07/07/2016

certain love: capítulo 20


Vamos para a lavanderia primeiro, e lá eu dobro, sim, toda a roupa depois de tirá-la da secadora, em vez de socá-la de volta nas malas. Ele tenta protestar, mas eu ganho a parada desta vez. Depois vamos para a cidade e ele me leva para todo lugar, até para o cemitério St. Louis, onde os túmulos ficam acima do chão, nunca vi nada parecido. 
Andamos juntos até a Canal Street, rumo ao World Trade Center New Orleans e ao oceano, onde encontramos um Starbucks, tão necessário. Ficamos conversando uma eternidade tomando café e eu conto que Selena ligou. Falamos e falamos sobre ela e Damon, que Joseph aprendeu rapidamente a detestar. 
Mais tarde, passamos por uma churrascaria, e Joseph tenta me fazer entrar, jogando na minha cara o acordo que fizemos no ônibus. Mas eu estou sem um pingo de fome, e tento explicar para um Joseph faminto e em síndrome de abstinência carnívora que preciso me preparar para comer muito, se ele quiser que eu aprecie um filé.
E encontramos um shopping: The Shops, em Canal Place, e fico empolgada de verdade para entrar, depois de tanto tempo usando as mesmas roupas chatas a semana toda. 
— Mas a gente acabou de lavar tudo - Joseph protesta, enquanto entramos. — Pra que você precisa de mais roupa? 
Passo a alça da bolsa no outro ombro e o puxo pelo cotovelo. 
— Se a gente vai sair à noite - digo, arrastando-o. — Então quero procurar alguma coisa linda e no mínimo decente. 
— Mas o que você tá usando agora tá lindo pra caramba - ele discute. 
— Só quero um jeans novo e um top - argumento, depois paro e olho para ele. — Você pode me ajudar a escolher. 
Agora ele está interessado. 
— Tá - diz, sorrindo. 
Eu o puxo de novo. 
— Mas não fica muito esperançoso - saliento, puxando o braço dele para enfatizar. — Falei que você pode ajudar, não escolher. 
— Você tá ganhando demais as paradas hoje - Joseph retruca. — Já vou avisando, gata, só vou te deixar ganhar até certo ponto, antes de tirar minhas cartas da manga. 
— Que cartas, exatamente, você acha que tem na manga? - pergunto confiante, pois acho que ele está blefando.
Ele franze os lábios quando o olho, e começo a perder minha confiança. 
— Devo lembrar - ele comenta sofisticadamente. — Que você ainda está sob o voto do fazer-tudo-que-eu-mandar. 
Lá se foi a confiança. Ele abre um sorriso, e é sua vez de me puxar pelo braço para perto de si. 
— E como você já me deixou te chupar uma vez - acrescenta, arregalando os olhos. — Acho que se eu mandar deitar e abrir as pernas, você iria ter que obedecer, certo? 
Mal consigo olhar em volta para ver se alguém que estava passando ouviu. Joseph não disse aquilo exatamente num sussurro, mas eu nem esperaria isso. 
Então ele diminui o passo, se aproxima do meu ouvido e diz baixinho: — Se não me deixar levar a melhor com alguma coisa simples logo, posso ter que te torturar de novo com minha língua no meio das tuas pernas - seu hálito no meu ouvido, combinado com suas palavras que me deixam molhada, faz arrepios subirem pelo lado do meu pescoço. — Sua vez de jogar, gata. 
Joseph se afasta e eu quero tirar aquele sorriso de seu rosto a tapas, mas provavelmente ele iria gostar. 
Dilema: deixá-lo levar a melhor com alguma coisa simples ou continuar levando a melhor para ele me “torturar” mais tarde? Hum. Acho que sou mais masoquista do que eu imaginava. 
Anoitece e estou pronta para sair. Estou usando um jeans apertado novo, um top sexy tomara que caia colado na cintura e as sandálias pretas de salto alto mais lindas que já encontrei em qualquer shopping. 
Joseph, parado na porta, me devora com os olhos. 
— Eu devia dar minha cartada agora mesmo - ele diz, entrando no quarto. 
Fiz duas tranças folgadas no cabelo desta vez, uma sobre cada ombro, que vão quase até meus seios. E sempre deixo alguns fios de cabelo louro soltos em volta do rosto, porque sempre achei bonitinho em outras garotas, então por que não ficariam em mim? 
Joseph parece gostar. Ele passa os dedos em cada mecha. 
