26/07/2016

certain love: capítulo 28


— Você tem que fazer, só pra ter certeza - Marsters disse, sentado em sua poltrona preta clichê, em sua sala clichê, usando um uniforme clichê.
— Não tenho que fazer nada - eu retruco, sentado do outro lado. — O que mais resta dizer? O que mais resta para se achar?
— Mas você...
— Não, quer saber? Vá se foder - levantei, empurrando a cadeira para trás e derrubando uma planta atrás de mim. — Não vou mais me sujeitar a essa merda.
Saí batendo a porta da sala atrás de mim com tanta força que o vidro tremeu no
caixilho.
— Joseph! Amor, acorda - ouço a voz de Demi dizer. Abro os olhos. Ainda estou do lado do passageiro do carro. Me pergunto quanto tempo dormi.
Eu me levanto, estalo o pescoço dos dois lados e passo a mão no rosto.
— Você tá bem?
Está escuro. Vejo o olhar preocupado de Demi me encarando, até que ela é obrigada a olhar para a estrada.
— Tô - respondo, balançando a cabeça. — Tô bem. Acho que tive um pesadelo, mas nem lembro o que foi - minto de novo.
— Você esmurrou o painel - ela diz, rindo um pouco. — Deu um soco do nada, levei um baita susto.
— Desculpa, amor - eu me aproximo sorrindo e beijo o seu rosto. — Há quanto tempo você tá dirigindo?
Ela olha para os números brilhantes do relógio.
— Não sei, umas duas horas, acho.
Olho para uma placa e vejo que ela fez o que pedi e continuou na 90.
— Para ali - aponto para uma área plana ao lado da estrada.
Ela sai da estrada e vai para o asfalto trincado, pondo o câmbio em park. Começo a me levantar, mas ela segura meu braço e me detém.
— Peraí... Joseph.
Olho para Demi. Ela desliga o motor e solta o cinto de segurança.
— Vou dirigir um pouco e te deixar dormir.
— Eu sei - ela diz, me olhando com ar sombrio.
— O que foi?
Ela fecha as duas mãos sobre o volante e se encosta no banco.
— Não sei mais se quero ir pro Texas.
— Por que não?
Chego mais perto dela.
Finalmente, ela olha para mim.
— Porque e depois? - ela pergunta. — Parece que é o fim da linha. Você mora lá. O que mais resta fazer?
Sei por que ela diz isso, e tenho sentido os mesmos temores em segredo já há algum tempo.
— O que resta fazer é qualquer coisa que a gente queira fazer - respondo.
Eu me viro no banco e seguro o queixo dela com a ponta dos dedos.
— Olha pra mim.
Ela olha. Vejo um anseio em seus olhos, algo assustado e torturado. Sei disso porque estou sentindo a mesma coisa.
Engulo em seco, depois me aproximo e a beijo com cuidado.
— A gente pensa nisso quando chegar lá, tá?
Ela balança a cabeça relutantemente. Tento forçar um sorriso, mas é difícil quando sei que não posso dar nenhuma das respostas que ela procura. Não posso dar as respostas que quero dar.
Demi desliza sobre o assento e vai para o lado do passageiro, enquanto eu saio e dou a volta no carro.
Dois carros passam, cegando-nos com seus faróis altos. Fecho a porta e fico sentado por um momento. Demi está olhando pela janelinha, sem dúvida com pensamentos parecidos com os meus: perdida, insegura e talvez até com medo.
Nunca senti com mais ninguém uma ligação como a que tenho com ela, e isso me mata aos poucos. Ao estender a mão para virar a chave, paro com os dedos segurando o metal. Suspiro profundamente.
— A gente vai pelo caminho mais longo - digo baixinho, sem olhar para ela, e então o motor ganha vida.
Percebo quando ela vira a cabeça para me olhar.
Olho para ela.
— Se você quiser.
Um sorrisinho dá vida ao seu rosto novamente. Ela balança a cabeça. Aperto o botão para ligar o CD play er e o aparelho troca de CD. Bad Company começa a tocar nos alto-falantes. Lembrando nosso acordo, vou mudar a música, mas Demi diz:
— Não, pode deixar - e seu sorriso fica ainda mais meigo.
