14/11/2016

breathe: capítulo 42


Um grupo de policiais foi até a minha casa junto com Sam e o pai dele para procurar câmeras escondidas.
Eles encontraram oito, incluindo uma dentro do meu jipe.
Acho que vou vomitar.
Eram câmeras bem pequenas, as mesmas que Sam tinha mencionado quando trocou as fechaduras.
— Não acredito nisso. Que droga, Demi. Desculpe — falou Sam, franzindo a testa. — Stephen foi a única pessoa da cidade que comprou essas câmeras.
— Quantas você vendeu pra ele?
Ele engoliu em seco.
— Oito.
— Como ele pôde fazer isso? Como ele conseguiu instalar essas câmeras? Ele estava nos vigiando todo esse tempo? — perguntei aos policiais, que recolhiam o equipamento.
— É difícil dizer, senhora, mas vamos investigar. Vamos colher as digitais e buscar mais provas. Vamos solucionar esse caso.
Depois que todos foram embora, Joseph me abraçou.
— Temos que buscar Elizabeth. Você precisa ficar ao lado dela.
— Sim, vamos.
Joseph ergueu meu queixo para que eu olhasse bem dentro de seus olhos.
— Vamos resolver tudo isso, Demi. Eu prometo.

***

Durante o percurso até a casa de Starla e David, rezei para que aquilo fosse verdade.
— Demi, o que você está fazendo aqui? — perguntou David, abrindo a porta.
Joseph ficou no carro me esperando.
— Sei que Elizabeth iria passar a noite com vocês, mas acho que eu me sentiria melhor se ela ficasse comigo hoje.
David franziu o cenho, e Starla se aproximou para me cumprimentar.
— Demi, o que está acontecendo?
— Só vim buscar Elizabeth — sorri. — Prometo que explico tudo depois.
— Mas Stephen acabou de levá-la. Ele disse que você estava com problemas no carro e queria que ele a deixasse em casa.
Meu Deus.
Virei e olhei para Joseph. A preocupação estava tão clara em meu rosto que ele fechou a mão e mordeu o próprio punho. Corri na direção dele.
— Stephen está com ela.
— Ligue pra polícia — disse ele.
Entrei no carro, e ele começou a dirigir. Falei com os policiais, e eles disseram que estavam a caminho da minha casa e que nos encontrariam lá.
Eu não conseguia parar de tremer. Minha mente estava confusa, e eu não enxergava direito por causa das lágrimas. Minha cabeça doía. Fui ficando mais tonta a cada segundo. Eu iria desmaiar. Eu iria...
— Demi — disse Joseph com firmeza, agarrando minha mão. — Demi!
Olha pra mim. Olha pra mim!
Solucei, incapaz de olhar para ele.
— Preciso que você respire, por mim, está bem? Preciso que você respire.
Inspirei fundo.
Mas não sei se soltei o ar dos pulmões.

***

— Você consegue pensar em algum lugar para onde ele possa tê-la levado? — interrogou um policial.
— Não — o parceiro dele estava ao meu lado, anotando tudo. O processo todo era lento, e eu não entendia por que eles estavam parados ali quando poderiam estar procurando Elizabeth. — Desculpe, quando vocês realmente vão começar a procurar minha filha?
Joseph deu vários telefonemas. Ele fez questão de contar tudo a todos, e não demorou muito para Selena, Sam, Starla e David aparecerem na minha sala.
Mamãe e Mike já estavam na estrada a caminho e deveriam chegar logo.
— Senhora, sei que está preocupada, mas há um protocolo a ser seguido quando uma criança está desaparecida. Precisamos de uma foto recente e também de mais detalhes, como a cor do cabelo e dos olhos. Ela tinha algum motivo para, talvez, fugir de casa?
— Você está de brincadeira — bufei, sem conseguir acreditar nas palavras que saíram da boca dele. — Acabamos de encontrar câmeras escondidas na minha casa, e você tem a coragem de me perguntar se minha filha fugiu em vez de ter sido raptada? Stephen Amell está com a minha filha, então, que tal fazer a droga do seu trabalho e encontrá-la? — berrei, sem querer descontar tudo nos policiais, mas eu não tinha a quem culpar naquele momento. Eu me sentia tão impotente. Fui eu que fiz isso. Isso é culpa minha. Minha filhinha pode estar ferida, ou pior ainda...
— Demi, vai dar tudo certo. Vamos encontrá-la — murmurou Joseph em meu ouvido. — Vai ficar tudo bem.
Mas não a encontramos naquela noite. A busca continuou por horas, e checamos cada pedacinho da cidade, cada canto da floresta. Não encontramos nada. Absolutamente nada. Mamãe e Mike chegaram, e eles não sabiam o que dizer além de “eles vão encontrá-la”.
Desejei que as palavras me trouxessem mais conforto, mas isso não aconteceu. Eles estavam tão apavorados quanto eu.
Pedi a todos que fossem para casa, mas eles se recusaram e acabaram cochilando na sala.
Quando finalmente cheguei no quarto, Joseph estava lá para me abraçar.
— Sinto muito, Demi.
— Ela é só uma criança... por que ele iria machucá-la? Ela é tudo pra mim.
Ele me abraçou por mais alguns minutos, até que ouvimos alguém bater na janela do meu quarto. Quando olhamos, um post-it estava grudado no vidro.