Fico vermelha por dentro. 
— Gata, fora de brincadeira, você tá um tesão. 
— Obrigada... - Meu Deus, será que eu... rio. 
Eu o olho de alto a baixo também, e embora ele esteja usando jeans, uma camiseta simples e suas Doc Martens pretas de novo, é a coisa mais sexy que já vi usando qualquer roupa.
Saímos, e eu faço alguns velhos virarem a cabeça no elevador e pelo corredor. Joseph está adorando tudo isso, posso perceber. Sorri de orelha a orelha ao meu lado, e isso me deixa vermelha como uma beterraba. 
Primeiro vamos para o d.b.a. e vemos uma banda tocar por mais ou menos uma hora. 
Joseph me leva para outro bar na mesma rua. 
Este bar é um pouco menor que o outro, e os frequentadores são um misto de universitários recém-formados e gente de uns 30 e poucos anos. Algumas mesas de bilhar estão dispostas lado a lado perto dos fundos, e a iluminação é reduzida, localizada sobretudo nas mesas de bilhar e no corredor à minha direita, que leva para os banheiros. 
A fumaça de cigarro é espessa, diferente do bar anterior, onde ela não existia, mas isso não me incomoda muito. Não gosto de cigarro, mas há algo natural na fumaça de cigarro num bar. Sem ela, o lugar pareceria quase nu. 
Algum tipo de rock familiar sai dos alto-falantes no forro. Há um pequeno palco à esquerda onde as bandas costumam se apresentar, mas ninguém está tocando hoje. Mas isso não diminui o clima de festa no ambiente, porque mal consigo ouvir Joseph falando comigo por cima da música e das vozes que gritam ao meu redor. 
— Sabe jogar bilhar? - ele se curva para gritar perto do meu ouvido. 
Grito em resposta: 
— Já joguei algumas vezes! Mas sou muito ruim!
Ele me puxa pela mão e vamos para as mesas e as luzes mais fortes, abrindo caminho cuidadosamente através das pessoas que ocupam praticamente todos os espaços disponíveis. 
— Senta aqui - ele fala, conseguindo baixar um pouco a voz com os alto-falantes na nossa frente. — Esta vai ser a nossa mesa. 
Eu me sento a uma mesinha redonda encostada numa parede, e logo acima da minha cabeça à esquerda há uma escada para um segundo andar do outro lado. Empurro o cinzeiro lotado para longe de mim com a ponta do dedo, quando uma garçonete chega. 
Joseph está falando com um cara a alguns metros dali, perto das mesas, provavelmente para entrar num jogo em andamento. 
— Desculpa - diz a garçonete, tirando o cinzeiro e substituindo-o por outro limpo, colocando-o de cabeça para baixo na mesa. Depois ela limpa o tampo com um pano úmido, levantando o cinzeiro para limpar embaixo. 
Sorrio para ela. É uma garota bonita de cabelo preto, deve ter acabado de fazer seus 21 anos, e está levando uma bandeja na outra mão. 
— Vai querer alguma coisa? 
Só tenho uma chance de fingir que me fazem muito essa pergunta, então respondo quase imediatamente: — Uma Heineken. 
— Duas - Joseph diz, reaparecendo com um taco de bilhar na mão. 
A garçonete fica surpresa ao notá-lo e, como Joseph quando estávamos no elevador, eu adoro. Ela balança a cabeça e me olha de novo, fazendo aquela cara de “tu é muito sortuda, cachorra” antes de se afastar. 
— Aquele cara vai jogar mais uma partida, depois a mesa é nossa - Joseph diz, sentando-se na cadeira vazia. 
A garçonete volta trazendo duas Heinekens e as coloca à nossa frente. 
— Se precisarem de alguma coisa, é só chamar - diz, antes de se afastar de novo. 
Ele sorri, levando a cerveja aos lábios e tomando um pequeno gole.
Faço o mesmo.
Começo a me arrepender de ter trazido a bolsa, porque agora preciso ficar de olho nela, mas quando chega a nossa vez de jogar, eu a coloco no chão, debaixo da mesa. 
Estamos num cantinho do salão, então não me preocupo muito. 
Joseph me leva até a estante dos tacos.
 — Qual você prefere? - pergunta, agitando as mãos na frente da estante. — Precisa escolher aquele que você sente que é o certo. 
Ah, isso vai ser divertido; ele acha mesmo que vai me ensinar alguma coisa. 