Será que ela se lembra daquela primeira noite em que nos conhecemos no ônibus, quando perguntei o título de alguma canção do Bad Company ? Ela disse Ready For Love. E eu falei: “Você tá mesmo?” Na hora, eu não sabia por que disse isso, mas agora percebo que não estava tão errado, no fim das contas. Estranho que essa música esteja tocando agora.
Viajamos pela maior parte do sul do estado da Louisiana e ficamos na 82 até chegar ao Texas. Demi está toda sorrisos de manhã, apesar de estar no Texas, e vê-la assim só me faz sorrir também. Estamos dirigindo com as janelas abertas, e ela está com os pés descalços para fora há uma hora, só o que consigo ver pelo retrovisor quando tento enxergar o trânsito são suas belas unhas pintadas.
— Não é uma viagem de carro se você não põe os pés pra fora da janela na estrada! - ela grita por cima da música e do vento atravessando o carro. Seu cabelo está preso numa trança só, desta vez, mas o vento fica empurrando os fios soltos ao redor do seu rosto.
— Tem razão - concordo, apertando o acelerador. — E numa viagem de carro de verdade, você também precisa fazer sacanagem com um caminhoneiro.
O cabelo de Demi cobre seu rosto de novo quando ela vira a cabeça.
— Hã?
Eu sorrio.
— É - tamborilo com os dedos no volante no ritmo da música. — É obrigatório. Você não sabia? Precisa fazer uma destas três coisas: primeira - eu levanto um dedo: — Mostrar a bunda pra um deles.
Ela arregala os olhos.
— Segunda: a gente tem que passar do lado de um enquanto você finge que tá se
masturbando.
Ela arregala os olhos ainda mais e seu queixo cai.
— Ou terceira: simplesmente faça assim com o braço - levanto e abaixo o braço com o punho erguido. — Pra ele tocar a buzina.
O alívio toma conta do rosto dela.
— Tá - ela diz com um sorriso misterioso no canto dos lábios. — Na próxima oportunidade, vou consumar esta viagem de carro fazendo sacanagem com um caminhoneiro - ela diz isso de forma indiscutível.
Dez minutos depois, nossa vítima bom, está mais pra felizardo; afinal, é Demi que vai mexer com ele surge à frente. Estamos num longo trecho de estrada reta que corta uma paisagem plana e sem árvores dos dois lados.
Alcançamos a carreta e mantemos uma velocidade constante de 100 quilômetros por hora atrás dele. Demi, usando aquele shortinho branco minúsculo de algodão que eu adoro tanto, tira as pernas de cima do banco e põe os pés no assoalho. Ela está com um sorriso malicioso, e eu estou ficando meio excitado.
— Tá pronta? - pergunto, abaixando um pouco a música.
Demi balança a cabeça e eu olho pelos retrovisores primeiro, depois à frente na mão contrária para ver se nenhum carro está vindo dos dois lados. Quando saio de trás da carreta e vou para a outra pista, Demi enfia a mão direita dentro do short.
Fico de pau duro na hora.
Eu tinha certeza que ela iria só fazer o gesto de buzinar!
Sorrio com malícia para ela, com todo tipo de pensamento pervertido rodopiando no cérebro, e ela sorri em resposta. Piso mais no acelerador e vou aumentando gradualmente a velocidade até alcançarmos a janela do motorista da carreta.
Meu Deus do céu...
A mão de Demi se mexe suave mas visivelmente por baixo do tecido fino do short, o indicador e o polegar da mão esquerda estão enfiados por dentro do elástico, baixando-o o suficiente para desnudar sua barriga. Ela encosta a cabeça no banco e puxa o short um pouco mais para baixo. Estou quase distraído demais para manter os olhos na estrada.
Ela morde o lábio inferior e mexe os dedos furiosamente dentro do short.
Começo a achar que ela não está fingindo coisa nenhuma. Meu pau está tão duro que
poderia cortar um diamante.
A carreta também está mantendo o ritmo. Distraído com Demi, não percebi que meu pé estava relaxando aos poucos no acelerador, e quando a nossa velocidade caiu um pouco, a carreta também reduziu.