Tantos livros neste galpão. Qual será que Elizabeth quer ler? Venham descobrir. - S.A

— Meu Deus — murmurei.
— Temos que chamar a polícia — alertou Joseph, pegando o telefone. Olhei pela janela e vi Bubba do lado de fora.
— Não, Joseph. Não podemos. Ele disse para irmos sozinhos.
Saí de casa, e Joseph me seguiu. Ele pegou o ursinho, que estava acompanhado de outro postit.

Bibliotecas e galpões são uma mistura esquisita. Galpões parecem melhores para carros, na minha opinião. – S.A

— Ele está no seu galpão — eu disse a Joseph, que imediatamente me fez recuar com um gesto, seguindo na minha frente.
— Fique atrás de mim — pediu ele ao caminharmos na direção do seu quintal.
— Você é mesmo um herói, Joseph. — Stephen riu, olhando em nossa direção nas sombras, até que se aproximou da luz do galpão. — Olha como você cuida de Demi.
— Stephen, o que está acontecendo? — perguntei, confusa e aterrorizada.
— Você ouviu isso? — sussurrou Joseph. Parei para ouvir o barulho de um carro dentro do galpão.
— Elizabeth está lá dentro, não está? — perguntei a Stephen.
— Você sempre foi inteligente. É por isso que eu te amo. Idiota pra cacete, mas inteligente.
— Você tem que deixar ela sair, Stephen. O gás do escapamento faz mal. Ela pode acabar morrendo.
— Por que você escolheu esse cara? — perguntou ele, encostado na serra de mesa de Joseph.
— Não entendo.
— Não escolhi Joseph, Stephen. Aconteceu.
Joseph se aproximou ainda mais do galpão, mas Stephen protestou.
— Não, não, não. Pode parar por aí, Casanova. Ou eu atiro — ele colocou a mão para trás e pegou uma arma. Meu Deus.
— O que você quer? — perguntei, chorando, meus olhos fixos no galpão onde o carro ainda estava ligado. Minha filhinha... — Stephen, por favor, deixa ela sair.
— Eu só queria você — respondeu ele, girando o revólver. — Desde o primeiro dia, eu queria você. E aí, Zachary roubou você de mim. Vi você primeiro, mas ele não ligou. Ganhei no cara ou coroa e, mesmo assim, ele tirou você de mim. Depois que ele morreu, dei um tempo pra você chorar. Sentir falta dele. Fiquei aqui, te esperando e, de repente, do nada, esse cara aparece e rouba você de novo — Stephen balançou as mãos, a emoção transbordando de
seus olhos. — Por que você não me escolheu, Demi? Por que não voltou pra mim? Por que não consegue me ver?
— Stephen — falei, aproximando-me dele cautelosamente. — Eu vejo você.
Ele negou.
— Não. Você só está com medo. Não sou burro, Demi. Não sou burro.
Encarei seu olhar assustado e continuei andando em sua direção. Precisei de todo meu autocontrole para esconder meu medo. Fiz de tudo para me manter calma.
— Não tenho medo de você, Stephen Michael Amell. Não tenho — toquei o rosto dele. Seus olhos se arregalaram, e sua respiração ficou pesada. — Eu vejo você.
Ele fechou os olhos, deixando seu rosto deslizar pela minha mão.
— Meu Deus, Demi. Você é tudo que eu sempre quis. Minha boca roçou na dele, e senti seu hálito quente.
— Eu sou sua. Sou sua. Podemos fugir juntos — sugeri, minhas mãos tocando seu peito. — Podemos começar do zero.
— Só nós dois? — murmurou ele.
Minha testa encostou na dele.
— Só nós dois.
Sua mão livre tocou minhas costas, e eu estremeci. Os dedos dele levantaram minha blusa, e ele passou a mão pela minha pele.
— Meu Deus, eu sempre quis isso.
Senti seu hálito em meu pescoço, e ele me beijou suavemente. Um calafrio percorreu meu corpo. Sua língua tocou minha pele, explorando-a devagar.
Ouvimos o barulho do galpão se abrindo atrás de nós, e os olhos de Stephen se abriram.
