03/07/2016

certain love: capítulo 18


— Tem certeza que a gente ainda tá na 55? - pergunto bem mais tarde, depois que escurece e parece que não vejo nenhum carro indo nem vindo há uma eternidade. Só campos, árvores e uma vaca aqui e ali. 
— Sim, gata, esta ainda é a 55, eu verifiquei. 
Quando ele diz isso, passamos por mais uma placa que realmente diz: 55. 
Me levanto do braço de Joseph, sobre o qual minha cabeça esteve encostada por uma hora, e começo a espreguiçar os braços, as pernas e as costas. Me curvo e massageio as panturrilhas, em seguida, acho que cada músculo do meu corpo endureceu feito cimento em volta dos ossos. 
— Precisa sair e esticar um pouco as pernas? - Joseph pergunta. 
Olho para o rosto dele nas sombras, um tom levemente azulado tinge sua pele. Seu maxilar esculpido parece mais pronunciado no escuro.
 — Preciso - respondo, e me debruço sobre o painel para ver melhor pelo para-brisa como é a paisagem. Claro. Campos e árvores e eu já devia saber. Mas então noto o céu. Me espremo mais contra o painel e olho para cima, para as estrelas envelopadas na escuridão infinita, notando como é fácil enxergá-las e quantas são, sem nenhuma luz artificial num raio de quilômetros.
 — Quer sair e andar um pouco? - ele pergunta, ainda esperando o resto da minha resposta. Tenho uma ideia, sorrio amplamente para ele e balanço a cabeça. 
— Acho uma ótima ideia. Tem um cobertor no porta-malas? 
Ele me olha por um momento, curioso. 
— Tenho, sim, naquela caixa com coisas pra emergências na estrada. Por quê? 
— Sei que pode parecer clichê - começo. — Mas é uma coisa que eu sempre quis fazer... você já dormiu sob as estrelas? - me sinto meio boba perguntando, porque acho que é meio clichê, e nada em Joseph, até agora, chegou perto de ser clichê. 
Seu rosto se abre num sorriso terno. 
— Na verdade, não, nunca dormi sob as estrelas, tá ficando romântica de repente, Demi Lovato? - ele me olha com uma expressão brincalhona. 
— Não! - eu rio. — Vai, falando sério, acho que é a oportunidade perfeita - gesticulo na direção do para-brisa. — Olha o tamanho desses campos. 
— É, mas a gente não pode estender um cobertor numa plantação de algodão ou de milho - ele diz. — E a maior parte do tempo esses campos têm água pelo tornozelo. 
— Mas nos pastos só tem grama e bosta de vaca - retruco. 
— Você quer dormir no lugar onde as vacas cagam? - ele diz casualmente, mas com o mesmo humor. 
Dou uma risadinha. 
— Não, só na grama. Ah, vai... - então lhe endereço um olhar provocador. — Que foi, tá com medo de um pouco de bosta de vaca? 
— Ha-ha! - Joseph balança a cabeça. — Demi, não existe “um pouco” de bosta de vaca. 
Volto para perto dele, deito a cabeça no seu colo e olho para cima fazendo bico. 
— Por favor? - eu pisco várias vezes. 
E tento sem sucesso não pensar no que a minha cabeça está apoiada. 
Derreto completamente quando ela me olha desse jeito. Como posso dizer não pra ela? Pode ser perto de um monte de bosta de vaca ou debaixo de uma ponte, junto com um sem-teto bêbado, eu dormiria em qualquer lugar com ela. 
Mas esse é o problema. 
Acho que se tornou um problema assim que ela decidiu se sentar perto de mim no carro. Porque foi aí que ela mudou, que acho que começou a acreditar que quer mais de mim do que sexo oral. Até fiz isso por ela em Birmingham, mas não posso deixar que ela queira mais. Não posso deixar que me toque e não posso dormir com ela. 
Eu quero Demi, quero de todas as formas imagináveis, mas não consigo nem pensar em partir seu coração, aquele corpinho dela é outra história, eu adoraria judiar dele. 
Mas, se ela se entregar pra mim, é o que vai acontecer no final: vou partir o coração dela.
Ficou mais difícil depois que ela me falou do ex... 
— Por favor - Demi diz mais uma vez. 