Uma voz uivante e rouca sai da janela da carreta: — Puta que pariu! Vai me matar do coração, neném! U-huu! - ele toca sua buzina ensurdecedora, excitado.
Sentindo um acesso de possessividade, reduzo de 100 para 70 quilômetros por hora e volto para trás do caminhão. Bem a tempo, porque uma van estava vindo na outra pista.
Olho para Demi, sabendo que meu olhar deve estar tresloucado. Ela tira a mão de dentro do short e sorri para mim.
— Eu não esperava isso!
— Foi por isso que eu fiz - ela diz, voltando a apoiar os pés na porta do carro e obstruindo o retrovisor com os dedos dos pés.
— Você tava... se masturbando de verdade?
A velocidade baixou de 70 para 60. Meu coração está disparado no peito.
— Tava, sim - ela diz. — Mas não pro caminhoneiro.
Seu sorriso se aprofunda quando ela tira alguns fios de cabelo que se alojaram entre seus lábios. Não consigo deixar de olhar para aqueles lábios, estudando-os, querendo beijá-los e mordê-los.
— Bom, não que eu esteja reclamando - digo, tentando prestar atenção na estrada e não matar a nós dois. — Mas agora tô com... um probleminha.
O olhar de Demi para no meu colo e ela olha para o meu rosto de novo, inclinando a cabeça para um lado com uma expressão de malícia e sedução. Então ela desliza no banco para perto de mim e enche a mão no meio das minhas pernas.
Agora meu coração está quicando nas costelas. Estou com os nós dos dedos brancos de tanto apertar o volante com as duas mãos. Ela beija meu pescoço, meu maxilar e passa os lábios na minha orelha. Arrepios me estupram.
Ela começa a abrir o zíper da minha bermuda.
— Você me ajudou com meus “problemas” - sussurra no meu ouvido, mordendo meu pescoço de novo. — É justo que eu retribua o favor.
Demi olha para mim.
Eu só balanço a cabeça feito um idiota porque não consigo pensar com a cabeça de cima tempo suficiente para formar uma frase, no momento.
Aperto mais as costas contra o assento quando ela pega o meu comprimento na mão e põe sua cabeça entre a minha barriga e o volante. Meu corpo estremece um pouco quando sinto sua língua serpentear para lambê-lo. Ai meu Deus... Ai meu Deus... Não sei como vou dirigir...
Quando ela me enfia no fundo de sua garganta, eu tremo, minha cabeça vai um pouco para trás, ainda tentando manter os olhos na estrada, e meu queixo cai. Agora só estou segurando o volante com a mão esquerda, enquanto ela me chupa com força e rápido, minha mão direita largou o volante e está segurando sua nuca, seu cabelo misturado aos meus dedos crispados.
A velocidade aumentou de 65 para 80 km/h.
Quando chego a 95 km/h, minhas pernas estão tremendo e eu não consigo enxergar.
Seguro o volante com as duas mãos de novo, tentando manter algum controle sobre alguma coisa, especialmente a porcaria do carro, e solto um grito e gemo quando gozo.
Consegui não matar a gente na estrada depois do boquete avassalador de Demi.
Chegamos a Galveston de manhã e ela continua capotada no banco, com as pernas parcialmente estendidas no assoalho. Não me dou ao trabalho de acordá-la ainda.
Primeiro passo devagar pela casa da minha mãe, notando que seu carro não está na garagem, o que significa que ela está trabalhando no banco hoje. Para matar o tempo, faço o caminho mais comprido até meu apartamento, passando pela 53rd.  Demi não dormiu muito a noite passada, mas acho que o carro andando mais devagar do que o normal bastou para acordá-la. Ela começa a se espreguiçar antes que eu entre no estacionamento do meu condomínio, na Park com a Cedar Lawn.
Demi levanta sua linda cabeça loura do banco, e quando vejo o rosto dela, uma risada escapa dos meus lábios.
Ela inclina a cabeça já bastante bagunçada pelo sono para um lado e resmunga:
— Qual é a graça?
— Gata, eu tentei não te deixar dormir assim.