Banco a tímida e desorientada, correndo os olhos pelos tacos como se fossem livros numa prateleira, e finalmente pego um. Corro as mãos por ele e o seguro como se fosse bater numa bola, para senti-lo. Sei que pareço uma loura burra fazendo isso, mas é exatamente a impressão que quero causar.
 — Acho que este serve - digo, dando de ombros. 
Joseph organiza as bolas com o triângulo, trocando lisas por listradas até conseguir a sequência certa, e depois as desliza sobre a mesa, colocando-as na posição. 
Cuidadosamente, tira o triângulo e o guarda num compartimento debaixo da mesa. 
Ele balança a cabeça. 
— Quer espalhar? 
— Não, espalha você. 
Só quero vê-lo todo sexy, concentrado e debruçado sobre a mesa. 
— Tá. - Joseph posiciona a bola branca. Ele demora alguns segundos passando giz na ponta do taco, e em seguida deixa o giz na borda da mesa. — Se você já jogou - diz, voltando para a posição da bola branca. — Com certeza conhece o básico - ele aponta com o taco para a bola branca. — Obviamente, você só bate na branca. 
Isso vai ser engraçado, mas ele está merecendo. 
Balanço a cabeça. 
— Se você joga com as listradas, só pode encaçapar as listradas. Se você derrubar alguma lisa, só vai me ajudar a ganhar. 
— E a bola preta? - aponto para a bola 8, perto do meio. 
— Se derrubar essa antes de todas as listradas - ele diz com ar sombrio. — Você perde. E se derrubar a bola branca, perde a vez.
— Só isso? - pergunto, passando giz na ponta do meu taco. 
— Por enquanto, sim - ele responde, acho que está me poupando das outras regras básicas. Joseph dá uns passos para trás e se debruça sobre a mesa, arqueando os dedos sobre o feltro azul e apoiando o taco estrategicamente na curva do indicador. Ele desliza o taco para trás e para a frente algumas vezes, firmando a mira antes de parar e bater com força na bola branca, espalhando as outras por toda a mesa. 
Bela tacada, amor, digo a mim mesma. 
Ele encaçapa duas bolas: uma listrada, outra lisa. 
— O que vai ser? - pergunta. 
— O que vai ser o quê? - continuo bancando a burra. 
— Lisas ou listradas? Te deixo escolher. 
— Oh - digo, como se tivesse acabado de entender. — Tanto faz, acho que vou querer as bolas com listras. 
Estamos fugindo um pouco do jeito certo de jogar bola 8, mas tenho certeza que ele está fazendo isso para me facilitar. 
Chega a minha vez e eu ando ao redor da mesa, procurando a tacada perfeita. 
— A gente vai cantar as jogadas ou não? 
Joseph me olha intrigado, talvez eu devesse ter dito algo como: posso bater em qualquer bola das minhas? Com certeza ele ainda não sacou a farsa. 
— Escolhe qualquer bola listrada que você acha que consegue derrubar e manda ver. 
Certo, pelo jeito ainda estou enrolando esse trouxinha. 
— Peraí, a gente não vai apostar alguma coisa? - pergunto. 
Ele parece surpreso, mas aí a surpresa se transforma em maldade. 
— Claro, o que você quer apostar? 
— Minha liberdade de volta. 
Joseph franze o cenho. Mas então seus lábios deliciosos se abrem num sorriso quando ele se dá conta de que, aparentemente, não sei jogar bilhar. 
— Bom, fico meio magoado por você a querer de volta - ele diz, jogando o taco de um lado para outro entre as mãos, com o cabo apoiado no chão. — Mas, claro, eu topo. 
Quando penso que o acordo está feito, ele acrescenta, erguendo um dedo: — Só
que, se eu ganhar, vou poder elevar esse negócio de fazer-tudo-que-eu-mandar para um novo nível. 
É minha vez de erguer uma sobrancelha. 
— Como assim, um novo nível? - pergunto, olhando para o lado, desconfiada. 
Joseph apoia o taco na mesa e as mãos na borda, debruçando-se para a luz. Seu sorriso intenso, só a intenção por trás dele, faz um calafrio percorrer minhas costas. 
— Vai apostar ou não vai? - ele pergunta. 