Apesar de esbravejar comigo mesmo mentalmente, passo o dedo no contorno do seu rosto e digo bem baixinho: 
— Tá.
Nunca fui o tipo de cara que ouve a voz da razão quando quero alguma coisa, mas com Demi estou mandando a razão se foder muito mais do que de costume. 
Mais dez minutos dirigindo e encontro um pasto que parece um mar de grama infinito e plano, e paro o carro na beira da estrada. Estamos literalmente no meio do nada. 
Saímos e eu tranco as portas, deixando tudo dentro do carro. Abro o porta-malas e mexo na caixa de emergência, procurando o cobertor enrolado, que cheira a carro velho e um pouco também a gasolina. 
— Tá fedendo - digo, dando uma fungada. 
Demi se curva e inspira, torcendo o nariz. 
— Tudo bem, eu não ligo. 
Nem eu. Sei que ela vai deixar um cheiro melhor nele. 
Sem nem pensar a respeito, dou a mão para ela, descemos uma pequena encosta para uma vala e subimos pelo outro lado até uma cerca baixa que nos separa do pasto. 
Começo a procurar a maneira mais fácil de Demi passar pela cerca. Quando dou por mim, ela soltou minha mão e está escalando aquela porra. 
— Rápido! - ela diz, pousando agachada do outro lado. 
Não consigo parar de sorrir. 
Salto por cima da cerca, pouso ao lado dela e saímos correndo pelo campo; ela como uma gazela graciosa, eu como um leão que a persegue. Ouço os chinelos de dedo de Demi batendo em seus pés quando ela corre, e vejo mechas de cabelo louro se iluminando ao redor da sua cabeça quando a brisa os agita. Seguro o cobertor com uma mão enquanto corro atrás dela, deixando-a ficar alguns passos à minha frente; assim, se ela cair, vou poder primeiro rir de sua cara e depois ajudá-la a levantar. Está tão escuro, só com o luar iluminando a paisagem. Mas há luz suficiente para enxergarmos onde estamos pisando sem cair em alguma vala ou tropeçar numa árvore. 
E não vejo nenhuma vaca, o que significa que pode ser um campo sem bosta, o que é uma vantagem. 
Nos afastamos tanto do carro que a única parte dele que consigo ver é o brilho refletido pelas rodas cromadas. 
— Acho que aqui tá bom - Demi diz, parando, sem fôlego. 
As árvores mais próximas ficam a uns 30 ou 35 metros em qualquer direção. 
Ela ergue os braços bem acima da cabeça e levanta o queixo, deixando a brisa
acariciar seu corpo. Está sorrindo tanto, de olhos fechados, que não quero dizer nada para não perturbar seu momento com a natureza. 
Desenrolo e estendo o cobertor no chão. 
— Fala a verdade - ela diz, segurando meu pulso e me fazendo sentar no cobertor ao lado dela. — Nunca passou mesmo a noite sob as estrelas com uma garota? 
Balanço a cabeça. 
— É verdade. 
Ela parece gostar de saber disso. Eu a observo sorrir para mim enquanto um vento leve passa entre nós e espalha fios de cabelo sobre o seu rosto. Ela tira algumas mechas de cima dos lábios, passando os dedos com cuidado. 
— Não sou o tipo de cara que espalha pétalas de rosa na cama. 
— Não? - ela diz, um pouco surpresa. — Na verdade, acho que você deve ser um cara bem romântico. 
Dou de ombros. Ela está jogando um verde? Acho que está. 
— Bom, depende da tua definição de romântico - respondo. — Se uma garota espera um jantar à luz de velas com Michael Bolton tocando ao fundo, com certeza escolheu o cara errado.
 Demi ri. 
— Bom, isso é um pouco romântico demais - ela diz. — Mas aposto que você já foi capaz de gestos românticos. 
— Acho que sim - respondo, sinceramente não me lembrando de nenhum, no momento. 
Ela me olha com a cabeça inclinada para um lado. 
— Você é um daqueles - diz. 
— Um daqueles o quê? 
— Caras que não gostam de falar das suas ex. 
— Você quer saber das minhas ex? 
— Claro. 
Demi se deita de costas, com os joelhos nus levantados, e bate a mão no lugar ao seu lado no cobertor. 
Deito ao lado dela na mesma posição. 