Demi estica o pescoço, se aproxima do retrovisor e revira os olhos ao ver as três longas marcas das costuras do banco numa das bochechas, indo até a orelha. Ela cutuca as marcas ao espelho.
— Uau, isso dói - diz.
— Você tá linda, mesmo com listras - eu rio e ela não consegue deixar de sorrir.
— Bom, chegamos - digo finalmente, parando numa vaga e desligando o motor, depois deixando as mãos ao lado do corpo.
O carro está constrangedoramente silencioso. Embora nem eu nem ela jamais tenhamos realmente dito que nossa viagem terminaria no Texas, ou que as coisas entre nós iriam mudar, é como se ambos pudéssemos sentir isso.
A única diferença entre nós é que... só eu sei por que vão mudar.
Demi está perfeitamente imóvel e em silêncio no seu lado, com as mãos dobradas no colo.
— Vamos entrar - digo, para quebrar o silêncio.
Ela força um sorriso para mim e abre a porta.
— Uau, isto aqui parece mais uma república estudantil do que um condomínio de apartamentos - ela põe a mochila e a bolsa no ombro, olhando para o prédio antigo
e os carvalhos gigantes espalhados pela paisagem.
— Era um hospital dos Fuzileiros Navais na década de 1930 - digo, tirando minhas mochilas do porta-malas.
Demi pega o violão de Kevin do banco de trás.
Andamos por uma calçada branca como giz e cheia de curvas e chegamos ao meu apartamento de um quarto no térreo. Achando a chave certa, abro a porta da grande sala de estar. O cheiro de casa fechada me atinge assim que entramos, não é um fedor, só um cheiro de lugar vazio.
Deixo minhas mochilas no chão.
Demi fica parada ali, de início, examinando o lugar.
— Pode deixar suas coisas onde quiser, gata.
Vou até o sofá e pego o jeans que está jogado no encosto, depois uma cueca e uma camiseta da poltrona e da espreguiçadeira do conjunto.
— Este apartamento é muito legal - ela comenta, olhando ao redor.
Finalmente, ela larga suas coisas no chão e apoia o violão de Kevin no encosto do sofá.
— Não é grande coisa como apartamento de solteiro - digo, indo para a sala de jantar. — Mas gosto daqui, e queria mesmo morar perto da praia.
— Não mora com ninguém? - ela pergunta, me seguindo.
Balanço a cabeça, vou para a cozinha e abro a geladeira, as várias garrafas e potes na porta tilintam uns contra os outros.
— Não mais. Meu amigo Heath morou comigo por uns três meses quando me mudei pra cá, mas acabou indo pra Dallas morar com a noiva.
Antes de fechar a geladeira, pego uma garrafa de dois litros de Ginger Ale.
— Quer também? - seguro a garrafa e mostro para ela. — Viu? Eu tenho alguma coisa além de refrigerante e cerveja na geladeira, e você viu que não passei aqui antes pra colocar.
Ela sorri com doçura e diz:
— Obrigada, mas não tô com sede agora. Você comprou isso pra quê? Ressaca, enjoo?
Sorrio para ela e tomo um gole do gargalo. Ela não fica horrorizada como eu esperava que ficaria.
— É, você me pegou - admito, tampando a garrafa. — Se quiser tomar banho - digo, saindo da cozinha e apontando para o corredor. — O banheiro fica logo ali, vou ligar pra minha mãe pra ela não ficar preocupada e dar uma arrumada aqui antes de tomar banho. Minha planta já deve ter morrido.
Demi parece um pouco surpresa.
— Você tem uma planta?
Eu sorrio.
— Tenho, o nome dela é Georgia.
Suas sobrancelhas se erguem um pouco mais.
Eu rio baixinho e a beijo de leve nos lábios.
Enquanto Demi está no chuveiro, vasculho cada centímetro visível do meu apartamento à procura de qualquer coisa incriminatória: meias nojentas, encardidas, camisinhas, embalagens abertas de camisinha , mais roupa suja e uma revista de sacanagem.
Depois, lavo os poucos pratos sujos que deixei na pia antes de viajar e me sento na sala para ligar para a minha mãe.

O que acharam? Demi danadinha hahaha
Comentem e até o próximo, bjs lindonas <3

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