoando ainda mais.
— Do que você está falando?
— Dos bilhetinhos. Aqueles que você deixou na janela do meu quarto nos últimos cinco meses, com suas iniciais. Como os bilhetes que trocávamos antes.
Estreitei os olhos.
— Demi, eu não deixei nenhum bilhete pra você.
— Pare com essa palhaçada.
— Não, é sério. Eu só voltei à cidade hoje.
Ela olhou para mim como se não me reconhecesse. Eu me aproximei, e ela se afastou.
— Pare. Pare. Não quero mais ficar brincando, Joseph. Talvez, se você tivesse voltado alguns meses atrás, eu teria te perdoado. Talvez até um mês atrás, mas hoje, não. Pare com os bilhetes e não brinque mais com meu coração, nem com o da minha filha.
Ela virou de costas e saiu da loja, deixando-me extremamente confuso.
Quando fui atrás dela, ela já tinha voltado para o café do outro lado da rua.
Senti um aperto no peito e voltei para a loja. Quando a sineta tocou de novo, eu me virei rápido, na esperança de que fosse Demi. Mas era Stephen.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou ele, a voz ansiosa.
— Agora não, Stephen. Não estou de bom humor.
— Não, não, não. Você não pode estar aqui. Você não pode ter voltado — ele começou a andar de um lado para o outro, passando a mão na nuca. — Você vai acabar arruinando tudo. Ela estava quase voltando pra mim. Ela estava se reaproximando de mim.
— O quê? — o olhar dele me deu ânsia de vomito. — O que você fez?
Ele bufou.
— É meio ridículo. Você vai embora de repente, larga ela sozinha por meses e, no segundo que volta, ela já está em seus braços. Beijando você como se fosse a merda do príncipe encantado. Meus parabéns — ele revirou os olhos e foi até a porta. — Não deveria ser assim — murmurou para si mesmo ao sair da loja.
Fui atrás de Stephen, seguindo-o até a oficina.
— Foi você quem deixou os bilhetes na casa da Demi?
— O quê? Foi mal, mas você era o único que podia fazer isso?
— Você usou minhas iniciais.
Ele foi até um carro, abriu o capô e começou a consertar uma peça.
— Mas você sabia que ela iria pensar que era eu. Como você descobriu sobre os bilhetes?
— Vai com calma, cara, você fala como se eu tivesse câmeras vigiando vocês dois.
Ele olhou para mim com um sorriso inquietante. Fui até ele, puxei-o pela gola da camisa e joguei-o contra um carro.
— Você é maluco? Qual é o seu problema?
— Qual é o meu problema? — berrou. — Qual é o meu problema? Eu ganhei no cara ou coroa! E ele a tirou de mim! Eu disse cara, e ele, coroa, e a moeda caiu no cara! Mas ele achou que poderia simplesmente fazê-la se apaixonar por ele. Foi ele quem estragou tudo. Ela era minha. E zombou de mim durante anos! Implorou que eu fosse o padrinho de casamento dele. Que eu fosse o padrinho de batismo da filha dele. Por anos e anos ele ficou esfregando aquela felicidade na minha cara, quando Demi deveria ser minha! Até que eu
resolvi consertar tudo.
— O quê? — perguntei, soltando a camisa dele. Os olhos de Stephen estavam arregalados, enlouquecidos, e ele não conseguia parar de sorrir. — Consertar o quê?
— Ele disse que o carro estava com problemas. Pediu que eu desse uma olhada, porque iria passar um dia fora da cidade com Elizabeth. Eu sabia que era um sinal, que ele queria que eu fizesse aquilo.
— Aquilo o quê?
— Que eu cortasse o freio. Ele estava me devolvendo Demi. Porque eu ganhei no cara ou coroa. E tudo foi perfeito, mas quando ele pegou a estrada, Elizabeth não estava no banco de trás, ela estava doente. 
Eu não conseguia mais compreender suas palavras. Eu não acreditava no que ele estava dizendo.
— Você tentou matar os dois? Você cortou o freio?
— Eu ganhei no cara ou coroa — berrou Stephen, como se suas palavras fizessem sentido.
— Você é completamente louco.
Ele riu.
— Eu sou louco? Você está apaixonado por uma mulher cujo marido assassinou sua família.
— Ele não matou ninguém. Foi você. Você matou minha família.
Ele negou, balançando o dedo.
— Não, era Zachary quem estava atrás do volante. Era ele quem estava dirigindo. Eu só fui o mecânico que deu uma olhada no carro.
Empurrei Stephen contra o carro mais uma vez.
— Isso não é nenhum jogo. É com a vida das pessoas que você está brincando.
— A vida é um jogo, Joseph. E é melhor você ir embora agora, porque eu já ganhei. Chegou a hora de eu receber meu prêmio, e a última coisa que preciso é de alguém no meu caminho.
— Você é doente — falei, afastando-me dele. — Se você chegar perto de Demi, eu mesmo te mato.
Stephen riu de novo.
— Qual é, cara, você vai me matar? Acho que já tenho o triplo da sua experiência nessa categoria. Ou o quádruplo, contando com hoje, mais tarde.
— Como assim?
— Você acha mesmo que Demi ficaria comigo tendo ao seu lado uma menininha que a lembrasse do marido morto o tempo todo?
— Se você encostar o dedo em Elizabeth... — ameacei, tentando me controlar ao máximo para não dar um murro na cara dele.
— O quê? O que você vai fazer? Me matar?
Nem me lembro de ter socado a cara dele.
Mas lembro dele estirado no chão.