— Sua vaca — sibilou ele, sentindo-se traído. Ele me empurrou e ergueu a arma para atirar em Joseph, que tinha desaparecido dentro do galpão. Quando Stephen estava prestes a persegui-lo, agarrei sua perna, fazendo-o cair no chão.
A arma escorregou da mão dele e caiu entre nós, e nos engalfinhamos para pegá-la. O revólver estava entre nossas mãos, e Stephen me empurrou novamente, dando uma cotovelada no meu olho.
— Solta a arma, Demi — gritou, mas eu não a soltei. Eu não conseguia. Joseph e Elizabeth precisavam sair em segurança. Ele tinha que salvar minha filha. — Eu juro por Deus, Demi, eu vou atirar. Eu te amo, mas eu vou atirar. Solta a arma, por favor!
— Stephen, não faça isso! — implorei, sentindo a arma escorregar da minha mão. — Por favor.
Eu só queria que aquele pesadelo chegasse ao fim.
Eu te amo — sussurrou ele, com lágrimas nos olhos. — Eu te amo.
O próximo som que ouvi foi o da arma disparando. Continuamos a lutar um com o outro, e ouvi o segundo tiro. Imediatamente senti alguma coisa queimar meu corpo, fazendo o vômito chegar à minha garganta. Meus olhos se arregalaram, e fiquei apavorada com todo o sangue. Era eu que estava sangrando? Eu estava morrendo?
— Demi — gritou Joseph, saindo correndo do galpão com Elizabeth nos braços.
Me virei para ele, meu corpo em choque, completamente coberto de sangue que não era meu.
Stephen estava caído debaixo de mim, seu corpo imóvel, o sangue se derramando no chão. Meu Deus.
— Eu matei ele. Eu matei. Eu matei — chorei, tremendo incontrolavelmente.
Naquele momento, todo mundo que estava na minha casa já tinha ido para o jardim. Acho que ouvi gritos. Alguém dizia que ia ligar para a emergência. Uma mão pousou no meu ombro, suplicando que eu me levantasse. Elizabeth não estava respirando, alguém disse. Outra voz mandava Joseph continuar a massagem cardíaca. Meu mundo girava. Parecia que tudo estava acontecendo em câmera lenta. As luzes vermelhas, brancas e azuis na frente da minha casa invadiam minha alma. Os paramédicos começaram a cuidar de Elizabeth. Mamãe chorava.
Selena soluçava. Alguém gritava meu nome.
Tinha tanto sangue.
Eu matei.
— Demi — chamou Joseph, fazendo-me voltar à realidade. — Demi, meu amor — ele abaixou e tocou meu rosto. Minhas lágrimas caíram na mão dele, que abriu um sorriso triste. — Meu amor, você está em choque. Você foi baleada? Está ferida?
— Eu matei Stephen — murmurei, virando a cabeça para olhar o corpo dele, mas Joseph me impediu.
— Meu amor, não. Não foi você. Só preciso que você volte pra mim, tudo bem, Demi? Preciso que você abaixe a arma.
Olhei para minhas mãos cheias de sangue que ainda seguravam o revólver.
— Minha nossa — murmurei, soltando a arma. Joseph rapidamente me carregou no colo para longe do corpo imóvel de Stephen. Encostei a cabeça no peito dele enquanto os paramédicos corriam em nossa direção.
— Onde está Elizabeth? — perguntei, olhando para todos os lados, procurando. — Onde está Elizabeth?
— Ela está a caminho do hospital — explicou Joseph.
— Tenho que ir — falei, afastando-me de Joseph. Minhas pernas tremiam, e eu quase caí no chão. — Preciso ter certeza de que ela vai ficar bem.
— Demi — chamou ele, sacudindo meus ombros. — Preciso que você preste atenção em mim. Suas pupilas estão dilatadas, seus batimentos cardíacos, nas alturas, e sua respiração, irregular. Você tem que deixar o paramédico te examinar.
Os lábios dele continuaram se movendo. Tentei entender o que ele falava, mas não consegui.
Meu corpo ficou rígido, meus olhos fecharam.
Tudo ficou escuro.