— Me fala do teu primeiro amor - ela pede, e eu já sinto que não deveríamos ter essa conversa, mas se é disso que Demi quer falar, vou fazer o melhor que posso para contar o que ela quer saber. 
Acho que é justo, já que ela me falou do seu. 
— Bom - digo, olhando para o céu estrelado. — Ela se chamava Ashley. 
— E você a amava? - Demi olha para mim, deitando a cabeça de lado. 
Continuo olhando as estrelas. 
— Amava, sim, mas não era pra ser. 
— Quanto tempo vocês ficaram juntos? 
Me pergunto por que ela quer saber, a maioria das garotas que conheço entra naquele modo de ciúme mercurial que me faz querer proteger minhas bolas sempre que começo a falar das minhas ex. 
— Dois anos - respondo. — O fim foi mútuo, a gente começou a se interessar por outras pessoas, e acho que chegamos à conclusão de que o amor não era tão grande assim. 
— Ou então o amor simplesmente acabou. 
— Não, a gente nunca chegou a se apaixonar mesmo. 
Só olho para ela, desta vez. 
— Como você sabe a diferença? - ela pergunta. 
Penso nisso por um momento, examinando seus olhos, que estão a uns 30 centímetros dos meus. Posso sentir o cheiro de canela da sua pasta de dentes quando ela respira. 
— Acho que o amor nunca acaba de verdade quando a gente ama alguém - digo, e vejo um pensamento passar por seus olhos. — Acho que quando você se apaixona, quando ama de verdade, é amor pra vida inteira. Todo o resto são só experiências e ilusões. 
— Não sabia que você era tão filosófico - ela sorri. — Preciso te avisar que isso também é romântico. 
Normalmente é Demi quem fica vermelha, mas desta vez a danada me pegou. 
Tento não olhar para ela, mas não é fácil. 
— Então quem você amou de verdade? - ela pergunta. 
Estico as pernas à minha frente, pondo um tornozelo sobre o outro e cruzando os dedos na barriga. Olho para o céu, e com o canto do olho, vejo Demi fazer o mesmo.
— Sinceramente? 
— Sim - ela diz. — Tô curiosa, só isso. 
Olho para um grupo brilhante de estrelas no céu e digo: — Bom, ninguém. 
Ela solta ar pelos lábios, bufando um pouco. 
— Ah, por favor, Joseph; você não disse que iria ser sincero? 
— Eu tô sendo sincero - digo, olhando para ela. — Algumas vezes achei que tava apaixonado, mas... por que a gente tá falando disso, afinal? 
Demi deita a cabeça de novo e não está mais sorrindo. Parece um pouco triste. 
— Acho que eu tava te usando como meu analista de novo. 
Meus olhos se aproximam. 
— Como assim? 
Ela desvia o olhar, sua linda trança loura cai do ombro sobre o cobertor. 
— Porque tô começando a achar que talvez eu não estivesse... não, não posso dizer uma coisa dessas - ela não é mais a Demi feliz e sorridente que correu para cá comigo. 
Ergo as costas do cobertor e me apoio nos cotovelos. Olho para ela, curioso. 
— Você pode dizer tudo o que sente, sempre que precisar. Talvez dizer seja exatamente o que você precisa. 
Ela nem me olha. 
— Mas me sinto culpada só de pensar nisso. 
— Bom, sentimento de culpa é foda, mas, se você tá pensando nisso, não acha que pode ser verdade? 
Ela deita a cabeça de novo. 
— Diz e pronto. Se depois de dizer você achar que não foi certo, aí pode trabalhar isso, mas se ficar segurando essas coisas, a incerteza vai ser ainda mais foda do que a culpa. 
Demi olha para as estrelas de novo. Também olho, só para lhe dar tempo de pensar. 
— Talvez eu nunca tenha sido apaixonada pelo Wilmer - ela confessa. — Eu o amava, muito, mas se estivesse apaixonada por ele... acho que talvez ainda estaria. 
— É uma boa observação - digo, e sorrio discretamente, esperando que ela também possa sorrir de novo. Odeio vê-la de testa franzida. 
Seu rosto está neutro, contemplativo.
— E o que faz você achar que nunca foi apaixonada por ele? 
Ela me olha de frente, analisando meu rosto, e depois responde: — Porque quando tô com você, já não penso mais tanto nele. 
Me deito de novo imediatamente e dirijo o olhar para o céu negro. Provavelmente conseguiria contar todas aquelas estrelas se tentasse, só para me distrair, mas tem uma distração muito maior do que todas as estrelas do universo deitada ao meu lado. 
Preciso dar um fim nisso, e logo. 
— Bom, eu sou ótima companhia - digo, com um sorriso na voz. — E fiz você arrastar essa bundinha pra todo lado na cama naquela noite, então acho normal que esteja mais inclinada a pensar na minha cabeça no meio das tuas pernas do que em qualquer outra coisa - só estou tentando fazê-la voltar ao seu humor brincalhão, ainda que isso signifique que ela vai me dar um soco e me acusar de quebrar a promessa do “como se nunca tivesse acontecido”. 
E eu levo mesmo um soco, depois que Demi se apoia nos cotovelos, como fiz. 
Ela ri. 
— Seu babaca! 
Rio mais alto, eu jogaria a cabeça para trás, se já não estivesse encostada no chão. 
Então ela chega mais perto de mim, apoiada num cotovelo e me olhando. Sinto a maciez do seu cabelo roçando o meu braço. 
— Por que você não me beija? - ela pergunta, e isso me surpreende. — Quando você me chupou ontem, não me beijou nenhuma vez. Por quê? 
— Beijei você sim. 
— Não beijou-beijou - ela discorda, e está tão perto dos meus lábios que quero beijá-la agora, mas não faço isso. — Não sei o que achar disso, não gosto do que acho, mas não tenho certeza do que deveria achar. 
— Bem, você não devia achar ruim, isso eu sei - respondo, sendo tão vago quanto possível. 
— Mas por quê? - ela sonda, e sua expressão começa a ficar mais dura. 
Capitulo e confesso: 
— Porque beijar é muito íntimo. 
Ela inclina a cabeça.
— Então você não me beija pelo mesmo motivo que não me come? 
Fico de pau duro na hora. Torço muito para que ela não perceba. 
— Sim - respondo, e antes que eu possa dizer mais alguma coisa, ela sobe no meu colo. Porra, se ela ainda não sabia que meu pau está duro como um ferro, agora com certeza sabe. Seus joelhos nus estão apoiados no cobertor dos dois lados do meu corpo e ela se abaixa, sustentando seu peso com os braços, e praticamente morro quando seus lábios roçam os meus. 
Ela me olha nos olhos e diz: 
— Não vou tentar te forçar a dormir comigo, mas quero que me beije. Só um beijo. 
— Por quê? - pergunto. 
Ela precisa mesmo sair do meu colo. Puta merda... não tá ajudando nada saber que meu pau tá encaixado bem no meio da bunda dela, agora. Se ela deslizar 2 centímetros pra baixo... 
— Porque quero saber como é o teu beijo - ela suspira na minha boca. 
Minhas mãos sobem pelas pernas e pela cintura dela, e eu cravo os dedos no seu corpo. Seu cheiro é bom pra caramba. A sensação é incrível, e ela só está sentada em cima de mim. Não consigo nem começar a imaginar como ela é por dentro, a ideia me deixa louco. 
Então sinto que ela se aperta contra mim por cima das roupas, sua bundinha se mexendo suavemente, só uma vez para me convencer, e aí ela para e fica imóvel no lugar. Estou latejando tanto que dói. Seus olhos vasculham meu rosto e meus lábios, e tudo o que quero é arrancar suas roupas e enterrar meu pau nela. 
Demi se curva e encosta os lábios nos meus, enfiando a língua quente na minha boca relutante. Minha língua se move devagar sobre a dela, saboreando-a primeiro, sentindo sua umidade quente quando começa a se enroscar na minha. Respiramos fundo um dentro da boca do outro e, incapaz de resistir ou negar aquele beijo, seguro seu rosto com as duas mãos e a pressiono com força contra mim, fechando meus lábios sobre os dela com um ímpeto selvagem. 
Ela geme na minha boca e eu a beijo com mais força, passando um braço em suas costas e puxando o resto do seu corpo mais para perto. 
E então o beijo se interrompe. Nossos lábios ficam próximos por um longo momento, até que Demi se afasta e me olha com uma expressão enigmática que nunca vi, que faz algo com meu coração que nunca senti. 