***

— Demi — gritei, entrando no café. — Temos que conversar.
— Joseph, estou trabalhando. Tenho certeza de que já falamos tudo.
Segurei seu antebraço e puxei-a.
— Demi, é sério.
— Tire suas mãos dela — disse Selena. — Agora!
— Selena, você não está entendendo. Demi, foi Stephen. Ele que fez tudo isso. Foi ele quem deixou os bilhetes, causou o acidente, ele estava por trás de tudo.
— Do que você está falando? — perguntou Demi, a confusão transparecendo em seus olhos.
— Explico depois, agora preciso saber onde está Elizabeth. Ela está em perigo, Demi.
— O quê?
Selena suspirou.
— O que você fez com Stephen? — indagou, olhando para o outro lado da rua.
Dois policiais conversavam com ele, e Stephen apontava na minha direção.
Merda.
— Ele é doente. Ele disse que vai machucar Elizabeth.
Demi tremia, extremamente nervosa.
— Por que ele diria isso? Sei que Stephen não é nenhum santo, mas ele nunca iria...
Ela foi interrompida quando os policiais entraram no café
— Joseph Jonas, você está preso por agredir Stephen Amell.
— O quê? — Demi respirou fundo, completamente confusa. — O que está acontecendo?
O policial continuou falando enquanto me algemava.
— Esse cara foi flagrado pela câmera de segurança da oficina agredindo Stephen Amell. — ele se voltou para mim. — Você tem o direito de permanecer calado. Tudo que disser poderá e deverá ser usado contra você no tribunal. Você tem direito a um advogado e, se não puder pagar um, um defensor lhe será indicado.
Eles me arrastaram para fora do café, e Demi veio atrás de nós.
— Espere, isso só pode ser um mal-entendido. Joseph, fale pra eles. Diga que tudo é um engano — implorou ela.
— Demi, cuida da Elizabeth, tá? Assegure-se de que ela esteja bem.
Eu realmente esperava que ela acreditasse em mim. Eu realmente esperava que ela garantisse que Elizabeth estivesse bem.


***

— Deixo você sozinho na loja por três horas e, quando volto, te encontro atrás das grades — brincou o Sr. Henson.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, confuso.
Ele franziu o cenho, e um policial abriu a cela.
— Paguei sua fiança.
— Como sabia que eu estava aqui?
— Ah, eu vi nas cartas de tarô — revirei os olhos, e ele riu. — Joseph, essa cidade é a mais fofoqueira de todas. Ouvi as pessoas falarem. E esse passarinho me contou — disse ele ao virarmos no corredor.
Demi levantou do banco na entrada da delegacia e veio até mim.
— Joseph, o que está acontecendo?
— Elizabeth está em segurança?
Ela fez que sim com a cabeça.
— Ela está com os avós.
— Você explicou a eles o que está acontecendo?
— Ainda não, só pedi que cuidassem dela. Nem eu sei o que está acontecendo, Joseph.
— Stephen armou tudo, Demi. Foi tudo culpa dele. Foi ele quem deixou os bilhetes nos últimos cinco meses. Ele provocou o acidente de Zachary. Ele mesmo me contou, Demi. Você tem que acreditar em mim. Ele acha que tudo é um tipo de jogo, e tenho certeza de que não vai desistir até conseguir o prêmio.
— E qual é o prêmio?
— Você.
Ela engoliu em seco.
— O que nós vamos fazer? Como podemos provar que ele fez tudo isso?
— Não sei. Não sei qual é o próximo passo, mas temos que falar com Sam e levar a polícia até sua casa.
— O quê? Por quê?
— Stephen disse algo sobre câmeras. Acho que ele instalou alguma coisa na sua casa.
As mãos dela tremiam, e eu as segurei.
— Vai dar tudo certo — garanti. — Vamos pensar numa forma de resolver isso. Vai ficar tudo bem.


o que foi esse capítulo gente? 
o grande segredo foi revelado e foi o Stephen que provocou todo o acidente.
O Stephen mereceu o soco do Joseph, esse louco. E o beijo de Jemi? demi tem que logo perdoar ele kkkkk
Gostaram? me contem aqui nos comentários, a história ja já acaba :(
bjs lindonas e até o próximo <3
respostas aqui

2 comentários:

  1. Carambaa, estou de cara com essa revelação esse Stephen é um louco, estou com um ódio grande dele, se ele mexer com a Elizabeth eu mesma mato ele, ninguém mexe com a minha pequenina run... Ahh e esse beijo? Jesus, eu tô tão apaixonada por essa fic e estou com o coração apertado só em saber que está acabando, que triste.. Ansiosa pelos próximos capítulos, posta logo e não me deixe ansiosa, você anda malvada kk, beijos.

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    1. Muito louco ele. Eles se amam não tem jeito hahaha
      Que bom que você está gostando amor, eu to amando passar essa história aqui no blog.
      Infelizmente está acabando, mais já tenho outra história aqui para postar que você vai gostar também.
      Vou postar hoje, não estou sendo malvada kkkk
      bjs lindona <3

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