— Elizabeth — gritei, abrindo os olhos e sentando. Uma pontada de dor fez com que eu voltasse a deitar. Meus olhos percorreram o quarto, e vi equipamentos hospitalares.
— Bem-vinda de volta, querida — disse mamãe, sentando-se ao meu lado. Semicerrei os olhos, confusa. Ela se inclinou e passou a mão pelo meu cabelo. — Tudo bem, Demi. Vai ficar tudo bem.
— O que aconteceu? Onde está Elizabeth?
— Joseph está com ela.
— Ela está bem? — perguntei. Tentei sentar novamente, mas uma dor no lado esquerdo do meu corpo não permitiu. — Jesus!
— Fique calma. A bala a atingiu de raspão na lateral do corpo. Elizabeth está bem, só estamos esperando que ela acorde. Ela está com um tubo pra respirar melhor, mas está bem.
— Joseph está com ela? — perguntei.
Mamãe fez que sim. Minha cabeça começou a funcionar melhor quando olhei para o meu corpo. O lado esquerdo estava com ataduras, e eu estava coberta de manchas de sangue, minhas e de...
— Stephen... O que aconteceu com Stephen?
Mamãe franziu a testa, balançando a cabeça.
— Ele não resistiu.
Virei a cabeça e olhei pela janela. Eu não sabia se me sentia aliviada ou confusa.
— Você poderia dar uma olhada em Elizabeth? — perguntei.
Ela beijou minha testa e disse que voltava logo. Mas eu preferia que ela não se apressasse. A solidão parecia ser a melhor coisa para mim.

esse stephen é maluco, sequestrar a elizabeth. 
tremi com esse capítulo, ainda bem que o Joseph salvou ela. 
Por um momento quando li esse capítulo, achei que a demi tivesse levado o tiro :( 
Gostaram? me contem aqui nos comentários.
bjs lindonas e até o próximo <3
respostas aqui

4 comentários:

  1. Quase morro aqui com esse capítulo.... que desespero... Elisabeth em perigo, Demi brigando pela arma... os tiros ... o sangue.... a massagem cardíaca na Elisabeth... Jesus que horror... eu sabia que o Stephen tinha provocado o acidente.... até que enfim eles se livraram dele... postaaaa!!!!

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    1. Desespero mesmo, ainda bem que no final ficou tudo bem.
      Stephen sempre teve culpa no cartório.
      Vou postar hoje lindona, bjs <3

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  2. Eu literalmente tremi com esse capítulo, não me julgem, mas eu fiquei completamente feliz por ele ter morrido, pelo amor de Deus, como uma pessoa faz isso com uma criança? Ainda mais com a Elisabeth, achei que o pior fosse acontecer com ela, mas graças a Deus tá tudo bem e eles se livraram desse psicopata.. Postaaa logo, por favor.

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    1. Também fiquei feliz, ele é louco.
      Tudo ocorreu bem ainda bem.
      Vou postar hoje lindona, bjs <3

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