E então seu rosto fica triste e seu semblante murcha na escuridão, substituído por algo confuso e magoado, que ela tenta esconder sorrindo para mim.
— Beijando assim - ela diz, com um sorriso brincalhão que parece mascarar algo mais profundo. — Acho que você nem precisa dormir comigo.
Não posso deixar de rir, é meio ridículo, mas vou deixar que ela acredite no que quiser. 
Ela desce do meu colo e se deita ao meu lado de novo, apoiando a nuca sobre seus dedos cruzados. 
— São lindas, não são? 
Sigo seu olhar para as estrelas, mas não as vejo, na verdade; só consigo pensar nela e naquele beijo. 
— É, são lindas. 
E você também... 
— Joseph? 
— Sim? 
Continuamos a olhar para o céu. 
— Eu queria te agradecer. 
— Por quê? 
Demi responde depois de uma pausa. 
— Por tudo: por me fazer socar tuas roupas na mochila em vez de dobrá-las, por abaixar o volume no carro pra não me acordar e por cantar alto na Waffle House - ela deita sua cabeça e eu também. Me olhando nos olhos, diz: — E por me fazer sentir que estou viva. 
Um sorriso aquece meu rosto, desvio o olhar e digo: — Bom, todo mundo precisa de ajuda pra se sentir vivo de novo, de vez em quando. 
— Não - Demi corrige, séria, e meu olhar volta para ela. — Eu não disse de novo, Joseph, por me fazer sentir que estou viva pela primeira vez. 
Meu coração reage às palavras dela, e não consigo responder. Mas também não consigo desviar o olhar. A razão está gritando comigo de novo, me mandando parar com isso antes que seja tarde demais, mas não consigo. Sou egoísta demais. 
Demi sorri delicadamente, retribuo o sorriso e voltamos a olhar para as estrelas. A noite quente de julho está perfeita, com a brisa leve soprando pelo espaço aberto e nenhuma nuvem no céu. Milhares de grilos, sapos e alguns bem-te-vis cantam pela noite. 
Sempre gostei de ouvir esses pássaros. 
A calma é destruída de repente pela voz estridente de Demi, e ela salta de pé do cobertor mais depressa do que um gato de dentro de uma banheira. 
— Uma cobra! - ela está apontando com uma mão, e a outra cobre sua boca. — Joseph! Tá ali! Mata ela! 
Eu pulo de pé quando vejo uma coisa preta rastejando sobre o pé do cobertor. Salto para trás para manter a distância, e então me preparo para pisoteá-la. 
— Não, não, não, não! - Demi grita, agitando as mãos à sua frente. — Não mata ela! 
Eu pisco, confuso. 
— Mas você falou pra matar. 
— Bom, eu não quis dizer literalmente! 
Ela ainda está descontrolada, com as costas levemente encurvadas para frente, como se estivesse protegendo o resto do corpo da cobra, o que é uma comédia. 
Levanto as mãos com as palmas para cima. 
— O que você quer que eu faça? Quer que eu finja que tô matando? - eu rio, balançando a cabeça ao vê-la tão engraçada. 
— Não, é que... agora não vou conseguir dormir aqui de jeito nenhum - ela segura o meu braço. — Vamos embora. - ela está literalmente tremendo, e tentando não rir e chorar ao mesmo tempo. 
— Tá - digo, e me abaixo para recolher o cobertor, agora que a cobra foi embora. Eu o agito só com uma das mãos, já que Demi está segurando a outra como se sua vida dependesse disso. Depois, começamos a voltar para o carro. 
— Odeio cobras, Joseph! 
— Percebi, gata. 
Estou fazendo uma força danada para não rir. Enquanto andamos pelo campo, Demi começa a me puxar um pouco, apertando o passo. Ela dá um gritinho quando seu pé quase descalço pisa num inofensivo torrão de terra macia, e percebo que talvez não consigamos voltar para o carro antes que ela desmaie. 
— Vem cá - digo, parando sua marcha. Eu a puxo para trás de mim e a ajudo a subir nas minhas costas, segurando-a de cavalinho na minha cintura pelas coxas.

O que acharam? Finalmente aconteceu o beijo, esse capítulo foi incrível e ao mesmo tempo engraçado... e a demi com medo da cobra? hahaha
Comentem e até o próximo, bjs lindonas <3

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