Consigo ganhar, tenho certeza, mas agora ele meio que me deixou apavorada. E se ele for melhor no bilhar e eu perder, e acabar tendo que comer baratas ou botar a bunda pelada pra fora da janela do carro? Era esse tipo de coisa que eu queria evitar que ele me obrigasse a fazer, nunca esqueci o que ele disse: a gente faz isso depois. Claro que posso me recusar a obedecer qualquer ordem; Joseph me garantiu isso antes que partíssemos do Wyoming, mas tudo o que quero é evitar essa situação desde o princípio. 
Ou... peraí... e se for alguma coisa sexual? 
Ah, agora já topei... quase espero que ele ganhe. 
— Fechado. 
Ele dá um sorriso malicioso e se afasta da mesa, levando o taco. 
Um grupinho de caras e duas garotas acabaram o jogo na mesa ao lado, e alguns começaram a acompanhar o nosso. 
Me debruço sobre a mesa, posiciono o taco praticamente da mesma forma que Joseph, deslizo-o para a frente e para trás através dos dedos algumas vezes e bato bem no meio da bola branca. A 11 bate na 15, e a 15 bate na 10, derrubando as duas na caçapa do canto. Joseph fica me olhando, com o taco apoiado verticalmente entre os dedos à sua frente. 
Ele ergue a sobrancelha. 
— Isso foi sorte de principiante ou você tá me enrolando? 
Sorrio e vou para o outro lado da mesa calcular minha próxima tacada. Não respondo. 
Dou só um sorrisinho e mantenho os olhos na mesa. Escolhendo de propósito o ângulo mais próximo de Joseph, me curvo sobre a mesa na frente dele e avalio a tacada, antes de meter a 9 com força na caçapa do meio.
— Você tá me enrolando - Joseph diz atrás de mim. — E me provocando. 
Eu me endireito e passo o olhar sorridente por ele enquanto vou para o outro lado da mesa. Erro a tacada de propósito. A disposição das bolas está quase perfeita e eu poderia até ganhar facilmente, mas não quero que seja fácil. 
— Ah, não, gata - ele reclama, se aproximando. — Nada dessa bobagem de ficar com peninha, você podia ter derrubado a 13 fácil. 
— Meu dedo escorregou - olho para ele timidamente. 
Ele balança sua cabeça linda para mim e estreita os olhos, sabendo muito bem que estou mentindo. 
Finalmente, jogamos a sério: ele encaçapa três bolas impecavelmente, uma tacada atrás da outra, antes de errar a 7. Eu enfio mais uma. Aí ele derruba outra. Nos revezamos assim, estudando com cuidado cada jogada, mas ambos errando de vez em quando para prolongar o jogo. 
Agora é pra valer. É minha vez de jogar, e as únicas bolas na mesa são a 4 dele, a branca e a 8. A 8 está uns 15 centímetros longe demais para uma tacada perfeita em qualquer uma das duas caçapas de canto, mas sei que posso fazê-la bater na borda do outro lado e voltar para cair na caçapa central da esquerda.
Mais dois caras começaram a assistir, sem dúvida por causa do modo como estou vestida, mas não permito que eles me distraiam. 
Porém, já notei que Joseph olha muito para eles, e me excita saber que ele está com ciúme. Aponto a mesa com o taco e canto a jogada: — Caçapa da esquerda. 
Dou a volta e me agacho ao nível da mesa para ver se o ângulo está certo. Me endireito e verifico o ângulo da branca e da 8 de novo por outra perspectiva, e então me debruço sobre a mesa. Um. Dois. Três. No quarto vaivém do taco, bato suavemente na branca e ela bate na 8 no ângulo certinho, mandando-a para a borda direita, onde ela bate e corre alguns centímetros, caindo impecavelmente na caçapa esquerda. 
Os poucos caras assistindo do outro lado fazem vários sons de empolgação contida, como se eu não pudesse ouvi-los. 
Joseph está na outra ponta da mesa, sorrindo largamente para mim. 
— Você é boa, gata - diz, organizando as bolas de novo. — Acho que você tá livre agora.
Não posso deixar de notar que ele parece um pouco triste com isso. Seu rosto pode estar sorrindo, mas ele não consegue esconder a decepção dos olhos. 
— Não, não - digo. — Só quero ficar livre de comer baratas ou botar a bunda na janela do carro... até que gosto de você no controle do resto. 
Joseph sorri.

Eu amei esse capítulo, e a Demi provocando o Joseph?
Amei eles jogando, espero que tenham gostado do capítulo lindonas!!!
Comentem e até o próximo, bjs <3

4 comentários: